domingo, 10 de abril de 2016

810 minuten: como foi a 30ª rodada da Eredivisie

Ajax não foi tão superior quanto se esperava. Mas conseguiu a vitória contra Cambuur (ANP/Pro Shots)

Zwolle 3x1 Roda JC (sexta-feira, 8 de abril)

Dois momentos distintos na partida que abriu a 30ª rodada do Campeonato Holandês. No primeiro tempo, nem o retrospecto negativo (há oito jogos não vencia o Zwolle fora de casa) impediu o Roda JC de impor seu domínio. Já aos seis minutos, poderia ter aberto o placar, num chute de Rydell Poepon; depois, foi a vez de Mike van Duinen quase marcar; finalmente, aos 41 minutos, uma falta cobrada por Jordy Buijs foi mandada para escanteio, pelo goleiro Mickey van der Hart. No córner, o mesmo Buijs mandou para a área, e Marcos Gullón fez o merecido 1 a 0 para os Koempels.

Já tendo gastado uma alteração na etapa inicial, o técnico Ron Jans jogou todas as cartadas no intervalo: aumentou a velocidade no ataque, colocando em campo Stef Nijland e Sheraldo Becker e devolvendo os Zwollenaren ao 4-2-3-1 habitual, após um 4-5-1 básico ter sido o esquema tático inicial. Em quatro minutos, a aposta de Jans deu resultado: o meio-campo Ouasim Bouy lançou Queensy Menig em profundidade, e este tocou na saída do goleiro Benjamin van Leer para empatar o jogo. Depois, o próprio Bouy se afirmou como o destaque da virada dos Dedos Azuis: fez 2 a 1 (chute de longe, aos 28 minutos) e também 3 a 1 (cabeceio, aos 33). Mais do que igualar um recorde histórico do clube (quarta vitória seguida em casa, como em 1979 e 2014), o triunfo manteve o Zwolle firme na disputa por uma vaga nos play-offs da Liga Europa.

Excelsior 1x3 Heracles (sábado, 9 de abril)

Por mais que tenha sido até mais ofensivo no jogo, o Excelsior é o antepenúltimo colocado na tabela da Eredivisie. Deste modo, não foi difícil para os Heraclieden imporem a clara superioridade, em campo e nos resultados. Já aos seis minutos do primeiro tempo, uma cobrança de falta de Thomas Bruns mandou a bola na cabeça de Wout Weghorst, e o atacante fez 1 a 0 para os visitantes. E ainda no primeiro tempo, aos 37, Weghorst chegou aos 10 gols no campeonato: aproveitou passe em profundidade de Iliass Bel Hassani, e tocou na saída do guarda-metas Tom Muyters, ampliando a vantagem dos Almelöers.

Para complicar mais, um dos mais razoáveis atacantes do anfitrião (Tom van Weert) saiu de campo no intervalo, com um ferimento na cabeça. Pelo menos, no segundo tempo, o Excelsior aproveitou logo a primeira chance que teve: em apenas 14 segundos, Stanley Elbers chutou, o arqueiro Bram Castro rebateu, mas Brandley Kuwas marcou o gol dos Kralingers. Todavia, não demorou muito para os visitantes conterem o ímpeto: aos 15 minutos, Jaroslav Navrátil cruzou, e o zagueiro Ramon Zomer cabeceou, fazendo 3 a 1. Mais uma vitória do Heracles, que parecem se recuperar do baque inicial da saída de Oussama Tannane, e estão firmes na zona dos play-offs.

Cambuur 0x1 Ajax (sábado, 9 de abril)

Mesmo jogando na cidade de Leeuwarden, era de se esperar uma vitória fácil do Ajax contra o último colocado da Eredivisie. Pois não foi o que aconteceu. Nem tanto por mérito dos Leeuwarders, mas por falha dos Ajacieden: lentos e até nervosos, os jogadores criaram poucas chances de gol nos primeiros 45 minutos. A não ser por um cabeceio do zagueiro Mike van der Hoorn, aos 13 minutos (a bola passou rente ao gol defendido por Leonard Nienhuis), e por uma jogada individual de Amin Younes, aos 31 (o alemão driblou dois zagueiros, mas chutou em cima de Nienhuis), nada de emocionante aconteceu no primeiro tempo. E poderia ter sido até pior para os visitantes. 

Porque, ainda no começo do segundo tempo, o Cambuur teve ótima chance para fazer 1 a 0: aos 13 minutos, o atacante Jergé Hoefdraad se aproveitou de falha de Riechedly Bazoer, dominou a bola e chutou para boa defesa de Jasper Cillessen. Aí, o time de Amsterdã sacou: era preciso acelerar o ataque e resolver rapidamente o jogo. A entrada de Anwar El Ghazi, no lugar de Lasse Schöne (aos 9, antes mesmo da chance de Hoefdraad), ajudou nisso. E aos 16 minutos da etapa final, veio o alívio: El Ghazi cruzou da direita, e Davy Klaassen desviou de cabeça na primeira trave, fazendo o 1 a 0 necessário. Após o jogo, o capitão Klaassen reconheceu: "Estamos felizes com o resultado, mas o jogo precisa melhorar". Justo. Pelo menos, os três pontos mantiveram a liderança do campeonato.

Vitesse 2x2 ADO Den Haag (sábado, 9 de abril)

Pelo início de jogo no estádio Gelredome, em Arnhem, parecia que o Vites novamente frustraria sua torcida, com a terceira derrota seguida em casa, logo após perder o "dérbi da Géldria" para o NEC. O Den Haag dominou completamente a parte inicial do primeiro tempo, e não demorou para fazer 1 a 0: já aos sete minutos, após escanteio, o volante Sheran Yeini desviou acidentalmente ao tentar tirar a bola da área, e Mike Havenaar cabeceou para as redes. Só aí os mandantes aurinegros apertaram o passo: começaram a criar as jogadas de ataque, as chances apareceram (a maior delas, em chute de Milot Rashica) e enfim tiveram o empate: aos 35 minutos, Lewis Baker cobrou falta na cabeça de Guram Kashia, e o zagueiro georgiano (e capitão) igualou o placar.

Só que a montanha-russa de desempenhos seguiu no Vitesse. Nos 45 minutos complementares, a defesa voltou a dar calafrios, como de costume neste returno: aos 18, tentando cortar cruzamento de Aaron Meijers, o zagueiro Maikel van der Werff mandou de cabeça para as próprias redes, cometendo gol contra. E mais um revés se previa para o Vitesse. Até que Dennis Oliynyk salvou o dia: saído do banco (substituiu Van der Werff aos 35 minutos), o atacante ucraniano empatou nos acréscimos, aos 47, em chute da entrada da área. O lateral esquerdo Kosuke Ota quase virou o jogo depois, mas o resultado ficou no empate. Que nem foi tão mal para os anfitriões: bem ou mal, embora com a mesma pontuação do Zwolle, o Vitesse segue na zona dos play-offs por Liga Europa.

De Jong converte o pênalti que sacramentou a vitória; alívio em partida inesperadamente difícil do PSV (ANP/Pro Shots)

PSV 2x0 Willem II (sábado, 9 de abril)

Se o Ajax teve dificuldades para vencer o lanterna Cambuur (dificuldades causadas por si próprio, diga-se de passagem), o PSV talvez tenha suado até mais para superar o Willem II. Curiosamente, o início da partida no Philips Stadion não fazia supor isso: os Boeren tiveram boas chances para abrir o placar. A primeira delas até foi às redes, aos sete minutos: Davy Pröpper cobrou falta, e Luuk de Jong cabeceou para as redes, mas o gol foi (justamente) anulado pelo juiz Bas Nijhuis, pelo impedimento do atacante. Aos 17, outra boa chance: De Jong recebeu o passe, segurou a bola e deixou-a com Marco van Ginkel. O meio-campista entrou livre na área e chutou forte, no travessão.

Todavia, o jogo foi mudando lentamente. Com dois jogadores ofensivos nas pontas (Terell Ondaan e Lucas Andersen, que trocavam de lado), o Willem II continha os laterais dos Eindhovenaren. A pressão para cima de Santiago Arias foi até maior, a ponto do lateral colombiano levar o seu primeiro cartão amarelo, aos 16 minutos. Algumas decisões polêmicas de Bas Nijhuis também foram exasperando os jogadores do time mandante. E o perigo dos Tilburgers foi crescendo fora de casa: aos 33, um cabeceio desviou em Nicolas Isimat-Mirin (substituto do suspenso Jeffrey Bruma na zaga), forçando o goleiro Jeroen Zoet a espalmar apressadamente pela linha de fundo.

Na etapa complementar, a coisa ficou até mais tensa para o PSV. Em outra chegada atrasada, aos 11 minutos, Arias puxou o lateral Guus Joppen e levou o segundo cartão amarelo, sendo expulso de campo - enfurecido, o colombiano chegou a quebrar um vidro do vestiário com um soco (o clube o multará por isso). Mas justamente quando a zebra "desejada" pelo Ajax mais se avizinhava, aconteceu o que o técnico dos Tricolores visitantes, Jurgen Streppel, lamentou na entrevista pós-jogo: com um homem a mais, o Willem II foi desordenadamente ao ataque, e abriu espaços na defesa.

Bastou: nas bolas paradas, os Boeren chegaram à vitória. Aos 23 minutos, após escanteio, Luuk de Jong escorou para trás, e Van Ginkel completou para as redes: era o gol do desafogo PSV'er, o sexto do meio-campista em nove jogos no ano (apenas Vincent Janssen e Arkadiusz "Arek" Milik marcaram mais do que ele em 2016). Aos 34, em bola lançada para a área, o zagueiro Dries Wuytens puxou De Jong. Pênalti, que o atacante cobrou para marcar seu 21º gol no Campeonato Holandês, mantendo a disputa ferrenha pelo posto de goleador. E mantendo o PSV vivo na disputa contra o Ajax pelo título, ao final das 34 rodadas.

Heerenveen 4x2 AZ (domingo, 10 de abril)

Aparentemente, acabou a ascensão do AZ, que o levou do meio da tabela às primeiras posições sem escalas. Se a equipe de Alkmaar sofrera o empate contra o Twente nos acréscimos, há duas rodadas, o 4 a 2 do PSV na semana passada já fora mais inquestionável. E neste domingo, a vitória do Heerenveen novamente pôs a nu as fragilidades defensivas dos Alkmaarders. A primeira do dia, aliás, veio justamente daquele que é considerado o solucionador dos problemas do miolo de zaga na virada de turno: Ron Vlaar. Aos nove minutos do primeiro tempo, o zagueiro desviou acidentalmente cruzamento de Stefano Marzo, cometendo o gol contra que deixou o Heerenveen na frente. Ainda na etapa inicial, o Heerenveen teve chances até para resolver a partida de vez, mas as desperdiçou. Poderia ter custado caro. Porém, bem melhor do que os visitantes no jogo, o Fean acalmou-se com o 2 a 0 no segundo tempo, logo aos sete minutos, com o volante Joey van den Berg, voltando de suspensão. 

Dabney dos Santos até trouxe algum susto, ao diminuir a vantagem já na parte final do jogo (33 minutos). Só que o ataque do time da Frísia, em ótimo dia, voltou a acelerar e ainda fez mais dois gols: aos 39, com Arber Zeneli, e aos 44, com Luciano Slagveer (que substituíra Zeneli logo após o gol deste). Para o AZ, a única razão de alegria foi Vincent Janssen: nos acréscimos da etapa final, ele fez seu 21º gol no campeonato, igualando de novo Luuk de Jong na artilharia. De resto, frágil defensivamente nas rodadas recentes, a equipe de Alkmaar ficou mais distante da terceira posição - e foi superada por Utrecht e Heracles Almelo na tabela. Ainda está confortável, mas precisa se cuidar para manter o lugar seguro na zona dos play-offs por Liga Europa. Zona que o Heerenveen voltou a querer alcançar: mesmo em 11º, está a quatro pontos dela. E Van den Berg prometeu: "Faremos tudo para alcançar os play-offs. É necessário tê-los na mira, senão, por que jogar?".

Groningen 3x1 De Graafschap (domingo, 10 de abril)

Mesmo que perdesse o jogo - e era até o mais provável -, o De Graafschap já sabia que não cairia para a última posição: afinal, mesmo oferecendo alguma resistência, o Cambuur caíra para o Ajax. Ainda assim, um lance de sorte colocou os Superboeren na frente do placar, já no começo da partida. Aos oito minutos do primeiro tempo, um chute longo do zagueiro Jeroen Tesselaar alcançou o atacante Cas Peters. Este chutou fraco, só que o goleiro Sergio Padt deixou passar, e veio o 0 a 1. Crescia a esperança do time de Doetinchem conseguir um triunfo inesperado, que melhoraria ainda mais as perspectivas de conseguir a manutenção na divisão de elite, ainda que via play-offs. Mas Rasmus Lindgren repetiu contra os visitantes o mesmo que fizera contra o ADO Den Haag, na rodada passada: aos 37 minutos, com uma falta bem cobrada, marcou gol. E empatou o jogo.

O ritmo do jogo no estádio Euroborg caiu um pouco no segundo tempo, mas uma alteração mudou isso: a entrada do ponta Oussama Idrissi, no lugar de Jarchinio Antonia, aos 22 minutos. E Idrissi teve a sorte de estar nos dois gols que sacramentaram a virada do Groningen. Aos 31, ele cruzou, e o volante Hedwiges Maduro cabeceou: o goleiro Hidde Jurjus tentou espalmar, a bola bateu no travessão, nas costas de Jurjus, e voltou às redes. Finalmente, aos 35, o próprio Idrissi arrematou, e nova falha de Jurjus permitiu o terceiro gol, que trouxe o Groningen à 10ª posição na tabela. Ao De Graafschap, restou o lamento por não ter segurado a vantagem que lhe daria um respiro maior na fuga da lanterna (e, portanto, do rebaixamento direto).

Utrecht 3x1 NEC (domingo, 10 de abril)

Quando o grande destaque não ajuda, é hora de outros aparecerem. Foi isso que ajudou o Utrecht a vencer o NEC, neste domingo. Aliás, já ajudou desde o começo: logo aos quatro minutos do primeiro tempo, aproveitando uma sobra, o atacante Ruud Boymans foi mais rápido do que o lateral direito Todd Kane, dominou e chutou para marcar seu nono gol na temporada. Ainda assim, os visitantes de Nijmegen foram melhorando no decorrer da primeira etapa. Só não empataram antes porque o goleiro polonês Filip Bednarek (substituto do lesionado Robbin Ruiter) fizera ótimas defesas, num cabeceio de Joey Sleegers e num chute de Lucas Woudenberg. Ainda assim, aos 44 minutos, não houve jeito: Kane tabelou com o volante Gregor Breinburg, chegou pela direita e chutou para fazer o 1 a 1.

Na etapa final, os Utregs partiram em busca da vitória. Boymans continuava jogando bem no ataque, enquanto Andreas Ludwig criava as chances, mas nada de gol. Até os 22 minutos, quando o cansado Boymans deu lugar a Nacer Barazite. Mais três minutos, e o primeiro toque de Barazite na bola foi para mandá-la às redes: um cabeceio para escorar cruzamento de Ludwig, e o 2 a 1 do Vitesse. E mesmo sem merecer, pela má atuação, Sébastien Haller fez valer seu papel de goleador: de cabeça, aos 28, fez o 3 a 1 que deu ao Utrecht um avanço para a quarta posição na tabela do Campeonato Holandês. O único senão do dia foi a lesão do meio-campista Yassin Ayoub, já no fim do jogo: um minuto após entrar, vindo de lesão, substituindo Bart Ramselaar, Ayoub voltou a sentir dores, e pode desfalcar os Utregs na final da Copa da Holanda. Pelo menos, a vitória fez o Utrecht se colocar em situação até melhor que a do AZ, na zona dos play-offs por Liga Europa.

Bastou Kramer aproveitar uma chance, segurar na defesa, e o Feyenoord venceu a sexta consecutiva (ANP/Pro Shots)

Twente 0x1 Feyenoord (domingo, 10 de abril)

Twente, pobre Twente. Tão longe da zona de rebaixamento (tinha 35 pontos, dez pontos à frente do Excelsior), mas tão perto de ter de recomeçar sua história na quarta divisão, como clube amador, pelos problemas financeiros que o fizeram perder novamente três pontos, no meio desta semana, como punição da federação. Ainda assim, as atuações valorosas dos Tukkers em campo faziam crer num duelo interessante contra o Feyenoord. Que também tinha suas coisas a defender: afinal, o Stadionclub vinha de cinco vitórias seguidas, e tinha até mais time para manter a boa sequência.

A prova disso veio logo aos 13 minutos do primeiro tempo. O bom começo dos visitantes, com muita velocidade no meio-campo e nas jogadas pelas pontas, foi coroado com o gol precoce: Eljero Elia dominou pela esquerda, driblou Joachim Andersen e cruzou para Michiel Kramer. Este escorou para as redes e fez o seu 13º gol no campeonato. O Twente começou a pressionar como sempre acontece: em cobranças de falta de Hakim Ziyech. Na mais perigosa delas, aos 23, o marroquino exigiu boa defesa de Kenneth Vermeer. E a etapa inicial seguiu nessa troca de chances. Se Kramer quase fez o segundo aos 36 (cabeceou para ótima intervenção de Nick Marsman), o lateral esquerdo Hidde ter Avest quase empatou aos 43, cabeceando à queima-roupa.

No segundo tempo, a pressão era até maior do lado do Twente. E sempre com Ziyech, destacando-se em dia ruim dos atacantes. Em duas faltas, aos 22 e 24, o camisa 10 dos Tukkers fez Vermeer trabalhar no gol. Depois, o polonês Oskar Zawada ainda teve boa oportunidade na área. De quebra, reclamou-se de um suposto pênalti de Nelom em Ziyech, não marcado pelo árbitro Serdar Gözübüyük. Só que o avanço maior deixou espaços justamente onde o Feyenoord é mais agudo: pelas pontas. E um contragolpe aos 35 minutos quase definiu a vitória dos Rotterdammers: pela direita, Jens Toornstra cruzou, e Elia cabeceou a bola no travessão. Mas àquela altura, o que importava era segurar-se na defesa, e os Feyenoorders conseguiram. Garantiram a sexta vitória seguida, e abriram vantagem de seis pontos na terceira posição. A crise acabou. Mas é o caso de pensar, com a volta de melhores tempos: se não fossem as sete derrotas seguidas entre o fim do turno e o início do returno....

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