Acabou o primeiro turno do Campeonato Holandês da temporada 2016/17, está acabando o ano, e é possível dizer que esta edição da Eredivisie dá margem a sensações conflitantes. A primeira prova disso está nas ocorrências de intertemporada. Os treinamentos das equipes ainda não se aceleraram, e isso só deve acontecer após este fim de semana dar o pontapé inicial em 2017. Em compensação, as conversas de janela de transferências já estão elevadas. Sejam boatos leves, como as eventuais sondagens do Ajax por jovens brasileiros (Guilherme Arana e Everton Felipe) ou até a possibilidade do Watford antecipar a volta de Steven Berghuis, tirando-o do Feyenoord. Sejam coisas quase certas, como a transferência do meia Albert Rusnák, do Groningen, para o Real Salt Lake, dos Estados Unidos.
De certa forma, a mesma coisa acontece ao se fazer a análise do primeiro turno do Holandês. Dá para exprimir aquela clássica sensação de marasmo, sintetizada numa frase: “Bah, de novo o título vai ficar entre um dos três grandes”. E simultaneamente, quem diria que o clube melhor colocado na busca da Eredivisieschaal é justamente o grande de quem mais se desconfia – o Feyenoord, um justo líder? Além do mais, se na parte de cima da tabela a coisa parece mais delineada, a parte de baixo mostra movimentação muito equilibrada para fugir dos perigos. Quando nada, porque apenas cinco pontos separam o último colocado do 13º.
Há quem terá de lutar contra a dura realidade - como Go Ahead Eagles ou Roda JC, clubes pequenos que lutarão contra a esperada queda, ou o Zwolle, que voltou a viver tempos difíceis. Há quem tenha de conter o perigo - como o ADO Den Haag, cuja incendiária crise interna já chamusca o que se vê no campo, ou os ainda irregulares Sparta Rotterdam e NEC. O fato é que não há um lanterna já praticamente condenado, como houve em temporadas passadas. O que deixa um pouco mais interessante esta primeira parte da revisão do primeiro turno, que começa agora.
Será difícil para o Go Ahead Eagles evitar o rebaixamento. Mas Suk (à esquerda) e Antonia tentam (Erik Pasman/ga-eagles.nl) |
Go Ahead Eagles
Posição: 18ª colocação, com 12 pontos
Técnico: Hans de Koning
Time-base: Zwarthoed; Groenbast, Fischer, Schenk e Achenteh; Ritzmaier, Duits e Brands; Antonia, Wolters e Hendriks (De Kogel)
Artilheiros: Sander Duits (meio-campista), Jarchinio Antonia (atacante) e Sam Hendriks (atacante), todos com 3 gols
Destaque: Jarchinio Antonia (atacante)
Objetivo do início: escapar do rebaixamento
Avaliação: Já se previam as dificuldades da equipe para se manter na elite. Mas com o equilíbrio na parte de baixo e algumas boas atuações, por que não sonhar em ficar?
O Go Ahead Eagles é daqueles clássicos casos de equipes que sobem sabendo que estão condenadas a lutarem para não voltar imediatamente à segunda divisão. Aliás, o próprio acesso do clube de Deventer (de volta, após a queda em 2014/15) já tinha sido surpreendente, de certa forma: na metade da temporada passada, o time parecia sem rumo na Eerste Divisie. Até Hans de Koning chegar, a equipe embalar, chegar à repescagem e superar o De Graafschap, vindo da Eredivisie, para ganhar o lugar na divisão de elite.
O que não quer dizer que o Kowet (apelido do Go Ahead Eagles) esteja sendo um saco de pancadas irremediável. Longe disso: basta lembrar que foi a equipe que impôs ao líder Feyenoord sua única derrota na temporada. Os atacantes mostram relativa qualidade - principalmente Jarchinio Antonia, que oferece velocidade na esquerda. No meio-campo, Joey Suk e Kevin Brands exibem algum esforço. Na defesa, o goleiro Theo Zwarthoed faz o que pode. Além do mais, o time ainda não perdeu terreno em relação aos adversários na disputa para deixar as últimas posições. Uma sequência positiva no returno, e será possível sonhar em ficar na primeira divisão.
Roda JC
Uma dúvida atormenta o Roda JC, que vai mal: como evitar o rebaixamento? (VI Images) |
Roda JC
Posição: 17ª colocação, com 13 pontos
Técnico: Yannis Anastasiou
Time-base: Van Leer; Milec, Kum, Werker e Van Peppen; Rosheuvel, Ajagun, Van Hyfte, Gullón e Auassar; Mytides
Artilheiro: Adil Auassar (meio-campo/atacante), com 2 gols
Destaque: Abdul Ajagun (volante)
Objetivo do início: escapar do rebaixamento
Avaliação: O time de Kerkrade mostra que não aprendeu nada com o sufoco da temporada passada. Pode não ser irremediavelmente ruim, mas tem de melhorar rápido
Na temporada 2015/16 da Eredivisie, o Roda JC sofreu: manteve-se na primeira divisão, mas terminou o campeonato em 14º lugar, duas posições acima da zona de repescagem/rebaixamento. E só conseguiu isso por causa de uma baciada de contratações, algumas com êxito, na pausa de inverno. Com tal desempenho, ficava a lição: era necessário um maior planejamento antes da temporada, para não ter de correr atrás de novo. Pelo que se viu nessas primeiras 17 rodadas, a equipe de Kerkrade não aprendeu coisa alguma. Os Koempels estão sofrendo de novo – e não passam a impressão de que mudarão.
Algumas contratações até tentam se justificar em campo (casos de Abdul Ajagun, no meio, e a dupla Mikhail Rosheuvel e Adil Auassar, no ataque), mas a equipe segue frágil na frente: é a que menos marcou no campeonato – apenas oito gols! Pior: sequer venceu em casa na temporada! Na defesa, o repentino fim de carreira do zagueiro Roel Brouwers também trouxe turbulências: apenas o goleiro Benjamin van Leer dá alguma confiança. Pelo menos, a fase anda mais estável: sofrendo com a pressão, o técnico grego Yannis Anastasiou agora tem a ajuda do “auxiliar de luxo” Sef Vergoossen. Mas mesmo essa estabilidade é defeituosa: com sete empates nas últimas oito rodadas, o time pode não cair definitivamente para a lanterna, mas também não sai da zona de repescagem/rebaixamento. De novo, a correção de rota terá de ser feita na intertemporada, com contratações para tentarem salvar um time que tem se mostrado incompetente no Holandês.
Numa temporada de desilusão pesada, Menig chama a responsabilidade no Zwolle (Henry Dijkman/VI Images) |
Zwolle
Posição: 16ª colocação, com 14 pontos
Técnico: Ron Jans
Time-base: Van der Hart; Van Polen, Van de Pavert, Marcellis e Verdonk; Warmerdam e Brama; Ehizibue, Ryan Thomas e Menig; Achahbar (Brock-Madsen)
Artilheiro: Queensy Menig e Younes Mokhtar (meio-campistas/atacantes), ambos com 3 gols
Destaque: Queensy Menig (atacante)
Objetivo do início: vaga nos play-offs pela Liga Europa
Avaliação: Com um primeiro turno péssimo e várias atuações decepcionantes, o Zwolle voltou a ter ambições de time pequeno. O sonho vivido entre 2014 e 2016 parece ter acabado
Mesmo sem impressionar em 2015/16, o Zwolle ainda conseguiu ter desempenhos elogiáveis para uma equipe holandesa de pequeno/médio porte. Terminou em 8º lugar na temporada regular, entrando nos play-offs por lugar na Liga Europa. Caiu para o Utrecht, sim, mas ficava a sensação reconfortante de que os “Dedos Azuis” continuariam com um grupo para ficar no meio da tabela – situação mais do que confortável para um time que estava na segunda divisão há quatro anos. As contratações também eram promissoras. Hachim Mastour, meia cedido pelo Milan; Anass Achahbar, de atuações promissoras no Feyenoord; jovens emprestados dos times grandes, como Calvin Verdonk (Feyenoord) e Django Warmerdam (Ajax)... Mas nada de positivo se concretizou aconteceu. Diante do que lhe aconteceu nos últimos anos, o Zwolle é das grandes decepções da temporada.
Primeiramente, por uma razão muito simples: os reforços vindos não deram certo - ainda não, pelo menos. Depois, porque a defesa anda fraquejando: é a mais vazada do campeonato, com 34 gols sofridos, algo até surpreendente para um time cujo esquema, o habitual 4-2-3-1, protegia a zaga. As atuações estão ruins tanto fora (segundo pior) quanto em casa (terceiro pior). A perda de uma referência de ataque, como já foram Tomas Necid e Lars Veldwijk, prejudicou a equipe. E o Zwolle, hoje, volta a ter de lutar para não cair. Algo com que já estava desacostumado. Pois é: parece que o sonho acabou. Resta a ressaca, como brincou o lateral direito e capitão Van Polen, após derrota para o Heracles, na última rodada de 2016: “Vou tomar umas cervejas, ficar bêbado...”.
O Excelsior de Vermeulen chegou a sonhar com uma temporada mais tranquila. Ledo engano (Hollandse Hoogte) |
Excelsior
Posição: 15ª colocação, com 16 pontos
Técnico: Mitchell van der Gaag
Time-base: Muyters; Karami, Kuipers, Mattheij e Drost; Koolwijk, Vermeulen e Fortes (Faik); Elbers, Hasselbaink e Fredy
Artilheiro: Stanley Elbers (atacante), com 5 gols
Destaque: Kevin Vermeulen (atacante)
Objetivo do início: escapar do rebaixamento
Avaliação: O começo foi tão bom que deu a impressão de que o Excelsior poderia surpreender. Mas foi só impressão: a situação está difícil, mesmo com bons atacantes
“Como assim? Há duas temporadas o Excelsior fica na primeira divisão raspando, terminando em 15º (primeira posição fora da zona de repescagem/rebaixamento), e agora começa razoavelmente o campeonato?!” Foi exatamente esta a impressão que tomou conta do colunista ao ver o início promissor do time do bairro de Kralingen, em Roterdã: duas vitórias em dois jogos, levando os Kralingers a ocuparem momentaneamente a terceira posição. Mas bastou a temporada transcorrer para que tudo voltasse ao normal. Primeiramente, duas derrotas sofridas nas 3ª e 4ª rodadas (incluindo aí um 4 a 1 sofrido para o “co-irmão” citadino Feyenoord).
Depois, a partir da 6ª rodada, a dura realidade voltou a se impor ao Excelsior: foram sete rodadas sem vitórias, levando o time a se reaproximar de suas velhas conhecidas, as últimas posições da tabela. Pelo menos, o time ainda não atolou nas três últimas posições, tomando fôlego com alguns empates (foram três, nas cinco partidas mais recentes). Além do mais, como também já é habitual no time, alguns atacantes mostram certo talento – casos de Nigel Hasselbaink, o angolano Fredy Ribeiro e Stanley Elbers. Mas ainda é pouco para minorar a sensação de que o Excelsior é mais um time da Eredivisie que não aprendeu com as lições dos campeonatos anteriores.
Crise cada vez mais aflitiva, dentro e fora de campo. E a torcida do ADO Den Haag só quer alguém que inspire calma e respeito, como Beugelsdijk (Laurens Lindhout) |
ADO Den Haag
Posição: 14ª colocação, com 17 pontos (atrás pelo menor saldo de gols)
Técnico: Zeljko Petrovic
Time-base: Setkus; San Román (Ebuehi), Meissner, Beugelsdijk e Kanon; Trybull, Jansen e Meijers (Hevel); Kastaneer (Schaken), Havenaar (Van der Heijden) e Duplan (Becker)
Artilheiros: Tom Beugelsdijk (zagueiro), Mike Havenaar e Gervane Kastaneer (atacantes), todos com três gols
Destaque: Tom Beugelsdijk (zagueiro)
Objetivo do início: escapar do rebaixamento/vaga nos play-offs por Liga Europa
Avaliação: O que mais se temia em Haia aconteceu: a confusão fora de campo está se refletindo dentro das quatro linhas. Coisa pior pode vir, se não houver reação
Já se comentou aqui sobre a via-crúcis que está de volta ao ADO Den Haag. Novamente, o clube de Haia sofre com a briga escancarada entre a empresa chinesa United Vansen (e seu dono, Hui Wang, que detém a maioria das ações do clube) e o conselho deliberativo – agora, a situação já chegou aos tribunais, com Wang tentando falar grosso e fazer valer seu poder de mando, enquanto a “ala holandesa” tenta de todo modo defenestrar o empresário chinês do comando do Den Haag. O problema novo é que, se o time auriverde conseguiu conter o impacto dessa crise dentro de campo em 2015/16, agora não está conseguindo fazer isso.
Basta notar a escalação básica do time, logo acima: nenhum outro time no Campeonato Holandês tem tantos reservas se alternando com os supostos titulares absolutos (são cinco “substituições” na base supracitada). Prova disso está no ataque: se Ruben Schaken, Mike Havenaar e Édouard Duplan eram jogadores em quem a torcida podia confiar na temporada passada, agora periodicamente dão o lugar no time para jogadores que até têm se destacado mais, como Sheraldo Becker e Gervane Kastaneer. Na defesa, o único jogador plenamente confiável é o zagueiro Beugelsdijk, ídolo da torcida. Essa irregularidade também é responsabilidade do treinador Zeljko Petrovic – que tem deixado a desejar, com muita fala e pouca ação. O time de Haia está numa situação limítrofe: ainda pode controlar a queda, mas precisa começar isso já. Senão, a sensação incômoda de que a crise pode piorar se transformará em fato.
Não raro, Loris Brogno sai do banco para ajudar o Sparta. Se quiser afastar mais o temor da volta à segunda divisão, o clube de Roterdã precisará muito dele (ANP/Pro Shots) |
Sparta Rotterdam
Posição: 13ª colocação, com 17 pontos
Técnico: Alex Pastoor
Time-base: Kortsmit; Dumfries, Breuer, Vriends e Van Drongelen; Dijkstra, Spierings e Dougall (Van Moorsel); Verhaar, El Azzouzi e Brogno (Goodwin)
Artilheiro: Loris Brogno (atacante), com 7 gols
Destaque: Loris Brogno e Zakaria El Azzouzi (atacantes)
Objetivo do início: escapar do rebaixamento
Avaliação: Se mostra irregularidade demais para sonhar com a parte de cima da tabela, o nível técnico razoável dos Spartanen torna possível se manter na Eredivisie sem problemas
Atuando em casa, o campeão da segunda divisão em 2015/16 faz uma campanha até elogiável, de meio de tabela: 10º colocado, considerando-se apenas as partidas que cada clube da Eredivisie faz em seus domínios. Já jogando fora de Het Kasteel, o Sparta preocupa demais: é o segundo pior time do campeonato. E a irregularidade pode ser mostrada também na análise da trajetória dos Spartanen no primeiro turno: a equipe já chegou a ser sexta colocada (na 3ª rodada), por algum tempo se estabilizou entre a 7ª e a 9ª posições... e agora, com a má sequência do fim do turno – três derrotas e um empate, incluindo goleada sofrida para o Feyenoord (6 a 1) -, desceu para a 13ª posição. E essa roda-viva também é visível nas atuações dos jogadores.
Por exemplo: o destaque da equipe trata-se de um reserva. A bem da verdade, nem tanto: afinal de contas, o atacante belga Loris Brogno geralmente começa jogando. Mas nas partidas finais de 2016, não foi raro vê-lo sair do banco para recolocar o Sparta nos jogos. Já Thomas Verhaar, destaque do título da temporada passada, ocupa papel cada vez mais secundário – até pelas boas atuações de Zakaria El Azzouzi, reforço que deu certo. Porém, o meio-campo inspira cuidados na marcação: faltam volantes com essa qualidade no grupo de jogadores. Se puder resolver todas essas irregularidades (e pode), o Sparta tem tudo para se garantir na Eredivisie da próxima temporada.
Num NEC que sofre com a "montanha-russa", Mayi garante algum talento e alguns gols (ANP/Pro Shots) |
NEC
Posição: 12ª colocação, com 19 pontos (atrás pelo menor saldo de gols)
Técnico: Peter Hyballa
Time-base: Delle; Buwalda, Dumic, Golla e Fomitschow; Janio Bikel, Von Haacke e Breinburg; Ofosu (Kadioglu), Mayi (Grot) e Rayhi
Artilheiro: Dario Dumic (zagueiro) e Kévin Mayi (atacante), ambos com 4 gols
Destaque: Kévin Mayi (atacante)
Objetivo do início: vaga nos play-offs pela Liga Europa
Avaliação: A montanha-russa vivida neste primeiro turno foi tamanha que o NEC podia estar até pior. Mas, aos poucos, o time vai se encontrando e se entrosando
Quando o Campeonato Holandês começou, duas coisas impressionaram no NEC. Primeiro, como a Alemanha tinha sido o alvo preferencial de reforços: não só pelo técnico Peter Hyballa, mas também por alguns jogadores, como o lateral esquerdo André Fomitschow e o meio-campo Julian von Haacke. Era a tentativa de implantar um estilo tático na equipe de Nijmegen. Depois, impressionou o mau começo. Não bastassem as derrotas na pré-temporada, houve apenas duas vitórias nas primeiras dez rodadas da Eredivisie. Ainda assim, os Nijmegenaren não se desesperaram. E nem se desesperam.
Mesmo com uma situação irregular (um time bom em casa, a ponto de ter vendido caro a derrota para o Feyenoord, mas ruim fora), alguns jogadores se firmaram no time. Na zaga, Dario Dumic não só oferece segurança na marcação, mas até chega bem ao ataque, como lateral ou zagueiro. No ataque, há velocidade e até talento, com gente como Kévin Mayi, Reagy Ofosu, Jay-Roy Grot e a revelação Ferdi Kadioglu. Ainda há duros tropeços, como a goleada para o Ajax, na 13ª rodada. Mas o NEC poderia estar pior nessa montanha-russa. A aposta no estilo de jogo se mostra promissora aqui e ali, e parece haver paciência com Hyballa. O returno dará mais respostas.
O Willem II comemora quando tem a chance de ver o (Fran) Sol brilhar (Pro Shots) |
Willem II
Posição: 11ª colocação, com 19 pontos
Técnico: Erwin van de Looi
Time-base: Lamprou; Heerkens, Lachman, Peters e Tshimanga (Koppers); Ojo, Falkenburg e Kali; Croux, Fran Sol e Haye
Artilheiro: Fran Sol (atacante), com 7 gols
Destaque: Fran Sol (atacante)
Objetivo do início: escapar do rebaixamento
Avaliação: Nas constantes alternâncias da parte inferior da tabela, o Willem II terminou bem a primeira parte da temporada. E mereceu isso. Mais: é capaz de continuar assim
Se o equilíbrio vivido nas últimas nove posições da tabela prejudica Sparta Rotterdam e NEC, o Willem II é o exemplo oposto. A história vivida pela equipe de Tilburg nesta temporada se assemelhou à de 2015/16 em boa parte do primeiro turno: nem era uma equipe de qualidade técnica tão baixa assim (e isso era visível até em resultados como a vitória sobre o Ajax, em plena Amsterdam Arena), mas os resultados não vinham. Não vinham nem mesmo em casa, onde a torcida pressionava cada vez mais. Com isso, o clube bordejava as últimas posições, até mesmo entrando na zona de repescagem/rebaixamento. Era até difícil saber por que os Tricolores da cidade de Tilburg não engrenavam.
Bons jogadores, havia: além da permanência do destaque Erik Falkenburg, as contratações para a temporada estavam dando certo. Que o dissessem o espanhol Fran Sol, que chegou do Villarreal e já virou referência no ataque, e Thom Haye, subutilizado no AZ e mostrando até técnica suficiente para jogar na ponta-esquerda. No gol, Kostas Lamprou deixava a insegurança de 2015/16 para trás. Por causa deles, e até como certo estímulo, 2016 terminou com invencibilidade promissora: três empates em duas vitórias. Com os tropeços dos adversários, o Willem II subiu a uma 11ª posição mais condizente. E com um time esforçado, mais algum talento, pode ficar nessa região da tabela.
Groningen
Num Groningen que ainda não disse a que veio, Sergio Padt ostenta comando na defesa (VI Images) |
Groningen
Posição: 10ª colocação, com 20 pontos
Técnico: Ernest Faber
Time-base: Padt; Hateboer, Larsen, Memisevic e Reijnen; Tibbling, Van Weert, Jenssen; Mahi, Linssen e Rusnák
Artilheiro: Mimoun Mahi (atacante), com 6 gols
Destaques: Mimoun Mahi (atacante) e Sergio Padt (goleiro)
Objetivo do início: vaga nos play-offs pela Liga Europa/vaga direta na Liga Europa
Avaliação: O nível técnico da equipe do Norte holandês continua razoável. Ainda assim, há a sensação de que falta algo para os Groningers decolarem
Já há algumas temporadas, o Groningen é um time estranho. Parece talhado para falar mais grosso no futebol holandês, como fazem outros clubes médios do país (Heerenveen e Vitesse são bons exemplos), mas não decola. Há apenas duas temporadas, faturou a Copa da Holanda. Tal conquista, a primeira de sua história, o levou à fase de grupos da Liga Europa. E nada disso fez o time ganhar confiança, ter atuações de regulares para ascendentes. Nem mesmo fez a torcida se animar. Ao contrário: a pressão constante perturbou bastante os Groningers na temporada passada. Antes de mais nada, ter calma era necessário para uma campanha mais tranquila. O problema agora é que a campanha na liga holandesa está tranquila... até demais.
O time alviverde tem se mostrado mediano na acepção da palavra: nunca passou sustos, mas não ganhou condições de aspirar a coisa melhor, ainda. O que é estranho, pois há jogadores de qualidade razoável, para os padrões (baixos) da Eredivisie. Sergio Padt é um dos melhores goleiros do campeonato – não bastasse a segurança habitual, ainda pega muitos pênaltis (de 10 marcados contra o Groningen, pegou metade). Tom van Weert é armador promissor, Mimoun Mahi é veloz e insinuante pela ponta, Bryan Linssen pode voltar a ser referência na finalização. Mas ainda falta algo ao “Orgulho do Norte”. Quem sabe os treinos da intertemporada possam ajudar a encontrar esse “algo”.
(Coluna originalmente publicada na Trivela, em 30 de dezembro de 2016. Ampliada e atualizada)
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