sábado, 21 de junho de 2025

O guia da Holanda na Euro feminina 2025: Zagueiras

(KNVB Media/Divulgação)

Dominique Janssen (Manchester United-ING)

Ficha técnica
Nome: Dominique Johanna Anna Janssen
Data e local de nascimento: 17 de janeiro de 1995, em Horst aan de Maas (Holanda)
Clubes na carreira: Essen-ALE (2013 a 2015), Arsenal-ING (2015 a 2019), Wolfsburg-ALE (2019 a 2024) e Manchester United-ING (desde 2024) 
Desempenho na seleção: 124 jogos e 5 gols, desde 2014
Torneios pela seleção: Copa de 2015 (1 jogo, nenhum gol), Euro 2017 (1 jogo, nenhum gol), Copa de 2019 (7 jogos, 1 gol), torneio olímpico de 2020+1 (4 jogos, 1 gol), Euro 2022 (4 jogos, nenhum gol), Copa de 2023 (5 jogos, nenhum gol) e Liga das Nações (2023/24, 2024/25)

(Para saber mais sobre Janssen, clique aqui e leia texto sobre ela no guia da Holanda na Copa de 2023)

Costuma ser assim com Dominique Janssen: pouco se aposta nela, mas ela mostra regularidade, e se destaca a partir disso. Foi assim no vice da Copa de 2019, em que superou de vez Anouk Dekker para virar nome certo na defesa da seleção feminina da Holanda/Países Baixos. Foi assim na Copa de 2023: após algumas falhas na Euro passada (incluindo o pênalti cometido que rendeu à França o gol da eliminação holandesa, na prorrogação das quartas de final), Janssen causava desconfianças antes do Mundial... mas as diminuiu quase a zero, sendo muito segura no trio de zagueiras e saindo por cima da razoável campanha das Leoas Laranjas. Só que a Copa se acabou, e no Wolfsburg, mesmo jogando constantemente em sua última temporada pelas Lobas, a defensora holandesa repetia a falha que lhe atrai mais queixas: avançar tanto - até a ponto de ser boa cobradora de faltas e pênaltis - que deixava falhas gritantes de cobertura na defesa. Por isso, saiu por baixo do clube alemão, rumando para o Manchester United. Muitos se surpreenderam, até, que ela tivesse espaço no futebol feminino inglês.

Pois bem: nas Diabas Vermelhas, de novo Janssen se reergueu. Marcou menos gols (2), mas foi reconhecidamente uma das jogadoras mais regulares da equipe inglesa, mostrando experiência e estabilidade na defesa, numa campanha até boa em 2024/25 (3ª colocação na Super League). Isso, pelo menos, no clube: na seleção, o lugar de Janssen nas convocações da Holanda/dos Países Baixos seguiu absoluto. Não exatamente entre as titulares: em 2024, se foi titular absoluta nas eliminatórias da Eurocopa - jogou todos os minutos, mais acréscimos, de todas as seis partidas da qualificação - , ela passou a ser alternada, dentro do revezamento que Andries Jonker passou a fazer nas escalações a partir do segundo semestre. Virou até previsível: quando Veerle Buurman e Caitlin Dijkstra fazem uma dupla de zaga, Janssen começa na reserva. No caso de um trio de defensoras, a posição do lado esquerdo sempre será dela. Além do mais, por ser versátil (mesmo preferindo assumidamente jogar na zaga, pode atuar na lateral esquerda), suas chances de ser titular aumentam. De mais a mais, impossível desprezar uma jogadora que já é experiente. E que, aos 30 anos, se tornará uma líder do grupo atual da seleção, com o fim da passagem de outras veteranas. Enfim: de novo, desconfiaram de Janssen. E de novo, ela está lá pelas Leoas Laranjas.

(KNVB Media/Divulgação)

Veerle Buurman (PSV)

Ficha técnica
Nome: Veerle Tooske Janna Roos Buurman
Data e local de nascimento: 21 de abril de 2006, em Bemmel (Holanda/Países Baixos)
Clubes na carreira: PSV (2023 a 2025 - emprestada desde setembro de 2024) e Chelsea-ING (desde 2025 - contratada em setembro de 2024, se integará ao clube após a Euro) 
Desempenho na seleção: 5 jogos e 1 gol, desde 2024
Torneios pela seleção: Liga das Nações (2024/25)

Eis a primeira candidata a revelação da Holanda (Países Baixos) na Eurocopa de mulheres. Também, pudera. Na metade de 2023, há somente dois anos, a jovem Veerle Buurman acumulava as categorias femininas de base do PSV com os jogos no SC Bemmel, clube amador de sua cidade natal. Foi quando ela migrou de vez para o time de Eindhoven, ainda na equipe B de mulheres - já tendo passagens pelas seleções sub-16 e sub-17 holandesas. Mais alguns meses, e em 21 de janeiro de 2024, Buurman estreava pelo time principal do PSV, contra o Telstar, pela liga neerlandesa. Em 29 de janeiro, assinava seu primeiro contrato. Ainda na temporada 2023/24, a jovem virou titular de vez no PSV, começando a causar boa impressão com sua capacidade no jogo aéreo e sua segurança na saída de bola - esta última característica, coisa incomum em zagueiras holandesas, deve-se reconhecer. A bem da verdade, incomum para muitas jovens zagueiras.

Na segunda metade de 2024, a ascensão de Buurman ficaria ainda mais impressionante. Titular da Holanda no Mundial Sub-20 de mulheres, ela fez dois gols na fase de grupos (contra Costa Rica e Argentina), se firmou como a principal referência da defesa das Leoas Laranjas no torneio, foi um dos grandes destaques na campanha que levou as holandesas ao quarto lugar. Aí, Buurman se surpreendeu, conforme revelou ao site oficial do Campeonato Holandês feminino: "Eu me impressionei de verdade que o Chelsea já me acompanhasse". Não só acompanhava, como a contratou logo que o Mundial Sub-20 se acabou - mas ela seguiu a temporada 2024/25 no PSV, emprestada pelas Blues. Titular precoce no PSV, brilhando no Mundial Sub-20, já contratada pelo Chelsea... o próximo passo foi até óbvio: ter suas chances na seleção principal neerlandesa. Chances aproveitadas. Na vitória por 2 a 1 contra a Dinamarca, em outubro de 2024, Buurman foi titular laranja; em novembro, mesmo com derrota para os Estados Unidos (2 a 1), foi titular e marcou gols - a favor, mas contra também. Sem problemas: 2025 começou, a Liga das Nações feminina também, e Buurman tem sido titular, em dupla de zaga com Caitlin Dijkstra, ou mesmo num trio. E deve começar titular na Eurocopa, aos 19 anos de idade. A própria reconheceu: "Não é normal isso acontecer tão rápido". Fica a pergunta: enfim, uma zagueira holandesa de alto nível?

(KNVB Media/Divulgação)

Caitlin Dijkstra (Wolfsburg-ALE)

Ficha técnica
Nome: Caitlin Johanna Philomena Dijkstra
Data e local de nascimento: 30 de janeiro de 1999, em Breda (Holanda)
Clubes na carreira: Ajax (2018 a 2021), Twente (2021 a 2023) e Wolfsburg-ALE (desde 2023)
Desempenho na seleção: 26 jogos e 1 gol, desde 2021
Torneios pela seleção: Euro 2022 (não jogou), Copa de 2023 (2 jogos, nenhum gol) e Liga das Nações (2023/24, 2024/25)

(Para saber mais sobre Dijkstra, clique aqui e leia texto sobre ela no guia da Holanda na Copa de 2023)

Quando convocada para a Copa de 2023, Caitlin Dijkstra dava a impressão de que seu momento ainda iria começar "para valer", em seleção e em clube. Naquela, só fez duas partidas no Mundial, saindo do banco em ambas; neste, seguiria aprendendo no Twente, antes de se transferir para o Wolfsburg, a partir da temporada 2024/25. De lá para cá, Dijkstra ganhou paulatinamente seu espaço nas Leoas Laranjas. Com o fim da carreira de Stefanie van der Gragt nos campos, a zagueira rapidamente ganhou preferência no trio de zagueiras normalmente escalada por Andries Jonker na seleção neerlandesa de mulheres. Já na chegada às semifinais da Liga das Nações passada, ela figurou jogando desde o começo. De quebra, ainda terminou sua passagem pelo Twente celebrando o título holandês da temporada 2023/24, se despedindo muito bem das Tukkers. Foi aí que começaram as dificuldades de Dijkstra. 

Pela seleção, a zagueira só conseguiu participar das duas primeiras rodadas nas eliminatórias da Eurocopa, se ausentando das outras quatro partidas por estar machucada. Depois, em clubes, antes mesmo de estrear pelo Wolfsburg, a zagueira teve notada uma lesão ainda mais grave no tornozelo, que a tirou dos campos por quase todo o segundo semestre de 2024. Só em dezembro é que a holandesa começou a ganhar algum ritmo de jogo pelas Lobas, também gradativamente. E àquela altura, em termos de seleção, a concorrência na zaga havia aumentado, com a revelação que era Veerle Buurman (já titular em um dos amistosos de fim de ano) e a opção experiente e inesperada encontrada em Ilse van der Zanden. De todo modo, 2025 mostrou Dijkstra recuperando o ritmo de jogo. Pelo Wolfsburg, enfim se tornou titular plena, tanto na liga alemã quanto na Liga dos Campeões de mulheres, se alternando entre o miolo de zaga e a lateral direita. Na seleção, dentro das alternâncias testadas por Andries Jonker, ela virou a opção preferencial para jogar numa dupla, ao lado de Veerle Buurman. É assim que deverá chegar à Euro. Se consolidar sua forma física, pode até virar titular mesmo numa preferência por três defensoras. Seria a confirmação do que se pensava na Copa de 2023: que ela ganharia seu espaço.

(KNVB Media/Divulgação)

Sherida Spitse (Ajax) 

Ficha técnica
Nome: Sherida Spitse
Data e local de nascimento: 29 de maio de 1990, em Sneek (Holanda)
Clubes na carreira: Heerenveen (2007 a 2012), Twente (2012 a 2013 e 2017), Lilleström (LSK Kvinner)-NOR (2014 a 2017), Valerenga-NOR (2018 a 2020) e Ajax (desde 2021)
Desempenho na seleção: 243 jogos e 46 gols, desde 2006
Torneios pela seleção: Euro 2009 (não jogou), Euro 2013 (3 jogos, nenhum gol), Copa de 2015 (4 jogos, nenhum gol), Euro 2017 (6 jogos, 3 gols), Copa de 2019 (7 jogos, nenhum gol), Euro 2022 (4 jogos, nenhum gol), Copa de 2023 (5 jogos, nenhum gol) e Liga das Nações (2023/24, 2024/25)

(Para saber mais sobre Spitse, clique aqui e leia texto sobre ela no guia da Holanda na Copa de 2023)

Sherida Spitse merece todo o respeito pelo que significa, dentro e fora de campo, no futebol feminino do Reino dos Países Baixos. Pode até se exagerar: Spitse é a história da modalidade dentro de seu país em campo, pelo menos nos últimos 20 anos, sendo a dona da braçadeira de capitã sempre que está em campo, vestindo laranja ou azul. Porém (ai, porém)... é inegável que o tempo está passando. Já por isso, pela velocidade que lhe falta cada vez mais, Spitse se tornou cada vez menos meio-campista e cada vez mais defensora, integrando um trio de zagueiras - o que já se viu na Copa de 2023. Com sua experiência e liderança indubitáveis, com sua capacidade nas bolas paradas (ela segue soberana como cobradora de faltas, pênaltis e escanteios no Ajax), Spitse se segurou entre as titulares, nas eliminatórias da Eurocopa. E apesar dos pesares, isso era indiscutível. Como imaginar Spitse indo para a reserva, sendo que poderia jogar bem como "líbero"? Pois é: cada vez mais, esse pensamento se concretiza. O alarido começou quando Spitse foi titular somente nos amistosos menos "exigentes" da Holanda, no fim de 2024. Nas datas FIFA de outubro, jogou nos 15 a 0 de "exibição" contra a Indonésia, mas na vitória contra a Dinamarca, ficou na suplência. Em novembro/dezembro, começou titular nos 4 a 1 sobre a China, mas saiu de novo da reserva na derrota para os Estados Unidos. 

Veio 2025, vieram os jogos de fevereiro na Liga das Nações, e o choque maior: Spitse começou sentada no banco, no empate em 2 a 2 contra a Alemanha, na estreia pela Liga das Nações. Tudo bem, voltou a ser titular na vitória sobre a Escócia. Mas também voltou a ter presença alternada nos jogos seguintes: contra a Áustria, começou no banco a primeira partida (entrou e até fez gol) e foi titular na segunda. Está certo que a mudança de esquema tático, com as Leoas Laranjas voltando a jogar com quatro defensoras, justifica em parte Spitse na reserva. E bem ou mal, mesmo sendo reserva, Spitse sempre entra no decorrer dos jogos. Contudo, tendo em vista a ascensão fulgurante de Veerle Buurman, a afirmação de Caitlin Dijkstra, a experiência de Dominique Janssen, o aumento das críticas da torcida sobre suas atuações... tendo em vista tudo isso, crescem as suspeitas de que a capitã virá mais da reserva do que começará jogando, na quinta Euro de sua carreira. Assim como aumentam as suspeitas de que Spitse viverá no torneio o fim de sua longa e marcante história de 19 anos e 244 partidas na seleção de mulheres da Holanda (nenhuma pessoa europeia, homem ou mulher, representou mais sua equipe nacional). Dela, nada se ouve neste sentido: ela só reconhece que é um "desafio" ficar mais na reserva, mas que tentará superá-lo. De mais a mais, ela acaba de renovar contrato com o Ajax até 2027. Pois bem, a Eurocopa é uma tremenda chance para Spitse lembrar a todos que sua história e sua experiência merecem respeito e podem ajudar. Em campo ou no banco.

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