quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Sem relaxo e sem alarme

Mais um clássico contra a Alemanha, nas eliminatórias da Euro. Ainda assim, a Holanda mantém a calma. Pelo menos, por enquanto (onsoranje.nl)

A campanha na Liga das Nações foi muito melhor do que se esperava. De uma seleção desacreditada, perigosamente próxima de viver de passado para muitos (até para mim, um pouco), a Holanda mostrou uma geração, enfim, promissora. Um técnico que soube trabalhar com essa geração. E enfim, vieram os resultados. No entanto, mesmo com o vice na Nations League, ainda é impossível dizer que a Laranja voltou totalmente. Só a vaga na Euro 2020 dará a certeza de que a vida continua. E o caminho rumo a ela recomeça nesta sexta, pelas eliminatórias da Euro, com mais um clássico contra a Alemanha, em Hamburgo, continuando na segunda, dia 9, contra a Estônia, em Tallinn.

E é preciso voltar bem: em junho passado, enquanto a Oranje disputava as fases decisivas da Liga das Nações, Alemanha e Irlanda do Norte disparavam no grupo C da qualificação para a Euro (norte-irlandeses com 12 pontos, alemães com 9, enquanto a Holanda ficava nos três). Ainda assim, está claro para todo mundo que a seleção laranja tem totais condições de alcançar diretamente a Euro nos cinco jogos que lhe faltam. Em primeiro lugar, porque tem qualidades técnicas. Em segundo lugar, porque ainda fará os dois jogos contra a Irlanda do Norte, em casa (Roterdã) e fora (Belfast). Em terceiro lugar, porque vencer a Alemanha mostrará mais uma reação, após a derrota por 3 a 2 no equilibrado jogo de março, na Johan Cruyff Arena. E em quarto lugar: mesmo se tudo der errado, ainda há a repescagem, na qual a equipe já está garantida, pela vitória em seu grupo na Liga das Nações.

O técnico Ronald Koeman sabe disso. E foi bem tranquilo nas duas entrevistas coletivas que concedeu nesta semana. Na segunda, ainda no centro de treinamentos da federação, em Zeist, Koeman minimizou: "O jogo contra a Alemanha não é crucial. Precisamos vencer os outros jogos, e ficar acima da Irlanda do Norte na tabela". E nesta quinta, já em Hamburgo, antes dos treinos de reconhecimento do gramado, o treinador da Holanda também descartou grandes mudanças: "De junho até agora, tive muito tempo para pensar. E mudarei pouca coisa, em comparação com os últimos jogos".

Já na convocação, ficou claro que o cenário holandês segue tranquilo. As únicas mudanças dignas de nota foram a primeira chamada do ascendente atacante Donyell Malen, do PSV ("Ele mereceu, tem jogado bem em todas as partidas", justificou Koeman) e o retorno de Joël Veltman, do Ajax, aos relacionados para a lateral direita ("Tete tem jogado pouco, e acho Hateboer um lateral mais ofensivo do que Veltman é e pode ser", sinalizou Koeman na coletiva de segunda). De resto, os nomes com que já há costume: a badalada dupla de zaga Matthijs de Ligt-Virgil van Dijk, Frenkie de Jong, Memphis Depay... única ausência entre os titulares foi Steven Bergwijn, cortado após lesão - e substituído por Justin Kluivert, "promovido" da seleção sub-21, chamado à equipe adulta após mais de um ano.

De Ligt falhou na estreia oficial pela Juventus. Mas já é coisa do passado: seguirá absoluto na zaga da Laranja (BSR Agency)

E houve poucos questionamentos entre os jogadores. De Ligt, um dos nomes mais falados do futebol europeu na transição de temporadas, chegou com alguma pressão, após a estreia preocupante em jogos oficiais pela Juventus, falhando nos três gols do Napoli dentro do 4 a 3 juventino pelo Campeonato Italiano. Mas o próprio zagueiro reagiu com tranquilidade: "Claro que fiquei chateado. Mas preciso seguir, vale como experiência. A temporada tem mais de 50 jogos, e só fiz um". E seu parceiro de defesa, Van Dijk, também enfatizou que a falha inicial é coisa do passado: "Ele está bem calmo. Eu o achei normal, não tem nada de estranho". Koeman também avisou que "nada muda" sobre De Ligt. Só pediu mais atenção defensiva, após a desconcentração no 3 a 2 alemão das eliminatórias: "Geralmente, deixamos a defesa aberta. Com a rapidez dos atacantes alemães, é muito perigoso. Precisamos diminuir esses momentos, isso está claro".

A discussão maior está apenas no ataque: Memphis Depay e Quincy Promes seguirão jogando, mas a falta de gols dos homens da frente incomodou na Liga das Nações. Pode preocupar mais, sem o lesionado Donny van de Beek, e com vários atacantes capazes de colocarem a bola na rede, como Luuk de Jong, Wout Weghorst (novamente de fora da lista) e... Klaas-Jan Huntelaar. E Ronald Koeman considera a hipótese de trazer Huntelaar, segundo maior goleador da história da Oranje, de volta às convocações: "Se ele se tornar titular absoluto e mostrar esse nível na Liga dos Campeões, quem disse que não posso convocá-lo?"

E a Holanda volta às eliminatórias da Euro. Sabendo que não pode relaxar: tropeçar contra a Alemanha é até compreensível, já que é um clássico europeu, mas qualquer perda de ponto contra os adversários dificultaria a classificação direta ao torneio continental de seleções. Mas sabendo também que qualquer alarme é desnecessário: a Laranja tem plenas condições de superar os adversários.

Um comentário:

  1. O Futebol Holandês vive um tempo bastante incomum com a sua identidade histórica. Se durante muitos anos a Holanda fora respeitada mundo afora por ser a terra de grandes atacantes como as lendas Cruyff, Van Basten, Bergkamp, Robben e de outros grandes nomes do naipe de Van Hanegem, Gullit, R. de Boer, Seedorf, Sneidjer, Van der Vaart, Van Nistelrooy, Kluivert, Van Persie, Kuyt, Overmars, Resenbrink, Rep, P.Keizer, e o excelente meio campista Wim Jonk. Hoje, porém este setor ofensivo da Oranje tão respeitado outrora vive tempos de escassez e o maior contraste disso é que o setor defensivo da Holanda vem ocupando o seu espaço na crítica esportiva mundial. A Holanda por um momento em seu passado futebolístico até teve o prestígio de dizer que teve sim grandes defensores como Krol, Haan, Suurbier, F.de Boer, Koeman Rijkaard, Stam, Blind, Davids e cia, mas não como agora, onde podemos observar uma Holanda muito forte na defesa com a formidável dupla De Ligt e Van Dijk, complementada por Blind, De Vrij, Veltman, De Roon e o ótimo De Jong. Mas é o setor do ataque holandês o motivo de maior preocupação na Era Koeman após as recentes aposentadorias do respeitado trio Robben, Van Persie e Sneidjer. De Jong, Bas Dost, Jansen, Babel já foram testados, mas sem o retorno ao do que fizera no mínimo a dupla Van Nistelrooy e Kluivert em pleno auge. Weghorst e Huntelaar podem ser os salvadores da pátria, mas o problema não para para por aí. Se antes era comum para os grandes atacantes holandeses jogar em grandes centros como Itália e Espanha, hoje temos a sua principal estrela M. Depay, a liderar o Lyon da França, equipe esta de 2° escalão no ranking da UEFA. Resta agora a Seleção apostar em novas revelações como Malen, , Kluivert, Van de Beek, e na inspiração da dupla Berghuis e Depay, e ter a sorte também do marroquino M.Ihattaren opte pela Oranje, o que não fora possível com Idrissi e Ziyech ,para que que a atual Seleção Holandesa volte a ter um ataque de respeito ressalvadas as devidas proporções.E ainda é motivo é de muita preocupação, o fato da Holanda não tem mais O GOLEIRO, pois está claro que após a aposentadoria da lenda Van der Sar em 2008, a Oranje até teve a boa fase de Stekelenburg , mas que acabou sendo preterido já faz algum tempo e os seus substitutos de imediato Cilessen, Vermeer e, Zoet não são unanimidades vivendo sempre em meio as constantes críticas. M.Bizot do AZ vive um bom momento e vem merecendo uma oportunidade ou é hora de preparar o garoto Scherpen do Ajax para que se torne o novo camisa 1 da Holanda em um futuro breve.

    ResponderExcluir