Final da Copa da Holanda pode premiar reação do Feyenoord sob Van Bronckhorst. Ou ótimo trabalho de Ten Hag no Utrecht (ANP/Pro Shots) |
A disputa pelo título do Campeonato Holandês é o que se sabe: Ajax e PSV quase igualados. A duas rodadas do fim, os times têm a mesma pontuação (78), e os Amsterdammers só lideram a Eredivisie pelo melhor saldo de gols (56 contra 50). Mas embora tenham uma defesa mais irregular que a dos Boeren, é inegável que o título está bem mais perto do clube da estação Bijlmer Arena. E isso foi visto nos sorrisos dos jogadores e do técnico Frank de Boer, após a vitória contra o Heerenveen, fora de casa, na quarta passada (2 a 0). Contudo, neste final de semana a disputa na liga terá uma pausa, um respiro antes de seu final.
Tudo para a decisão da Copa da Holanda, a KNVB Beker, a ser decidida em jogo único neste domingo, em De Kuip, o estádio do Feyenoord. E o Stadionclub, enfim, poderá voltar a ganhar um troféu diante de sua torcida; sem ganhar nenhum título desde 2007/08 (quando conquistou a copa, sobre o Roda JC), o clube de Roterdã decide o torneio nesta temporada, enfrentando o Utrecht. E mesmo com a campanha razoável na Eredivisie (Feyenoord em 3º, Utrecht em 5º), a grandeza de ambos dentro do futebol holandês é que dá a medida da importância que o possível título teria, além da vaga na fase de grupos da Liga Europa.
Para o Utrecht, além de também quebrar um tabu (o clube não ganha nada desde 2003/04, quando conquistou não só a Copa, mas também a Supercopa da Holanda), o troféu seria o prêmio para o nível técnico elogiável mostrado pela equipe nesta temporada. Para o Feyenoord, se for um prêmio, será de consolação. Claro, o troféu da KNVB Beker será comemorado. Mas também não era bem o objetivo principal dos Feyenoorders quando o período 2015/16 começou: este era, claro, acabar com o jejum que irá para 17 anos sem títulos do Campeonato Holandês. De todo modo, justiça seja feita: alimentar a sala de troféus no próximo domingo também confirmaria uma melhora notória nas atuações do Feyenoord, após a sequência lamentável de nove jogos sem vitória (sete derrotas e dois empates), que dizimou as esperanças do fim do tabu na Eredivisie, entre o fim de 2015 e o começo deste ano.
No meio da crise, Dick Advocaat foi trazido pelo clube para ser um “conselheiro” de Giovanni van Bronckhorst. Não faltou quem dissesse que aquilo seria uma punhalada nas costas do técnico “de fato”, que logo seria trocado pelo veterano Advocaat... mas o fato é que o “Pequeno General” deu toques pontuais a “Gio”, e poucas vezes apareceu nos treinos. E outro fato é que o Feyenoord melhorou após a assessoria de Advocaat: veio uma sequência de seis vitórias seguidas, que fez o time afastar o temor de cair pelas tabelas, mantendo a terceira posição.
E algumas mudanças táticas ajudaram visivelmente o Feyenoord a recuperar a confiança (além das vitórias, claro). A defesa, que não estava muito regular, enfim ganhou a definição da dupla de zaga (Eric Botteghin e Sven van Beek), acalmando o setor. E Dirk Kuyt teve sua importância já enorme ampliada na equipe: não só seguiu jogando no ataque, mas começou até a ser recuado para o meio-campo em algumas partidas, ajudando na criação. E... deu certo. Não só abriu espaço para as atuações razoáveis de Jens Toornstra ou Bilal Basaçikoglu pela ponta direita, mas também ajudou o meio-campo a segurar mais a bola. O que facilitou o trabalho de Karim El Ahmadi na marcação, mais veloz do que com Marko Vejinovic; e também faz com que Tonny Trindade de Vilhena possa chegar ao ataque, como “elemento-surpresa”.
Nas rodadas mais recentes da Eredivisie, todavia, vieram os alertas. A defesa ainda continua lenta, e foi envolvida tanto pelo ataque do Groningen quanto pelo do Heracles Almelo. O ataque funcionou bem, e evitou derrotas, mas os dois empates (1 a 1 com o Groningen, 2 a 2 com o Heracles) deixaram claro: há falhas a serem corrigidas. É o discurso corrente no elenco às vésperas da final. Elia alertou: “Não podemos ter um momento sequer de desatenção”; Van Bronckhorst pediu: “Agora, foco total na final da copa”.
E Kuyt sintetizou, na entrevista coletiva desta quinta, toda a razão da importância do título: “A final da copa determinará se nossa temporada teve algum sucesso ou se o fracasso foi total”. Seja como for, sabe-se que o clube ainda tem coisas a melhorar. Tanto é que o boato corrente é de que os diretores de futebol (Martin van Geel) e geral (Eric Gudde) entregarão seus cargos após o jogo de domingo, Feyenoord campeão ou não, sucumbindo às críticas e protestos da torcida.
E Kuyt sintetizou, na entrevista coletiva desta quinta, toda a razão da importância do título: “A final da copa determinará se nossa temporada teve algum sucesso ou se o fracasso foi total”. Seja como for, sabe-se que o clube ainda tem coisas a melhorar. Tanto é que o boato corrente é de que os diretores de futebol (Martin van Geel) e geral (Eric Gudde) entregarão seus cargos após o jogo de domingo, Feyenoord campeão ou não, sucumbindo às críticas e protestos da torcida.
Para o adversário do Feyenoord na final, a conquista significará a coroação da aposta em Erik ten Hag como técnico – e do bom rendimento de muita gente no time titular. Quando Ten Hag chegou, no meio de 2015, vindo da equipe B do Bayern Munique, o desejo da direção era claro: tornar o estilo de jogo dos Utregs mais “agradável” (o blog até comentou sobre isso). E isso aconteceu, sem a menor dúvida. Para tanto, ajudou muito a evolução clara de mais jogadores, notável principalmente nesta segunda metade da temporada.
Se Sébastien Haller continua sendo garantia de gols no ataque, a evolução de Ruud Boymans também é notável após sua lesão: com nove gols em 17 jogos, tornou-se o segundo maior goleador dos Utregs na temporada, sabendo fazer o papel de “referência” até com melhor resultado do que Haller. Se Yassin Ayoub começou a sofrer um pouco com as lesões no meio-campo, Nacer Barazite segue muito bem, chegando frequentemente ao ataque. Na marcação, Bart Ramselaar e o capitão Willem Janssen (outro recuperado de lesão) cumprem muito bem o papel no meio-campo, enquanto Timo Letschert tornou-se zagueiro seguro a ponto de merecer convocação para a seleção holandesa, nos últimos amistosos. A ausência do goleiro Robbin Ruiter (fratura na mão) é minorada pela manutenção do nível que o reserva Filip Bednarek tem conseguido.
O crescimento do Utrecht quase foi comprovado na rodada retrasada do Holandês: o time vencia o Ajax até os 44 minutos do segundo tempo, quando um pênalti muito duvidoso (no mínimo) deu o 2 a 2 final, impedindo que os Utregs fossem o único time a ter vencido os Ajacieden em casa e fora na Eredivisie. Já concentrados para a final, houve a derrota para o De Graafschap nesta rodada (2 a 0), mas quase ninguém ligou. Willem Janssen resumiu: “Desde o momento em que chegamos à final, a cidade toda acompanha. Queremos vencer no domingo. Para muitos de nós, é a grande chance do primeiro título na carreira. E por isso vamos nos esforçar”.
E as frases de Kuyt e Janssen resumiram bem o que significa a final da Copa da Holanda. Para o Utrecht, um prêmio; para o Feyenoord, uma razoável consolação.
(Coluna originalmente publicada na Trivela, em 22 de abril de 2016)
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