sábado, 21 de junho de 2025

O guia da Holanda na Euro feminina 2025: o futuro precisa começar

A seleção feminina da Holanda (Países Baixos) viveu uma montanha russa da Copa até a Eurocopa que vem aí. Agora, está em baixa. Mas tem jogadoras para reagir ao Grupo da Morte (KNVB Media/Divulgação)

A seleção feminina da Holanda (Países Baixos) teria tudo para chegar mais otimista à quinta vez em que disputa uma Eurocopa em sua história. Tudo bem, o grupo D é dificílimo. Principalmente pelas presenças de Inglaterra (a atual campeã da Euro, e vice-campeã mundial entre as mulheres) e França (sempre tradicional, e justamente a algoz das Leoas Laranjas na edição passada, nas quartas de final) - não se pode esquecer de citar o País de Gales, outro integrante da chave. Ainda assim, o grupo de 23 convocadas pelo técnico Andries Jonker tem técnica para entrar na disputa atraindo confiança. Porém, a delegação holandesa chegará à Suíça, país-sede, com mais desconfianças do que talvez devesse ter rumo à estreia contra as galesas, no sábado, 5 de julho, às 13h de Brasília, em Lucerna, além dos esperados duelos contra inglesas (quarta, 9 de julho, às 13h de Brasília, em Zurique) e francesas (domingo, 13 de julho, às 16h de Brasília, na Basileia) - no Brasil, transmissões pela Cazé TV.

Essa desconfiança maior em relação ao que os Países Baixos podem fazer no Campeonato Europeu de seleções de mulheres se deve, talvez, à excessiva cautela nas convocações que o técnico Andries Jonker tem mostrado, nesta reta final de seu trabalho. Ao longo de 2024, Jonker visivelmente dava mais espaço às jovens, até por tantas lesões (de Caitlin Dijkstra, na zaga, a Vivianne Miedema, no ataque, passando pelas ausências de Jill Roord e Victoria Pelova). Principalmente nos amistosos de fim de ano, foram vistas muitas jovens de talento: as zagueiras Lisa Doorn (Ajax) e Gwyneth Hendriks (PSV); as meio-campistas Nina Nijstad (PSV), Ella Peddemors (Ajax) e Danique Noordman (Ajax); e a atacante Chimera Ripa (PSV). Todas elas, testadas em algum momento do "jogo-exibição" que foram os 15 a 0 na Indonésia, em 25 de outubro de 2024; os 2 a 1 na Dinamarca, em 29 de outubro; os 4 a 1 na China, em 29 de novembro; e a única derrota, 2 a 1 para os Estados Unidos, em 3 de dezembro.

Em todos esses amistosos, a Holanda foi bem na mescla de veteranas conhecidas com novos talentos. Paralelamente, os resultados holandeses em torneios de base eram notáveis. Para começo de conversa, o vice-campeonato europeu sub-19, em julho do ano passado; depois, o quarto lugar no Mundial Sub-20 feminino, em setembro de 2024, na Colômbia - mesmo com um time considerado limitado, alcançar o mesmo resultado do Mundial Sub-20 feminino de 2022 foi considerado surpresa ótima; e já em 2025, a Holanda superou a Noruega para se tornar campeã europeia sub-17. Com esses resultados, seria até saudável ver algumas novatas mais capacitadas frequentarem cada vez mais as convocações da seleção principal. E era o que parecia que ocorreria na preparação para a Euro.

Quarta colocada no Mundial Sub-20 de mulheres em 2024, campeã europeia sub-17 há poucas semanas... a base da Holanda vem forte. Mas na seleção adulta, a renovação para (Shauna Clinton/UEFA/Getty Images)

Pois não aconteceu. Durante a Liga das Nações deste ano, na fase de grupos contra Alemanha, Escócia e Áustria, a base holandesa não só foi a já conhecida, como algumas veteranas há muito esquecidas retornaram às relações, casos de Merel van Dongen e Shanice van de Sanden. E as Leoas Laranjas acabaram decepcionando, no momento culminante. Se haviam começado bem a fase de grupos (em fevereiro, empate em 2 a 2 com a Alemanha e virada fora de casa sobre a Escócia - 2 a 1; em abril, dois 3 a 1 na Áustria, em casa e fora), a chance de voltar às semifinais da Nations League foi duramente encerrada com os 4 a 0 inapeláveis da Alemanha, no dia 30 de maio passado. Pior ainda foi ver a Escócia arrancar, em Tilburg, o único ponto que conseguiu no grupo, com o empate em 1 a 1 que acendeu o sinal de alerta rumo à preparação para a Eurocopa.

Esses dois maus resultados lembraram o caminho turbulento que a Holanda (Países Baixos) teve, da Copa de 2023 até agora. Na Liga das Nações 2023/24, contra a Bélgica, a esperança aumentou, na fase de grupos. Contra Inglaterra, Bélgica e Escócia, as Leoas Laranjas conseguiram passar às semifinais - e à disputa de uma vaga olímpica em Paris-2024 -, de modo empolgante, superando as inglesas no saldo de gols, no último lance da última rodada dos grupos, fazendo 4 a 0 na Bélgica, no fim de 2023. Mas bastou 2024 começar para a realidade se impor. Contra a Espanha, nas semifinais, um categórico 3 a 0 das campeãs mundiais; e na decisão do terceiro lugar, contra a Alemanha, que também valia uma vaga olímpica, nem mesmo jogar em casa (Heerenveen) impediu as alemãs de dominarem, fazerem 2 a 0 e frustrarem uma equipe que desejava muito ir a Paris.

Entre o pessimismo da reta final da Liga das Nações retrasada, o otimismo dos amistosos finais de 2024 e a cautela trazida pela queda nesta Nations League, havia as eliminatórias da Eurocopa no meio do caminho. E elas também tiveram muitas dificuldades. Para começo de conversa, as lesões seguiram perturbando. A começar por Jill Roord, fora de combate desde a lesão grave no joelho, sofrida em janeiro. E a continuar por Daphne van Domselaar, que ficou de fora na estreia, em 5 de abril de 2024, fora de casa, em que as Leoas Laranjas viram a Itália fazer 2 a 0 em cima de uma frágil defesa. Pelo menos, no jogo seguinte, no dia 9, uma vitória por 1 a 0 contra a Noruega contrabalançou as coisas. Aí, antes da terceira e quarta rodadas da qualificação, que trariam dois jogos contra a Finlândia, um anúncio que sobrepujou até as partidas: a despedida de Lieke Martens, tão simbólica para a seleção feminina. Em casa, pelo menos, em 31 de maio de 2024, não só Martens teve as homenagens que merecia da torcida presente a Roterdã, como a vitória veio (1 a 0); em 3 de junho, no último jogo da atacante para valer pelas Leoas Laranjas, porém, novamente o ataque teve dificuldades, e o empate por 1 a 1 contra as finlandesas manteve a pulga atrás da orelha. Sem contar que, neste empate, Victoria Pelova foi mais uma holandesa a sofrer a lesão mais temida: o rompimento do ligamento cruzado...

Seria necessário definir a vaga na Euro nas duas rodadas finais, em julho, contra Itália (casa) e Noruega (fora). E os dois jogos trouxeram muito nervosismo. Contra a Itália, em 12 de julho, bastaria uma vitória para se garantir no torneio continental. E a Holanda tentou, insistiu, mandou até uma bola na trave... mas o 0 a 0 não saiu do placar. Seria necessário ter um ponto, diante da Noruega, na cidade de Brann, em 16 de julho de 2024, para assegurar um lugar na Euro. E as Leoas Laranjas sofreram de novo. No ataque, com a falta de pontaria insistente; na defesa, com uma desatenção que fez as norueguesas abrirem o placar, com Caroline Graham Hansen. O perigo de precisar disputar a repescagem se apresentava... mas, se havia perigo, em quem as Leoas Laranjas poderiam confiar? Em Vivianne Miedema. As lesões intercorrentes do grave problema no joelho, sofrido em 2022, deram uma folga. Em julho, ela estava em campo. E a dez minutos do fim daquele jogo em Brann, coube a ela fazer o gol do empate, da vaga na Euro, do alívio. Um alívio tão grande que fez Miedema e a capitã Sherida Spitse chorarem, nas entrevistas pós-jogo. Não era para menos: com tantas machucadas, com tantas dificuldades ofensivas (foram só quatro gols em seis jogos nas eliminatórias)... mesmo com tudo isso, a Holanda estava na Eurocopa.


Entre marchas e contramarchas, as Leoas Laranjas viajarão para a Suíça, já sabendo que terão novo técnico quando a Euro acabar. Por sinal, um adversário de agora: Arjan Veurink, auxiliar de Sarina Wiegman desde os tempos em que ela era a treinadora das Leoas Laranjas, tendo seguido com ela para a Inglaterra (como se sabe, rival no grupo D da Euro), fará o caminho de volta para as Leoas Laranjas, como sucessor de Andries Jonker. Mas se Jonker se queixava das próprias jogadoras no começo do mês ("Parece que estamos tocando a bola sempre para gente de camiseta errada", alfinetou após o empate contra a Escócia, na Liga das Nações), agora o foco das alfinetadas do atual treinador são os críticos ("Eu nunca ouvi essas pessoas falarem nada sobre futebol feminino, mas basta um tropeço que elas sabem imediatamente qual é o motivo"). Durante os dias de treinos, desde a apresentação na quinta-feira passada, 19, Kerstin Casparij expressou otimismo à ESPN holandesa: "Todas neste time têm muitas qualidades. Eu não queria estar na pele do técnico".

O técnico, enfim, escolheu as 23 jogadoras. Elas têm condições de superar as desconfianças e fazerem papel até elogiável nesta Eurocopa que vem aí. Mas ainda segue a impressão de que o apego às veteranas é demasiado, e que o futuro está demorando para começar nas Leoas Laranjas. A ver se a estreia contra Gales ameniza as desconfianças de que, 12 anos após a queda na Eurocopa feminina de 2013, elas correm risco de voltarem a cair já nos grupos.

A provável escalação de Andries Jonker para a estreia da Holanda (Países Baixos) na Euro feminina, contra Gales (buildlineup.com)

Para saber mais sobre as convocadas, clique nas posições para ver descrições detalhadas delas

Daphne van Domselaar (Arsenal-ING)
Lize Kop (Tottenham Hotspur-ING)
Daniëlle de Jong (Twente)

Kerstin Casparij (Manchester City-ING)
Lynn Wilms (Wolfsburg-ALE)
Ilse van der Zanden (Utrecht)

Dominique Janssen (Manchester United-ING)
Veerle Buurman (PSV)
Caitlin Dijkstra (Wolfsburg-ALE)
Sherida Spitse (Ajax) 

Daniëlle van de Donk (Lyon-FRA)
Jackie Groenen (Paris Saint Germain-FRA)
Damaris Egurrola Wienke (London City Lionesses-ING)
Wieke Kaptein (Chelsea-ING)
Victoria Pelova (Arsenal-ING)

Lineth Beerensteyn (Wolfsburg-ALE)
Vivianne Miedema (Manchester City-ING)
Jill Roord (Twente)
Romée Leuchter (Paris Saint Germain-FRA)
Esmee Brugts (Barcelona-ESP)
Katja Snoeijs (Everton-ING)
Renate Jansen (PSV)
Chasity Grant (Aston Villa-ING)

Andries Jonker (técnico)
Janneke Bijl (auxiliar técnica)
Arvid Smit (auxiliar técnico)
Erskine Schoenmakers (treinador de goleiras)

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