quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Guia da Eredivisie feminina: devagar e sempre

O Twente comemorou o título em 2020/21, mesmo com os investimentos de PSV e Ajax. Se eles diminuíram, há mais concorrência, com a chegada do Feyenoord. E a Eredivisie feminina avança, aos poucos (Pro Shots)

Antes da temporada passada (2020/21), mesmo com o cenário pandêmico dando as cartas, o Campeonato Holandês de futebol feminino parecia dar saltos ambiciosos para tentar ser mais falado, levando os clubes a terem visibilidade que sustente a fama grande obtida pela seleção feminina da Holanda. Afinal de contas, saudava-se a volta de nomes como Sari van Veenendaal e Mandy van den Berg ao país natal, a Vrouwen Eredivisie ("Divisão de honra das mulheres", em holandês) teria exibição integral na tevê do país... era um avanço. Bem, para 2021/22, os avanços são menos vistosos para o público. Mas seguem constantes, dando a impressão de que o crescimento do futebol de mulheres na modalidade é sólido.

O mais visível desses avanços é a chegada de um novo clube para a liga. Um clube que acrescenta simbolicamente: afinal de contas, o Feyenoord criou sua equipe feminina. Até pelo ineditismo, ainda deverá ser insuficiente para desafiar o favoritismo do trio Twente-PSV-Ajax. Mas de todo modo, ter o Trio de Ferro do futebol completo no campeonato é mais uma mostra de que o futebol feminino entrou no "caminho sem volta" na Holanda, em relação a investimentos. Até porque já há um fator de expectativa a mais: o advento do "Klassieker", o grande clássico do futebol da Holanda, entre Feyenoord e Ajax - só para constar, o primeiro "Klassieker" será na quinta rodada, em 3 de outubro, às 7h15 de Brasília. 

A entrada de um clube novo até causa certa dificuldade no novo regulamento - afinal, agora o número de participantes é impar, com nove agremiações disputando o título. Por outro lado, isso foi contrabalançado pelo modo de disputa um pouco mais fácil. Ao invés dos play-offs após as rodadas regulares (os quatro primeiros jogavam pelo título, os quatro últimos só cumpriam tabela, já que não há rebaixamento), o campeão será conhecido após 21 rodadas, em todos contra todos, com um clube folgando a cada rodada, e os quatro melhores clubes tendo o "prêmio" de jogarem em casa as últimas sete rodadas. O máximo de complicação será a divisão do campeonato em três "períodos", de sete rodadas cada um. Os melhores clubes desses períodos (os "periodekampioenen" - literalmente, "campeões de período") irão junto com o campeão holandês disputar a Eredivisie Cup, espécie de "copa da liga" holandesa, criada na temporada passada.

Lynn Wilms no Wolfsburg: mais um talento dos Países Baixos indo para um centro mais competitivo (Hübner/Imago)

Se há um problema real no futebol feminino holandês, é algo que o futebol dos homens por lá também se acostumou a ver: o país simplesmente não consegue manter suas principais estrelas jogando por lá. Algo visto até nas saídas desta temporada: Lynn Wilms deixou o Twente rumo ao Wolfsburg, Aniek Nouwen e Joëlle Smits também saíram do PSV (uma para o Chelsea, outra para o Wolfsburg). Talvez perturbe um pouco também a repetição de favoritos: só o supracitado trio Ajax-PSV-Twente tem perspectivas mais fortes de celebrar o título, ano após ano. Nenhum desses, capaz de ir longe na Liga dos Campeões feminina. E é justo citar que a eliminação nas quartas de final dos Jogos Olímpicos obviamente diminui um pouco o alarido em torno da seleção feminina.

O que não quer dizer que o futebol feminino estagnou na Holanda. Os passos só ficaram mais lentos, mas ver coisas como a transferência de uma brasileira (Letícia, atacante do Fluminense) para o PSV indica que o país já começa a ficar atraente, como Inglaterra, França e Alemanha já são. E a iniciativa dos clubes em formar a NL League, liga interna dos Países Baixos, não inclui só o campeonato masculino: há a intenção de ampliação do número de times de mulheres, a partir de 2024. Para finalizar, na falta de uma, a federação holandesa tem duas diretoras: Kirsten van de Ven já estava lá para o futebol feminino, e a partir do mês que vem, Marianne van Leeuwen será a primeira diretora geral da história da KNVB (diretora geral, para homens e mulheres, sucedendo Eric Gudde).

Quem sabe um dia: Vivianne Miedema se alegrou com o Feyenoord, clube do coração, chegando ao futebol feminino (Reprodução/Instagram)

Enfim, a evolução continua. Não só pela sequência do campeonato, mas também por se ter no horizonte a final da Champions League feminina em Eindhoven (2022/23), a candidatura com Bélgica e Alemanha para sediar a Copa de 2027, novos talentos que surgem. Quem sabe, um dia, a Vrouwen Eredivisie seja atraente o suficiente para a realização de um velho sonho: o retorno dos nomes que simbolizam o futebol feminino por lá. É esperar e continuar acompanhando a evolução que continua. Devagar e sempre.

Enquanto isso, é hora de detalhar como chegam os clubes para a disputa que começa nesta sexta.

O ADO Den Haag tem feito boas campanhas, com força na defesa. Precisa melhorar no ataque - e aposta em Van de Westeringh para isso (Reprodução/Facebook)

ADO Den Haag

Cidade: Haia  
Equipe feminina fundada em: 2007
Estádio: Cars Jeans Stadion (capacidade para 15.000 torcedores) 
Apelidos: Hagenaren (nome dado aos habitantes e nativos da cidade de Haia)
Títulos: 1 Campeonato Holandês (três Copas da Holanda)
Patrocínio: Girl Power Radio (webrádio)
Técnico: Sjaak Polak
Destaque: Barbara Lorsheyd (goleira)
Fique de olho: Kirsten van de Westeringh (atacante)
Brasileiras no grupo de jogadores: nenhuma
Temporada passada: 4º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: fazer uma boa campanha

Tradicional no futebol feminino (basta citar que Sarina Wiegman tem sua carreira ligada a ele, no campo e treinando), o time da cidade de Haia já se notabiliza há algumas temporadas por ser tremendamente sólido na defesa. Coletivamente, já se valeu dessa qualidade para chegar ao quadrangular de disputa do título em 2020/21 - e também à final da Copa da Holanda. A capacidade defensiva do time também rendeu frutos individuais: a goleira Barbara Lorsheyd se manteve no radar da seleção (chegou a ficar na lista de espera para o torneio olímpico), e o técnico Sjaak Polak foi cogitado, de leve, na lista de sucessão de Sarina Wiegman para a seleção. Porém, como futebol se ganha também com gols, as Hagenaren terão um reforço capaz de oferecer isso, com Kirsten van de Westeringh recebendo espaço num clube em que possa cumprir as expectativas que atrai, titular da seleção sub-23 que é. Se a crise interna séria por que o ADO Den Haag for mitigada, a equipe está na frente para, quem sabe, sonhar em quebrar o domínio habitual de PSV, Ajax e Twente. 

Spitse, Pelova, Lize Kop e Van der Gragt (esquerda para a direita): o quarteto que esteve nos Jogos Olímpicos - ou quase, no caso de Spitse - volta ao Ajax para tentar ajudar o time a voltar a ser campeão (Ajax Vrouwen/Twitter)

Ajax

Cidade: Amsterdã 
Equipe feminina criada em: 2012
Estádio: De Toekomst (capacidade para 2.250 torcedores) 
Apelidos: Ajacieden (nome dado a torcedores e jogadores do clube); Amsterdammers
Títulos: 2 Campeonatos Holandeses (quatro Copas da Holanda)
Patrocínio: ABN-Amro (banco)
Técnico: Danny Schenkel
Destaque: Sherida Spitse (meio-campista)
Fique de olho: Nikita Tromp (atacante) e Romée Leuchter (atacante)
Brasileiras no grupo de jogadores: nenhuma
Temporada passada: 3º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: Título

Clube mais conhecido e rico dos Países Baixos. Investimento alto no futebol feminino, com diretora conhecida na modalidade: Daphne Koster, ex-zagueira e capitã da seleção. Jogadoras conhecidas - para citar apenas duas, Stefanie van der Gragt e Sherida Spitse. E no entanto, as Amsterdammers vivenciam a incômoda realidade de fraquejarem na reta final. Na temporada passada, lideraram o campeonato em toda a fase de classificação, mas despencaram justamente no quadrangular decisivo. Apesar de alguns troféus (Copa da Holanda em 2018/19, a Eredivisie Cup na temporada passada), o título da Eredivisie não vem desde 2018. Para isso, o técnico Danny Schenkel segue tendo destaques, no radar da seleção (Lize Kop, Van der Gragt, Kelly Zeeman, Victoria Pelova, Spitse - esta, recuperada da lesão no joelho que a tirou dos Jogos Olímpicos) ou não (Nikita Tromp, Marjolijn van den Bighelaar). Tirou Nadine Noordem do ADO Den Haag, para o meio, e Romée Leuchter do PSV, para o ataque. Afinal, ainda ecoam as autocríticas de Sherida Spitse, no fim da temporada passada, após retornar do Valerenga norueguês: "Eu não voltei para isso". O Ajax quer o título que importa.

Frederique Nieuwland ajuda bastante o Excelsior na marcação, no meio-campo ou na defesa. Resta algum auxílio no ataque (Divulgação/excelsiorrotterdam.nl)

Excelsior

Cidade: Roterdã
Equipe feminina criada em: 2017
Estádio: Van Donge & De Roo (capacidade para 4.500 torcedores) 
Apelido: Kralingers (de Kralingen, o bairro da cidade de Roterdã onde fica o Excelsior)
Títulos: nenhum 
Patrocínio: Spieren voor Spieren (organização beneficente para ajudar crianças com problemas musculares congênitos)
Técnico: Richard Mank
Destaque: Frederique Nieuwland (meio-campista)
Fique de olho: Kim Hendriks (meio-campista)
Brasileiras no grupo de jogadoras: nenhuma
Temporada passada: 7º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: não terminar em último

Embora menos falado, o Excelsior também foi atingido positivamente com a estreia do Feyenoord no campeonato: também terá dois clássicos em Roterdã. Para tanto, precisará melhorar ofensivamente: na temporada passada, foram só 15 gols, o ataque mais fraco da Vrouwen Eredivisie. Até porque isso ajudaria o time a escapar da má campanha: na fase de classificação de 2020/21, terminou em último, só superando o VV Alkmaar no quadrangular para definir da 5ª à 8ª posições. O pior, no time do bairro de Kralingen, é que nenhum destaque está no ataque: quem mais aparece, como a volante Frederique Nieuwland, geralmente protege a defesa (tanto que Nieuwland joga como zagueira). Restará apostar na recém-chegada Angela Versluis, vinda do time de aspirantes do Sparta Rotterdam para começar a carreira para valer no Excelsior. Quem sabe, venha a melhora para poder encarar o Feyenoord a sério, em 31 de outubro, pela oitava rodada...

Com Manon Melis (blusa azul) como grande símbolo fora de campo, o Feyenoord enfim inicia sua história para valer no futebol feminino. Primeiro, com as jogadoras da base - mas tendo Van den Goorbergh e Rijsdijk como possíveis destaques experientes (Reprodução/feyenoord.nl)

Feyenoord

Cidade: Roterdã 
Equipe feminina fundada em: 2021
Estádio: Varkenoord (capacidade para 2.000 torcedores) 
Apelidos: Stadionclub (em holandês, "o clube do estádio" - referência a De Kuip, considerado o mais tradicional estádio do país); Feyenoorders; Rotterdammers
Títulos: nenhum
Patrocínio: EuroParcs (rede de espaços de acampamento)
Técnico: Danny Mulder
Destaque: Cheyenne van den Goorbergh (meio-campista)
Fique de olho: July Schneijderberg (atacante)
Brasileiras no grupo de jogadores: nenhuma
Temporada passada: não disputada
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: fazer boa participação

O arquirrival Ajax já tinha o seu time feminino. O PSV - rival também, embora com menos intensidade -, idem. Só faltava o Feyenoord: em que pesassem os times de base, faltava abrir espaço para as mulheres adultas. Não falta mais. Principalmente, por mérito de um nome histórico do futebol dos Países Baixos: Gabriella Maria "Manon" Melis. Ótima atacante na história da seleção feminina (59 gols pela seleção, entre 2004 e 2016), "Manon" Melis já chegara para ser diretora do futebol feminino no Stadionclub em 2017, com o projeto a longo prazo: lançar o time adulto. Projeto cumprido para esta temporada, enfim. Só as ambições são modestas: grande parte do grupo de jogadoras vem da própria base Feyenoorder, além do próprio técnico Danny Mulder, que treinava a equipe sub-23. Coube a uma egressa dessas jovens, July Schneijderberg, ser a autora do primeiro gol da história da equipe. Entretanto, contratações de nomes mais experientes, como a meio-campista Cheyenne van den Goorbergh e a atacante Pia Rijsdijk, podem ajudar o Feyenoord. Que estreia no futebol profissional com a esperança de uma longa história. Um dia talvez ela conte com a maior garota-propaganda que o futebol feminino pode ter na Holanda, atualmente. Torcedora fervorosa do Feyenoord desde criança, Vivianne Miedema já deixou no ar: "Quem sabe um dia eu defenda essa camisa..."

Samantha Dewey, enfim, teve uma pré-temporada mais apropriada. Poderá tentar ajudar mais o Heerenveen (Orange Pictures)

Heerenveen

Cidade: Heerenveen  
Equipe feminina criada em: 2007
Estádio: Sportpark Skoatterwâld (capacidade para 3.000 torcedores) 
Apelidos: Fean (corruptela de "Hearrenfean", nome do time no idioma frísio - falado na província de Frieslândia, onde fica a cidade de Heerenveen), Frísios, Time da Frísia, "De Superfriezen" ("os superfrísios") 
Títulos: nenhum
Patrocínio: Ausnutria (empresa de alimentos infantis à base de leite de cabra)
Técnico: Roeland ten Berge
Destaque: Samantha Dewey (meio-campista)
Fique de olho: Francisca Cardoso (atacante)
Brasileiras no grupo de jogadoras: nenhuma
Temporada passada: 5º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: não terminar em último

Mesmo tendo longa história no futebol feminino (basta dizer que foi o clube que revelou Vivianne Miedema), o Heerenveen sofreu com problemas financeiros. O time de mulheres só pôde continuar por causa de empréstimos providenciais da prefeitura da cidade e de alguns patrocinadores ao clube. Até por essas dificuldades, foi inevitável ver a saída de alguns destaques, como Kirsten van de Westeringh. Entretanto, outras jogadoras podem ajudar bastante o Fean. Atrapalhada pela pré-temporada atribulada em 2019/20 (foi contratada em agosto, mas cumprindo quarentena pela pandemia, só se apresentou em outubro), a meio-campista norte-americana Samantha Dewey poderá trabalhar desde o início no Fean. A atacante portuguesa Francisca Cardoso também poderá ajudar quando voltar - "Chica" está na reta final de recuperação de lesão. Se mesmo em meio a essas atribulações, o Heerenveen conseguiu terminar em 5º na temporada passada, nada impede que possa repetir a dose em 2020/21.

O PSV segue forte, com a experiência de Van Veenendaal, Van den Berg e a recém-chegada Van Lunteren... e a juventude de gente como Brugts e a brasileira Letícia (Divulgação/PSV.nl)

PSV

Cidade: Eindhoven  
Equipe feminina criada em: 2012
Estádio: Sportcomplex De Herdgang (capacidade para 2.500 torcedores) 
Apelidos: Boeren (em holandês, "fazendeiros" - referência ao grande número de fazendas e áreas verdes na região onde fica Eindhoven); Eindhovenaren (nativos de Eindhoven) 
Títulos: nenhum Campeonato Holandês (uma Copa da Holanda)
Patrocínio: Brainport Eindhoven (conglomerado formado por cinco empresas de Eindhoven)
Técnico: Sander Luiten (até 25 de novembro) e Rick de Rooij (a partir de 2 de dezembro)
Destaque: Sari van Veenendaal (goleira)
Fique de olho: Esmee Brugts (atacante) e Letícia (atacante)
Brasileiras no grupo de jogadores: Letícia (atacante)
Temporada passada: Vice-campeão
Copas europeias: Liga dos Campeões (eliminado pelo Arsenal-ING, na terceira fase preliminar)
Objetivo: Título

Pelo que investiu na temporada passada, trazendo nomes como Sari van Veenendaal e Mandy van den Berg, o PSV impunha respeito digno de candidato ao título. Mas fracassou na reta final do grande objetivo, permitindo que o Twente o superasse na reta final do quadrangular da liga - apesar de ter um prêmio de consolação, com o título da Copa da Holanda. Pelo menos, a aposta segue grande em Eindhoven, sobre o que as mulheres podem fazer. Primeiro, porque todos os destaques continuam por lá: de Van Veenendaal a Esmee Brugts (promessa no ataque, terá sua chance com a saída de Joëlle Smits), passando por Van den Berg e Naomi Pattiwael. Segundo, porque um dos reforços acrescenta experiência - e é uma alfinetada no rival Ajax: se Romée Leuchter deixou Eindhoven rumo a Amsterdã, Desirée van Lunteren fez o caminho inverso. Em terceiro lugar, nenhum time é tão "internacional" quando os Boeren: é a porta de entrada para muitas estrangeiras que vêm jogar na Holanda. Começando por Letícia, vinda do Fluminense para ser a primeira brasileira a jogar na Eredivisie. Com essa fama, além da experiência inquestionável, desta vez o PSV tenta fazer dar certo.

Renate Jansen é o destaque do Twente - mas a jovem Fenna Kalma, grande candidata a revelação na Holanda, pode despontar de vez para buscar o tricampeonato (Ron Jonker/Pro Shots)

Twente

Cidade: Enschede
Equipe feminina criada em: 2007
Estádio: Het Diekman (capacidade para 2.500 torcedores) 
Apelidos: Tukkers (gíria para nativos do Twenthe, região da província de Overijssel onde fica a cidade de Enschede)
Títulos: 7 Campeonatos Holandeses (duas Copas da Holanda e duas BeNeLigas)
Patrocínio: Roetgerink (vestuário e sapataria)
Técnico: Robert de Pauw
Destaque: Renate Jansen (atacante)
Fique de olho: Fenna Kalma (atacante)
Brasileiras no grupo de jogadores: nenhuma
Temporada passada: Campeão
Copas europeias: Liga dos Campeões (enfrentará o Benfica-POR, nos play-offs por vaga na fase de grupos)
Objetivo: Título

O clube de Enschede já era o clube com mais títulos na Holanda (6). Era o único holandês a ter ganho a BeNeLeague, experiência de liga conjunta entre Bélgica e Países Baixos. Era um dos clubes mais tradicionais no futebol feminino neerlandês, participando da liga desde 2007, revelando nomes como Jill Roord. Mesmo com tudo isso, é possível dizer que ser campeão holandês em 2020/21 teve um gosto ainda mais delicioso: afinal, as Tukkers não tinham o mesmo investimento de Ajax e PSV, nem trouxeram reforços badalados, e ainda assim conseguiram o sétimo título nacional. É a aposta do Twente: continuidade. Afinal, de perdas sensíveis no grupo de jogadoras, só mesmo Lynn Wilms e o técnico Tommy Stroot, ambos rumando para o Wolfsburg. Mas sob o técnico Robert de Pauw (vindo da seleção sub-17 da Holanda), seguem lá nomes pouco falados mas já no radar da seleção, como a goleira Daphne van Domselaar; a experiência de Kika van Es e, principalmente, de Renate Jansen, estandarte do Twente, capitã e principal atacante; e a capacidade da atacante Fenna Kalma, 21 anos, a grande promessa da Holanda na atualidade. Sem contar as não-holandesas, como a atacante alemã Anna-Lena Stolze. O Twente segue na dele, sem mudar o rumo. E segue forte para tentar o tricampeonato.

Em campo, Emmeke Henschen tentará ser um destaque do VV Alkmaar, vitimado por muitas confusões na pré-temporada (Pro Shots)

VV Alkmaar

Cidade: Alkmaar 
Equipe feminina criada em: 2017
Estádio: Sportpark Robonbosweg (capacidade para 2.000 torcedores)
Apelidos: não tem
Títulos: três Campeonatos Holandeses (uma Copa da Holanda)
Patrocínio: Schot
Técnica: Erik de Vries
Destaque: Emmeke Henschen (meio-campista)
Fique de olho: Sasja Fabäch Hansen (atacante)
Brasileiras no grupo de jogadores: nenhuma
Temporada passada: 8º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: não terminar em último

O clube amador - não confundir com o profissional AZ, da mesma Alkmaar - já terminou a temporada passada em más condições, como oitavo e último colocado da Vrouwen Eredivisie. E a preparação para este novo campeonato não foi menos turbulenta. Tudo por um motivo: a demissão repentina da técnica Corina Dekker, no clube desde 2018. Erik de Vries assumiu o time às pressas, e viu muita gente sair do VV Alkmaar. Os resultados de pré-temporada também foram deficientes. Restará a De Vries, ainda se assentando no comando, contar com nomes como a meio-campista Emmeke Henschen, uma das raras remanescentes, e as atacantes Sasja Hansen e Dora Papp (esta, da seleção da Hungria), para evitar uma campanha ruim. E o começo já não será fácil: o adversário da primeira rodada é o atual campeão Twente...

Moon Pondes já é uma goleira que ganha espaço nas convocações da seleção da Holanda, de vez em quando. Pode consolidar isso numa boa campanha do Zwolle (Ron Jonker/Orange Pictures)

Zwolle

Cidade: Zwolle  
Equipe feminina criada em: 2010
Estádio: Mac³Park (capacidade para 13.250 torcedores) 
Apelidos: Zwollenaren, Dedos Azuis (em holandês, "Blauwvingers")
Títulos: nenhum 
Patrocínio: AKM Media (empresa de elementos multimídia)
Técnico: Joram Pot
Destaque: Naomi Hilhorst (atacante)
Fique de olho: Moon Pondes (goleira)
Brasileiras no grupo de jogadores: nenhum
Temporada passada: 5º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: ficar entre os quatro primeiros

Dentro de campo, nada mudou no Zwolle. O time é capaz de surpreender. Enquanto Naomi Hilhorst é a responsável pelos gols (tendo voltado à boa forma, após se recuperar de lesão grave nos ligamentos do joelho, antes da temporada passada), a goleira Moon Pondes merece atenção: titular da seleção neerlandesa sub-23, Pondes já teve convocações vez por outra na seleção principal, e pode ganhar mais espaço nos próximos anos. As mudanças no departamento de futebol feminino dos Zwollenaren foram fora de campo: após ocupar um sem-número de funções no time alviazul (de técnico a diretor de futebol feminino), Sebastiaan Borgardijn deixou o clube por opção própria. Caberá a Joram Pot conduzir uma equipe que parece numa encruzilhada: pode escorregar e se juntar a Excelsior e VV Alkmaar na lista dos "fracos", ou pode subir e se unir a Heerenveen e ADO Den Haag como candidato a surpresa da temporada.

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