quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Quase nada mal

Na quinta rodada da fase de grupos da Liga dos Campeões, havia desafios à vista para todos os holandeses participantes da Liga Europa desta temporada. O PSV poderia até ficar em boas condições no grupo E, o AZ tinha possibilidades no grupo F, o Feyenoord poderia turbinar suas perspectivas no grupo K... mas tudo isso só aconteceria se todos eles vencessem suas partidas. Nem sempre isso aconteceu. Ainda assim, mesmo com alguns motivos para lamentações aqui e ali, um deles garantiu sua vaga na segunda fase da competição. E os outros dois ainda dependem só de suas forças para fazerem o mesmo.

O AZ só tem a lamentar o pênalti perdido por Koopmeiners: mostrou qualidades contra o Napoli, e aumentou a confiança na classificação à segunda fase da Liga Europa (ANP)

Talvez nenhum outro time tenha tantos motivos para lamentar sua sorte na rodada quanto o AZ. E nem parecia que isso ocorreria no primeiro tempo contra o Napoli: se Albert Gudmundsson já teve boa chance com apenas alguns segundos de jogo (o goleiro David Ospina pegou), uma desatenção da defesa já bastou para o cruzamento de Di Lorenzo encontrar Dries Mertens livre. E o belga desviou precisamente: aos 6', os visitantes da Itália já faziam 1 a 0. Para piorar, a equipe de Alkmaar era impedida de mostrar sua velocidade ofensiva habitual, com a ótima partida que faziam nomes como Kalidou Koulibaly, na zaga, e Tiemoué Bakayoko, no meio-campo, ambos sempre se antecipando nas jogadas. Com isso, os Alkmaarders só tiveram duas chances dignas do nome (o chute de Zakaria Aboukhlal espalmado por Ospina aos 28', e o desvio de cabeça de Pantelis Hatzidiakos, por cima do gol, aos 44'). Como se não bastasse, o Napoli continuou assustando nos contragolpes.

Que diferença em relação ao segundo tempo. Já no começo, Calvin Stengs teve grande chance para o empate, aos 52'. No minuto seguinte, veio o 1 a 1: Aboukhlal cobrou escanteio, Teun Koopmeiners chutou, e Bruno Martins Indi completou para mais um gol seu em bola parada nesta temporada. Foi a senha para o AZ, aí sim, engrenar no ataque. Tanto Stengs quanto Aboukhlal trouxeram problemas às laterais do Napoli, a bola rondava a área... e a chance definitiva para a virada veio aos 60', quando Aboukhlal sofreu pênalti de Bakayoko. Mas aí, o capitão Koopmeiners - dos melhores cobradores de pênalti do futebol holandês - perdeu quando não podia: bateu mal, facilitando o serviço de Ospina na defesa. Pelo menos, no restante do jogo, se sofreu atrás (Andrea Petagna teve duas grandes chances, aos 76' e 86', e errou nas duas), o AZ seguiu valente no ataque. Provou seu valor ao Napoli. E mesmo que Koopmeiners tenha amargado seu erro ("A culpa é minha", lamentou à FOX Sports holandesa após o jogo), mesmo que esteja na terceira posição do grupo F, mesmo que tenha de vencer o Rijeka na Croácia para ir à segunda fase da Liga Europa... provou sua capacidade para fazer tudo isso na próxima quinta.

O PSV fez por merecer o gol que Malen marcou - e que já garantiu a classificação à segunda fase (Getty Images)

Na Espanha, jogando contra o Granada, o PSV fez o contrário do AZ. Desde o começo da partida em Los Cármenes, os visitantes de Eindhoven pressionaram bem mais, contando com Philipp Max (outra boa atuação), Cody Gakpo e Donyell Malen - que perdeu grande chance, aos 24', em chute que passou à direita do goleiro Rui Silva. Nem mesmo a saída de mais um lesionado, Noni Madueke, ainda no primeiro tempo, diminuiu o ímpeto dos Boeren. Que tiveram o merecido prêmio por tanta insistência aos 38', numa jogada já conhecida agradavelmente pela torcida: Max cruzou da esquerda, Malen completou, gol, 1 a 0. Vantagem valiosa no grupo E, provando, aliás, a importância de Malen na campanha, até o momento (quatro gols só na fase de grupos, mais dois na 3ª fase preliminar). Só seria necessária no segundo tempo a atenção que o PSV não teve em outras partidas da campanha - a começar pela própria derrota para o Granada na estreia, em pleno Philips Stadion.

Pois bem, o PSV até seguiu atacando no começo da etapa complementar - Denzel Dumfries exigiu boa defesa de Rui Silva, aos 55. Mas, aos poucos, foi proteger a vantagem na defesa. E o Granada passou a assustar mais. Aí entrou alguma sorte dos Boeren. No chute que Yangel Herrera perdeu aos 64', mandando a bola à esquerda do gol de Yvon Mvogo; na boa defesa do próprio goleiro suíço, aos 67' (Herrera tentou de novo), nas boas chances que tanto Darwin Machís quanto Roberto Soldado perderam. Se só Eran Zahavi teve oportunidade para o segundo gol, numa bicicleta aos 66', o PSV mostrou competência ao se aguentar. E beneficiado pela inesperada vitória do lanterna Omonia Nicósia sobre o PAOK, teve a vaga garantida, ainda que na segunda posição do grupo E. Poderá receber o Omonia na última rodada, em Eindhoven, sem pressão alguma.

Um certo azar, aliado à incompetência, renderam mais uma derrota do Feyenoord em casa (ANP)

A pressão fica toda para o Feyenoord. Que era até igual ao Dinamo Zagreb, durante a maior parte do primeiro tempo: nenhuma das duas equipes tentava muita coisa em De Kuip - e quando tentava, a defesa do adversário impedia. Mas se houve uma vítima do destino em Roterdã, foi o Stadionclub. Primeiro, na lesão muscular que tirou Bryan Linssen do jogo aos 30'. Depois, com a sequência de problemas nos acréscimos, que tinham três minutos. Justamente aos 45' + 3, Uros Spajic disputou a bola pelo alto, e involuntariamente foi acertado na testa. Sangrando pelo impacto, o zagueiro sérvio saiu de campo (foi substituído no intervalo). Na falta da sequência, Lirim Kastrati tentou na primeira vez - Nick Marsman defendeu -, e na sequência sofreu o pênalti que Bruno Petkovic converteu para o 1 a 0.

Os fatos fortuitos prejudicaram o Feyenoord. Mas não há desculpas para a incapacidade defensiva que o time apresentou no começo do segundo tempo. Foi o bastante para, numa rápida triangulação, o Dinamo Zagreb fazer 2 a 0 (Petkovic ajeitou, Arijan Ademi cruzou, Lovro Majer girou e completou para o gol, aos 53') e garantir a classificação e a liderança do grupo K. Só restou a reclamação justa de Tyrell Malacia na saída de campo, sobre as lesões que vitimam os Rotterdammers. E o tom firme do técnico Dick Advocaat: "Faltou sorte e qualidade. Mas vamos esquecer isto rápido". Sobrou até para Spajic: "Ele devia ter saído de campo só numa maca. É nessas horas que se deve ter mais profissionalismo". 

Ainda assim, mesmo com todos esses reveses, o Feyenoord tem chances de se classificar. Mais chances ainda têm o AZ. E o PSV está garantido. Mesmo com só uma vitória de neerlandês nesta quinta rodada, quase nada mal.

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