quarta-feira, 28 de maio de 2025

O que importa é a Euro, mas...

A seleção feminina da Holanda (Países Baixos) até terá seu interesse em avançar às semifinais da Liga das Nações, mas encara as datas FIFA pensando na preparação para a Eurocopa (Reprodução)

"Só uma coisa importa. Usaremos este período para nos prepararmos rumo à Eurocopa." Por estas frases do técnico Andries Jonker, na entrevista coletiva de apresentação, já fica claro: a seleção feminina da Holanda (Países Baixos) estará nas duas últimas rodadas da fase de grupos da Liga das Nações, tem até chance de ainda avançar às semifinais... mas pensará principalmente nos últimos ajustes para a convocação e a reta final da preparação para a Euro feminina, na Suíça, em julho. É com esse espírito, pensando (um pouco) menos em vencer e mais em se aprumar, que as Leoas Laranjas enfrentarão a Alemanha - nesta sexta, 30 de maio, às 15h30 de Brasília, na cidade alemã de Bremen - e a Escócia, fechando o grupo 1 da liga A - na próxima terça, 3 de junho, em Tilburg, também às 15h30 de Brasília.

De certa forma, a convocação para as duas partidas já indicou: ao contrário do que pareceu em 2024, Andries Jonker ainda apostará em boa parte da "geração Euro-2017" para a próxima edição do torneio europeu de seleções de mulheres. Um indício quase gritante disso está no retorno de mais uma veterana às convocações: após um ano e três meses, a atacante Shanice van de Sanden foi novamente relacionada. À primeira vista, pode parecer (e até é) apego excessivo ao passado. Nem tanto, ao se reparar que Van de Sanden marcou sete gols nos últimos quatro jogos que fez pelo Toluca, clube em que atua no México desde janeiro. E como a Liga MX Femenil já tem uma outra representante veterana entre as holandesas (Merel van Dongen, nas Rayadas de Monterrey), fica relativamente justificada a presença da veterana, que avaliou à emissora NOS a roda-viva por que passou nos últimos anos: "Eu me tornei mãe, tive algumas lesões no tornozelo, no tendão de Aquiles (...) Agora está tudo certo: me sinto em forma e posso entregar o que sou capaz de entregar em campo". E foi além: "Fiz isso [jogar no México] também para tentar ir à Euro".


Talvez também tenha sido a vontade de deixar "tudo certo" o motivo para uma mudança que foi tema na coletiva de imprensa de Andries Jonker: a atacante Jill Roord voltando (inesperadamente) ao Twente em que começou a jogar, oito anos depois de deixar os Países Baixos. Roord voltara de séria lesão - ligamento cruzado anterior do joelho - mostrando boas atuações no Manchester City, teria espaço nas Citizens... mas preferiu voltar. O motivo foi até compreensível, explicado no vídeo em que comentou seu retorno ao recém-coroado bicampeão holandês entre as mulheres: "Joguei por clubes fantásticos no exterior, dei tudo de mim por oito anos... mas nos últimos anos, perdi mais o meu prazer de jogar futebol, a minha felicidade. E já acho que vou recuperá-la aqui [no Twente]". Mesmo assim, o técnico até brincou com a surpresa que Roord causou, ao deixar a mais competitiva liga europeia da atualidade para voltar à sua "casa": "Eu quase caí da cadeira, por essa eu não esperava".

Jonker foi mais sério ao criticar o calendário das datas FIFA femininas - com alfinetada especial à própria Liga das Nações ("Essas mulheres sempre precisam continuar jogando. Sempre. As pessoas pensam que elas nunca precisam descansar. Uma hora o gás acaba"). Criticou até mesmo a antecipação da revelação de que Arvid Smit e Janneke Bijl, seus atuais auxiliares técnicos, deixarão a Holanda após a Eurocopa feminina ("Tenho minhas opiniões, mas acho melhor nem falar nada"), rumando para trabalharem ao lado de Sarina Wiegman na comissão técnica da Inglaterra, adversária na fase de grupos da Euro. Em sentido contrário, aliás, virá... Arjan Veurink, atual auxiliar de Sarina (não só nas Lionesses, mas desde os tempos em que ela era a treinadora holandesa), para comandar as Leoas Laranjas após a Eurocopa.

Jonker ressaltou que a Euro é o foco: "Claro, se pudermos vencer na Nations League, pode ser legal, mas tudo gira em torno da Euro". Até por isso, não pestanejará em poupar contra a Alemanha Vivianne Miedema, ainda voltando da lesão muscular sofrida justamente nas últimas datas FIFA ("Espero poder jogar alguns minutos contra a Escócia", desejou a atacante à ESPN holandesa), nem Lineth Beerensteyn, atual goleadora da Liga das Nações, também machucada. Jonker também deixará de fora outra titular absoluta - e muito motivada: a goleira Daphne van Domselaar, celebrada no Arsenal campeão europeu de mulheres. Vinda da festa da vitória em Londres direto para a concentração no centro da federação, na cidade de Zeist, Van Domselaar era só alegria na apresentação ("É fantástico, ainda parece mentira"). Mas até por ainda vir de lesão no tornozelo - para jogar as fases decisivas da Champions, foi poupada nas últimas rodadas da Super League inglesa -, a goleira verá Lize Kop titular contra as alemãs. Entre a dupla holandesa do Arsenal campeão, talvez só jogue Victoria Pelova, também com as memórias da festa na cabeça ("O que vou dizer mais? Foi incrível, foi inesquecível").

Pelova (centro) demorou mais para voltar da festa do título do Arsenal campeão europeu de mulheres, mas vai jogar. Ao contrário de Van Domselaar, que voltou antes, mas está fora contra a Alemanha (KNVB Media/Soccrates Images/Divulgação)

No entanto, mesmo que a Eurocopa importe mais... jogo competitivo é jogo competitivo. E o próprio Andries Jonker lembrou isso, na entrevista coletiva: "Nesta semana, o que importa é a Euro. Mas claro que queremos ganhar". Até porque, na Liga das Nações, nem o empate bastará: com dez pontos no grupo 1 da Liga A, como a Alemanha, a Holanda está atrás no saldo de gols. Então, para tentar ir às semifinais, não há jeito: é necessário ganhar em Bremen para passar à liderança e depender só de si. Ou seja: o que importa é a Eurocopa. Mas se a Holanda avançar na Liga das Nações, ninguém vai chorar. Nem mesmo com um calendário cada vez mais lotado...

As 23 convocadas da Holanda (Países Baixos) para as datas FIFA

Goleiras: Daphne van Domselaar (Arsenal-ING), Lize Kop (Tottenham Hotspur-ING) e Daniëlle de Jong (Twente) - Regina van Eijk (Ajax) estará no grupo contra a Alemanha, substituindo Van Domselaar, que não será relacionada

Defensoras: Kerstin Casparij (Manchester City-ING), Lynn Wilms (Wolfsburg-ALE), Sherida Spitse (Ajax), Dominique Janssen (Manchester United-ING), Caitlin Dijkstra (Wolfsburg-ALE), Veerle Buurman (PSV), Ilse van der Zanden (Utrecht) e Merel van Dongen (Rayadas de Monterrey-MEX)

Meio-campistas: Daniëlle van de Donk (Lyon-FRA), Jackie Groenen (Paris Saint Germain-FRA), Damaris Egurrola Wienke (Lyon-FRA), Wieke Kaptein (Chelsea-ING), Jill Baijings (Aston Villa-ING) e Victoria Pelova (Arsenal-ING)

Atacantes: Lineth Beerensteyn (Wolfsburg-ALE), Jill Roord (Manchester City-ING), Vivianne Miedema (Manchester City-ING), Esmee Brugts (Barcelona-ESP), Renate Jansen (PSV), Katja Snoeijs (Everton-ING), Chasity Grant (Aston Villa-ING), Romée Leuchter (Paris Saint Germain-FRA) e Shanice van de Sanden (Toluca-MEX).

segunda-feira, 26 de maio de 2025

Análise da temporada: pobreza por pobreza

Este Campeonato Holandês teve muita oscilação e pouco brilho técnico. Mas o PSV bicampeão não está (e não tem de estar) nem aí com isso... (Joris Verwijst/BSR Agency/Getty Images)

"De kampioen van de armoede". Em holandês, o "campeão da pobreza". Em geral, é assim que os holandeses se referem a um time que tenha conquistado o Campeonato Holandês numa temporada nivelada por baixo. Ou seja: foi um campeão, merece seu respeito, mas num torneio que não foi lá dos melhores. De certa forma, este é o clima para a temporada 2024/25. Porque o PSV foi bicampeão, como até se previa, mas com altos e baixos inesperados ao longo da temporada. Contudo, o vice-campeão Ajax simbolizaria até melhor o conceito de pobreza criticado por quem tenha acompanhado a Eredivisie. Para muitos, o técnico Francesco Farioli foi o melhor do time de Amsterdã, conseguindo tirar o máximo de um grupo com poucos - pouquíssimos, até - recursos técnicos. Mas mesmo assim, a derrocada Ajacied nas cinco últimas rodadas (de líder com nove pontos de vantagem, quando a 30ª rodada começou, a perder o campeonato) foi feia a ponto de fazer muitos minimizarem este feito.

De todo modo, mesmo oscilando, o PSV teve vários bons jogadores no campeonato: o brasileiro Mauro Júnior, Guus Til, Malik Tillman, Noa Lang, Luuk de Jong (em menor escala), Ivan Perisic (principalmente na reta final da temporada). No Ajax, foi até divertido de ver como Davy Klaassen parece ter no clube o seu habitat natural, e ver a reação de Kenneth Taylor, após queda na carreira nos últimos anos depois de um bom começo. No Feyenoord, Igor Paixão foi o mais notável, precisando fazer uma temporada que justificasse a transferência que um dia ele deseja para um torneio mais competitivo (e talvez realizará). E o que dizer do Go Ahead Eagles, indo além do que já fora em 2023/24, no grande momento de sua história, em outra boa campanha na liga, além do título marcante na Copa da Holanda?

Deve-se reconhecer: sim, a Eredivisie desta temporada teve poucos momentos de destaque. Não, os clubes holandeses não brilharam muito em competições europeias: até foram mais além do que em 2023/24, mas todos foram despachados nas oitavas de final. Ainda assim, houve algo a se elogiar. Pobreza por pobreza, sempre há algo bom. Que a riqueza seja maior em 2025/26.

Análise da temporada: Almere City

Kadile (sentado, ao lado do lateral direito Dankerlui) foi quem mais tentou. Mas um nome era pouquíssimo para impedir a queda previsível do Almere City (Pieter van der Woude/BSR Agency/Getty Images)

Colocação final: 18º lugar, com 22 pontos (4 vitórias, 10 empates e 20 derrotas - rebaixado diretamente)
No turno havia sido: 17º lugar, com 9 pontos
Time-base: Bakker; Akujobi, Visus, Lawrence (Jacobs) e Zagaritis; Haye e Tahiri (Ritmeester van de Kamp/Nalic); Hansen, Robinet e Kadile; Brym
Técnico: Hedwiges Maduro (até a 16ª rodada), Anoush Dastgir (interino, na 17ª rodada) e Jeroen Rijsdijk (a partir da 18ª rodada)
Maior vitória: Almere City 3x0 Heerenveen (17ª rodada)
Maior derrota: Almere City 1x7 PSV (3ª rodada)
Principais jogadores: Junior Kadile (atacante)
Artilheiro: Junior Kadile (atacante), com 4 gols  
Quem deu mais passes para gol: Thom Haye (meio-campista), Kornelius Hansen (meio-campista/atacante), Thomas Robinet (meio-campista/atacante), Ruben Providence (meio-campista) e Charles-Andreas Brym (atacante), todos com 2 passes
Quem mais partidas jogou: Nordin Bakker (goleiro) e Vasilis Zagaritis (lateral esquerdo), ambos com 32 partidas
Copa nacional: eliminado pelo Quick Boys (terceira divisão), na primeira fase
Competições continentais: nenhuma

Se o RKC Waalwijk teve a primeira parte da "crônica de um rebaixamento anunciado", a do Almere City foi a segunda. Já se sabia, com as várias saídas que o clube teve, que seria difícil repetir a façanha da permanência em 2023/24. De fato, não chegou a ser difícil: foi impossível, mesmo. O clube até ficou fora da zona de repescagem/rebaixamento nas duas primeiras rodadas, mas ao tomar os 7 a 1 do PSV na terceira rodada, entrou nela para não sair mais. Nem mesmo as trocas de técnico mudaram muita coisa: Jeroen Rijsdijk, ex-Sparta Rotterdam, fez o possível, mas o Almere parecia incapaz de reagir.

2024 terminou, 2025 começou, e o Almere City seguiu apenas se alternando entre última e penúltima posição com o RKC Waalwijk. Teve bons momentos, é verdade (a vitória por 1 a 0 no Utrecht, na 22ª rodada, fora de casa), mas a fraqueza ofensiva do time assustava. Somente o ponta-esquerda Junior Kadile mostrava alguma mobilidade. Nem mesmo a chegada de um nome para tentar os gols - o canadense Charles-Andreas Brym, ex-Sparta Rotterdam - impediu o time de Almere de ter o pior ataque da temporada, com apenas 23 gols em 34 rodadas. A queda consolidada na penúltima rodada, com um empate com o Fortuna Sittard (1 a 1), até aliviou o sofrimento. Na volta à segunda divisão, a intenção é tentar rondar as primeiras posições, para que os dois anos na Eredivisie não tenham sido uma lembrança agradável que logo ficará pequena.

Análise da temporada: RKC Waalwijk

Mohamed Ihattaren deu esperanças na retomada de sua carreira, o RKC Waalwijk tentou mais no returno... mas o rebaixamento foi inescapável (Jeroen Putmans/ANP/Getty Images)

Colocação final: 17º lugar, com 25 pontos (6 vitórias, 21 derrotas e 7 empates - rebaixado diretamente)
No turno havia sido: 18º lugar, com 7 pontos
Time-base: Houwen (Spenkelink/Van Osch); Al Mazyani, Lelieveld, Van Gelderen e Familia-Castillo (Meijers); Van de Loo (Roemeratoe) e Oukili; Cleonise (Lokesa), Ihattaren e Margaret; Zawada (Kramer)
Técnico: Henk Fräser
Maior vitória: RKC Waalwijk 5x0 NAC Breda (22ª rodada)
Maior derrota: Groningen 6x1 RKC Waalwijk (31ª rodada)
Principal jogador: Mohamed Ihattaren (meio-campista)
Artilheiro: Oskar Zawada (atacante), com 9 gols  
Quem deu mais passes para gol: Richonell Margaret (atacante), com 6 passes
Quem mais partidas jogou: Richonell Margaret (atacante), com 32 partidas
Copa nacional: eliminado pelo Utrecht, nas oitavas de final
Competições continentais: nenhuma

Este texto sobre os Waalwijkers poderia bem ser intitulado "crônica de um rebaixamento anunciado - parte 1". Desde a primeira metade da temporada, o RKC já parecia condenado a ser um dos dois clubes rebaixados diretamente à Eerste Divisie, a segunda divisão neerlandesa. No primeiro turno, até mais: foram oito derrotas nas oito primeiras rodadas, o time já tinha a pior defesa do campeonato... e desde então, já parecia claro que o trabalho de dois anos do técnico Henk Fräser não tinha mais de onde tirar, não tinha mais caminhos a seguir. O que não quer dizer que Fräser tenha brigado com ninguém, ou mesmo que a torcida tenha sido irritadiça: o destino cruel parecia ser aceito desde o começo da Eredivisie. Até porque o clube jamais saiu das duas últimas posições da tabela. Se serve de consolo, o RKC Waalwijk tentou mais do que o outro rebaixado. Tinha mais opções no ataque: tanto o polonês Oskar Zawada quando o experiente Michiel Kramer faziam seus gols, Richonell Margaret tinha alguma velocidade na ponta... 

E houve a agradável surpresa de Mohamed Ihattaren, enfim voltando ao futebol profissional após muito tempo com problemas psicológicos (e até suspeitas policiais). Acompanhado por um psicólogo, Ihattaren mostrou foco em campo, teve habilidade no meio e no ataque, e mostrou lampejos da promessa que um dia foi no PSV, já há algum tempo. Tudo isso levou o RKC a ser um pouquinho melhor, e até a ter três vitórias seguidas, entre a 20ª e a 22ª rodadas. Mas só um pouquinho: a fragilidade defensiva impedia qualquer ascensão de longo prazo na tabela. Duas sequências de derrotas (quatro, entre a 23ª e a 27º; e três, entre a 29ª e a 31ª) começaram a confirmar o destino. E quando houve a goleada sofrida para o Groningen - 6 a 1, na 31ª rodada -, digna da pior defesa do campeonato (74 gols sofridos), ficou claro que o rebaixamento era questão de tempo. Mesmo vencendo na antepenúltima rodada (3 a 1 no Heerenveen), mesmo chegando à última rodada com chances de alcançar a "segunda chance" via repescagem de acesso/permanência, tais chances eram remotíssimas: o time auriazul teria de vencer o Go Ahead Eagles e descontar dez gols de desvantagem no saldo, para o Willem II. Vencer, o RKC venceu (5 a 3). Mas a desvantagem no saldo decretou o rebaixamento, após seis anos de Eredivisie. Caberá a Sander Duits, substituto de Henk Fräser como técnico, tentar fazer um time mais seguro na defesa para o bate-e-volta.

Análise da temporada: Willem II

O atacante Kyan Vaesen teve todos os motivos para lamentar: o Willem II, tão seguro no primeiro turno, despencou incrivelmente no returno. Decepcionou justamente na decisão da repescagem. E está rebaixado (Marcel van Dorst / EYE4images/Getty Images)

Colocação final: 16º lugar, com 26 pontos (6 vitórias, 8 empates e 20 derrotas) - rebaixado via repescagem
No turno havia sido: 9º lugar, com 22 pontos (na frente pelo maior número de gols)
Time-base: Didillon-Hödl; Doodeman (Schouten), St. Jago, Behounek, Tirpan e Sigurgeirsson (Nizet); Meerveld, Bosch e Lambert (Sandra); Vaesen (Kehrer) e Bokila
Técnico: Peter Maes (até a 30ª rodada) e Kristof Aelbrecht (a partir da 31ª rodada)
Maior vitória: Willem II 4x1 NEC (17ª rodada)
Maior derrota: Twente 6x2 Willem II (18ª rodada)
Principais jogadores: Jesse Bosch (meio-campista) e Jeremy Bokila (atacante)
Artilheiro: Jesse Bosch (meio-campista), com 4 gols 
Quem deu mais passes para gol: Nick Doodeman (ala direito) e Emilio Kehrer (meio-campo), ambos com 3 passes
Quem mais partidas jogou: Thomas Didillon-Hödl (goleiro), com 36 partidas - as 34 da temporada regular, mais duas da repescagem de acesso/permanência
Copa nacional: eliminado pelo Noordwijk (terceira divisão), na segunda fase
Competições continentais: nenhuma

Este é um texto que, a bem da verdade, ainda nem acabou. E nem deveria ter o jeito que terá. Porque, quando o primeiro turno terminou, o Willem II parecia não só seguro, mas capaz de até sonhar em disputar lugar na repescagem holandesa pela Conference League. Já começou com uma boa surpresa, arrancando empate com o Feyenoord na primeira rodada (1 a 1). Tinha uma defesa firme, com um bom goleiro deste campeonato (o francês Thomas Didillon-Hödl). Tinha um ataque capaz de ser acelerado e aproveitar os contra-ataques. E mostrava segurança suficiente. Mesmo ao cair - perdeu duas partidas seguidas na 14ª e 15ª rodadas da Eredivisie, além da eliminação na Copa da Holanda -, conseguia vencer e logo se manter seguro no meio de tabela. Seria bom se continuasse assim no returno... mas não continuou. No começo, foi uma goleada sofrida para o Twente, logo na 18ª rodada que abriu 2025: 6 a 2, a pior derrota dos Tricolores de Tilburg nesta temporada de Eredivisie. Depois, um empate (outro 1 a 1 com o Feyenoord). Mais duas derrotas - uma delas, para o rebaixado RKC Waalwijk -, um empate com o campeão PSV (1 a 1, 22ª rodada)... 

E aí, a pior sequência que um time teve neste Campeonato Holandês: oito derrotas seguidas, entre a 23ª e a 30ª rodadas. Por mais que tentasse, o técnico belga Peter Maes não conseguia melhorar a equipe. E nem os novos jogadores que entravam - Erik Schouten ficando fixo na defesa, Rob Nizet substituindo o islandês Rúnar Tór Sigurgeirsson na lateral esquerda, Emilio Kehrer jogando mais no ataque - exibiam desempenho satisfatório. Claro, sobrou para o técnico: Peter Maes foi demitido, após a 30ª rodada. E se serviu de consolo, sob o interino Kristof Aelbrecht, os Tilburgers conseguiram dois empates que, se não o tiraram da repescagem de acesso, pelo menos impediram que o RKC Waalwijk o tornasse um rebaixado direto. Ainda assim, como pior time do returno, ao contrário do que parecia no fim de 2024, o Willem II jogou sua permanência na Eredivisie, em quatro partidas na repescagem de acesso. Passou da segunda fase, superando o Dordrecht nos pênaltis. Mas a decisão contra o Telstar mostrou o pior lado: após fazer o mais difícil (arrancar empate fora de casa, 2 a 2), o time de Tilburg foi facilmente superado na volta, tomando 3 a 1 e sendo rebaixado em casa. Em meio à depressão, só surgiu a frase sincera do goleiro Didillon-Hödl: "Tivemos seis meses de merda". Difícil discordar.

Análise da temporada: NAC Breda

Esforço nunca faltou ao NAC Breda - e havia algum talento, em nomes como Leo Sauer. Mas a queda no returno foi brusca, e só os pontos com empates ajudaram o time a se salvar diretamente (Gabriel Calvino Alonso/BSR Agency/Getty Images)

Colocação final: 15º lugar, com 33 pontos (8 vitó rias, 9 empates e 17 derrotas)
No turno havia sido: 10º lugar, com 22 pontos (atrás pelo menor número de gols)
Time-base: Bielica; Lucassen (Valerius/Busi), Greiml, Van den Bergh e Kemper; Balard e Oldrup Jensen; Leemans, Janosek (Paula/Kaied) e Sauer; Ómarsson (Van Hooijdonk)
Técnico: Carl Hoefkens
Maior vitória: NAC Breda 4x1 RKC Waalwijk (10ª rodada)
Maior derrota: RKC Waalwijk 5x0 NAC Breda (22ª rodada)
Principal jogador: Leo Sauer (meio-campista/atacante)
Artilheiros: Leo Sauer (meio-campista/atacante) e Elias Már Ómarsson (atacante), ambos com 7 gols 
Quem deu mais passes para gol: Jan van den Bergh (zagueiro), Clint Leemans (meio-campista) e Dominik Janosek (meio-campista), todos com 4 passes
Quem mais partidas jogou: Daniel Bielica (goleiro), Maximilien Balard (meio-campista) e Elias Már Ómarsson (atacante), todos com 31 partidas
Copa nacional: eliminado pelo Barendrecht (terceira divisão), na primeira fase 
Competições continentais: nenhuma

Já se notava desde que o campeonato começou: o NAC Breda poderia até cair, mas garra não lhe faltaria. Afinal de contas, mesmo entre as cinco derrotas nas sete primeiras rodadas, houvera um 2 a 1 sobre o Ajax, em casa (3ª rodada). E bem ou mal, fora encontrado um jeito de jogar, tentando proteger bastante a defesa - não raro, o time aurinegro tinha até cinco jogadores na zaga, apostando na rapidez dos contragolpes, tantos eram os pontas para tornar o ataque veloz (Adam Kaied, Raul Paula, Saná Fernandes) e passar a bola para que Elias Már Ómarsson tentasse fazer gols salvadores. Pelo menos no primeiro turno, até deu certo: com o 10º lugar ocupado, havia até esperança de surpreender mais, ou seja, chegar à repescagem por vaga na Conference League. Ainda mais com o retorno de um velho conhecido, na virada de ano: Sydney van Hooijdonk, chegando para ser mais uma opção de ataque. Mas a esperança acabou rapidamente. 

Também, pudera: a equipe de Breda foi simplesmente o segundo pior time do returno. Apenas uma vitória veio (2 a 1 no Twente, na 19ª rodada). De resto, oito derrotas e oito empates, com um time que seguia esforçado na defesa - até demais: o segundo time a mais levar cartões amarelos na temporada (60) - sem compensar no ataque (apenas 34 gols, o segundo pior ataque desta Eredivisie, mesmo com alguns jogadores razoáveis em Leo Sauer, Clint Leemans e os citados Ómarsson e Van Hooijdonk.). Ainda assim, nunca, em nenhum momento, o NAC Breda caiu para a zona de repescagem/rebaixamento. Ficou no limite, mas nunca escorregou para ela em nenhuma rodada. Talvez por nunca ter sofrido uma sequência de derrotas que o derrubassem de vez: perdeu, sim, mas empatou mais. Era ruim, mas de ponto em ponto, o time despencou menos do que o Willem II. E por isso, fica mais um ano na Eredivisie. Só que precisa ter mais qualidade técnica. Esforço não é tudo.

Análise da temporada: Heracles Almelo

Hornkamp (à esquerda) e Kulenovic fizeram o possível, mas o Heracles Almelo sofreu durante toda a temporada. O fim dela é um alívio para os Almelöers, e dá a chance da reformulação (Ed van de Pol/BSR Agency/Getty Images)

Colocação final: 14º lugar, com 38 pontos (9 vitórias, 11 empates e 14 derrotas)
No turno havia sido: 15º lugar, com 14 pontos 
Time-base: De Keijzer; Benita, Mirani, Mesik e Rots; De Keersmaecker e Van Kaam (Bruns/Zamburek); Podgoreanu, Engels (Talvitie) e Hornkamp; Kulenovic
Técnico: Erwin van de Looi
Maiores vitórias: Heracles Almelo 4x2 Go Ahead Eagles (22ª rodada) e Heracles Almelo 4x2 Zwolle (24ª rodada)
Maior derrota: Twente 5x0 Heracles Almelo (10ª rodada)
Principais jogadores: Luka Kulenovic (atacante) e Jizz Hornkamp (atacante) 
Artilheiros: Luka Kulenovic (atacante), com 9 gols
Quem deu mais passes para gol: Mario Engels (meio-campista) e Suf Podgoreanu (meio-campista/atacante), ambos com 4 passes
Quem mais partidas jogou: Fabian de Keijzer (goleiro) e Damon Mirani (zagueiro), ambos com 32 partidas
Copa nacional: eliminado nas semifinais, pelo AZ
Competições continentais: nenhuma

Se houve um time que sofreu durante toda a temporada do Campeonato Holandês, foi o Heracles. Talvez pelo trauma restante do rebaixamento até inesperado em 2021/22, a paciência da torcida em Almelo ainda era pouquíssima. Algo que não melhorou muito com a primeira metade da temporada: a primeira vitória só veio na sexta rodada (2 a 1 no NEC), houve derrota por goleada no clássico contra o Twente (5 a 0, 10ª rodada), só três vitórias em todas as primeiras 17 rodadas, término de turno na 15ª rodada, somente uma acima da zona de repescagem/rebaixamento. Exagerada, a raiva da torcida não era: afinal, o temor de novo drama rondava. E não era a única razão.

Por mais que o desempenho dos atacantes Luka Kulenovic e Jizz Hornkamp fosse razoável; por mais que o israelense Suf Podgoreanu mostrasse até poder jogar em várias posições (de atacante de área, Podgoreanu até mesmo jogou como meio-campo); por mais que o capitão Brian de Keersmaecker exibisse alguma segurança, os Heraclieden não convenciam, mostrando a terceira pior defesa de todo o campeonato (63 gols sofridos). Nem a diretoria convencia: a falta de reforços foi a gota d'água para o técnico Erwin van de Looi se decidir pela saída, logo que a temporada acabasse. Pelo menos, o medo do rebaixamento se diluiu ao longo do returno - primeiro, pela incapacidade de Almere City e RKC Waalwijk, e depois, pelas bruscas quedas de NAC Breda e Willem II. Depois, a campanha na Copa da Holanda ajudou a restabelecer um pouco da paciência. No entanto, ficou a sensação de que os Heraclieden vão precisar de uma profunda reformulação - que já começou pelo novo técnico anunciado, Bas Sibum, vindo do Roda JC (segunda divisão). A próxima temporada já começará com alguma pressão...

Análise da temporada: Groningen

O medo do Groningen chegou a ser grande. Mas um salto notável ocorreu, a maior calma fez nomes como Valente despontarem, e a temporada terminou mais tranquila (Cor Lasker/ANP/Getty Images)

Colocação final: 13º lugar, com 39 pontos (10 vitórias, 9 empates e 15 derrotas - atrás pelo pior saldo de gols, -13)
No turno havia sido: 14º lugar, com 16 pontos 
Time-base: Vaessen; Bacuna (Rente), Blokzijl, Stam (Ekdal) e Prins (Peersman); De Jonge (Oosting) e Resink; Schreuders, Valente e Seuntjens (Postema/Willumsson); Van Bergen
Técnico: Dick Lukkien
Maior vitória: Groningen 6x1 RKC Waalwijk (31ª rodada)
Maior derrota: NEC 6x0 Groningen (11ª rodada)
Principal jogador: Luciano Valente (meio-campista/atacante)
Artilheiros: Jorg Schreuders (meio-campista), Stije Resink (meio-campista) e Thom van Bergen (atacante), ambos com 5 gols
Quem deu mais passes para gol: Luciano Valente (meio-campista), com 7 passes
Quem mais partidas jogou: Thom van Bergen (atacante), com 32 partidas
Copa nacional: eliminado pelo AZ, na segunda fase
Competições continentais: nenhuma

Depois de se aliviar com o rápido retorno à primeira divisão, o time do norte dos Países Baixos teve uma temporada em estado de alerta, por algum tempo. Principalmente no primeiro turno, quando o time sofria com a inconstância no ataque, e em especial, nas rodadas finais de 2024: ficando sem vencer em duas rodadas e vendo um jogo suspenso, os Groningers despencaram para a 14ª posição. Ainda havia alguma segurança sobre a zona de repescagem/rebaixamento, mas ela acabou assim que 2025 começou: com só uma vitória e duas derrotas nas quatro primeiras rodadas do returno, veio a queda para a 15ª posição. Só uma acima da zona de repescagem/rebaixamento. Mas o Groningen foi a comprovação mais visível de como o equilíbrio no meio de tabela foi gigante nesta temporada. Porque, na 22ª rodada, veio uma vitória (2 a 1 no NEC). Na 23ª, outra (3 a 1 no Willem II, fora de casa). 

E a ascensão na tabela foi impressionante: entre outros resultados e a proximidade da pontuação das equipes, o Groningen foi de 15º a 8º em uma rodada, sem escalas. E aproveitou bem esta ascensão: ali se alojou mais no meio de tabela, começando a ter perspectivas de repescagem na Conference, tendo um cenário mais calmo para os destaques aparecerem. E eles apareceram, principalmente no ataque. Que o diga Luciano Valente: o meio-campista deixou as hesitações de lado e cresceu de produção a ponto de virar um nome cotado para se transferir a um grande clube holandês (leiam-se PSV ou Feyenoord) em 2025/26. Claro, uma hora a arrancada acabou, com três derrotas seguidas. E se o sobe-desce ajudou a diminuir o alerta, frustrou a chance de repescagem: chegando ao 9º lugar na 31ª rodada, ao golear o RKC Waalwijk (6 a 1), o gás faltou na reta de chegada - duas derrotas, um empate, e o escorregão para o 13º posto. Pelo menos, o empate colocou o Groningen como coadjuvante da virada no destino do título: foi o empate que tirou o Ajax da liderança (2 a 2). E pelo menos, o alívio já estava garantido. Se o objetivo na volta à Eredivisie era ficar nela, como fosse, o Groningen ficou. 

Análise da temporada: Sparta Rotterdam

Com a ajuda de nomes como Zechiel, o Sparta conseguiu embalar num momento, afastar os medos do começo da temporada e ficar a salvo (ProShots)

Colocação final: 12º lugar, com 39 pontos (9 vitórias, 13 derrotas e 12 empates - na frente pelo maior saldo de gols, -4)
No turno havia sido: 16º colocado, com 12 pontos
Time-base: Olij; Bakari, Young (Meissen), Eerdhuijzen e Van Aanholt; Zechiel, Hlynsson (Kitolano) e Clement; Van Bergen (Nassoh), Lauritsen e Mito
Técnico: Jeroen Rijsdijk (até a 10ª rodada), Nourdin Boukhari (interino, na 11ª rodada) e Maurice Steijn (a partir da 12ª rodada)
Maior vitória: Sparta Rotterdam 4x0 Willem II (24ª rodada)
Maior derrota: Sparta Rotterdam 1x4 Utrecht (11ª rodada)
Principal jogador: Tobias Lauritsen (atacante) 
Artilheiro: Tobias Lauritsen (atacante), com 9 gols  
Quem deu mais passes para gol: Pelle Clement (meio-campista), com 4 gols
Quem mais partidas jogou: Nick Olij (goleiro), com 32 partidas
Copa nacional: eliminado na segunda fase, pelo Go Ahead Eagles
Competições continentais: nenhuma

O medo era grande. De um time que figurara nas duas mais recentes repescagens por vaga na Conference League, o Sparta Rotterdam caíra para a antepenúltima posição, que o forçaria a disputar a repescagem de acesso/permanência. Pior: o técnico Maurice Steijn, de tanto destaque em 2022/23, já estava de volta, mas os Spartanen demoravam a embalar novamente, pelo menos na reta final do primeiro turno. Para não voltar a sofrimentos anteriores, era bom reagir assim que 2025 começasse e a pausa de inverno acabasse. A ação começou na diretoria, que trouxe três reforços importantes no returno, todos por empréstimo: os meio-campistas Gjivai Zechiel e Kristian Hlynsson, e o atacante Mitchell van Bergen. Tudo isso já ajudou nas quatro rodadas iniciais do segundo turno, com dois empates e duas vitórias, fazendo a equipe de Roterdã ensaiar um respiro. Mas era pouco: a equipe ainda estava parada na 16ª posição. A necessidade de reação ficava cada vez mais urgente.

Para sorte do Sparta, o equilíbrio no meio da tabela era tão grande que possibilitava não só escapar rápido das últimas posições, como também partir rápido para a disputa por lugar na repescagem pela Conference League. Foi o que aconteceu com os Spartanen, a partir da maior vitória da temporada (4 a 0 no Willem II, na 24ª rodada): começava ali uma sequência de sete jogos sem derrota, com quatro vitórias, que içaram o time para a nona posição da tabela, que já o levaria de novo à repescagem. Uma reação notável. Justificada não só pela utilidade de quem chegou - Zechiel trouxe mais velocidade ao meio-campo; Hlynsson até ajudou o ataque, além de criar jogadas no meio; Van Bergen ocupou seu lugar na ponta direita -, mas também por quem já estava lá. Como Tobias Lauritsen, de gols importantes num time de ataque pouco eficaz (39 gols, o quinto pior ataque do campeonato). Ou o goleiro Nick Olij, seguro numa defesa que compensou (43 gols sofridos, a quinta melhor defesa). E resultados como o empate arrancado contra o Ajax (1 a 1, 30ª rodada) também animaram. É certo que a derrota final - 3 a 1 para o PSV, no jogo do título - impediu a repescagem. Mas pelo menos, o bom desempenho no returno (6ª melhor equipe) afastou os sustos da primeira metade da temporada.

Análise da temporada: Fortuna Sittard

O Fortuna Sittard do técnico Danny Buijs até fez o possível, mas caiu de produção no returno. E certos fatos acendem sinal de alerta para a próxima temporada (BSR Agency/Getty Images)

Colocação final: 11º colocado, com 41 pontos (11 vitórias, 8 empates e 15 derrotas - atrás pelo menor número de gols, 37)
No turno havia sido: 8º lugar, com 25 pontos (atrás pelo menor número de gols)
Time-base: Branderhorst; Ivo Pinto, Van Ottele, Rodrigo Guth e Dahlhaus (Dijks); Rosier e Fosso; Mitrovic (Da Cruz/Michut), Halilovic (Bullaude) e Peterson; Aïko (Sierhuis)
Técnico: Danny Buijs
Maior vitória: Utrecht 2x5 Fortuna Sittard (17ª rodada)
Maior derrota: Ajax 5x0 Fortuna Sittard (3ª rodada)
Principal jogador: Kristoffer Peterson (atacante)
Artilheiros: Kristoffer Peterson (atacante), com 7 gols
Quem deu mais passes para gol: Syb van Ottele (zagueiro) e Alen Halilovic (meio-campista), ambos com 3 passes 
Quem mais partidas jogou: Ivo Pinto (lateral direito), Syb van Ottele (zagueiro), Rodrigo Guth (zagueiro), Jasper Dahlhaus (ala esquerdo), Loreintz Rosier (meio-campista) e Ryan Fosso (meio-campista), todos com 29 partidas
Copa nacional: eliminado pelo Quick Boys (terceira divisão), nas oitavas de final
Competições continentais: nenhuma

Está certo que o Fortuna Sittard começara a temporada com duas vitórias. Só que sofrer quatro derrotas seguidas (entre a 3ª e a 6ª rodadas) começou a trazer alguma preocupação de que a temporada fosse para tentar evitar o rebaixamento - até porque o que (não) se viu nos 5 a 0 sofridos para o Ajax (3ª rodada) deu motivos para isso. Pelo menos, houve crescimento ao longo da primeira metade da temporada, com boas atuações de nomes como Alen Halilovic, e os Fortunezen terminaram o primeiro turno goleando o Utrecht fora de casa (5 a 2, 17ª rodada) e indicando que poderiam estar fortes ao longo do returno para tentarem alcançar a repescagem por vaga na Conference League. Só que não estiveram. 

No returno, o Fortuna só foi vencer na 24ª rodada (2 a 1 no RKC Waalwijk). Antes disso, foram quatro derrotas e um empate. Se o ataque parecia bem formado na primeira metade da temporada, na segunda isso se acabou: Kristoffer Peterson, Ezequiel Bullaude, Alessio da Cruz, Makan Aïko, Kaj Sierhuis (retornando de lesão complicada no joelho)... nenhum deles se firmou no ataque. Mais atrás, Halilovic machucou o tornozelo e ficou fora da reta final. Ainda assim, o Fortuna se segurava, estava firme na disputa para entrar na repescagem por vaga na Conference League... quando a realidade trouxe um choque: a UEFA recusara conceder a licença ao clube para participar de competições europeias na próxima temporada, se fosse o caso. Era uma consequência da crise financeira por que o Fortuna, nas internas, começa a passar. A punição nem influiu, porque o time ficou de fora da repescagem. Mas pode influir na permanência ou não do técnico Danny Buijs. Pode indicar uma temporada mais sofrida em 2025/26. Enfim, o sinal está aceso em Sittard.

Análise da temporada: Zwolle

Se o primeiro turno preocupou, o Zwolle contou com nomes como Mbayo para reagir no returno. A ameaça de rebaixamento sempre ficou sob controle (Peter Lous/BSR Agency/Getty Images)

Colocação final: 10º lugar, com 41 pontos (10 vitórias, 13 derrotas e 11 empates - na frente pelo maior número de gols, 43)
No turno havia sido: 13º lugar, com 17 pontos (atrás pelo menor número de gols)
Time-base: Schendelaar; Reijnders, Graves, MacNulty e Floranus (Aertssen); El Azzouzi e Van den Berg; Mbayo, Monteiro (Namli/Ryan Thomas) e Krastev; Vente
Técnico: Johnny Jansen
Maior vitória: Fortuna Sittard 1x4 Zwolle (20ª rodada)
Maior derrota: PSV 6x0 Zwolle (10ª rodada)
Principal jogador: Dylan Mbayo (atacante)
Artilheiro: Dylan Vente (atacante), com 13 gols  
Quem deu mais passes para gol: Dylan Mbayo (atacante), com 7 passes
Quem mais partidas jogou: Anselmo García MacNulty (zagueiro/lateral esquerdo) e Dylan Mbayo (atacante), ambos com 32 partidas
Copa nacional: eliminado na primeira fase, pelo NEC
Competições continentais: nenhuma

Foi até engraçado de ver. O Zwolle temeu constantemente as últimas posições ao longo do primeiro turno, tomou algumas goleadas, até mesmo "frequentou" a 16ª posição - que forçaria a disputa de repescagem de acesso/permanência - por três rodadas. Mesmo assim, jamais o Zwolle chegou a sofrer de fato com a ameaça de rebaixamento. Tinha jogadores rendendo bem, como o atacante Dylan Vente. Bem ou mal, tinha um esquema de jogo bem definido pelo técnico Johnny Jansen, embora longe de brilhar. Por isso, os "Dedos Azuis" se seguravam na 13ª posição. Inspirando cuidados, é verdade. Mas a uma distância segura da zona de repescagem/rebaixamento, sem péssimas sequências que o fizessem escorregar e não subir mais. Melhor para os "Dedos Azuis". Porque o returno foi melhor, bem melhor.

Para começo de conversa, uma vitória sobre o PSV, então líder (e campeão) - 3 a 1, 19ª rodada. Logo depois, a maior vitória dos Zwollenaren na temporada, goleando o Fortuna Sittard fora de casa (4 a 1, 20ª rodada). Junto a Vente, nomes do ataque cresceram muito de produção, como Dylan Mbayo - outra boa temporada - e Filip Krastev. Mais atrás, quando foi necessário, nomes como o goleiro Jasper Schendelaar garantiram a segurança. E alguns resultados, como os 3 a 3 com o Utrecht (21ª rodada) e o 1 a 1 com o Twente (29ª rodada) também faziam o Zwolle seguir firme na "zona da confusão", podendo ir para cima ou para baixo. Foi para cima: com duas vitórias seguidas, ficou no meio da tabela. Se houvessem mais vitórias, quem sabe fosse possível estar na repescagem por vaga na Conference. Mas tudo bem: o Zwolle soube fazer sua parte para ter um fim de temporada tranquilo. Como a transição de técnicos também será: de Johnny Jansen para seu auxiliar, Henry van der Vegt.

Análise da temporada: Heerenveen

O Heerenveen sofreu do começo ao fim na temporada. Mas soube superar tudo e, pelo menos, terminar mais sossegado (Pieter van der Woude/BSR Agency/Getty Images)

Colocação final: 9º colocado, com 43 pontos (12 vitórias, 7 empates e 15 derrotas - atrás pelo menor número de gols, 42)
No turno havia sido: 11º lugar, com 21 pontos
Time-base: Noppert (Van der Hart); Braude, Hopland, Kersten e Köhlert; Van Ee e Brouwers; Trenskow (Jahanbakhsh), Smans e Sebaoui; Nicolaescu (Rallis)
Técnico: Robin van Persie (até a 23ª rodada), Henk Brugge (interino, da 24ª a 26ª rodada) e Robin Veldman (a partir da 27ª rodada)
Maior vitória: Heerenveen 4x0 NAC Breda (4ª rodada)
Maior derrota: AZ 9x1 Heerenveen (5ª rodada)
Principal jogador: Levi Smans (meio-campista)
Artilheiro: Ion Nicolaescu (atacante), com 8 gols    
Quem deu mais passes para gol: Mats Köhlert (lateral esquerdo), com 5 passes
Quem mais partidas jogou: Oliver Braude (lateral direito) e Levi Smans (meio-campista), ambos com 34 partidas - 33 na temporada regular, mais uma na repescagem pela Conference League
Copa nacional: eliminado pelo Quick Boys (terceira divisão), nas oitavas de final
Competições continentais: nenhuma

O Heerenveen foi um clube que sofreu ao longo desta temporada. No primeiro turno, sofreu com a inconstância de seus resultados: tanto podia vencer o futuro campeão PSV (1 a 0, 16ª rodada), quanto podia perder para o futuro rebaixado Almere City (3 a 0, 17ª rodada). Sofreu antes, ainda, tomando 9 a 1 do AZ na 5ª rodada - a maior derrota do Fean como visitante em sua história no Campeonato Holandês. Sofria com fatores como a inconstância de titulares, no gol - Andries Noppert ou Mickey van der Hart? - ou no ataque - Ion Nicolaescu, indo e vindo do banco, ou Dimitris Rallis? Sofreu no começo de 2025, ao ser eliminado pelo amador Quick Boys na Conference League, mais uma sequência de duas derrotas e três empates no início do returno. Haveria mais razões para o sofrimento: se Robin van Persie aprendia, mesmo pelejando, na sua primeira temporada como técnico de uma equipe adulta, preferiu magoar torcida e diretoria do Heerenveen ao ouvir a proposta do Feyenoord para antecipar o "destino traçado" de sua carreira (comandar o Stadionclub), deixando um trabalho pela metade.

Pois foi justamente neste momento baixo, com o auxiliar Henk Brugge precisando ficar algumas rodadas, que o time se firmou. Ganhou do AZ (3 a 1, 24ª rodada), que o goleara no turno, e conseguiu ficar à espreita, no "bolo" da metade de baixo da tabela, tentando se aproximar da zona da repescagem por vaga na Conference League. Após um tempo treinando times de base no Club Brugge-BEL, Robin Veldman voltou ao clube em que já fora também comandante das equipes inferiores, agora para treinar o time adulto. Nomes como Levi Smans e o citado Nicolaescu cresciam. Duas vitórias sobre Almere City (2 a 1, 31ª rodada, antecipada) e NEC (1 a 0, 30ª rodada) levaram o time de vez para o meio da tabela. E uma "vingança" sobre o Feyenoord treinado por Van Persie (2 a 0, na 34ª e última rodada) possibilitou a entrada na repescagem pela vaga na Conference League. Nela, o time da Frísia sofreu de novo: não foi páreo para o AZ, que lhe goleou (4 a 1). E teve a prova de sua inconstância na temporada ao ser, simultaneamente, o quarto melhor time jogando em casa e... o pior visitante, pior até do que os dois rebaixados. Mas é bem "melhor" sofrer na nona posição do que mais abaixo...

Análise da temporada: NEC

O NEC se preocupou no turno. Seguiu preocupado no começo do returno. Mas nomes como Van Crooij (foto) ajudaram, o clube reagiu e terminou melhor a temporada (Rene Nijhuis/MB Media/Getty Images)

Colocação final: 8º lugar, com 43 pontos (12 vitórias, 7 empates e 15 derrotas)
No turno havia sido: 12º lugar, com 17 pontos (na frente pelo maior número de gols)
Time-base: Roefs; Pereira, Nuytinck (Sandler), Márquez e Verdonk; Hoedemakers e Proper (Sano); Hansen, Ouaissa e Van Crooij; Ogawa (Shiogai)
Técnico: Rogier Meijer
Maior vitória: NEC 6x0 Groningen (11ª rodada)
Maior derrota: Go Ahead Eagles 5x0 NEC (15ª rodada)
Principal jogador: Vito van Crooij (atacante)  
Artilheiro: Vito van Crooij (atacante), com 9 gols  
Quem deu mais passes para gol: Thomas Ouwejan (ponta-esquerda), com 5 passes
Quem mais partidas jogou: Calvin Verdonk (lateral esquerdo), Sami Ouaissa (meio-campista) e Basar Önal (meio-campista), todos com 34 partidas - 33 na temporada regular, mais uma pela repescagem pela Conference League
Copa nacional: eliminado na segunda fase, pelo Heracles Almelo
Competições continentais: nenhuma

Tinha tudo para ser uma temporada melancólica em Nijmegen. Nem tanto por excesso de empates, como foi em temporadas anteriores (2021/22, por exemplo). Mas, até pior, por fatores como goleadas sofridas no final do primeiro turno, como os 5 a 0 do Go Ahead Eagles (15ª rodada), indicando queda que precisava ser revertida na segunda metade da temporada. Impossível dizer que o clube de Nijmegen não correu atrás: trouxe nomes como o atacante Vito van Crooij e o (agora) ala esquerdo Thomas Ouwejan. E a segunda metade da temporada até começou com duas vitórias (1 a 0 no Zwolle, 18ª rodada; 4 a 1 no Fortuna Sittard, 19ª rodada). Só que uma sequência ruim - seis jogos sem vitória, entre a 20ª e a 25ª rodadas, três empates e três derrotas - fez com que o clube já antecipasse o anúncio da saída do técnico Rogier Meijer ao final da temporada, após cinco anos.

Para sorte do NEC, porém, o equilíbrio no meio da tabela era tamanho que permitia tanto a preocupação de não escorregar para as últimas posições como a perspectiva de ir à repescagem pela vaga na Conference League. Jogadores bons, o NEC tinha: o goleiro Robin Roefs, o ponta-direita Sontje Hansen, e os atacantes Kento Shiogai, Koki Ogawa e Bryan Linssen (de volta aos Países Baixos, após passar pelo Urawa Red Diamonds). A vitória sobre o Utrecht - 1 a 0, 26ª rodada - começou a apaziguar tudo. Nas três rodadas finais, o êxtase: três vitórias seguidas (incluído aí marcantes 3 a 0 no Ajax, a primeira vitória como visitante sobre o time de Amsterdã na história do NEC pela Eredivisie), e o clube superou a disputa e garantiu lugar pela segunda vez na repescagem pela Conference. Perdeu para o Twente, verdade. Mas vendeu caro a derrota por 3 a 2. Bem melhor que tenha sido assim a despedida de Rogier Meijer - e do veterano Lasse Schöne, o jogador estrangeiro com mais partidas na história do Campeonato Holandês, encerrando sua carreira. Pelo menos, o time chegará mais animado ao novo técnico, Dick Schreuder.

Análise da temporada: Go Ahead Eagles

Se fosse só por mais uma ótima campanha na Eredivisie, já seria suficiente. Mas o histórico título da Copa da Holanda deixou claro: o Go Ahead Eagles foi o dono da bola na temporada (Joris Verwijst/BSR Agency/Getty Images)

Colocação final: 7º lugar, com 51 pontos (14 vitórias, 11 empates e 9 derrotas)
No turno havia sido: 7º lugar, com 25 pontos (na frente pelo maior número de gols)
Time-base: De Busser; Deijl, Nauber, Kramer e James (Adelgaard/Weijenberg); Llansana e Linthorst; Breum (Stokkers), Antman e Suray (Smit); Edvardsen
Técnico: Paul Simonis
Maior vitória: Go Ahead Eagles 5x0 NEC (15ª rodada)
Maior derrota: Go Ahead Eagles 1x5 Feyenoord (9ª rodada)
Principal jogador: Oliver Antman (meio-campista)
Artilheiros: Victor Edvardsen (meio-campista/atacante), com 8 gols 
Quem deu mais passes para gol: Oliver Antman (meio-campista), com 15 passes
Quem mais partidas jogou: Mats Deijl (lateral direito), Joris Kramer (zagueiro), Enric Llansana (meio-campista) e Victor Edvardsen (meio-campista/atacante), todos com 32 partidas
Copa nacional: Campeão
Competições continentais: Conference League (eliminado pelo SK Brann-NOR, na segunda fase preliminar) 

E pensar que a torcida do Go Ahead Eagles chegou a temer por uma péssima temporada com o mau começo de Eredivisie (três derrotas nas cinco primeiras rodadas, fora as tantas chances de gol perdidas)... certo, esta hipótese catastrofista já estava afastada desde o turno, com o time de volta à zona de repescagem pela Conference League, já vencida em 2023/24. Alguns destaques já se insinuavam, como o meio-campista Oliver Antman. Já havia a impressão de que este era um período como poucos - talvez nenhum - na história do Kowet. Mas ficaria melhor, muito melhor ainda. Com seu trabalho já consolidado após o começo, o técnico Paul Simonis arriscou algumas mudanças no returno, como a troca de goleiros, com Luca Plogmann dando lugar a Jari de Busser.

Simultaneamente, a consolidação do time aumentou o entrosamento. Fez crescer a produção de alguns jogadores, como o lateral direito e capitão Mats Deijl. Manteve o bom nível de outros, como o citado Antman (seus 15 passes para gol, o maior número desta Eredivisie, só foram em número menor que o de Mohamed Salah no Liverpool, entre todas as dez mais vistas ligas europeias). E os bons momentos se avolumaram. Se fosse só na liga, seria excelente: quatro vitórias seguidas entre a 17ª e a 21ª rodadas, três vitórias entre a 24ª e a 26ª rodadas... e, de novo, uma ótima campanha, que poderia ter ido além do sétimo lugar. Mas nem era necessário, diante do que aconteceu na apoteótica campanha na Copa da Holanda. Eliminar o PSV, em Eindhoven, na semifinal; a decisão contra o AZ, com o empate nos acréscimos do tempo normal... e a vitória nos pênaltis, dando aquele toque dramaticamente gostoso no título mais importante dos 123 anos de história do Go Ahead Eagles. Que se se contentou com a segunda fase preliminar da Conference League nesta temporada, na próxima já tem garantida a fase de liga da Liga Europa. Um passo além, na (quem questiona) maior fase da história do clube de Deventer.

Análise da temporada: Twente

Sem Steijn brilhou; o Twente, nem tanto. Até teve sua regularidade, mas recheada de quedas ao longo da temporada. A punição: nada de torneios europeus em 2025/26 (Stefan Koops / EYE4images/NurPhoto/Getty Images)

Colocação final: 6º lugar, com 54 pontos (15 vitórias, 10 empates e 9 derrotas)
No turno havia sido: 6º lugar, com 31 pontos 
Time-base: Unnerstall; Van Rooij, Hilgers (Lagerbielke), Bruns (Van Hoorenbeeck) e Kuipers; Kjolo e Sadílek; Rots (Ltaief), Steijn e Vlap; Van Wolfswinkel (Lammers)
Técnico: Joseph Oosting
Maior vitória: Twente 6x2 Willem II (18ª rodada)
Maior derrota: PSV 6x1 Twente (15ª rodada)
Principal jogador: Sem Steijn (meio-campista)
Artilheiro: Sem Steijn (meio-campista), com 24 gols  
Quem deu mais passes para gol: Michel Vlap (meio-campista), com 7 passes
Quem mais partidas jogou: Michel Vlap (meio-campista), com 36 partidas - as 34 da temporada regular, mais as duas da repescagem pela Conference League
Copa nacional: eliminado pelo Go Ahead Eagles, nas oitavas de final
Competições continentais: Liga Europa (eliminado pelo Bodo/Glimt-NOR, na segunda fase)

Pode um time que esteve numa posição habitual nas últimas temporadas ser um time considerado inconstante? Sim, se esse time é o Twente. Verdade, o time não saiu da alternância entre o quinto e o sexto lugar da Eredivisie desde a sexta rodada. Teve os resultados razoáveis que se esperam de um clube de seu status, membro firme do "subtopo" do futebol da Holanda (Países Baixos) - quinto melhor mandante e sétimo melhor visitante da temporada. Teve, desde o começo, um dos melhores jogadores do campeonato: meio-campista de origem, Sem Steijn pareceu um atacante de tanto que avançou, e de tanto que fez gols (24, fora dois na repescagem pela Conference League - goleador máximo da Eredivisie, Steijn foi o primeiro meio-campo a marcar tantos gols na liga holandesa desde Jari Litmanen fizera pelo Ajax, em 1993/94).  Contudo, ao mesmo tempo em que os Tukkers renderam a regularidade habitual na Eredivisie, aparentemente faltou algo nesta temporada. 

Nas primeiras rodadas, somente duas vitórias; na Liga Europa, muitos empates, uma classificação garantida mais no esforço do que no talento (embora ele existisse), e uma eliminação já na segunda fase para o Bodo/Glimt; goleadas sofridas para alguns times grandes (fora de casa, 6 a 1 para o PSV, na 15ª rodada; em pleno De Grolsch Veste, 6 a 2 tomados do Feyenoord, na 26ª rodada). Tudo isso, denotando que o bom desempenho do ataque - o já citado Sem Steijn, o bom meio-campo Michel Vlap, o sempre confiável Ricky van Wolfswinkel - não era compensado pela defesa, antes firme, agora sem uma dupla que se firmasse no miolo. E até o goleiro Lars Unnerstall, antes dos melhores da Eredivisie, sofreu com oscilações na reta final: um frango sofrido - sabe-se lá se por lesão ou não - abriu o caminho da virada do AZ, na penúltima rodada (de 1 a 2 para 3 a 2), fazendo o Twente cair para o sexto lugar ao final das 34 rodadas. Na repescagem, uma vitória que poderia ter sido fácil sobre o NEC - ainda mais com o placar aberto por Michal Sadílek - ficou difícil com a expulsão do zagueiro Alec van Hoorenbeeck, e a vaga na decisão só foi definida na prorrogação (3 a 2). Na final, um símbolo da inconstância constante do Twente: um primeiro tempo ótimo, 2 a 0 no AZ - em Alkmaar -, seguido de um segundo tempo excessivamente acuado, sem muitos ataques, e a virada para 3 a 2 sofrida nos acréscimos. Pois é: o Twente não terá competições europeias em 2025/26. Um pouco decepcionante.

Análise da temporada: AZ

Troy Parrott (de costas) primeiro, Meerdink depois: no ataque, foram raros nomes de confiança num AZ que ficava perto de convencer, sem nunca conseguir. Pelo menos, conseguiu algo no fim (Ed van de Pol/BSR Agency/Getty Images)

Colocação final: 5º lugar, com 57 pontos (16 vitórias, 9 empates e 9 derrotas)
No turno havia sido: 5º lugar, com 32 pontos
Time-base: Owusu-Oduro; Kasius (Maikuma), Penetra, Goes e Möller Wolfe; Koopmeiners e Buurmeester (Clasie); Poku (Sadiq/Addai), Mijnans e Van Bommel (Lahdo); Parrott (Meerdink)
Técnico: Maarten Martens
Maior vitória: AZ 9x1 Heerenveen (5ª rodada)
Maior derrota: Heerenveen 3x1 AZ (24ª rodada)
Principal jogador: Sven Mijnans (meio-campista)
Artilheiros: Troy Parrott (atacante), com 14 gols
Quem deu mais passes para gol: Peer Koopmeiners (meio-campista), com 7 passes 
Quem mais partidas jogou: Peer Koopmeiners (meio-campista), com 36 partidas - as 34 da temporada regular, mais as duas da repescagem pela Conference League
Copa nacional: Vice-campeão
Competições continentais: Liga Europa (eliminado pelo Tottenham-ING, nas oitavas de final)

Ao longo de toda a temporada, a impressão sobre o AZ era de uma equipe com potencial, que até conseguia ensaiar uma "decolagem" rumo a grandes momentos... mas falhava na "hora H", no momento decisivo. Foi assim desde o começo, por sinal: na Eredivisie, as seis primeiras rodadas do time de Alkmaar tiveram um empate e cinco vitórias, com destaque para os 9 a 1 no Heerenveen (5ª rodada). Era um sinal promissor para um time que começava a ter nomes da geração campeã da Liga Jovem da UEFA há dois anos (o goleiro Rome-Jayden Owusu Oduro, o zagueiro Wouter Goes, o atacante Mexx Meerdink, o ponta Ernest Poku). Sinal que se mostrou alarme falso logo depois, com uma sequência de seis jogos sem vitórias, entre a 7ª e a 12ª rodadas (um empate e cinco derrotas), já fazendo a equipe cair para a zona de repescagem por vaga na Conference League. Havia pontos positivos, claro, como os gols do irlandês Troy Parrott. Mas era necessário melhorar. Isso até já ocorreu no fim de 2024, com cinco vitórias seguidas na liga. O AZ seguiu melhorando no começo de ano: uma boa sequência levou o time até a quarta posição na Eredivisie, havia a campanha na Copa da Holanda (seguindo até a final), havia um avanço promissor às oitavas de final da Liga Europa, eliminando o Galatasaray-TUR. Poderia ser a "catapulta" para uma ótima reta final de temporada. 

Mas... de novo, o alarme foi falso. Na Liga Europa, o Tottenham Hotspur (que já fizera 1 a 0 no AZ, na fase de liga) despachou novamente a equipe holandesa. Na Copa da Holanda, retornando à final após sete anos, a dor foi ainda maior: havia a vitória sobre o Go Ahead Eagles, até um pênalti contrário nos acréscimos, o empate do adversário e a derrota final nas cobranças. Mesmo com o mau humor se avolumando sobre o trabalho do belga Maarten Martens, restava a Eredivisie. Nela, o time até se estabilizou no fim da temporada: a dupla Alexandre Penetra-Wouter Goes se firmou de vez na zaga, Peer Koopmeiners se consolidou no meio-campo como um dia o irmão Teun fez (e se o veterano Jordy Clasie se machucou, Kees Smit foi mais um novato a despontar). Tirou partido de uma boa sequência nas rodadas finais da Eredivisie - dois empates e três vitórias, incluindo uma virada sobre o Twente (3 a 2 no jogo direto, assumindo a quinta posição) - para ir à repescagem em vantagem, com dois jogos em casa. E nela, o AZ teve uma facilidade - os 4 a 1 no Heerenveen - e uma dificuldade - outra virada por 3 a 2 no Twente, definida nos acréscimos -, mas afinal conseguiu o lugar na Conference League. E tem um time que pode ir até bem em 2025/26. Só precisa de mais constância. E ser melhor em decisões...

Análise da temporada: Utrecht

Aaronson simbolizou um Utrecht merecedor de aplausos: mesmo perdendo um pouco o fôlego no returno, enfim o time deu um passo à frente na Eredivisie (Ben Gal/BSR Agency/Getty Images)

Colocação final: 4º lugar, com 64 pontos (18 vitórias, 6 empates e 10 derrotas)
No turno havia sido: 3º lugar, com 36 pontos
Time-base: Barkas; Horemans, Van der Hoorn, Viergever e El Karouani; Fraulo (Engwanda) e Aaronson; Jensen (Rodríguez), Toornstra e Cathline (Ohio); Min (Haller)
Técnico: Ron Jans
Maior vitória: RKC Waalwijk 0x4 Utrecht (30ª rodada) e Utrecht 4x0 Ajax (31ª rodada)
Maior derrota: Utrecht 2x5 PSV (14ª rodada) e Utrecht 2x5 Fortuna Sittard (17ª rodada)
Principal jogador: Paxten Aaronson (meio-campista)  
Artilheiros: Paxten Aaronson (meio-campista) e Miguel Rodríguez (atacante), ambos com 7 gols  
Quem deu mais passes para gol: Souffian El Karouani (lateral esquerdo), com 8 passes
Quem mais partidas jogou: Souffian El Karouani (lateral esquerdo), com 32 partidas
Copa nacional: eliminado pelo Heracles Almelo, nas quartas de final
Competições continentais: nenhuma

Fazia muito tempo que o Utrecht tentava uma campanha de topo real. Está certo que o clube fazia participações elogiáveis em Campeonatos Holandeses - não por acaso, quase sempre figurava na repescagem valendo vaga na Conference League -, mas não passava disso. O que já aborrecia torcida e dono (o empresário Frans van Seumeren, há muito investindo nos Utregs). Pois bem: de certa forma, aconteceu. Porque o time de Ron Jans - mais um bom trabalho do técnico - tinha uma defesa sólida e bem entrosada (foi possível decorar a linha com Siebe Horemans, Mike van der Hoorn, Nick Viergever e Souffian El Karouani), um meio-campista ativo em Paxten Aaronson, um bom atacante em Yoann Cathline. E mesmo com as derrotas da reta final do primeiro turno (incluídas aí as duas maiores goleadas sofridas pelos Utregs), a torcida tinha razões para ser confiante. Ganhou ainda mais razões com a volta de um velho e querido conhecido: Sébastien Haller, sem muitas chances na passagem pelo Leganés-ESP, voltando ao estádio De Galgenwaard para ser um atacante confiável. 

Quando o Utrecht, então terceiro colocado, ganhou do Feyenoord logo na 18ª rodada, a primeira do returno, a primeira de 2025 - 2 a 1, em pleno De Kuip -, então... a torcida confiou até que era possível desafiar a dupla PSV-Ajax. A realidade se impôs, logo depois: uma sequência de quatro rodadas sem vitória esfriou um pouco as expectativas. Ainda assim, não havia razão para crise ou mesmo decepção: a sensação geral era de que o Utrecht, enfim, dava um passo à frente em seu status dentro do futebol holandês. Sensação, de certa forma, confirmada com um jogo marcante no campeonato: 4 a 0 no Ajax (31ª rodada), a partida que começou a derrocada do time de Amsterdã. Nem mesmo passar as três rodadas derradeiras da campanha sem vitórias - dois empates e uma derrota -, perdendo a terceira posição e a vaga na Liga dos Campeões para o Feyenoord, perturbou o Utrecht, terceiro melhor visitante desta Eredivisie. Que teve seu recorde histórico de pontos numa temporada (64). Que rendeu a volta às competições europeias - no caso, vaga na Liga Europa 2025/26. E que celebra, dignamente, uma temporada que deixou o Utrecht mais perto de onde ele deseja.

Análise da temporada: Feyenoord

Igor Paixão já vinha crescendo. Precisava se afirmar como o principal nome do Feyenoord. E se afirmou, numa temporada que começou mediana e terminou até bem para o Stadionclub (ProShots/Icon Sport/Getty Images)

Colocação final: 3º lugar, com 68 pontos (20 vitórias, 8 empates e 6 derrotas)
No turno havia sido: 4º lugar, com 35 pontos
Time-base: Wellenreuther (Bijlow); Read, Beelen (Trauner), Hancko e Smal (Hugo Bueno/Hartman); Zerrouki (Hwang), Milambo e Móder (Timber); Hadj-Moussa, Ueda (Carranza/Giménez) e Igor Paixão
Técnico: Brian Priske (até a 22ª rodada), Pascal Bosschaart (interino, em jogos da 23ª e da 20ª rodadas) e Robin van Persie (a partir da 24ª rodada)
Maior vitória: Twente 2x6 Feyenoord (26ª rodada)
Maior derrota: PSV 3x0 Feyenoord (17ª rodada)
Principal jogador: Igor Paixão (atacante) 
Artilheiro: Igor Paixão (atacante), com 15 gols  
Quem deu mais passes para gol: Igor Paixão (atacante), com 9 passes
Quem mais partidas jogou: Igor Paixão (atacante), com 32 partidas
Copa nacional: eliminado pelo PSV, nas quartas de final
Competições continentais: Liga dos Campeões (eliminado pela Internazionale-ITA, nas oitavas de final)

Bons jogadores: Dávid Hancko, Antoni Milambo, Igor Paixão e Santiago Giménez (pelo menos, na primeira parte da temporada). Um título para começar a temporada, com a Supercopa da Holanda vencida nos pênaltis sobre o PSV. Diante disso, a boa vontade foi grande com o técnico dinamarquês Brian Priske, chegando com a pesada responsabilidade de ocupar a lacuna deixada por Arne Slot, de passagem tão vitoriosa em De Kuip. Ainda mais com o bom começo, muito ofensivo, na estreia contra o Willem II. Só que o resultado foi um inesperado empate: 1 a 1, em De Kuip. Que foi seguido por mais quatro empates nas sete primeiras rodadas. Já incomodava. Mesmo que Igor Paixão desse sinais de que faria o que tinha de fazer para se destacar (ou seja, ser o destaque absoluto do Stadionclub), que alguns reforços saíssem a contento (ênfase no sul-coreano Hwang In-beom, incansável no meio-campo)... já crescia a impressão de que o Feyenoord não brilhava nem brilharia sob Brian Priske. O técnico dinamarquês era atrapalhado pelo campo - em fatores como a velha inconstância dos goleiros (Justin Bijlow seguiu se machucando, ficando fora da temporada por lesão no joelho; Timon Wellenreuther, titular a princípio, chegou a ser barrado após falhar nos dois gols do Ajax no Klassieker do turno).

Quase Brian Priske foi demitido em janeiro. Salvou-se por uma vitória ótima sobre o Bayern de Munique, na Liga dos Campeões, que mostrava um Feyenoord digno (como esquecer aquele 3 a 3 contra o Manchester City, na fase de liga, após estar com 3 a 0 atrás?!). Mas uma sequência de três derrotas - incluindo aí o Klassieker do returno, Ajax 2 a 1 na 21ª rodada - tornou inevitável sua demissão. Priske foi vítima dos problemas do campo (as lesões de Bijlow e Quinten Timber, a saída de Santiago Giménez). Mas diante do que aconteceu, talvez tenha sido melhor. Porque o Feyenoord contou com a sorte - e o esforço - para superar o Milan, na segunda fase da Champions. Porque a vaga de técnico ficou para alguém que estava destinado a ela desde que anunciou a intenção de ser treinador: Robin van Persie, que já aceitou deixar o trabalho no Heerenveen pela metade para colocar sua idolatria à prova em De Kuip. E até deu certo. Não pela participação na Champions, encerrada nas oitavas de final, para uma Internazionale mais eficaz (não à toa é finalista). Mas pela sequência de vitórias na Eredivisie, que afastou o medo de perder até a terceira posição para o Utrecht; pela ofensividade que a torcida gostou de ver; pelas excepcionais atuações de Igor Paixão, pela afirmação de Dávid Hancko como um dos melhores zagueiros da Eredivisie (o eslovaco certamente está de saída), pela revelação de Givairo Read na lateral direita... tudo mostrado por resultados como os 6 a 2 no Twente (26ª rodada). Já valeu para ser o terceiro melhor do returno. Bem atrás de PSV e Ajax, é verdade. Mas dando a promissora impressão de que o Feyenoord virá forte na próxima temporada.