segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Um respiro nas críticas

Hoje não é dia de críticas: Babel aproveitou as chances e concretizou a fácil goleada da Holanda (Getty Images)

Mesmo com a boa fase que a seleção masculina da Holanda vive desde 2018, mesmo com os bons resultados neste 2019, um nome continua sendo contestado na escalação: Ryan Babel. Contestação compreensível: Babel às vezes é desengonçado, perde chances valiosas de gol. O técnico Ronald Koeman até justificou as constantes convocações, neste domingo: "É o nome mais experiente dessa seleção. Coincidentemente, eu dei a primeira chance a ele, no Ajax, quando tinha 17 anos. É um cara com quem você sempre pode contar. Pelo seu espírito de luta, por suas ações... é lógico que sempre convocarei um jogador como ele".

Pois é: ninguém sabia, mas Babel seria o nome da vitória fácil sobre a Estônia, que mantém a Laranja em boas condições nas eliminatórias da Euro 2020, dentro da (equilibrada) disputa por vagas no grupo 3 da qualificação. Claro que o triunfo em Tallinn, fora de casa, era bem previsível. Até por isso, para manter o elenco "fisicamente fresco", Koeman preferiu mudar três nomes contra os estonianos: Joël Veltman voltava a ser titular na lateral direita após dois anos, Davy Pröpper jogava no meio, e Donyell Malen recebia chance no ataque.

E estava (quase) fácil: a Oranje tinha quase 80% da posse de bola. Já tentava o gol desde os três minutos no estádio Lilleküla, quando Virgil van Dijk chutou de longe, e a bola passou à esquerda do goleiro Sergei Lepmets, perto da rede. Veltman também tentou aos 9', aproveitando um rebote de Lepmets e mandando a bola por cima do gol. Só que havia uma pequena possibilidade da Estônia atacar - pelas pontas, nas quais Veltman e Daley Blind davam espaço às suas costas. Karel Mets tentou algo aos 15', num cruzamento que ninguém finalizou. Claro, o risco oferecido pelos mandantes era pouco. Mas... e se aproveitassem? Era preciso ter eficiência, quando a defesa da seleção da casa desse o menor espaço.

E Babel teve a eficiência: logo após a chance de Mets, o veterano de 32 anos fez 1 a 0 aos 17', completando cruzamento de Blind. A rigor, estava resolvido o jogo. Porque nunca mais a Estônia trouxe riscos ao gol de Jasper Cillessen. Ao contrário: mesmo com a defesa insistindo em ficar fechada, a Holanda teve mais rapidez na troca de passes, e achou mais espaços para jogadas - como aos 29', quando Georginio Wijnaldum cabeceou para Lepmets espalmar. Se não havia espaços, vinham os chutes de fora, colocando o goleiro da Estônia à prova - com Babel, aos 39', e Memphis Depay, aos 44'.

Voltando ao meio-campo, se mexendo, chutando a gol, marcando mais um: Memphis Depay se consolida como o destaque do ataque da Holanda (BSR Agency) 

Ficou mais fácil ainda aos 48'. Novamente, com Babel, móvel na alternância de posições, no lugar certo, na hora certa: Depay cruzou, e ele completou de cabeça para as redes, no 2 a 0. E o jogo seguiu nesse ritmo: chances e chances da Holanda (como um cabeceio de Van Dijk para fora, aos 56', e mais chutes espalmados/rebatidos por Lepmets), até os gols aparecerem. Vieram com Memphis, aos 76', completando com um chute colocado após belo lançamento de Matthijs de Ligt, e Wijnaldum, aos 87', cabeceando após falta cobrada por Depay.

Mas estava claro: o nome do jogo era Ryan Guno Babel. Um nome que teve carreira acidentada. Que ficou seis anos (2011 a 2017) sem sequer ser convocado. Que voltou nas últimas rodadas da fracassada campanha nas eliminatórias da Copa de 2018. Que aproveitou as atuações deficientes de outros atacantes convocados por Koeman (Bas Dost, Vincent Janssen). Que ganhou a confiança do técnico como outros nomes ainda não fizeram (Luuk de Jong, Wout Weghorst - este, merecendo mais chances). E que se vale de atuações como a desta segunda para dar um respiro nas críticas, e continuar titular da seleção da Holanda. Até a próxima má atuação...

Eliminatórias da Euro 2020
Estônia 0x4 Holanda
Local: Lilleküla (Tallinn)
Data: 9 de setembro de 2019
Árbitro: Serhiy Boyko (Ucrânia)
Gols: Ryan Babel, aos 17' e aos 48', Memphis Depay, aos 76', e Georginio Wijnaldum, aos 87'

Estônia
Sergei Lepmets; Taijo Teniste, Joonas Tamm, Ragnar Klavan e Ken Kallaste; Mattias Käit, Karel Mets e Mihkel Ainsalu (Artjom Dmitrijev); Sergei Zenjov (Frank Liivak), Erik Sorga e Henrik Ojamaa (Rauno Sappinen). Técnico: Karel Voolaid

Holanda
Jasper Cillessen; Joël Veltman, Matthijs de Ligt, Virgil van Dijk e Daley Blind; Davy Pröpper, Georginio Wijnaldum e Frenkie de Jong (Luuk de Jong); Donyell Malen (Steven Berghuis), Memphis Depay e Ryan Babel (Kevin Strootman). Técnico: Ronald Koeman

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