Luckassen protagoniza cena comum no empate de Groningen e AZ: lamentação de quem arriscou, destaque dos goleiros (Gerrit van Keulen/VI Images) |
Pelo modo como começou a partida de abertura da 28ª rodada do Campeonato Holandês, era até curioso que não houvessem gols. Mais ainda: gols do AZ (sem Alireza Jahanbakhsh, punido pelo técnico John van den Brom após se apresentar atrasado). Já aos 5', Ridgeciano Haps cruzou da esquerda, mas ninguém alcançou a bola; aos 8', Joris van Overeem deixou com Stijn Wuytens, que bateu errado. Mais três minutos, e Dabney dos Santos teve a chance, mas foi bloqueado pelo zagueiro Etienne Reijnen. Pouco depois, foi a vez de um dos goleiros em campo começar a se destacar: Tim Krul. Aos 28', o guarda-valas do time da casa fez ótima defesa, em chute de Mimoun Mahi - no escanteio que surgiu, a bola sobrou para Jesper Drost finalizar perto do gol.
O goleiro do Groningen apareceria bem nos acréscimos: aos 45' + 1, Sergio Padt fez duas defesas em sequência, rebatendo toque de Wuytens e espalmando a sobra arrematada por Mats Seuntjens. No segundo tempo, Krul reapareceu aos 59', defendendo bola vinda dos pés de Juninho Bacuna - e também no minuto seguinte, num cabeceio de Mahi. O arqueiro dos Alkmaarders ainda levou sorte aos 67': rebateu mal um chute de Mahi, mas Ruben Yttegaard Jenssen chutou a sobra por cima, perdendo grande chance. Aí, foi a vez de Sergio Padt reaparecer: aos 85', o camisa 1 do Groningen foi decisivo, ao defender chutes fortes de Ron Vlaar (titular de novo) e Wout Weghorst. E graças aos goleiros, o jogo ficou no 0 a 0. À torcida, restou festejar a qualidade de seus arqueiros - os Groningers chegaram a pedir a convocação de Sergio Padt para a seleção holandesa.
Warmerdam até abriu o placar, mas a vantagem e a superioridade do Zwolle não duraram muito (ANP/Pro Shots) |
O Excelsior chegava com até mais otimismo para a partida no Mac³Park Stadion - afinal de contas, já não perdia havia três rodadas. No entanto, o primeiro tempo deu a impressão de que a sequência levemente positiva ("levemente" porque, nessa sequência, foram dois empates) iria acabar. O Zwolle foi plenamente superior em sua casa. Poderia ter aberto o placar aos 13 minutos, quando o zagueiro Dirk Marcellis chutou em cima do goleiro Warner Hahn. Ou aos 17', quando Hahn novamente tirou com as pernas, numa finalização de Nicolai Brock-Madsen. Finalmente, as redes balançaram para os Zwollenaren aos 26': Django Warmerdam recebeu a bola de Ouasim Bouy e chutou forte, para fazer 1 a 0.
A surpresa é que justamente quando os "Dedos Azuis" mandantes tiveram o prêmio pela superioridade em campo, o Excelsior conseguiu o empate. Aos 34', Luigi Bruins dominou a bola e bateu colocado, de pé esquerdo, colocando o 1 a 1 no placar. A partir daí, o jogo ficou mais equilibrado, e as equipes trocaram chances ainda na etapa inicial. Aos 39', Danny Holla veio pela direita e chutou na trave; aos 45', Stanley Elbers quase virou o jogo, mandando a bola no travessão. No segundo tempo, o ritmo diminuiu, e as chances ficaram mais escassas - a maior delas veio só aos 84', quando Hahn salvou o Excelsior ao agarrar arremate de Queensy Menig. Mas ao fim e ao cabo, o empate até agradou a ambos: manteve os visitantes na sequência sem derrotas, e até deixou os mandantes mais próximos da disputa por vaga nos play-offs valendo lugar na Liga Europa.
A via-crúcis de Locadia na temporada teve fim: titular de novo, gol e participação fundamental na vitória do PSV (Pieter Stam de Jonge/PSV) |
Mesmo jogando fora de casa, o PSV mandaria no jogo, tentando o ataque na maioria das vezes. Isso ficou claro logo aos 5', na primeira chegada dos Boeren: após jogada individual, Jetro Willems passou a bola para o chute de Marco van Ginkel, que saiu. Depois, aos 15', em escanteio, a bola sobrou com Jürgen Locadia (enfim, titular), que arrematou. Houve desvio em Paco van Moorsel, e a esférica saiu pela linha de fundo, trazendo certo perigo. Ao Sparta Rotterdam, só restava segurar-se na defesa. Deu certo até os 21', quando o PSV fez 1 a 0: em novo córner, Sherel Floranus rebateu. Na sobra, fora da área, Locadia decidiu arriscar. E bateu rasteiro e forte, no canto direito de Roy Kortsmit, abrindo o placar, em seu primeiro gol após a volta da séria lesão muscular que teve, em setembro do ano passado. Na comemoração, o atacante reconheceu o substituto desses meses todos: foi direto ao banco de reservas, para abraçar Steven Bergwijn.
Só então os mandantes tiveram mais coragem de sair para o jogo em Het Kasteel. Aos 26', um arremate de Sherel Floranus, também de longe, exigiu a firme defesa de Jeroen Zoet. Aos 33', o empate quase veio, numa confusão da defesa dos visitantes de Eindhoven. Van Moorsel fez lançamento em profundidade, mas antes que Jerson Cabral chegasse, Héctor Moreno se antecipou, protegendo a bola para que Zoet a defendesse na área. Porém, o goleiro do PSV demorou, Cabral superou Moreno, dominou a bola e entrou na área. Só o chute que saiu errado: sem ângulo, o atacante do Sparta bateu na rede pelo lado de fora - até enganando a torcida. Mais seis minutos, e o Sparta teve outra possibilidade. Martin Pusic carregou a bola até chutar de média distância, forçando Zoet a fazer mais uma defesa - assim como no minuto seguinte, quando o guarda-metas também agarraria a tentativa de Loris Brogno.
Porém, uma desatenção da defesa rendeu o segundo gol do PSV, aos 42 minutos. Locadia lançou pelo alto (com desvio), e a bola parecia tranquila para o lateral direito Rick van Drongelen dominar e sair jogando. Parecia... ela escapou do domínio de Van Drongelen, e Van Ginkel estava atento: ganhou na corrida, dominou, driblou Kortsmit e concluiu para o 2 a 0 dos visitantes.
Mesmo com a vantagem, os Eindhovenaren continuaram buscando mais o ataque no segundo tempo Já aos 51', veio a primeira chance: após bola mandada para a área, Willems dominou de novo, pela esquerda, e chutou forte, fazendo Kortsmit rebatê-la, em boa intervenção. No minuto seguinte, Siem de Jong lançou em profundidade, e Locadia entrou livre na área, batendo de chapa para outra defesa de Kortsmit. O goleiro do Sparta apareceu bem de novo aos 62', espalmando para a linha de fundo a cobrança de falta de Locadia.
O Sparta ainda deu algum sinal de vida aos 67': Craig Goodwin cruzou da esquerda, e Zoet tocou de leve para a linha de fundo - agarrando o escanteio subsequente sem dar rebote. Mas no minuto seguinte, o PSV restabeleceu o ritmo: Van Ginkel fez o pivô para Locadia chutar rasteiro, forçando nova defesa de Kortsmit. Mais quatro minutos, e quase Locadia fez o seu segundo gol no jogo: Floranus recuou mal a bola, da direita, e o camisa 19 dos visitantes invadiu a área para pegá-la, driblar Kortsmit e bater na trave. Porém, quando Van Ginkel dominava a sobra, o auxiliar Allard Lindhout cometeu uma trapalhada: alegou impedimento, sem ver que o passe fora de Floranus (o que valida a jogada), para irritação dos jogadores do PSV.
Contudo, a melhor chance para o terceiro gol veio aos 77': Santiago Arias achou espaço pela direita, mandou a esférica para a área, e Luuk de Jong entrou escorando. Kortsmit defendeu à queima-roupa, com os pés, na melhor defesa do jogo. Ainda houve tempo para incrível chance perdida, aos 90' + 1: Bergwijn deixou Arias na cara do gol, e o colombiano deslocou Kortsmit, mas bateu na trave. O rebote ficou com Bergwijn, mas ele chutou torto, e a bola saiu pela linha de fundo. Mas já estava garantida a vitória que manteve o PSV firme para ir buscar o vice-campeonato holandês.
A torcida do Utrecht viu Haller comemorando um gol que marcou pela 40ª vez. E comemorou mais uma vitória (ANP/Pro Shots) |
O empate do Zwolle colocava o Willem II em condições de se distanciar na tabela, entrando de vez na disputa de uma vaga nos play-offs pela chegada à Liga Europa. Todavia, os Tricolores visitariam justamente o "melhor do resto" na Eredivisie: o Utrecht. Que não demorou para se impor, em casa. Já aos 9', Gyrano Kerk poderia ter aberto o placar, mas o goleiro Kostas Lamprou evitou o gol. Sem problemas para os Utregs: no minuto seguinte, Sofyan Amrabat iniciou contra-ataque, deu a bola a Kevin Conboy, e deste ela foi para Sébastien Haller, que fez o que de melhor sabe: gols. E o 1 a 0 do francês foi marcante: era seu 40º tento pelo clube, igualando o belga Stefaan Tanghe como o jogador não-holandês com mais gols marcados pelo Utrecht.
Depois, os donos da casa continuaram melhores no estádio Galgenwaard. Só faltava o gol. No primeiro tempo, aos 25', Amrabat chutou para fora; já no segundo, aos 56', de novo Amrabat errou o alvo. No fim da partida, duas cobranças de falta trouxeram algum perigo. Aos 83', Lamprou defendeu o chute de Yassin Ayoub; aos 87', Conboy cobrou falta muito bem, mas Lamprou foi ainda melhor, espalmando com brilhantismo pela linha de fundo. A tensão da torcida do Utrecht por um empate maroto do Willem II só acabaria nos acréscimos: aos 90' + 3, num bate-rebate caótico na área dos visitantes de Tilburg, Nacer Barazite mandou a bola na meta, ela bateu caprichosamente nas duas traves, e só Richairo Zivkovic pôde colocá-la no filó adversário, confirmando a vitória - e a certeza da vaga nos play-offs pela Liga Europa - para o Utrecht.
Aqui, a cobrança de falta de Armenteros estava entrando. O Heracles começava a festejar o que seria a sua goleada (ANP/Pro Shots) |
No meio da campanha irregular que faz no returno, o Heerenveen ficou com a impressão de que o sábado seria dia de "sim", na visita ao Heracles Almelo. Já aos 5', os visitantes da Frísia contragolpearam com rapidez, e Mike te Wierik teve de derrubar Pelle van Amersfoort na área. Martin van der Kerkhof apitou o pênalti, e Reza "Gucci" Ghoochannejhad converteu para o 1 a 0 do Fean. Todavia, quanto mais alto parecia ser o coqueiro, mais forte foi o tombo dos visitantes. Começou aos 9': Brandley Kuwas cruzou, e na primeira partida em que começou jogando como titular pelo Heracles, o meio-campista Reuven Niemeijer empatou o jogo.
Mas o Heerenveen não tinha visto nada. Aos 20', Samuel Armenteros cobrou falta com precisão para virar o jogo. Blitz satisfeita? Nada disso: seis minutos depois, o tiro livre direto de Kuwas foi ainda mais distante e ainda mais bonito: 40 metros de distância, ângulo esquerdo do gol, 3 a 1 para o Heracles. Como se não bastasse, os visitantes ficaram com um a menos ainda aos 31', quando Jeremiah "Jerry" St. Juste levou o segundo cartão amarelo por carrinho perigoso em Robin Gosens - logo, sendo expulso. E aos 44', enfim, Kristoffer Peterson configurou a goleada dos Heraclieden, de cabeça. O segundo tempo serviu só por formalidade. E o time de Almelo comemorou uma bonita vitória. Permitindo até que Kuwas fizesse piada à FOX Sports holandesa, sobre qual dos gols de falta foi mais bonito: "Não precisamos ter dúvidas sobre isso, né?", antes de atribuir beleza também ao gol de Armenteros: "Ambos foram lindos".
Van Wolfswinkel (à direita): sempre confiável para o Vitesse, decidiu o "dérbi da Géldria" com seus gols (ANP/Pro Shots) |
Vitesse 2x1 NEC (domingo, 2 de abril)
O "dérbi da Géldria" começou com o NEC deixando claro: se alguém tomaria a iniciativa no jogo, seria o Vitesse, já que os visitantes de Nijmegen chegaram com três zagueiros e um 5-3-2 na escalação. Só se arriscaram aos 11', quando Jay-Roy Grot apareceu pela direita, dominou a bola e chutou cruzado, rente à trave defendida por Eloy Room. Com a posse de bola, mas sem espaço, o Vitesse arriscou apenas em bolas paradas. A primeira delas, aos 16': em cobrança de falta, a bola passou por cima de todos, até ser dominada por Matt Miazga. E o zagueiro escorou para Adnane Tighadouini bater em diagonal, passando também rente à trave. Já sem Tighadouini (com lesão muscular, deu lugar a Nathan), os chutes de fora da área viraram a tônica. Como aos 25': Kevin Diks carregou a bola até arriscar, de média distância, para fora. Aos 31', Navarone Foor arriscou de longe - para mais longe ainda. E aos 36', Lewis Baker aproveitou a sobra de defesa do goleiro Joris Delle, mas também errou a mira.
No começo do segundo tempo, o time anfitrião voltou ao que já fazia: logo aos 48', Milot Rashica chutou para fora. De tanto insistir, enfim a única aposta possível deu certo, aos 51': Baker mandou a bola para a área num tiro livre, com a habitual precisão do inglês, e Ricky van Wolfswinkel entrou cabeceando, no canto esquerdo de Room, para fazer 1 a 0. Bastou para o técnico do NEC, Peter Hyballa, enfim decidir arriscar, tirando um zagueiro (Frank Sturing, estreando na Eredivisie) e colocando um atacante (Mohamed Rayhi). E o jogo se abriu. Inicialmente, o Vites teve chance de ampliar, aos 57': Van Wolfswinkel ficou com a bola, após corta-luz de Rashica, pela esquerda da grande área, mas sua tentativa saiu fraca, e Delle pegou sem problemas. No minuto seguinte, porém, os visitantes de Nijmegen avançaram: Kévin Mayi dominou pela esquerda, superou a marcação e chegou livre à linha de fundo para cruzar. Todavia, antes que alguém do NEC chegasse, o volante Marvelous Nakamba interceptou o passe, e Arnold Kruiswijk tirou a bola da área. Depois, aos 60', Nathan arriscou chute colocado, forçando Delle a fazer boa defesa.
Mas aos 66', a coragem maior dos visitantes em campo rendeu a recompensa buscada: Rayhi deu a Ferdi Kadioglu, e o meio-campista bateu da entrada da área, no ângulo esquerdo de Room, fazendo belo gol de empate. Só restou ao Vitesse continuar atacando: dois minutos depois do tento sofrido, Rashica cruzou rasteiro da esquerda, e Nathan entrou concluindo de primeira, por cima do gol. Depois, aos 78', mais uma bola parada: Baker cobrou falta com muito perigo, forçando Delle a defender em dois tempos. Finalmente, aos 84', o mais confiável dos destaques da equipe aurinegra conseguiu garantir a vitória: num rápido contra-ataque, Nathan tentou um voleio, e a bola foi socada por Dario Dumic. Serdar Gözübüyük apitou o pênalti claro, e Van Wolfswinkel bateu com segurança: no canto direito de Delle, rasteiro, para dar o triunfo aos mandantes no clássico. E aumentar a tensão do NEC, agora apenas três pontos acima da zona de repescagem/rebaixamento.
El Khayati (à esquerda) e Sheraldo Becker também encaminharam precocemente a vitória do ADO Den Haag (ANP/Pro Shots) |
Enquanto Lasse Schöne já deixava claro que o Ajax mandaria no clássico contra o Feyenoord, com um golaço de falta logo aos 55 segundos de jogo, o ADO Den Haag precisou até de menos tempo para começar a encaminhar sua vitória no importante confronto direto contra o Roda JC, na disputa para se afastar da zona de repescagem/rebaixamento, ocorrendo simultaneamente ao Klassieker. Aos 47 segundos de jogo, Sheraldo Becker recebeu a bola de Dion Malone e, da direita, arriscou chute quase sem ângulo, direto para as redes do goleiro Benjamin van Leer. Pela primeira vez começando um jogo como titular desde janeiro, Becker dava a vantagem aos mandantes de Haia - que ampliaram-na aos 28', com um pênalti cometido por Christian Kum (mão na bola) e convertido por Abdenasser El Khayati - substituto de última hora para Donny Gorter, lesionado no aquecimento.
O Roda JC estava perdido na marcação - a ponto do volante Ognjen Gnjatic, já com cartão amarelo, ter saído aos 31', substituído por Mohamed El Makrini, que... levou um amarelo, com 40 segundos em campo. Ainda assim, os Koempels visitantes até se animaram no segundo tempo - aos 52', Mitchel Paulissen até forçou o goleiro Robert Zwinkels a fazer defesa difícil, numa cobrança de falta. Mas o Den Haag acabou com qualquer esperança de reação aos 62': Malone arriscou, Van Leer rebateu, e Mike Havenaar (também começando novamente um jogo) estava a postos para concluir no rebote e fazer 3 a 0. Só para constar, aos 87', Guyon Fernandez - justamente o substituto de Huntelaar -, marcou o quarto gol, completando cruzamento de Randy Wolters. Nem o gol de honra que El Makrini fez, dois minutos depois, amainou a raiva da torcida do Roda JC - alguns torcedores chegaram a esperar o ônibus na volta a Kerkrade, para uma conversa com alguns jogadores. Afinal, na roda-viva contra a queda, foi dia dos Koempels saírem perdendo, caindo para a lanterna.
O Ajax começou com tudo no Klassieker: mereceu a vitória e reabriu definitivamente a disputa do título holandês (Getty Images) |
Antes mesmo que a bola rolasse, o Ajax teve a necessidade de mudar seu ataque em mais uma posição. Desde sábado, já se sabia que Kasper Dolberg não poderia estar no meio do ataque, ainda com dores musculares na parte posterior da coxa. E na manhã deste domingo, soube-se que Amin Younes também desfalcaria os donos da casa: com problemas no joelho, o alemão de ascendência libanesa sequer ficou no banco. Caminho aberto para David Neres, enfim, começar como titular dos Amsterdammers pela primeira vez - e logo num Klassieker, ainda mais com a importância deste: afinal, qualquer resultado que não fosse a vitória Ajacied praticamente abriria a rota do título para o Feyenoord. E o Stadionclub, por sua vez, perdeu mais uma peça fundamental no onze escalado por Giovanni van Bronckhorst: já sem Terence Kongolo e Tonny Vilhena, o treinador preferiu deixar Eljero Elia no banco, já que o tornozelo ainda inspirava cuidados.
Ficava a dúvida: qual time sentiria mais os desfalques? Bastaram 55 segundos para o Ajax responder do melhor jeito possível. Após sofrer falta, Lasse Schöne fez o que melhor sabe: cobrar faltas. Bateu com maestria, e a bola fez uma trajetória sinuosa, batendo no travessão antes de balançar as redes, abrindo o placar. Estava iniciado um período de graça do Ajax no jogo: os Ajacieden impuseram-se no ataque, com velocidade e técnica - principalmente na ponta direita, onde Justin Kluivert atormentou Rick Karsdorp. O Feyenoord, por sua vez, mostrou-se irreconhecível: sem Vilhena, o improviso de Bart Nieuwkoop no meio-campo fracassou, e a lentidão de Dirk Kuyt abriu caminho para que Hakim Ziyech deitasse e rolasse na criação de jogadas. Deste modo, o Ajax seguiu atacando. Aos 10', a bola ficou com Joël Veltman, que arriscou de fora da área, forçando Brad Jones a defender em dois tempos. E como se não bastasse, aos 11', o Feyenoord ficou sem seu principal atacante: com lesão muscular, Nicolai Jorgensen precisou sair, dando lugar a Michiel Kramer.
A cobrança de falta primorosa de Lasse Schöne abriu o caminho da vitória (Tom Bode/VI Images) |
O Feyenoord só trouxe perigo de novo aos 30': Jens Toornstra cobrou falta pela esquerda, e a bola ainda desviou no gramado, chegando veloz e forçando Onana a desviar pela linha de fundo. Quando foi cobrar o escanteio, Steven Berghuis ainda entrou em rota de colisão com a torcida do Ajax: parte dela jogou uma bola para a cobrança do escanteio (com algum excesso), e Berghuis, irritado, chutou a bola em cima dos torcedores. Foi o suficiente para que voasse de tudo em direção ao camisa 19 dos visitantes.
A lesão inesperada que tirou Jorgensen de campo só piorou o fraco dia do Feyenoord em campo (Tom Bode/VI Images) |
Pelo menos, o segundo gol não demoraria muito: chegaria aos 36'. Em nova jogada rápida, Ziyech dominou a bola pela esquerda e chegou à área para o cruzamento. A bola atravessou a área, até encontrar David Neres. E o brasileiro completou escorando, para marcar seu primeiro gol na equipe adulta dos Ajacieden.
David Neres não brilhou tanto quanto Kluivert, mas fez seu gol. E se afirmou: é, sim, opção válida para Peter Bosz (ANP/Pro Shots) |
O Feyenoord voltou para o segundo tempo com mais uma alteração por lesão: com problemas no joelho, Karsdorp deu lugar a Renato Tapia, que foi para o meio-campo, com Nieuwkoop voltando para a lateral esquerda, sua posição original. Coincidência ou não, os visitantes melhoraram no jogo, criando mais chances e até inibindo um pouco o Ajax. Aos 50', Miquel Nelom apareceu pela esquerda e cruzou, mas Onana defendeu sem problema. Três minutos depois, Berghuis apareceu pelo meio e deixou com Toornstra. O meio-campista cruzou rasteiro, mas Onana se antecipou à chegada dos atacantes e defendeu na pequena área.
Depois de se retrair, todavia, o Ajax voltou a atacar. Aos 58', Ziyech fez lançamento em profundidade para Kluivert. O jovem tentou o cruzamento, mas a bola saiu direto pela linha de fundo. Aos 66', Traoré chegou livre à área, mas na hora de arrematar, Van der Heijden fez o corte preciso, evitando o terceiro gol. Mais 60 segundos, e Schöne tentou ajeitar, mas perdeu a bola para Kuyt. No entanto, Ziyech estava a postos, e chutou forte, rente à trave esquerda. No minuto seguinte, Kluivert cortou da esquerda para o meio, e deixou com Abdelhak Nouri, que vinha livre pela direita. Recém-entrado no lugar de David Neres, o camisa 34 do Ajax arrematou, e Jones fez grande defesa, espalmando por cima do gol. Continuando a ser o grande criador de jogadas, Kluivert fez mais uma aos 70': passou a Davy Klaassen, que cruzou da esquerda. No meio da área, Davinson Sánchez cabeceou livre, forçando outra boa defesa de Jones.
Só aos 72' o Feyenoord criou uma chance: em cruzamento para a área, Kramer cabeceou para a defesa de Onana. Depois, voltaram os avanços do Ajax: aos 78', Kluivert fez jogada individual, carregando para o meio, e batendo para fora. No minuto seguinte, Traoré recebeu de Ziyech e entrou pelo meio da área, mas chutou em cima de Brad Jones, novamente bem posicionado, novamente fazendo boa defesa. Aos 81', o filho de Patrick Kluivert saiu de campo para dar lugar a Vaclav Cerny, como merecia: com muitos aplausos da torcida, reconhecendo que o camisa 45 fora o grande destaque do Klassieker.
Justin Kluivert: aos 17 anos, já pode dizer que foi o nome de um Klassieker (Pim Ras Fotografie) |
Aos destaques do Feyenoord, só restou reconhecer o dia irreconhecível do líder do campeonato. Dirk Kuyt foi preciso: "Estou péssimo por termos perdido. E o modo como começamos o jogo não ajuda". Já Giovanni van Bronckhorst manteve o espírito positivo: "Deixamos escapar três pontos, mas ainda temos outros três de vantagem para o Ajax. Somos o único clube que só depende de si". De fato. Além do mais, a tabela do Feyenoord nas rodadas seguintes é mais fácil do que a do arquirrival, que ainda enfrentará AZ (na próxima rodada) e PSV. Todavia, o ligeiro conforto do Stadionclub acabou, e voltou o velho fantasma de fraquejar na hora final. A última fronteira (vencer o Ajax fora de casa) ainda não foi superada. A disputa pela Eredivisieschaal está novamente em alta temperatura.
Ritzmaier (centro) comemora com Manu (esquerda) e Schenk: Go Ahead Eagles virou e surpreendeu (Peter Lous/VI Images) |
Depois das cinco partidas sem vitória (quatro derrotas e um empate), que puseram fim à passagem do treinador Hans de Koning, o Go Ahead Eagles voltava à ação já com um respeitável desafio: ter de superar o Twente, fora de casa. E pelo menos no começo da partida em Enschede, nada fazia crer que a equipe de Deventer havia melhorado, sob o novo comando de Robert Maaskant. Com Kamohelo Mokotjo marcando bem no meio-campo, constantemente a bola sobrava para Fredrik Jensen e Enes Ünal criarem chances. Numa delas, aos 37', Bersant Celina cruzou, e a bola bateu na mão do lateral direito Joey Groenbast - o suficiente para os jogadores do Twente pedirem pênalti, sendo ignorados pelo juiz Ed Janssen. Na segunda, aos 45', não houve jeito: Jensen fez a jogada individual, cruzou rasteiro para a área, e Ünal escorou para marcar o seu 14º gol na Eredivisie.
A superioridade dos Tukkers mandantes até se viu de novo na etapa derradeira: aos 48', Mateusz Klich arriscou, forçando a defesa do goleiro Theo Zwarthoed (e o erro de Ed Janssen: sem ver o desvio de Zwarthoed, apitou o tiro de meta). Mas aos 53', quando menos se esperava, o Go Ahead Eagles empatou: Marcel Ritzmaier cruzou rápido, e Sam Hendriks escapou da marcação para concluir e colocar o 1 a 1 no placar. Meio atordoado, o Twente partiu em busca do seu gol. Mas uma cobrança de falta novamente surpreenderia, e decretaria o herói do dia: Ritzmaier bateu aos 66', surpreendendo o goleiro Nick Marsman, que esperava um cruzamento e teve de pegar a bola no fundo das redes. A pressão dos donos da casa aumentou ainda mais - a ponto de Chinedu Ede ter tido um gol anulado por impedimento, aos 84'. Mas o GAE segurou-se, e garantiu a vitória salvadora, que o tirou da última colocação do Campeonato Holandês
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