A passagem de Robben pela Alemanha ainda não acabou. Mas já está definitivamente marcada (EPA) |
O que faz com que já seja possível uma lista com os dez futebolistas holandeses que melhor atuaram na Alemanha. Lista mais surpreendente do que parece, já que não estão entre os dez figuras de carreira marcante - um bom exemplo é Ruud van Nistelrooy, de passagem apagada pelo Hamburgo. Sem contar aqueles que prometiam muito e renderam pouco (inevitável lembrar de Eljero Elia). Ou quem era discreto demais para se destacar, embora tenha tido regularidade (casos de Joris Mathijsen e Nigel de Jong, que pouco apareciam no Hamburgo, mas foram bem nos hanseáticos). Como sempre, foram selecionados dez jogadores que mereciam menção - como Heinz van Haaren, de passagem marcante pelo Schalke 04 entre 1968 e 1972, que o tornou o segundo jogador holandês com mais partidas pela Bundesliga. Mas só os dez da lista terão suas passagens descritas. Confira.
20º - Rob Reekers; 19º - Kees Bregman; 18º - Ruud van Nistelrooy; 17º - Nico-Jan Hoogma; 16º - Nigel de Jong; 15º - Paul Verhaegh; 14º - Joris Mathijsen; 13º - Dick van Burik; 12º - Erik Meijer; 11º - Heinz van Haaren
Wouters fez papel decente no Bayern de Munique - mas já era tarde para ficar mais tempo na Alemanha (sport.de) |
Posição: meio-campista
Clube em que atuou: Bayern de Munique (1992 a 1994)
Títulos conquistados: 1 Campeonato Alemão (1993/94)
Prêmios individuais: nenhum
Como volante, Wouters era nome certo na seleção holandesa, entre 1982 e 1994. Sua força na marcação o tornou personagem fundamental para que a Laranja pudesse ser ofensiva, como provam sua titularidade absoluta na campanha vitoriosa da Euro 1988 e na Copa de 1990. Ela também tornou o jogador querido no Utrecht, onde surgiu em 1980, e no Ajax, em que criou fama (a ponto de ser eleito o Jogador Holandês do Ano em 1990). Com tanta raça e dedicação, o volante nascido em 1960 conseguiu boa oportunidade: foi contratado pelo Bayern de Munique, na metade da temporada 1991/92. Porém, já chegando aos 32 anos à Bavária, Wouters não brilhou tanto quanto outros colegas de time (para citar um exemplo, Lothar Matthäus, que também veio para o time de Munique em 1992).
O volante foi titular absoluto somente na temporada 1992/93, com 33 jogos e quatro gols. De resto, embora jogasse constantemente, teve temporadas entrecortadas: fez 17 dos 38 jogos do Bayern em 1991/92, quando chegou, e 18 das 34 partidas em 1993/94, sua última temporada nos Roten, que venceriam a Bundesliga. Aliás, Wouters sequer completou a temporada na Alemanha: já em janeiro de 1994, o atual auxiliar técnico de Giovanni van Bronckhorst no Feyenoord voltou à Holanda, indo para o PSV, onde encerrou a carreira em 1996. Deixando a impressão de que, se tivesse ido mais cedo para a Alemanha, poderia ter feito mais sucesso.
De Kock recebeu aposta do Schalke 04 na fase final da carreira. Deu muito certo (Bongarts/Getty Images) |
Posição: zagueiro
Clube em que atuou: Schalke 04 (1996 a 2000)
Títulos conquistados: 1 Copa da UEFA (1996/97)
Prêmios individuais: nenhum
Periodicamente, sempre se veem casos de jogadores de qualidade técnica mediana, que não impressionam nem positiva nem negativamente, mas que alcançam os melhores momentos de suas carreiras justamente na fase final delas. Foi precisamente o que aconteceu com Johan de Kock. Nascido em 1964, o zagueiro fez a maior parte de sua carreira em times médios/pequenos da Holanda: começou no Groningen em 1984, foi para o Utrecht três anos depois, e se transferiu para o Roda JC em 1994. Parecia o fim, com De Kock já contando 30 anos? Pois foi o começo.
Já em 1993, ele começara uma passagem pela seleção holandesa, sob Dick Advocaat. Ficou ausente da Copa de 1994, mas seguiu regularmente convocado sob o comando de Guus Hiddink. Em 1996, o zagueiro conseguiu um lugar entre os 22 convocados para a Euro. De lá, foi diretamente para o Schalke 04, treinado por outro holandês, Huub Stevens. Nos Azuis Reais, De Kock viveu o grande momento da carreira: foi titular absoluto nas campanhas pela Bundesliga e, principalmente, no título da Copa da UEFA, na temporada 1996/97. Em Gelsenkirchen mesmo o zagueiro terminou a carreira, em 2000. Até hoje, De Kock é querido no Schalke. E também tem motivos para lembrar com carinho de sua passagem pela Alemanha.
O Hannover 96 tornou-se um time estável na Bundesliga, e Bruggink ajudou bastante nisso (DPA) |
Posição: meio-campo/atacante
Clube em que atuou: Hannover 96 (2006 a 2010)
Títulos conquistados: nenhum
Prêmios individuais: nenhum
Após idas e vindas, somente na década passada o Hannover 96 conseguiu alguma regularidade na divisão de elite alemã, após ser promovido em 2001/02. E é possível citar que Arnold Bruggink teve muita utilidade no processo que levou os Vermelhos a virarem um time relativamente estável na Bundesliga. Vindo do Heerenveen em 2006, o meio-campista era constantemente escalado como um ponta-de-lança: não só armando as jogadas, mas também chegando para finalizar. Assim, Bruggink virou figura certa e confiável para a torcida no Hannover 96. Nos quatro anos passados na HDI Arena, foram 111 jogos e 20 gols, além de ser reconhecido pela experiência na equipe.
Já às vésperas de completar 33 anos, o nativo de Almelo voltou à Holanda, para terminar sua carreira no Twente, mas saiu da Alemanha conhecido como um jogador regular (e querido no clube - Bruggink teve demonstrações muito emotivas no traumático suicídio de Robert Enke, com quem passou três anos jogando ali). Tal fama rendeu a ele credibilidade para também participar de mesas-redondas na tevê alemã, além do trabalho principal como comentarista na FOX Sports holandesa. Nada mal para quem tivera uma primeira experiência opaca no Mallorca, antes.
Violento, aplicado, irritante, vencedor: Van Bommel foi tudo isso no Bayern (Pierre-Philippe Marcou/AFP/Getty Images) |
Posição: meio-campista
Clube em que atuou: Bayern de Munique (2006 a 2011)
Títulos conquistados: 2 Campeonatos Alemães (2007/08 e 2009/10), 2 Copas da Alemanha (2007/08 e 2009/10), 1 Copa da Liga Alemã (2007) e 1 Supercopa da Alemanha (2010)
Prêmios individuais: nenhum
Embora Mark van Bommel já tivesse algum reconhecimento, é possível dizer que a carreira do meio-campista se divide entre antes e depois de sua passagem pelo Bayern de Munique. Até chegar ao Rekordmeister, em 2006, Van Bommel era considerado um volante até técnico, que dava qualidade na saída de bola - além do esforço nos desarmes. Assim já fora titular na excelente fase do PSV em 2004/05 (campeão holandês, semifinalista na Liga dos Campeões), e no Barcelona campeão europeu na temporada seguinte. No Bayern, com o peso dos anos já se revelando, Van Bommel começou a virar um volante predominantemente marcador, cada vez menos ofensivo. O que teve seu lado bom: o nativo de Maasbracht mostrava dedicação invejável ao desarmar os adversários, e seu profissionalismo o tornou não só querido da torcida bávara, mas também capitão do time.
Mas Van Bommel, cada vez mais, mostrou também um lado ruim: às vezes, o que era aplicação na marcação virava violência. Sem contar a capacidade que tinha para irritar juízes e adversários, com as reclamações e os persistentes cartões. Uma mostra disso, curiosamente, veio ao comemorar um gol: uma "banana" mandada para as arquibancadas do Santiago Bernabéu, ao fazer um gol útil para o Bayern contra o Real Madrid, no jogo de ida das oitavas de final da Liga dos Campeões 2006/07 (teve até de pedir desculpas públicas depois). Enfim, embora "pentelho", Van Bommel viveu no Bayern os momentos mais gloriosos da carreira. Até porque foi pelo que fazia no clube que virou titular absoluto na Laranja vice-campeã mundial em 2010.
6º - Rafael van der Vaart
Posição: meio-campista
Clube em que atuou: Hamburgo (2005 a 2008 e 2012 a 2015)
Títulos conquistados: 2 Copas Intertoto (2005 e 2007)
Prêmios individuais: nenhum
No começo da década passada - circa 2001 -, era possível cravar: Rafael van der Vaart era a maior esperança holandesa. Da geração que se tornaria vice-campeã mundial em 2010, foi o primeiro a ter oportunidades na Laranja. Mesmo com as aparições posteriores de Arjen Robben, Wesley Sneijder e Robin van Persie, o meio-campista seguia como a grande aposta. Tomou conta do seu setor, no Ajax. Atraía a atenção de muitos clubes grandes pela Europa. Mas foi o Hamburgo que o contratou, em junho de 2005. Tal transferência até decepcionou: em sua coluna no De Telegraaf, Johan Cruyff falou que "não sabia o que Van der Vaart estava fazendo em Hamburgo". Fosse como fosse, o fato é que "Raf" chegou fulgurante: em 2005/06, marcou gols em seus primeiros quatro jogos pelos Rothosen, foi o personagem principal na campanha que levou o time à terceira posição no Campeonato Alemão, teve grande importância ao levar o time à Liga dos Campeões.
Já capitão no time hanseático, Van der Vaart seguiu como grande destaque ali, embora sua participação na Copa de 2006 tenha sido discreta - e as atuações em 2006/07 tenham sido perturbadas por várias lesões. O interesse de clubes gigantes seguia, pelo bom nível técnico que o meia exibia. Até que, em 2008, por 13 milhões de euros, ele teve sua chance de ouro no Real Madrid. E a perdeu: no meio de um tempo caótico dos Merengues, VdV decepcionou nas oportunidades que teve. Desde então, em que pese uma boa fase no Tottenham, o meio-campista ficou longe do que um dia prometeu ser. Talvez em busca disso tenha voltado aonde foi tão feliz: a Hamburgo, onde chegou de novo em 2012. Mas o tempo havia passado, o HSV vivia as dificuldades que vive hoje... e Van der Vaart deixou o clube em 2015, sem ser notado. Grande diferença em relação a 2005.
5º - Youri Mulder
Posição: atacante
Clube em que atuou: Schalke 04 (1993 a 2002)
Títulos conquistados: 1 Copa da UEFA (1996/97) e 1 Copa da Alemanha (2000/01)
Prêmios individuais: nenhum
Se há um clube da Alemanha no qual holandeses têm um histórico receptivo, provavelmente é o Schalke 04. E se Heinz van Haaren ajudou nisso com os quatro anos passados lá nos anos 1960 e 1970, provavelmente Youri Mulder foi o maior responsável pelo fortalecimento do elo entre os Azuis Reais e os nativos do país da Casa de Orange. Chegando em 1993 a Gelsenkirchen, após passar três anos no Twente, o filho do ex-atacante Jan Mulder teve um ótimo começo de história no Schalke: tornou-se titular absoluto no ataque, o que o fez merecer constantes convocações para a seleção holandesa. Tudo isso foi coroado em 1995/96. Pelo clube, foram 33 jogos e 10 gols na Bundesliga. Pela Laranja, a inclusão no grupo de jogadores para a Euro 1996.
Se houvesse qualquer dúvida da importância de Mulder para o Schalke 04, ela se dissipou em 1996/97, temporada na qual o avante também foi fundamental na conquista da Copa da UEFA: mesmo sem ter atuado na final, fez três gols durante a campanha - um dos quais, na semifinal contra o Valencia-ESP. Dali por diante, porém, a frequência de Youri foi diminuindo: nos últimos quatro anos dele no Schalke, foram mais lesões do que gols (apenas sete). E em 2002, após nove anos de clube, Mulder encerrou a carreira. Mas fora de campo, a relação com o clube alemão segue até hoje. Por duas vezes ele treinou a equipe interinamente, ao lado do colega Mike Büskens, além de ter sido auxiliar técnico na temporada 2008/09. E as portas seguem abertas para Youri Mulder no Schalke 04. Até porque ele as abriu para os holandeses em Gelsenkirchen.
4º - Klaas-Jan Huntelaar
Posição: atacante
Clube em que atuou: Schalke 04 (2010 a 2017)
Títulos conquistados: 1 Copa da Alemanha (2010/11) e 1 Supercopa da Alemanha (2011)
Prêmios individuais: Goleador da Bundesliga (2011/12), com 29 gols
Quando chegou ao Schalke 04, em agosto de 2010, Klaas-Jan Huntelaar era um jogador, no mínimo, altamente questionado. O prodígio goleador que era nos tempos de Heerenveen e Ajax havia virado motivo de piada, com os seis meses decepcionantes passados no Real Madrid e o ano ainda mais discreto no Milan. Tais fracassos haviam popularizado, no Brasil, o apelido de "Ruintelaar". Para piorar, a atuação na Copa de 2010 também passou quase em branco: embora fosse um reserva constante, marcara apenas um gol. Era gigante o desafio do nativo de Drempt: provar, no Schalke, que tinha talento - embora talvez menor do que parecia quando ele surgiu. Não demorou muito para Huntelaar recuperar a autoestima e provar isso.
Na Bundesliga, enfim o atacante encontrou um campeonato de nível técnico mais acessível. E retribuiu a confiança do clube e o carinho da torcida com o que sabia fazer: gols. Assim já destacou-se na conquista da Copa da Alemanha, em 2010/11. E também assim viveu seu melhor momento na carreira, sendo o artilheiro da Bundesliga na temporada seguinte, com 29 gols - desempenho tão bom que fez muita gente criticar a escolha do técnico Bert van Marwijk por Robin van Persie no time holandês que fracassou na Euro 2012. E ao longo dos anos, se nunca conseguiu destronar Van Persie no ataque da seleção, Huntelaar foi sempre a grande aposta de gols no Schalke 04. O tempo passou, e em junho passado, após sete anos, ele preferiu voltar ao Ajax em que despontou. Mas desta vez, "Hunter" saiu com a ótima sensação de deixar saudades no Schalke 04. Já é algo.
3º - Willi Lippens
Posição: atacante
Clube em que atuou: Rot-Weiss Essen (1966 a 1976 e 1979 a 1981) e Borussia Dortmund (1976 a 1979)
Títulos conquistados: nenhum
Prêmios individuais: nenhum
"Quem é esse?", muita gente há de perguntar. Pois se trata do holandês que mais gols havia marcado no Campeonato Alemão. Aliás, um holandês que conhecia muito o país, por ter nascido nele - afinal, Lippens veio ao mundo na própria Alemanha (em Hau, cidade fronteiriça, no dia 10 de novembro de 1945), e se naturalizou holandês. Ainda assim, jogou na Alemanha em quase toda a carreira - principalmente no Rot-Weiss Essen. Lá começou a atuar, em 1966 - e lá participou da ascensão do clube, promovido pela primeira vez à Bundesliga em 1966/67.
Titular e popular entre os torcedores pelo espírito galhofeiro e pelo andar desengonçado (foi apelidado "Ente" - em alemão, "Pato"), Lippens mereceu até uma chance na seleção holandesa. E marcou gol, nos 6 a 0 sobre Luxemburgo, pelas eliminatórias da Euro 1972. Porém, foi a única partida do naturalizado, que enfrentou oposição de certos colegas (alguns até o chamavam de "meio nazista"). Restou continuar fazendo gols no Rot-Weiss Essen, além da passagem pelo Borussia Dortmund. Gols que tornaram Willi Lippens o segundo holandês a mais vezes colocar a esférica no filó adversário: foram 92 gols de um holandês pouco conhecido fora da Alemanha. Mas lá, foi ídolo.
2º - Roy Makaay
Posição: atacante
Clube em que atuou: Bayern de Munique (2003 a 2007)
Títulos conquistados: 2 Campeonatos Alemães (2004/05 e 2005/06), 2 Supercopas da Alemanhas (2004/05 e 2005/06) e 1 Copa da Liga Alemã (2004)
Prêmios individuais: nenhum
Roy Makaay apareceu menos do que merecia durante sua carreira. De todo modo, quando fala aos atacantes que treina nas categorias de base do Feyenoord, Rudolphus Antonius Makaay pode lembrar um fato que mostra como sabia colocar a esférica no filó adversário. Pouco acima, foi citado o jogo de ida das oitavas na Liga dos Campeões 2006/07, quando Van Bommel marcou um gol de honra no 3 a 2 contra o Real Madrid e se exaltou na comemoração. Pois na volta, Makaay foi o responsável pelo gol mais rápido da história da Champions League: na Allianz Arena, em dez segundos, aproveitou falha de Roberto Carlos e passe de Hasan Salihamidzic para fazer 1 a 0 e encaminhar a classificação do Bayern, com o 2 a 1.
Tal gol foi uma das várias mostras de como o Bayern acertou ao tirar Makaay de uma passagem já elogiável pelo Deportivo, pagando 18 milhões de euros em novembro de 2003. E o atacante foi titular durante toda a sua passagem pelos bávaros, recheando-a de momentos marcantes - como marcar o 3000º gol da história do Campeonato Alemão, em 21 de agosto de 2006. Ou quando fez seu 100º gol pelo clube, contra o Schalke 04, em 31 de março de 2007, pela 27ª rodada da Bundesliga 2006/07 - ficaria em 102 gols, nas 178 partidas pelos Roten. Com tal desempenho, Roy nem precisou ter sido goleador de qualquer torneio para marcar época na Alemanha. Se teve menos oportunidades do que merecia na seleção holandesa, tão grande (em quantidade e qualidade) era a concorrência, Makaay mereceu o apelido ganho na Alemanha: "Das Phantom", o fantasma que atormentava as defesas.
1º - Arjen Robben
Posição: atacante
Clube em que atuou: Bayern de Munique (desde 2009)
Títulos conquistados: 1 Mundial de Clubes (2013), 1 Liga dos Campeões da Europa (2012/13), 1 Supercopa da Europa (2013), 6 Campeonatos Alemães (2009/10, 2012/13, 2013/14, 2014/15, 2015/16 e 2016/17), 4 Copas da Alemanha (2009/10, 2012/13, 2013/14 e 2015/16) e 1 Supercopa da Alemanha (2012)
Prêmios individuais: Jogador do ano na Alemanha (2010)
Clube em que atuou: Bayern de Munique (2006 a 2011)
Títulos conquistados: 2 Campeonatos Alemães (2007/08 e 2009/10), 2 Copas da Alemanha (2007/08 e 2009/10), 1 Copa da Liga Alemã (2007) e 1 Supercopa da Alemanha (2010)
Prêmios individuais: nenhum
Embora Mark van Bommel já tivesse algum reconhecimento, é possível dizer que a carreira do meio-campista se divide entre antes e depois de sua passagem pelo Bayern de Munique. Até chegar ao Rekordmeister, em 2006, Van Bommel era considerado um volante até técnico, que dava qualidade na saída de bola - além do esforço nos desarmes. Assim já fora titular na excelente fase do PSV em 2004/05 (campeão holandês, semifinalista na Liga dos Campeões), e no Barcelona campeão europeu na temporada seguinte. No Bayern, com o peso dos anos já se revelando, Van Bommel começou a virar um volante predominantemente marcador, cada vez menos ofensivo. O que teve seu lado bom: o nativo de Maasbracht mostrava dedicação invejável ao desarmar os adversários, e seu profissionalismo o tornou não só querido da torcida bávara, mas também capitão do time.
Mas Van Bommel, cada vez mais, mostrou também um lado ruim: às vezes, o que era aplicação na marcação virava violência. Sem contar a capacidade que tinha para irritar juízes e adversários, com as reclamações e os persistentes cartões. Uma mostra disso, curiosamente, veio ao comemorar um gol: uma "banana" mandada para as arquibancadas do Santiago Bernabéu, ao fazer um gol útil para o Bayern contra o Real Madrid, no jogo de ida das oitavas de final da Liga dos Campeões 2006/07 (teve até de pedir desculpas públicas depois). Enfim, embora "pentelho", Van Bommel viveu no Bayern os momentos mais gloriosos da carreira. Até porque foi pelo que fazia no clube que virou titular absoluto na Laranja vice-campeã mundial em 2010.
Na sua primeira passagem pelo Hamburgo, Van der Vaart chamou a responsabilidade. Na segunda, viveu a melancolia da decadência (Martin Rose/Bongarts/Getty Images) |
Posição: meio-campista
Clube em que atuou: Hamburgo (2005 a 2008 e 2012 a 2015)
Títulos conquistados: 2 Copas Intertoto (2005 e 2007)
Prêmios individuais: nenhum
No começo da década passada - circa 2001 -, era possível cravar: Rafael van der Vaart era a maior esperança holandesa. Da geração que se tornaria vice-campeã mundial em 2010, foi o primeiro a ter oportunidades na Laranja. Mesmo com as aparições posteriores de Arjen Robben, Wesley Sneijder e Robin van Persie, o meio-campista seguia como a grande aposta. Tomou conta do seu setor, no Ajax. Atraía a atenção de muitos clubes grandes pela Europa. Mas foi o Hamburgo que o contratou, em junho de 2005. Tal transferência até decepcionou: em sua coluna no De Telegraaf, Johan Cruyff falou que "não sabia o que Van der Vaart estava fazendo em Hamburgo". Fosse como fosse, o fato é que "Raf" chegou fulgurante: em 2005/06, marcou gols em seus primeiros quatro jogos pelos Rothosen, foi o personagem principal na campanha que levou o time à terceira posição no Campeonato Alemão, teve grande importância ao levar o time à Liga dos Campeões.
Já capitão no time hanseático, Van der Vaart seguiu como grande destaque ali, embora sua participação na Copa de 2006 tenha sido discreta - e as atuações em 2006/07 tenham sido perturbadas por várias lesões. O interesse de clubes gigantes seguia, pelo bom nível técnico que o meia exibia. Até que, em 2008, por 13 milhões de euros, ele teve sua chance de ouro no Real Madrid. E a perdeu: no meio de um tempo caótico dos Merengues, VdV decepcionou nas oportunidades que teve. Desde então, em que pese uma boa fase no Tottenham, o meio-campista ficou longe do que um dia prometeu ser. Talvez em busca disso tenha voltado aonde foi tão feliz: a Hamburgo, onde chegou de novo em 2012. Mas o tempo havia passado, o HSV vivia as dificuldades que vive hoje... e Van der Vaart deixou o clube em 2015, sem ser notado. Grande diferença em relação a 2005.
Mesmo holandês, Youri Mulder virou uma bandeira do Schalke 04 (sportnieuws.nl) |
Posição: atacante
Clube em que atuou: Schalke 04 (1993 a 2002)
Títulos conquistados: 1 Copa da UEFA (1996/97) e 1 Copa da Alemanha (2000/01)
Prêmios individuais: nenhum
Se há um clube da Alemanha no qual holandeses têm um histórico receptivo, provavelmente é o Schalke 04. E se Heinz van Haaren ajudou nisso com os quatro anos passados lá nos anos 1960 e 1970, provavelmente Youri Mulder foi o maior responsável pelo fortalecimento do elo entre os Azuis Reais e os nativos do país da Casa de Orange. Chegando em 1993 a Gelsenkirchen, após passar três anos no Twente, o filho do ex-atacante Jan Mulder teve um ótimo começo de história no Schalke: tornou-se titular absoluto no ataque, o que o fez merecer constantes convocações para a seleção holandesa. Tudo isso foi coroado em 1995/96. Pelo clube, foram 33 jogos e 10 gols na Bundesliga. Pela Laranja, a inclusão no grupo de jogadores para a Euro 1996.
Se houvesse qualquer dúvida da importância de Mulder para o Schalke 04, ela se dissipou em 1996/97, temporada na qual o avante também foi fundamental na conquista da Copa da UEFA: mesmo sem ter atuado na final, fez três gols durante a campanha - um dos quais, na semifinal contra o Valencia-ESP. Dali por diante, porém, a frequência de Youri foi diminuindo: nos últimos quatro anos dele no Schalke, foram mais lesões do que gols (apenas sete). E em 2002, após nove anos de clube, Mulder encerrou a carreira. Mas fora de campo, a relação com o clube alemão segue até hoje. Por duas vezes ele treinou a equipe interinamente, ao lado do colega Mike Büskens, além de ter sido auxiliar técnico na temporada 2008/09. E as portas seguem abertas para Youri Mulder no Schalke 04. Até porque ele as abriu para os holandeses em Gelsenkirchen.
Huntelaar tinha no Schalke 04 a chance de recuperar algum respeito na carreira. Conseguiu (Pro Shots) |
Posição: atacante
Clube em que atuou: Schalke 04 (2010 a 2017)
Títulos conquistados: 1 Copa da Alemanha (2010/11) e 1 Supercopa da Alemanha (2011)
Prêmios individuais: Goleador da Bundesliga (2011/12), com 29 gols
Quando chegou ao Schalke 04, em agosto de 2010, Klaas-Jan Huntelaar era um jogador, no mínimo, altamente questionado. O prodígio goleador que era nos tempos de Heerenveen e Ajax havia virado motivo de piada, com os seis meses decepcionantes passados no Real Madrid e o ano ainda mais discreto no Milan. Tais fracassos haviam popularizado, no Brasil, o apelido de "Ruintelaar". Para piorar, a atuação na Copa de 2010 também passou quase em branco: embora fosse um reserva constante, marcara apenas um gol. Era gigante o desafio do nativo de Drempt: provar, no Schalke, que tinha talento - embora talvez menor do que parecia quando ele surgiu. Não demorou muito para Huntelaar recuperar a autoestima e provar isso.
Na Bundesliga, enfim o atacante encontrou um campeonato de nível técnico mais acessível. E retribuiu a confiança do clube e o carinho da torcida com o que sabia fazer: gols. Assim já destacou-se na conquista da Copa da Alemanha, em 2010/11. E também assim viveu seu melhor momento na carreira, sendo o artilheiro da Bundesliga na temporada seguinte, com 29 gols - desempenho tão bom que fez muita gente criticar a escolha do técnico Bert van Marwijk por Robin van Persie no time holandês que fracassou na Euro 2012. E ao longo dos anos, se nunca conseguiu destronar Van Persie no ataque da seleção, Huntelaar foi sempre a grande aposta de gols no Schalke 04. O tempo passou, e em junho passado, após sete anos, ele preferiu voltar ao Ajax em que despontou. Mas desta vez, "Hunter" saiu com a ótima sensação de deixar saudades no Schalke 04. Já é algo.
Lippens jogou num período em que a Bundesliga passava em branco? Pois foi goleador do mesmo jeito (Imago) |
Posição: atacante
Clube em que atuou: Rot-Weiss Essen (1966 a 1976 e 1979 a 1981) e Borussia Dortmund (1976 a 1979)
Títulos conquistados: nenhum
Prêmios individuais: nenhum
"Quem é esse?", muita gente há de perguntar. Pois se trata do holandês que mais gols havia marcado no Campeonato Alemão. Aliás, um holandês que conhecia muito o país, por ter nascido nele - afinal, Lippens veio ao mundo na própria Alemanha (em Hau, cidade fronteiriça, no dia 10 de novembro de 1945), e se naturalizou holandês. Ainda assim, jogou na Alemanha em quase toda a carreira - principalmente no Rot-Weiss Essen. Lá começou a atuar, em 1966 - e lá participou da ascensão do clube, promovido pela primeira vez à Bundesliga em 1966/67.
Titular e popular entre os torcedores pelo espírito galhofeiro e pelo andar desengonçado (foi apelidado "Ente" - em alemão, "Pato"), Lippens mereceu até uma chance na seleção holandesa. E marcou gol, nos 6 a 0 sobre Luxemburgo, pelas eliminatórias da Euro 1972. Porém, foi a única partida do naturalizado, que enfrentou oposição de certos colegas (alguns até o chamavam de "meio nazista"). Restou continuar fazendo gols no Rot-Weiss Essen, além da passagem pelo Borussia Dortmund. Gols que tornaram Willi Lippens o segundo holandês a mais vezes colocar a esférica no filó adversário: foram 92 gols de um holandês pouco conhecido fora da Alemanha. Mas lá, foi ídolo.
O gol mais rápido da história da Liga dos Campeões foi uma prova da qualidade que Makaay deu ao ataque do Bayern (bayernforum.com) |
Posição: atacante
Clube em que atuou: Bayern de Munique (2003 a 2007)
Títulos conquistados: 2 Campeonatos Alemães (2004/05 e 2005/06), 2 Supercopas da Alemanhas (2004/05 e 2005/06) e 1 Copa da Liga Alemã (2004)
Prêmios individuais: nenhum
Roy Makaay apareceu menos do que merecia durante sua carreira. De todo modo, quando fala aos atacantes que treina nas categorias de base do Feyenoord, Rudolphus Antonius Makaay pode lembrar um fato que mostra como sabia colocar a esférica no filó adversário. Pouco acima, foi citado o jogo de ida das oitavas na Liga dos Campeões 2006/07, quando Van Bommel marcou um gol de honra no 3 a 2 contra o Real Madrid e se exaltou na comemoração. Pois na volta, Makaay foi o responsável pelo gol mais rápido da história da Champions League: na Allianz Arena, em dez segundos, aproveitou falha de Roberto Carlos e passe de Hasan Salihamidzic para fazer 1 a 0 e encaminhar a classificação do Bayern, com o 2 a 1.
Tal gol foi uma das várias mostras de como o Bayern acertou ao tirar Makaay de uma passagem já elogiável pelo Deportivo, pagando 18 milhões de euros em novembro de 2003. E o atacante foi titular durante toda a sua passagem pelos bávaros, recheando-a de momentos marcantes - como marcar o 3000º gol da história do Campeonato Alemão, em 21 de agosto de 2006. Ou quando fez seu 100º gol pelo clube, contra o Schalke 04, em 31 de março de 2007, pela 27ª rodada da Bundesliga 2006/07 - ficaria em 102 gols, nas 178 partidas pelos Roten. Com tal desempenho, Roy nem precisou ter sido goleador de qualquer torneio para marcar época na Alemanha. Se teve menos oportunidades do que merecia na seleção holandesa, tão grande (em quantidade e qualidade) era a concorrência, Makaay mereceu o apelido ganho na Alemanha: "Das Phantom", o fantasma que atormentava as defesas.
A final da Liga dos Campeões 2012/13 foi o ponto de virada para Robben virar o símbolo de um Bayern vencedor (Alex Livesey/Getty Images) |
Posição: atacante
Clube em que atuou: Bayern de Munique (desde 2009)
Títulos conquistados: 1 Mundial de Clubes (2013), 1 Liga dos Campeões da Europa (2012/13), 1 Supercopa da Europa (2013), 6 Campeonatos Alemães (2009/10, 2012/13, 2013/14, 2014/15, 2015/16 e 2016/17), 4 Copas da Alemanha (2009/10, 2012/13, 2013/14 e 2015/16) e 1 Supercopa da Alemanha (2012)
Prêmios individuais: Jogador do ano na Alemanha (2010)
Desde que despontou em clubes (no PSV) e na seleção holandesa (com as ótimas atuações que teve na Euro 2004, com apenas 20 anos), sabia-se: Arjen Robben era um craque... quando tinha espaço e tempo para tanto. Até 2009, não havia achado nem um, nem outro. Tanto no Chelsea quanto no Real Madrid, Robben ficou devendo - e um motivo considerável para a falta de sequências satisfatórias em Stamford Bridge e Santiago Bernabéu era a inacreditável frequência de lesões sofridas. Fosse como fosse, a técnica estava lá, naquela perna esquerda. E o Bayern de Munique decidiu apostar em Robben, contratando-o em 2009, nos últimos dias da janela de transferência, tirando-o de um Real Madrid que já se cansara dele. Já na primeira temporada, 2009/10, Robben deixou claras duas coisas.
A primeira: felizmente, o time bávaro acertara na mosca. O nativo de Bedum foi o protagonista nas conquistas da copa e campeonato alemães - e também na campanha do vice-campeonato na Liga dos Campeões (como esquecer aquele voleio de fora da área, em Old Trafford, marcando o gol que o time precisava para superar o Manchester United nos tentos fora de casa e avançar às semifinais?). Todavia, a segunda coisa clara era prejudicial: as lesões continuariam até sabe-se lá quando - um problema muscular tratado paliativamente permitiu que Robben disputasse - muito bem - a Copa de 2010, mas o tirou do Bayern pelo segundo semestre inteiro de 2010. Pior ainda: justamente no momento em que o Rekordmeister mais esperava brilhar (a final da Liga dos Campeões 2011/12, em plena Allianz Arena), Robben negou fogo. Perdeu um pênalti fundamental na prorrogação, sequer cobrou na disputa de chutes da marca penal, viu o Chelsea fazer a festa do título. Com outra decepção na Euro 2012, parecia a prova de que a decadência estava próxima. Pior: a prova de que era "amarelão". Mas o mundo deu suas voltas, o Bayern ganhou mais algumas Bundesligas... e chegou outra final de Liga dos Campeões, em 2012/13. E ali, em Wembley, no dia 25 de maio de 2013, veio a grande virada da carreira de Robben.
Num "clássico alemão" equilibradíssimo contra o Borussia Dortmund, o camisa 10 dos Roten já perdera muitos gols. Certo, até participara da jogada em que Mario Mandzukic abrira o placar, mas era pouco para o protagonismo que sempre se esperou dele. Até os 44 minutos do segundo tempo, quando num leve toque à esquerda do goleiro Roman Weidenfeller, Robben começou a se livrar dos azares e das desconfianças. Marcava ali o gol do quinto título europeu do Bayern, mostrando que não era "amarelão". Ali começava o apogeu do homem da canhota, seguido de uma Copa do Mundo irretocável em 2014. Certo, a queda já começou, com uma lesão aqui e outra ali. Mas se na seleção holandesa Robben já não pôde mudar o destino, ninguém questiona como ele ainda é importante para o Bayern, mesmo às portas dos 34 anos que fará em 23 de janeiro. E se houver questionamentos, basta lembrar que ele, agora, é o holandês com mais gols pela Bundesliga (93). Mais do que isso: ninguém questiona que, quando for preciso lembrar desta década em que o Bayern de Munique voltou a ser time de ponta no futebol mundial, Robben será um dos grandes símbolos dessa fase.
A primeira: felizmente, o time bávaro acertara na mosca. O nativo de Bedum foi o protagonista nas conquistas da copa e campeonato alemães - e também na campanha do vice-campeonato na Liga dos Campeões (como esquecer aquele voleio de fora da área, em Old Trafford, marcando o gol que o time precisava para superar o Manchester United nos tentos fora de casa e avançar às semifinais?). Todavia, a segunda coisa clara era prejudicial: as lesões continuariam até sabe-se lá quando - um problema muscular tratado paliativamente permitiu que Robben disputasse - muito bem - a Copa de 2010, mas o tirou do Bayern pelo segundo semestre inteiro de 2010. Pior ainda: justamente no momento em que o Rekordmeister mais esperava brilhar (a final da Liga dos Campeões 2011/12, em plena Allianz Arena), Robben negou fogo. Perdeu um pênalti fundamental na prorrogação, sequer cobrou na disputa de chutes da marca penal, viu o Chelsea fazer a festa do título. Com outra decepção na Euro 2012, parecia a prova de que a decadência estava próxima. Pior: a prova de que era "amarelão". Mas o mundo deu suas voltas, o Bayern ganhou mais algumas Bundesligas... e chegou outra final de Liga dos Campeões, em 2012/13. E ali, em Wembley, no dia 25 de maio de 2013, veio a grande virada da carreira de Robben.
Num "clássico alemão" equilibradíssimo contra o Borussia Dortmund, o camisa 10 dos Roten já perdera muitos gols. Certo, até participara da jogada em que Mario Mandzukic abrira o placar, mas era pouco para o protagonismo que sempre se esperou dele. Até os 44 minutos do segundo tempo, quando num leve toque à esquerda do goleiro Roman Weidenfeller, Robben começou a se livrar dos azares e das desconfianças. Marcava ali o gol do quinto título europeu do Bayern, mostrando que não era "amarelão". Ali começava o apogeu do homem da canhota, seguido de uma Copa do Mundo irretocável em 2014. Certo, a queda já começou, com uma lesão aqui e outra ali. Mas se na seleção holandesa Robben já não pôde mudar o destino, ninguém questiona como ele ainda é importante para o Bayern, mesmo às portas dos 34 anos que fará em 23 de janeiro. E se houver questionamentos, basta lembrar que ele, agora, é o holandês com mais gols pela Bundesliga (93). Mais do que isso: ninguém questiona que, quando for preciso lembrar desta década em que o Bayern de Munique voltou a ser time de ponta no futebol mundial, Robben será um dos grandes símbolos dessa fase.
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