segunda-feira, 10 de abril de 2017

810 minuten: como foi a 30ª rodada da Eredivisie

Para comandar a festa do Excelsior, Hasselbaink comandou antes a importante vitória sobre o Sparta (Pro Shots)
Sparta Rotterdam 2x3 Excelsior (sexta-feira, 7 de abril)

Duas equipes de Roterdã, ameaçadas pelo rebaixamento. Razão única e suficiente para se esperar uma partida empolgante, na abertura da 30ª rodada do Campeonato Holandês. Foi exatamente o que aconteceu. E começou com o Sparta: jogando em casa, os Kasteelheren começaram pressionando aos 5', num chute de Ryan Sanusi, que foi para fora. Logo aos 10', veio o primeiro gol: em escanteio, o goleiro Warner Hahn falhou na saída de gol, e a bola foi escorada para o 1 a 0 do Sparta numa dividida entre Ryan Koolwijk e Loris Brogno (Koolwijk, contra, recebeu a "autoria" do gol). E no minuto seguinte, num desvio de cabeça para tentar tirar da área, quase o zagueiro Jürgen Mattheij fez o segundo gol contra da partida, ao mandar no travessão. Àquela altura, mal se imaginava que o destaque da partida resolveria o jogo para o Excelsior - a favor, bem entendido. Foi o que aconteceu. Substituto do lesionado Luigi Bruins, o atacante Nigel Hasselbaink empatou o jogo aos 23', completando escanteio de cabeça.

Ainda antes do intervalo, Stanley Elbers apareceu para virar o placar - aos 43', em jogada individual, Elbers driblou Rick Ketting e chutou por baixo das pernas do arqueiro Roy Kortsmit. Finalmente, aos 48', num contragolpe, Hasselbaink reapareceu, recebendo passe de Fredy para fazer 3 a 1. O que não significou ritmo desacelerado na partida. As chances continuaram. Pelo Excelsior, Koolwijk quase fez o quarto, de falta, aos 59'; pelo Sparta, Mathias Pogba forçou boa defesa de Hahn numa meia-bicicleta, aos 66'. Finalmente, aos 87', Martin Pusic devolveu as esperanças aos anfitriões em Het Kasteel, marcando o segundo do Sparta. A pressão nos minutos finais foi quase irrespirável, mas ao fim, o Excelsior saiu mesmo com a vitória - que o tirou momentaneamente da zona de rebaixamento, colocando justamente... o Sparta. Que só tem o consolo de enfrentar três times também sob perigo de queda (Roda JC, ADO Den Haag e Go Ahead Eagles) nas quatro rodadas que restam.

Van Wolfswinkel podia até levar a bola para casa, se quisesse: três gols na vitória do Vitesse (Pics United)
Vitesse 4x2 Heerenveen (sábado, 8 de abril)

O Heerenveen até encerrou uma longa série sem vitórias na rodada do meio de semana. Mas logo viu que não teria motivos para festejar algo em Arnhem. Já aos cinco minutos do primeiro tempo, o brasileiro Nathan lançou Navarone Foor, que arrematou bonito para colocar o Vitesse na frente. Aos 14', apareceria a grande estrela do dia: Ricky van Wolfswinkel, que fez 2 a 0 de cabeça - e poderia ter feito o terceiro aos 23', cabeceando na trave bola cruzada por Foor. Sorte dos visitantes da Frísia, que ganharam sobrevida com o terceiro gol, aos 31': Reza Ghoochannejhad passou em profundidade a Luciano Slagveer, que finalizou para o filó adversário.

E o Fean até sonhou com o empate, no início do segundo tempo: em dois lances seguidos, aos 56' e 57', Sam Larsson e Slagveer finalizaram para boas defesas do goleiro Eloy Room. Coube a Van Wolfswinkel "cortar as asinhas" do visitante. Aos 70', livre na área, tocou para o 3 a 1 do Vites; e aos 75', completou cruzamento de Milot Rashica para fazer seu terceiro gol no jogo - seu 18º no campeonato, entrando de vez na briga pela artilharia do campeonato (e ganhando os apelidos de "Ricky van 'Goal'fswinkel" e "Hat-Ricky"). Larsson ainda fez belíssimo gol aos 89' - chute no ângulo -, mas não impediu a vitória que motiva mais o Vitesse, a 22 dias da final da Copa da Holanda.

O ADO Den Haag mereceu os aplausos e a festa da torcida após o jogo: ótimo começo garantiu vitória contra Groningen, mesmo com a queda no segundo tempo (Photo News)
ADO Den Haag 4x3 Groningen (sábado, 8 de abril)

Vencer duas partidas já animou o ADO Den Haag no esforço para tentar afastar o perigo de rebaixamento. Superar o Groningen, ainda com perspectivas de disputa dos play-offs da Liga Europa, seria um fecho de ouro para a semana. Fecho que ficou bem mais próximo com o irresistível começo dos mandantes em Haia. Aos 13', uma cobrança ensaiada de escanteio rendeu o primeiro gol: Abdenasser El Khayati passou a Aaron Meijers, e deste a bola foi para Danny Bakker bater forte. Aos 21', o goleiro do Groningen, Sergio Padt, se viu alvo de várias chances em sequência: defendeu um cabeceio de Édouard Duplan, impediu chutes do próprio Duplan e de Sheraldo Becker, até Dion Malone enfim colocar a esférica no barbante dos Groningers. Mais dois minutos, e veio o terceiro gol: Mike Havenaar colocou para dentro, de cabeça, a bola cruzada por Becker.

Tão logo o segundo tempo começou, Malone deu a impressão de que o festim de gols do Den Haag continuaria: fez 4 a 0 logo aos 47', aproveitando falha da defesa do Groningen. Aí, os visitantes do norte holandês acordaram. E quase transformaram uma atuação de sonho em pesadelo para os mandantes. Aos 51', Malone cometeu pênalti em Jesper Drost, e Mimoun Mahi bateu para fazer o primeiro dos Groningers. Aos 64', Bryan Linssen diminuiu para 4 a 2, em chute forte. E nos acréscimos (90' + 4), Linssen fez o terceiro dos visitantes, em outro arremate de fora da área. Para sorte da torcida e dos jogadores do Den Haag, a partida acabou pouco depois. E a equipe de Alfons "Fons" Groenendijk pôde comemorar a terceira vitória seguida, que o tirou da zona de repescagem/queda, dando um respiro em momento fundamental da temporada.


A goleada do Ajax veio tão fácil que David Neres até provocou, no primeiro gol (Jeroen Putmans/VI Images)
NEC 1x5 Ajax (sábado, 8 de abril)

Após golear o AZ, o Ajax viajou a Nijmegen com Davy Klaassen, recuperado de dores leves no joelho - e sem Kasper Dolberg, ainda voltando de sua lesão muscular. No entanto, os jogadores mais notáveis na escalação de Peter Bosz eram outros: Matthijs de Ligt, voltando a ser titular após as duas semanas turbulentas que passou com a falha na seleção holandesa, e David Neres, sendo escolhido para a ponta-direita, ao invés de Justin Kluivert, enquanto Bertrand Traoré ficava de novo no centro do ataque. Temendo exatamente o poderio ofensivo cada vez melhor entrosado do Ajax, o NEC entrou num 5-3-2 pretensamente defensivo, escalado pelo alemão Peter Hyballa.

Não demorou muito para essa pretensa resistência do NEC cair. Aos 4', Traoré passou a David Neres. De novo titular desde o começo, o brasileiro cruzou da direita, e o zagueiro Wojciech Golla tentou tirar pela linha de fundo. Deu azar: desviou contra as próprias redes, dando o 1 a 0 ao Ajax. Os mandantes de Nijmegen ainda tentaram reagir na sequência do gol: Jay-Roy Grot tentou chutar, mas não dominou direito a bola, e ela foi direto para as mãos de André Onana. Porém, o golpe foi duro, e uma falha no meio-campo rendeu o segundo gol, aos 8'. Tentando dominar a bola, Gregor Breinburg perdeu a posse para Amin Younes, no meio-campo. O alemão de ascendência libanesa chegou com ela às proximidades da área e deu passe curto a David Neres. Livre, o brasileiro só precisou tocar na saída do goleiro Joris Delle para já fazer 2 a 0 - seu segundo gol, na segunda partida em que começa como titular, na sua quarta partida pelo Ajax. Nada mal.

Totalmente à vontade em campo, e contra um NEC perdido em campo, o Ajax esbanjava a posse de bola - como aos 19', quando Younes fez lançamento em profundidade que foi direto para a linha de fundo. Após levar o 2 a 0, os Nijmegenaren só fizeram Onana trabalhar aos 20', quando encaixou na defesa um arremate rasteiro de Mohamed Rayhi. De resto, seguiu o recital Ajacied. Já aos 21', de novo, David Neres tabelou com Traoré, recebeu na grande área e cruzou para o meio. Younes entrou livre na pequena área, mas escorou por cima do gol, em grande chance perdida.

Só no meio da etapa inicial os mandantes se assentaram para tentar algo no estádio De Goffert. Aos 23', David Neres falhou na saída de bola, perdendo para Rayhi. O meio-campista entrou na área, cortou Davinson Sánchez, mas bateu na rede pelo lado de fora. Mais dois minutos, e veio uma boa chance. Grot pegou a bola perto da área, e Onana saiu estranha e precipitadamente do gol. O atacante do NEC driblou o goleiro, e cruzou para o meio, mas Rayhi chutou em cima de De Ligt, que tirou da área. Na sequência, Lorenzo Burnet ainda deu perigoso chute, à direita do arqueiro camaronês, para fora.

Essa pequena pressão dos anfitriões bastou para acordar o Ajax. Aos 28', David Neres recebeu de Lasse Schöne, e bateu cruzado na área, para a defesa de Delle. Schöne apareceria de novo aos 31', cobrando falta agarrada pelo goleiro. No minuto seguinte, o terceiro gol. Younes tabelou com Davy Klaassen, e serviu ao capitão Ajacied. Que, sem demora, repassou a bola a Traoré. O camisa 9 dominou, tirou Golla da jogada com um movimento e tocou levemente, no canto direito de Delle, para fazer 3 a 0, num gol duplamente bonito: pela troca acelerada de passes e pela finalização classuda.

Gols parecidos, mesma vibração: Traoré fez dois na goleada dos Amsterdammers (ANP/Pro Shots)

Novamente tranquilos em campo e ensaiando uma goleada, os Godenzonen continuaram criando mais e mais, tal a facilidade. Aos 38', David Neres passou a Hakim Ziyech, e o marroquino finalizou da entrada da área, bem longe do gol. E quase marcaram no minuto final do primeiro tempo. Novamente, jogada envolvendo Younes e Klaassen: o camisa 11 deu ao camisa 10 dos Amsterdammers, que entrava pelo lado direito e chutou de primeira. Delle defendeu bem, espalmando para fora.

A pressão visitante seguiu na etapa final. Já no primeiro minuto, Younes cruzou, e Traoré fez o pivô para Ziyech bater de fora - e para fora. Aos 50', uma sequência prensou o NEC na própria área. Em belíssimo drible, Younes passou como quis pelo lateral direito Michael Heinloth. Cruzou rasteiro, e Traoré se enrolou na finalização. Então, o próprio Younes retomou a bola e bateu para Delle rebater. Na sobra, David Neres chutou, e Delle defendeu de novo. Finalmente, Klaassen chegou a fazer o gol, com a bola passando por baixo do arqueiro, mas o auxiliar anulou o gol, julgando que a bola saíra pela linha de fundo.

Só aos 52' o NEC se apresentou, num chute cruzado de Ferdi Kadioglu, que saiu à direita de Onana. Ainda assim, o Ajax continuava avançando - e obviamente deixava espaço para contra-ataques. Num deles, aos 55', enfim o time mandante se aliviou. Rayhi lançou do meio-campo a Kadioglu, que vinha livre pela esquerda. Onana saiu rápido do gol, mas o meio-campista tocou categoricamente, encobrindo o goleiro do Ajax - Joël Veltman ainda tentou tirar de cabeça, em cima da linha, mas a bola entrou mesmo, no primeiro gol dos donos da casa. Um golaço, causado por desatenção defensiva que foi alertada por Peter Bosz após o jogo: "Hoje fomos muito bem, desfrutei do que vi, mas o gol que tomamos não podia sair daquele jeito. Foi quase ridículo".

Pelo menos, o Ajax demorou pouco para resolver o jogo de novo: já aos 60', veio o quarto gol, lembrando muito a jogada do terceiro. De novo Younes fez a jogada pela esquerda, de novo passou a Klaassen, e de novo o meio-campista deixou Traoré em boas condições para dominar e concluir no canto esquerdo de Delle, fazendo 4 a 1. Mesmo com a goleada garantida, os visitantes voltaram a ameaçar a meta adversária: aos 64', após passe de David Neres, Donny van de Beek (substituto de Schöne) chutou por cima do gol - como Klaassen faria também, aos 66', e Ziyech, aos 69'. Definitivamente abatido, o NEC só reapareceu aos 71', quando Taiwo Awoniyi serviu a bola a Kadioglu, que falhou justamente na hora do chute, deixando a bola limpa para Onana.

Os três pontos já estavam praticamente garantidos, mas Ziyech ainda roubou a cena, com belíssimo gol (ANP)
A bem da verdade, o jogo já estava praticamente resolvido desde o terceiro gol do Ajax, tal a superioridade vista em campo. Ainda assim, as pouquíssimas dúvidas foram resolvidas com o primoroso gol de Ziyech, aos 78'. Klaassen deixou a esférica com o camisa 22, e coube a ele deixar uma fieira de jogadores do NEC atrás: driblou Heinloth, Golla, entrou na área e superou Dumic antes de tocar no canto esquerdo de Delle e fazer o mais bonito gol do jogo, fechando a goleada que foi mais um capítulo na disputa do título, com o Ajax fazendo sua parte. E também foi mais um capítulo na queda do NEC: com três derrotas seguidas, a campanha irregular dos Nijmegenaren enfim foi punida com a entrada na zona de repescagem/rebaixamento.

Armenteros (segundo da esquerda para a direita) marcou de novo. E Heracles impôs outra goleada ao Go Ahead Eagles (Peter Lous/VI Images)
Go Ahead Eagles 1x4 Heracles Almelo (sábado, 8 de abril)

Jogando em casa após duas partidas, o Go Ahead Eagles tinha o que provar à torcida em Deventer: qualquer traço de esperança ganho após os 2 a 1 sobre o Twente, no domingo passado, havia sido varrido depois da humilhação pesada que os 8 a 0 do Feyenoord trouxeram. Mas qualquer esperança de reação do Kowet contra o Heracles diminuiu bastante aos 13', graças a um erro do juiz Edwin de Graaf. Minutos antes, ele não marcara bola na mão de Samuel Armenteros, na área de defesa dos visitantes; imediatamente depois, Brandley Kuwas finalizou, a bola pegou no peito de Elvis Manu (que estava em cima da linha), e De Graaf achou que era mão. Marcou o pênalti, deu cartão vermelho a Manu, e Thomas Bruns bateu para o 1 a 0 dos Heraclieden - após o jogo, De Graaf assumiu o erro no pênalti marcado. O que não isenta o GAE de suas falhas: com a desvantagem numérica, a equipe aurirrubra não foi páreo para os visitantes de Almelo.

Já aos 16', veio o segundo gol: Kuwas fez a jogada e passou a Kristoffer Peterson. O atacante bateu para a defesa do goleiro Theo Zwarthoed, mas Armenteros estava a postos para conferir, no rebote. Os gols seguintes da partida foram bastante parecidos: Peterson cortou da esquerda para o meio e bateu colocado para o 3 a 0, mas Daniel Crowley fez exatamente o mesmo - e marcou o primeiro do Go Ahead Eagles. Ainda antes do intervalo, contudo, mais um pênalti assegurou a goleada dos Almelöers: Sander Fischer derrubou Robin Gosens na área, e Armenteros converteu a cobrança para se tornar o maior goleador do Heracles em uma só temporada da Eredivisie (16 gols, superando os 15 do brasileiro Éverton Ramos, em 2010/11). No segundo tempo, mereceram nota apenas uma chance de Reuven Niemeijer para o quinto gol, aos 70', e uma bola de Sam Hendriks na trave, aos 74'. Nada que perturbasse a vitória garantida do time de Almelo - e que salvasse o Go Ahead Eagles de outra goleada, que o afunda na última posição da tabela.

A defesa de um pênalti simbolizou a importância de Van Leer para o Roda JC empatar com o AZ (Peter Lous/VI Images)
AZ 1x1 Roda JC (domingo, 9 de abril)

Com a falta de emoções vistas na fase inicial do jogo, nem parecia que a situação era ruim para o AZ (apenas uma vitória nas últimas sete rodadas da Eredivisie) e desesperadora para o Roda JC (na zona de repescagem/rebaixamento). A bem da verdade, só mesmo os gols trouxeram emoção. Aos 33', Alireza Jahanbakhsh abriu o placar para o time da casa com uma bonita jogada individual: o iraniano driblou Ard van Peppen e bateu forte, quase sem ângulo, no canto do goleiro Benjamin van Leer. Os visitantes de Kerkrade não demoraram muito para o empate: aos 39', Mitchell Paulissen cobrou escanteio, e o zagueiro Daryl Werker subiu para cabeçear e fazer o 1 a 1 para os Koempels.

No segundo tempo, a entrada de Iliass Bel Hassani deu mais velocidade ao meio-campo dos mandantes de Alkmaar. E as chances vieram para os mandantes, com Alireza e Joris van Overeem - ambos impedidos pelas defesas de Van Leer. Porém, nenhuma delas seria mais decisiva que a defesa aos 70': após Van Peppen colocar a mão na bola, o juiz Martin van den Kerkhof apitou o pênalti, e Wout Weghorst cobrou para o goleiro do Roda JC mergulhar no canto direito e pegar a cobrança. Depois, ambas as equipes tiveram boas chances para vencer (o AZ com uma conclusão de Weghorst, aos 76'; o Roda com um cabeceio de Tom van Hyfte, aos 90' + 1). No fim das contas, o empate foi um pouco melhor para os visitantes, que ganharam mais um ponto para tentarem manter a posição na repescagem - e garantir, pelo menos, uma sobrevida na disputa para não caírem.


Kerk (à direita) celebrando o gol do desafogo: Utrecht melhor desde o começo (Gerrit van Keulen/VI Images)

Utrecht 3x0 Twente (domingo, 9 de abril)

Ainda não haviam se pasado nem dois minutos da partida no estádio De Galgenwaard quando o Utrecht criou sua primeira chance perigosa: Zakaria Labyad saiu na cara do gol, mas seu chute saiu fraco, fácil demais para a defesa de Nick Marsman. Mais um minuto, e Labyad participou de novo: deu ótimo lançamento em profundidade, deixando Gyrano Kerk em ótima condição para finalizar, mas o atacante bateu em cima de Marsman, e o zagueiro Stefan Thesker tirou definitivamente a bola da área. Houve até um gol de Labyad, corretamente anulado, aos 34' (o ponta-de-lança estava em impedimento). Em suma: o domínio dos Utregs na etapa inicial fora absoluto, e o Twente só apareceu aos 43', quando Enes Ünal bateu colocado para a defesa de David Jensen.

A pressão continuou no segundo tempo: aos 56', Marsman salvou de novo o Twente, defendendo arremate de Labyad e, na sequência, um cruzamento de Kevin Conboy. De nada estava adiantando criar tanto sem fazer gol. Assim, Erik ten Hag trocou Labyad pelo habitual titular Nacer Barazite, aos 58'. Bastou: com quatro minutos em campo, Barazite cruzou para Kerk, enfim, balançar as redes e satisfazer a torcida. Mais três minutos e, aos 65', o camisa 10 dos anfitriões fez o segundo gol, invertendo os papéis: Kerk passou, e ele finalizou. Aos 78', coube a Richairo Zivkovic dar números finais à inquestionável vitória de um Utrecht que faz campanha cada vez mais respeitável.

O Feyenoord de Toornstra suou para conseguir empatar com o Zwolle: segue na liderança, mas o drama aumenta (ANP/Pro Shots)
Feyenoord 2x2 Zwolle (domingo, 9 de abril)

O líder da Eredivisie chegava para a partida no Mac³Park Stadion com uma notícia boa na escalação: após cumprir os dois jogos de suspensão, Tonny Vilhena estava de volta. De resto, o esperado: Bart Nieuwkoop seguia na lateral direita, substituindo Rick Karsdorp, e Jens Toornstra conseguia lugar no meio-campo, em detrimento de Dirk Kuyt. Parecia que o Feyenoord estava pronto para encarar um Zwolle que jogaria na sua casa, no seu esquema tradicional: um 4-2-3-1, com uma dupla de volantes enfim encontrada (Danny Holla e Django Warmerdam). Todavia, no aquecimento, um revés inesperado: Nicolai Jorgensen sentiu novamente lesão muscular, e foi tirado da partida. Espaço aberto para Kuyt entrar no meio da área, ladeado por Eljero Elia e Steven Berghuis.

Ainda assim, inegavelmente, a ausência de Jorgensen impactou. E logo aos 3', num rápido contra-ataque, o Zwolle mostrou que a tarefa do líder seria duríssima. Younes Mokhtar saiu bem da marcação de Bart Nieuwkoop e lançou rapidamente Queensy Menig. O meia-esquerda ganhou de Eric Botteghin na corrida, driblou o goleiro Brad Jones - que saiu rápido da área para tentar cortar a jogada - e tocou para fazer 1 a 0.

Com golpe tão duro, o Stadionclub teve de se reorganizar para atacar. Aos 7', a bola saiu dos pés de Jan-Arie van der Heijden, no círculo central. E foi direto para Jens Toornstra, que mandou de voleio, por cima do gol. Toornstra ainda podia ter feito gol aos 9', quando ficou livre pela direita, mas a bola que recebeu escapou de seu domínio e ficou nas mãos do goleiro Mickey van der Hart. Aos 11', Tonny Vilhena inverteu o jogo com Steven Berghuis - que entrou na área pela direita, mas cruzou em cima de Bram van Polen, que tirou pela linha de fundo. Mesmo acelerando na troca de passes, como sempre, os visitantes paravam no bem compactado time da casa. Que aos 13', numa triangulação rápida, novamente superou o péssimo começo da defesa dos visitantes para fazer o segundo gol - surpreendente, mas muito merecido. Kingsley Ehizibue dominou perto da linha lateral, pela direita, e recuou a Danny Holla. O volante viu Van Polen entrando pela área, tocou em profundidade, e coube ao lateral direito apenas o trabalho de chutar cruzado para o 2 a 0 dos donos da casa.

Com seu gol rápido, Menig abriu o caminho do ótimo começo do Zwolle, assustando demais o líder (Ronald Bonestroo/VI Images)
A derrota momentânea aumentou os temores dos Rotterdammers. Mesmo mantendo a posse de bola, não havia espaço para as conhecidas tabelas. Restavam chutes: aos 17', Elia arrematou colocado e alto, da esquerda, mas Van der Hart defendeu bem. Ou então, tabelas perto da área: aos 23', novamente Elia deixou a bola com Kuyt pela esquerda, mas Van Polen impediu o arremate do capitão Feyenoorder. Diante de uma defesa fechada, ficava claro: o Feyenoord precisaria de uma jogada individual para marcar. Para alívio em Roterdã, isso aconteceu aos 26': Berghuis cobrou lateral e trocou um passe com Bart Nieuwkoop antes de dominar novamente a bola e bater cruzado, no canto direito. Van der Hart ainda tentou desviar, mas falhou, e a esférica entrou na casinha do Zwolle. Os visitantes voltavam ao jogo com o 2 a 1.

Já que dera certo com Berghuis, os outros jogadores do Stadionclub fizeram suas tentativas. E seguiu a busca pelo empate necessário. Aos 31', chute fraco de Vilhena, agarrado por Van der Hart; aos 37', Miquel Nelom cruzou da esquerda, mas Kuyt cabeceou para fora; no minuto seguinte, Toornstra cobrou falta diretamente para as mãos de Van der Hart. E aos 41', veio uma boa chance para o gol: Vilhena tentou achar espaço para o chute, mas preferiu repassar a Kuyt, que arrematou cruzado, nas mãos do goleiro. Já mais assentado, o Feyenoord também não dava muito espaço aos contragolpes do Zwolle, que tanta dor de cabeça tinham causado. Só houve espaço para os donos da casa aos 45': Mokhtar fez lançamento em profundidade, mas antes que alguém chegasse, Brad Jones já tinha saído do gol para defender. E o agradabilíssimo primeiro tempo terminou.

Logo que a etapa final começou, as duas equipes trocaram chances. Aos 51'. em falta cobrada da direita, Nieuwkoop mandou a bola para a área, mas Kuyt cabeceou para fora. Os Zwollenaren reagiram aos 53', e só foram parados (injustamente) pelo apito: numa rápida troca de passes, Mokhtar deixou Menig livre pela esquerda. O juiz Kevin Blom parou a jogada, apitando um impedimento inexistente. Ganharam razões para lamentar, porque no minuto seguinte, veio o gol do empate do Feyenoord. Novamente, com Berghuis, que fez quase tudo igual ao primeiro gol. Pegou a bola, pela direita. Viu Van Polen a lhe marcar. Driblou. Viu o caminho aberto para cortar rumo ao meio. Cortou. Viu o canto aberto para bater. Bateu. E mandou a bola no canto esquerdo, sem chances para Van der Hart, empatando o jogo - e comemorando aos berros perto da torcida visitante, por saber a importância daquele gol.

Berghuis chamou a responsabilidade: com dois gols, transformou em tropeço o que poderia ser um desastre do Feyenoord (ANP/Pro Shots)
Com a precoce vantagem perdida, restou aos Zwollenaren tentarem sair para o jogo. Aos 56', Warmerdam bateu de fora da área, mandando a bola pela linha de fundo. Todavia, a partida já era toda do Feyenoord. Que, desde então, pressionou e pressionou em busca da virada. Aos 57', Vilhena bateu de fora da área, mas a bola desviou na cabeça de Ouasim Bouy e saiu pela linha de fundo. Porém, a grande chance para a virada viria aos 67'. Elia dominou na entrada da área e finalizou rápido. Van der Hart rebateu no susto, mas Toornstra, livre na área, falhou no domínio e perdeu ótima chance para virar, tocando para fora.

As oportunidades de gol se acumulavam para os visitantes. Aos 71', Berghuis veio até a grande área, pela direita, mas seu arremate saiu fraco, e Van der Hart pegou. Já na volta seguinte do ponteiro dos minutos, um lançamento longo de Eric Botteghin levou a bola até Kuyt, que virou-se e concluiu, fazendo Van der Hart defender em dois tempos. Que não vieram: o primeiro colocado seguiu trocando passes em busca do gol. Como aos 76', quando Toornstra deu uma meia-lua em Holla, mas foi impedido na hora exata do chute, pelo desarme de Dirk Marcellis. E aos 78', quando veio outra oportunidade valiosa para o terceiro gol: passe preciso de Nelom deixou Michiel Kramer (substituto de Kuyt) na cara de Van der Hart, mas a finalização resvalou no zagueiro, e foi tirada por Ryan Thomas em cima da linha. Na sequência, em bola cruzada, Vilhena cabeceou para fora.

O drama só aumentou no fim do jogo. Aos 81', um gol quase apareceu na sorte: um cruzamento fugídio foi pego por Elia, quando a bola quicava na área. O camisa 11 cabeceou, e Van der Hart quase foi encoberto: defendeu em cima da linha. Claro que, com tanta pressão, o Zwolle voltou a ter espaço aberto: aos 84', Stef Nijland viu Brad Jones relativamente adiantado e tentou arrematar quase do meio-campo, mas o goleiro australiano voltou rápido e defendeu sem problemas. Ainda assim, o primeiro colocado voltou a investir nas bolas aéreas como última alternativa. Como na última chance, aos 88', quando Eric Botteghin cabeceou bola vinda de tiro livre, para Van der Hart defender. Ou num cabeceio de Nieuwkoop, aos 90', para fora. Ou num lançamento de Vilhena que Van der Hart interceptou, já nos acréscimos (90' + 3).

O Zwolle comemorou, e o Feyenoord se desapontou: a segura vantagem para o Ajax desapareceu (ANP)
Ainda houve tempo para o Zwolle dar mais um susto, aos 90' + 4: num passe errado de Nelom, a bola sobrou para Nijland arriscar, forçando boa defesa de Jones. Logo depois, Kevin Blom deu o apito final. E o Feyenoord saiu com um alívio controlado. Certo, ainda é líder da Eredivisie. E diante dos males que o começo caótico contra os "Dedos Azuis" poderia ter causado, o empate (e o ponto ganho) foi o menor. Ainda assim, não dava para disfarçar a angústia: a vantagem para o Ajax, que era de seis pontos na semana passada, foi reduzida a apenas um. Essa mistura de sentimentos foi descrita nas palavras de Kuyt, tristes ("Perdemos pontos duros aqui, precisávamos ter ganho e sabemos disso"), e nas de Berghuis, encorajadoras ("Nós somos responsáveis pelo clube, pela cidade, pela torcida e por nós mesmos. Faremos tudo para sermos campeões. Ainda dependemos só de nós, e temos um ponto de vantagem"). Se a luta pelo título sonhado ainda irá longe, a garra demonstrada por Berghuis é a chave para o Feyenoord não esmorecer nesta dramática reta final.

O PSV demorou a embalar, num jogo lento. Mas acelerou no fim, e conseguiu a goleada sobre o Willem II (Pro Shots)

PSV 5x0 Willem II (domingo, 9 de abril)

Era indisfarçável a ressaca do PSV para o jogo contra os visitantes de Tilburg, após o empate tardio contra o Twente, que tirara as chances de sonhar com o tricampeonato - aparentemente, como se verá ao fim deste relato. Para tentar animar o ataque e apurar o toque de bola, Phillip Cocu fez algumas mudanças na equipe que foi a campo: Daniel Schwaab foi o parceiro de Nicolas Isimat-Mirin na zaga, enquanto Bart Ramselaar voltava ao meio-campo, em detrimento de Siem de Jong. No ataque dos Boeren, até surpreendentemente, Jürgen Locadia ficou no banco, mesmo com as boas atuações após sua volta. No Willem II, nenhuma surpresa - nem tática, nem técnica, com Obbi Oularé crescendo de posição e ocupando a vaga no ataque.

Todavia, depois de um jogo acelerado e agradável entre Feyenoord e Zwolle, ver o primeiro tempo arrastado no Philips Stadion foi um verdadeiro teste de paciência. Os donos da casa deixaram claro, desde cedo, que apelariam mais para as bolas cruzadas - já aos 3', Andrés Guardado cobrou escanteio, mas a bola passou por cima de todos na grande área. Aos 10',  Jetro Willems foi alcançado na entrada da área por uma inversão de jogo, pegou a bola e cruzou para o meio. Aí, duas furadas mandaram a bola para fora - a primeira de Davy Pröpper, a segunda de Luuk de Jong. Aos 12', Guardado cobrou falta, e Luuk de Jong cabeceou por cima da meta. E essa seria a tônica, por algum tempo.

Procurando manter o empate, o Willem II avançava timidamente. Os Tilburgers só tentaram algo aos 17' - e apenas tentaram: um lançamento rasteiro tentou colocar Oularé na cara do gol, mas Schwaab o interceptou antes. Na sequência, novamente Luuk de Jong tentou um cabeceio (Santiago Arias cruzou), e novamente a bola saiu. Aos poucos, somando-se às bolas alçadas na área, os chutes de longe tornaram-se outra alternativa para os Boeren mandantes, começando aos 20': Marco van Ginkel arrematou de fora da área, mas o goleiro Kostas Lamprou defendeu.

Depois, a bola cruzada foi do Willem II, aos 22'. Mas causou um problema involuntário para os visitantes tricolores: Oularé e Dries Wuytens tentaram o cabeceio. Mandaram por cima do gol de Jeroen Zoet, e ainda chocaram-se com as cabeças - rendendo um corte no supercílio a Wuytens, que precisou deixar o jogo, dando lugar a Jordy Croux no meio-campo. De resto, seguiram as jogadas infrutíferas do PSV. Aos 25', Willems cruzou, mas Lamprou saiu cedo do gol e pegou a bola no alto; aos 27', Arias lançou por cima, e Gastón Pereiro (novamente titular) escorou de cabeça para que Pröpper, também com a testa, mandasse a bola para o gol. Lamprou encaixou. Pröpper apareceu de novo aos 30': chutou a bola para fora.

Mas foi aos 35', de longe, inesperadamente, veio o lance mais perigoso (e até injusto) do jogo: Haye arriscou de fora da área, e mandou a bola no travessão de Jeroen Zoet. A bola quicou totalmente dentro do gol, mas o Philips Stadion não tinha a tecnologia "olho-de-gavião" - e o auxiliar Siebert também não notou. Logo, o juiz Pol van Boekel não validou o gol claro dos visitantes.

Se teve azar contra o Feyenoord, o PSV teve sorte: sem a tecnologia, o gol claro do Willem II passou em branco para a arbitragem (Reprodução de tevê/FOX Sports holandesa/AD Sportwereld)
Livres do gol sofrido e não validado, os PSV'ers enfim agiram com mais velocidade no final do primeiro tempo. Aos 40', novo arremate de Van Ginkel, fora da área - e nova defesa de Lamprou. No minuto seguinte, começou uma boa sequência. Arias deixou com Pereiro, que chutou de média distância. O arremate sinuoso e forte exigiu boa defesa de Lamprou, pegando em dois tempos. O goleiro grego apareceu de novo aos 43', catando a bola vinda dos pés de Bart Ramselaar. E Van Ginkel teve mais uma chance aos 45' + 1, num voleio defendido acrobaticamente por Lamprou. No escanteio que se seguiu, aos 45' + 2, veio o gol do PSV. Até com facilidade: Guardado cobrou, e Isimat-Mirin se viu sozinho na pequena área, para cabecear no contrapé de Lamprou, que nada pôde fazer. Todavia, o gol não apagou a má atuação dos Boeren - e a justa vaia da torcida foi a prova disso.

No segundo tempo, o Willem II começou mais ofensivo, tentando o empate rápido. Já no primeiro minuto, em tiro livre direto para a área, Falkenburg cabeceou perto, e Zoet foi para a defesa. Aos 49', após dura entrada de Isimat-Mirin em Oularé, Haye cobrou a falta originada para fora, rente à trave esquerda defendida por Zoet. Só então os mandantes voltaram a se impor, aos 52', num chute de Jürgen Locadia (substituto de Luuk de Jong, no intervalo), que Jordens Peters obstruiu.

Não demorou muito, e a pressão dos Boeren rendeu mais um gol. Começando numa jogada perdida. Aos 55', Pereiro perdeu grande chance: recebeu de Guardado na entrada da área, driblou Lamprou, mas ficou sem ângulo para o chute - e quando chutou, Darryl Lachman tirou pela linha de fundo (com a mão, segundo reclamações da torcida). Sem problemas, porque no escanteio seguinte, veio o segundo gol dos Eindhovenaren. Quase a mesma história do primeiro, apenas mudando o lado do campo: Guardado bateu o córner de novo, e Van Ginkel subiu livre para cabecear e fazer 2 a 0.

Com a vitória do PSV praticamente assegurada, o jogo voltou ao marasmo. Apenas se viram tentativas esparsas, como aos 67', num chute de Ramselaar, para fora. E noutro de Pereiro, aos 70', bem defendido por Lamprou. O Willem II reapareceu quando Falkenburg arrematou de fora aos 74', para Zoet defender em dois tempos. No minuto seguinte, a chance foi de Oularé, que apareceu livre pela esquerda, mas arrematou na rede pelo lado de fora.

Todavia, o PSV resolveu de vez o jogo aos 76', com o terceiro gol. Quase foi o mais bonito do jogo: Pereiro tabelou com Pröpper, entrou na área, cortou para o meio e bateu colocado, no canto direito de Lamprou. Só não foi o mais bonito porque, aos 82', enfim a insistência do PSV em chutes de fora da área deu resultado: um arremate de Guardado, com o pé esquerdo, foi direto no ângulo direito de Lamprou, estufando as redes. E virou passeio de vez aos 84', quando Van Ginkel concluiu da meia-lua para deixar sua marca pela segunda vez na partida e consolidar o maior placar da equipe em casa na temporada. A bem da verdade, o 5 a 0 foi até exagerado, já que o PSV apenas jogou para o gasto. Ainda assim, por força das circunstâncias, o time ficou de novo cinco pontos atrás do líder Feyenoord - e ainda enfrentará o vice-líder Ajax daqui a duas rodadas. O atual bicampeão, quem diria, pode voltar a sonhar um pouco com o tri.

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