segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

810 minuten: como foi a 24ª rodada da Eredivisie

ADO Den Haag empatou e segue em dificuldades, mas mostrou perspectivas de reação (Jeroen Putmans/VI Images)

ADO Den Haag 1x1 Twente (sexta-feira, 24 de fevereiro)

Iniciando esta rodada, com a partida no Kyocera Stadion de Haia, o ADO Den Haag podia olhar para o Twente e pensar: "Eu sou você, hoje". Afinal de contas, não só os mandantes auriverdes sofrem com os problemas deixados por um mecenas (no caso dos Tukkers, foi Joop Munsterman; no caso do Den Haag, o chinês Hui Wang), mas também pelejam na zona de repescagem/rebaixamento - ocupando a última posição, atualmente. Pelo menos, o time da casa também começa a tentar seguir um caminho de recuperação: nesta semana, a federação holandesa colocou-o na "categoria 2" de situação financeira. Ou seja, um clube ainda sob perigo, mas dando sinais de recuperação. Que também foram vistos em campo.

O ADO Den Haag quase começou com sorte, logo aos cinco minutos: Stefan Thesker tentou recuar de cabeça para o goleiro Nick Marsman, mas Danny Bakker tomou-lhe a frente, dominou a bola, mas chutou para fora. Sem problemas: aos 12', Guyon Fernandez finalizou, Marsman rebateu, e Ruben Schaken aproveitou a sobra para fazer 1 a 0. Todavia, a vantagem dos anfitriões não durou muito: aos 26', em chute forte, Enes Ünal empatou para o Twente, em chute forte, quase desviado pelo goleiro Robert Zwinkels. Ainda no primeiro tempo, Dion Malone arriscou chute para fora. Já na etapa final, aos 52', Dylan Seys quase virou o jogo para o Twente, arrematando para fora. E as chances ficaram nisso, num segundo tempo insípido. Que terminou
com o 1 a 1, rendendo o primeiro ponto ao ADO Den Haag no returno - mas mantendo-o na última colocação. 

Groningen 2x3 Utrecht (sábado, 25 de fevereiro)

No primeiro turno, aproveitando um momento em que o Utrecht ainda patinava em busca da melhor forma, o Groningen pespegou uma goleada no adversário: 5 a 1. E pelo modo como começou a partida, deu a impressão de que faria a mesma coisa no estádio Noordlease. Já aos quatro minutos, Yassin Ayoub perdeu a bola facilmente para Tom Hiariej, e o lateral cruzou para Bryan Linssen finalizar e abrir o placar. O Utrecht só chegou ao ataque aos 21', num cabeceio de Gyrano Kerk (titular outra vez), que mandou a bola na trave. De resto, o mau desempenho da defesa dos Utregs era um convite aos Groningers. Convite aproveitado aos 45': Jason Davidson fez lançamento em profundidade, Willem Janssen não se antecipou, e Linssen ficou livre para fazer 2 a 0.

No minuto inicial do segundo tempo, Linssen quase marcou seu terceiro no jogo: Oussama Idrissi passou, e o atacante bateu para fora, livre, só com o goleiro David Jensen à sua frente. E de repente, não mais que de repente, o Utrecht reagiu. Começou com Sébastien Haller: havia dois meses e 14 dias sem marcar pela Eredivisie, o atacante francês marcou o primeiro dos visitantes, de cabeça, aos 54'. O Utrecht seguiu tentando conter os mandantes, apostando nos contra-ataques. E em dois deles, veio a virada. Aos 79', o lateral Giovanni Troupée bateu forte, no ângulo, para o 2 a 2. Três minutos mais tarde, Kerk cruzou, e Ayoub escorou para o 3 a 2. O Utrecht estivera perto de viver um dia para esquecer, mas o transformou num dia para provar que é o "melhor do resto" na Holanda. Bela reação.

Falkenburg (à esquerda) fez o gol da confirmação da vitória do Willem II (Den Breejen/VI Images)

Excelsior 0x2 Willem II (sábado, 25 de fevereiro)

Se estava correndo riscos de entrar na zona de repescagem/rebaixamento para não sair mais, o Willem II preveniu-se: neste returno, com três partidas sem perder, já avançou para o meio da tabela. Ainda assim, a atuação no primeiro tempo foi mediana (de um lado e de outro, a bem da verdade). Houve muitas faltas e poucas chances - uma para cada lado, aliás. O Excelsior quase fez com Khalid Karami, que mandou a bola na trave, enquanto Fran Sol quase abriu o placar para o Willem II, de cabeça.

Ficava a impressão de que a vitória seria da equipe mais eficiente, que transformasse suas chances em gols. Coube aos visitantes de Tilburg fazer isso, em dois minutos. Aos 62', Dico Koppers (que tem obtido certo êxito, escalado na meia-esquerda) driblou o goleiro Warner Hahn para o 1 a 0 dos visitantes de Tilburg. No minuto seguinte, Fran Sol cruzou na cabeça de Erik Falkenburg, que fez o segundo. E o Excelsior estava irremediavelmente vencido - de quebra, terminaria o jogo com um homem a menos, após Danilo Pantic ser expulso nos acréscimos (90' + 1), por colocar o pé alto no joelho de Darryl Lachman. Os Tilburgers seguem firmes em busca da salvação.


O NEC não aproveitou as suas chances; o Sparta, na única que teve, garantiu sua vitória, após 11 jogos (ANP/Pro Shots)

NEC 0x1 Sparta Rotterdam (sábado, 25 de fevereiro)

O jogo em Nijmegen colocou frente a frente duas equipes que vinham de incômodas sequências. O anfitrião NEC tinha quatro derrotas consecutivas; o visitante Sparta tinha um rendimento ainda pior, com onze jogos sem triunfar (dois empates, nove derrotas). No começo do jogo, os mandantes de Nijmegen falaram mais grosso. Primeiro, num chute de Kévin Mayi, defendido por Roy Kortsmit. Que apareceria mais definitivamente aos 16': o volante Julian von Haacke foi derrubado na área por Mart Dijkstra, o juiz Martin van der Kerkhof marcou o pênalti, Gregor Breinburg bateu... e Kortsmit mergulhou no canto direito para espalmar.

Se o NEC não aproveitava as chances que tinha, o Sparta fez isso. Aos 33', Denzel Dumfries alçou a bola na área, da direita, e Paco van Moorsel entrou para concluir e fazer 1 a 0. A partir de então, os Nijmegenaren correram atrás do empate. Mas a única oportunidade que apareceu foi desorganizada: um chute de Taiwo Awoniyi, bloqueado pela defesa. No fim do jogo, com o zagueiro Dario Dumic indo frequentemente ao ataque, o NEC tentou evitar a quinta derrota seguida. Mas não conseguiu: alívio definitivo para o Sparta, que voltava a vencer, minorando um pouco a sua queda no returno.


O primeiro gol de Schmidt pelo Heerenveen abriu o caminho para a vitória; fim da má sequência (Maurice van Steen/VI Images)
Heerenveen 3x0 Roda JC (sábado, 25 de fevereiro)

Se era o clube mais cotado a ser o "melhor do resto" quando o turno terminou, o Heerenveen perdeu tal status com o fim da pausa de inverno. Com a lesão de Stijn Schaars, o meio-campo se enfraqueceu - e nas cinco partidas até esta rodada, o time só conquistou um ponto. E pelo modo como o time da Frísia iniciou a partida contra o Roda JC, a torcida temeu que a má sequência pudesse continuar: quase nenhuma chance de gol foi vista no estádio Abe Lenstra, e o primeiro tempo terminou sem gols.

Na etapa complementar, a situação mudou rapidamente: aos 54', Mohamed El Makrini cometeu falta duríssima em Martin Odegaard, e levou imediatamente o cartão vermelho. Com a superioridade numérica, o Heerenveen achou mais espaços. E fez o gol do alívio aos 60', numa bola parada: Odegaard cobrou falta para a área, e o zagueiro Doke Schmidt desviou com o ombro para marcar seu primeiro gol pela equipe adulta do clube que defende desde a base. A vitória foi assegurada nos minutos finais: aos 89', Arber Zeneli passou a Henk Veerman, que bateu para o 2 a 0. E aos 90' + 2, após pênalti sofrido por Sam Larsson, Reza "Gucci" Ghoochannejhad converteu a cobrança para o 3 a 0 que deu mais segurança ao Heerenveen, ainda na zona de classificação para os play-offs.


Um gol e uma assistência: Van Wolfswinkel (à esquerda) foi protagonista na vitória do Vitesse (Pro Shots)

Go Ahead Eagles 1x3 Vitesse (domingo, 26 de fevereiro)

Após a derrota sofrida para o Roda JC, adversário direto na disputa para sair da zona de repescagem/rebaixamento, o Go Ahead Eagles tentaria reagir contra o Vitesse. Porém, se já não conseguira vencer os Koempels, mais difícil ainda seria sobrepujar um adversário melhor tecnicamente, como o Vites. Foi o que se viu no primeiro tempo. O GAE até criou possibilidades - como aos 14', num cabeceio de Sam Hendriks. Mas na primeira vez em que chegou perto do gol, o Vitesse deixou o 1 a 0 no placar: aos 29', Kelvin Leerdam cruzou novamente a bola, após escanteio rebatido, e Ricky van Wolfswinkel concluiu para as redes, marcando seu 11º gol na Eredivisie.

No segundo tempo, a dinâmica do jogo se repetiu. O Go Ahead Eagles criava jogadas - principalmente, com o inglês Daniel Crowley. Mas o Vitesse fazia aos gols. Continuou aos 52', quando Milot Rashica cruzou da direita, Van Wolfswinkel escorou, e Navarone Foor completou para o segundo gol dos visitantes de Arnhem. Finalmente, aos 80', Rashica fez o gol mais bonito do jogo: driblou Marcel Ritzmaier e bateu no ângulo. Ao Go Ahead Eagles, restou o tento de honra, feito por Crowley, aos 88'. Mas o time aurirrubro segue com a ameaça de voltar à segunda divisão, bafejando no cangote. O Vitesse, por sua vez, continua à espreita dos adversários na zona dos play-offs por Liga Europa.


O AZ já temia nova derrota, após a dura goleada na Liga Europa. Fred Friday não deixou (Henry Dijkman/VI Images)

AZ 1x1 Zwolle (domingo, 26 de fevereiro)

O AZ tinha que reagir. Não que estivesse ruim no campeonato, quinto colocado que é. Mas devia satisfações à torcida, depois do vexame contra o Lyon na Liga Europa - esperava-se a eliminação, mas jamais que ela fosse após ser goleado por 7 a 1. E os Alkmaarders até conseguiram reagir: foram melhores no primeiro tempo. As melhores chances vieram dos donos da casa: aos 19', numa cobrança de falta em que Derrick Luckassen mandou a bola perto do ângulo, e aos 30', quando Wout Weghorst chutou em cima do goleiro Mickey van der Hart. Aos 41', Luckassen cobrou falta até mais perigosa, forçando Van der Hart a espalmar por cima do gol.

Ainda assim, os visitantes de Zwolle deram um preciso golpe tão logo o segundo tempo começou. Aos 47', Nicolai Brock-Madsen driblou Tim Krul e finalizou, mas Luckassen conseguiu evitar o gol, travando pela linha de fundo. No córner que se seguiu, a sobra ficou com Ryan Thomas, e o neozelandês arrematou no canto esquerdo de Krul para o 1 a 0. A desvantagem impactou o AZ por um longo tempo, e os Zwollenaren até tiveram chances para marcarem o segundo gol. Porém, os anfitriões seguiam mantendo a posse de bola, e as entradas de Alireza Jahanbakhsh e Fred Friday reanimaram o ataque. E coube a Friday, afinal, o empate salvador: aos 82', o atacante nigeriano recebeu lançamento de Levi Garcia e finalizou para o 1 a 1, que manteve o AZ na quinta posição. Diante do problema por que o AZ passou na Liga Europa, podia ter sido pior. E há a Copa da Holanda como possível prêmio de consolação (a equipe joga as semifinais na próxima quinta).

Van der Heijden (1º, da esquerda para a direita) saiu comemorando. Mas foi o erro de Zoet que deu a vitória dramática ao Feyenoord (ANP/Pro Shots)

Feyenoord 2x1 PSV (domingo, 26 de fevereiro)

Diante de um clássico tão importante, Giovanni van Bronckhorst já começaria tomando uma díficil decisão: Dirk Kuyt seria titular ou reserva? Preferir a intensidade e a velocidade de Jens Toornstra no apoio ou a experiência do capitão? "Gio" ficou com a primeira opção, e Toornstra começou jogando a partida num De Kuip absolutamente lotado, e esperançoso na vitória. E o que se viu nos primeiros dez minutos de jogo pagou totalmente a aposta de GvB: um Feyenoord velocíssimo, ofensivo, contra um PSV "irreconhecível" no início, conforme lamentou o técnico Phillip Cocu à FOX Sports holandesa, depois do jogo.

Já aos 2', Terence Kongolo deixou com Eljero Elia, e o atacante bateu de fora da área. A bola rasteira saiu, mas passou perto do gol de Jeroen Zoet. Da direita, aos 6', Steven Berghuis cruzou, e Andrés Guardado tirou da área. Pouco antes, Toornstra já lançara a bola para a área, mas Héctor Moreno cortara. Aos 7', a primeira defesa salvadora de Zoet:  Berghuis tabelou com Toornstra, recebeu a bola de volta e desviou-a levemente a Nicolai Jorgensen. Na pequena área, o dinamarquês goleador deste Campeonato Holandês chutou em cima do goleiro. Mais um minuto, cobrança de falta, e Jorgensen desviou de cabeça, mandando para fora, rente à trave direita de Zoet. Já era caso de dizer que o gol estava demorando. E ele chegou aos nove minutos: Kongolo chegou livre pela esquerda, cruzou e Toornstra, na área, de primeira, bateu no ângulo esquerdo de Zoet. O 1 a 0 era o melhor e mais justo resultado para o "abafa" irrespirável do Feyenoord.

Só aos 12' o PSV arriscou algo: Gastón Pereiro cruzou da esquerda, mas Kongolo tirou da área, de cabeça. Mais dois minutos, e enfim o time de Eindhoven forçou a primeira defesa de Brad Jones no clássico:  Luuk de Jong chegou pela esquerda, cruzou, Pereiro dominou, mas bateu fraco, fácil para a defesa do goleiro australiano. De resto, o Feyenoord continuou soberano em campo - aproveitando principalmente a esquerda, onde Kongolo e Elia tinham ótima atuação, aproveitando o mau dia de Santiago Arias em campo, pela lateral direita.

O segundo gol quase veio aos 19': em cobrança de escanteio, foi justamente Arias quem salvou o PSV, tirando em cima da linha o cabeceio de Eric Botteghin. No minuto seguinte, Berghuis recebeu a bola na entrada da área, e bateu rasteiro, para fora. O camisa 19 do Feyenoord ainda prejudicaria indiretamente os visitantes aos 25': cometeu falta dura em Marco van Ginkel, e escapou sem que o juiz Bas Nijhuis lhe desse cartão. Van Ginkel seguiu com dores, mas ainda apareceu aos 30': Jetro Willems cruzou, Kongolo tirou de cabeça, o camisa 28 chutou, a defesa tirou, e Bart Ramselaar arriscou de novo, sem perigo. Contudo, aos 36', as dores venceram Van Ginkel, que precisou dar lugar a Steven Bergwijn. Com uma atuação apagada de Andrés Guardado, era outro revés no primeiro tempo amargo para os Eindhovenaren.

Num ritmo menos veloz, as duas equipes passaram até a trocar ataques no fim do primeiro tempo. Aos 37', Berghuis cobrou escanteio, Zoet subiu na pequena área e agarrou a bola. O PSV trouxe perigo aos 43', quando Arias apareceu pela direita, cruzou, e a bola passou pela área sem ninguém para finalizar. Nos acréscimos, aos 45' + 1, Pereiro entrou na área seguido por Kongolo, dividiu a bola com Jones e caiu pedindo pênalti (inexistente). Não foi nada - e o primeiro tempo acabou com o PSV só tendo dado dois chutes a gol, e Luuk de Jong ainda levando cartão amarelo depois do apito final, por reclamar com o juiz. Para o Feyenoord, os primeiros 45 minutos só não haviam sido perfeitos porque não vieram mais gols.

Toornstra comemora o primeiro gol - merecido, pelo começo irresistível do Stadionclub no clássico (Jeroen Putmans/VI Images)
A etapa final começou com o Feyenoord pressionando novamente, em busca do gol que lhe desafogaria. Logo aos 47', Elia driblou Arias - aliás, que belo elástico do camisa 11 do Stadionclub... - cruzou, Toornstra dominou e arrematou, mas Willems evitou o gol. No minuto seguinte, Elia chegou livre à área, e caiu após a chegada de Zoet. Pediu pênalti (inexistente). A busca continuou aos 52': Rick Karsdorp cruzou da direita, e justamente antes da bola chegar a Jorgensen, Héctor Moreno desviou pelo fundo, salvando o PSV. No córner resultante, Arias repetiu o que fizera no primeiro tempo: aos 54', Eric Botteghin cabeceou de novo, e o lateral colombiano tirou de novo em cima da linha.

Aos poucos, todavia, o PSV foi reagindo. Aos 56', pela direita, Bergwijn se aproximou, cruzou, e Jan-Arie van der Heijden afastou da área. Três minutos depois, o ataque dos Rotterdammers sofreu duro golpe: com dores na perna, Elia deu lugar a Bilal Basaçikoglu. Os visitantes de Eindhoven se engraçaram mais: aos 61', Willems cruzou da esquerda, mas Botteghin estava atento e tirou de cabeça. Todavia, logo o curto período de retração dos mandantes foi duramente punido: aos 62', Bergwijn passou a Davy Pröpper, que deu belíssimo passe de calcanhar a Gastón Pereiro, que bateu no canto direito de Jones. Após 602 minutos, o arqueiro australiano sofria seu primeiro gol por jogos oficiais em 2017.

Ficava a pergunta sobre como reagiria o Feyenoord após golpe tão duro. A resposta era indefinida, e restava apenas voltar a atacar incessantemente em busca da vitória. Foi o que o Stadionclub fez. Logo aos 64', Toornstra recebeu a bola dominada na grande área, e arrematou na rede pelo lado de fora. A chance aos 69' foi ainda mais valiosa: livre na área após receber a bola de Jorgensen, Berghuis bateu com a perna ruim (a esquerda), e chutou torto, na trave. Era uma oportunidade daquelas de não se perder, num clássico.

Mas o Feyenoord continuou. Aos 74', Toornstra apareceu bem, mas mandou por cima do gol. Karsdorp voltou a se mostrar como opção aos 76', ao cruzar da direita, mas Zoet saiu do gol para socar a bola, espantando o perigo. Na sequência, Berghuis cruzou, e Basaçikoglu cabeceou para fora. Com tantos ataques, obviamente o time da casa deixava espaços na defesa. Numa única vez, aos 78', quase o PSV calou De Kuip de vez: Luuk de Jong desviou, e Bergwijn ficou livre com a bola, perto da pequena área, mas Karsdorp salvou, ao colocar o pé na frente, na hora exata do chute. Reação unânime na imprensa holandesa: o desarme de Karsdorp valeu como um gol. Até por ter sido a última coisa que o lateral direito fez em campo (com cãibras, cedeu lugar a Bart Nieuwkoop).

O tempo ia ficando curto. Até que veio o lance para fazer De Kuip explodir outra vez. Aos 82', Basaçikoglu chutou, a bola desviou em Nicolas Isimat-Mirin e quase enganou Zoet, que espalmou para escanteio. Na cobrança da bola parada, veio o alívio: Basaçikoglu cobrou, Van der Heijden cabeceou, e Zoet defendeu. Inicialmente, o goleiro do PSV segurou com a bola em cima da linha. Todavia, cometeu o erro de abraçar a bola, com o tronco atrás da linha do gol. Bastou para a tecnologia "olho-de-gavião" funcionar: Bas Nijhuis recebeu sinal sonoro de que a bola entrara, e marcou o gol (confirmado como gol contra de Zoet). A sorte sorria para o Feyenoord: 2 a 1, no momento mais desejado.

O momento da rodada: Zoet até pega a bola em cima da linha, mas a agarra atrás do gol (ANP)

De novo em desvantagem, o PSV foi para o tudo ou nada: aos 84', Jürgen Locadia, recuperado de lesão, entrou no lugar de Guardado. O Feyenoord contrabalançou com a vinda de Miquel Nelom para a direita, no lugar de Berghuis, aos 86'. Os visitantes iam todos para a área - nas bolas paradas, até com Zoet. Nos contra-ataques, os mandantes tiveram duas chances de matar o jogo: aos 88', Jorgensen passou a Vilhena, em contragolpe, o meia demorou a chutar, e perdeu a bola. E aos 90' + 1, o goleador da Eredivisie recebeu em boas condições para o chute, mas bateu para fora!

Não demorou muito, e Bas Nijhuis apitou o fim de um clássico enlouquecedor. Van Bronckhorst fora premiado, e saiu de campo louvando o "espírito de luta" do Feyenoord, à FOX Sports holandesa. Para Zoet, restou lamentar o azar de De Kuip ter a tecnologia "olho-de-gavião" - e o amargor do erro: "Azar meu, sorte do Feyenoord. Eu só queria tirar a bola do gol". Mas talvez, Toornstra acertou melhor a descrição do sentimento da torcida: "Pelo jeito, está parecendo ano de campeão". Como há 18 anos não parece, para o Feyenoord. Que passou da sua "primeira fase", 11 pontos à frente de um PSV que provavelmente perdeu as chances de tricampeonato. Nunca esteve tão perto o fim do tabu. Enfim, o primeiro clube holandês campeão europeu pode bater no peito e vociferar: é, sim, o grande favorito ao título da Eredivisie.

De Ligt (à direita) comemora seu primeiro gol pelo time adulto do Ajax; a partir daí, time controlou jogo (Pro Shots)

Ajax 4x1 Heracles Almelo (domingo, 26 de fevereiro)

Se o Feyenoord afirmou-se como o grande favorito ao título da Eredivisie, cabia ao Ajax uma única coisa: jogar ofensivamente, como quase sempre faz, para vencer a partida que fechava a 24ª rodada. Foi exatamente o que os Ajacieden começaram a fazer. Já aos quatro minutos do primeiro tempo, Bertrand Traoré tentou repetir o gol marcado contra o Sparta Rotterdam, em jogada semelhante: pegou a bola pela direita, cortou para o meio e driblou dois jogadores. A única diferença foi o destino do chute: para fora.

Melhor oportunidade de gol para os anfitriões viria aos 8': após dividida, a bola escapou de Lasse Schöne e ficou com Davy Klaassen. O camisa 10 lançou Kasper Dolberg em profundidade, e o atacante dinamarquês entrou na área, batendo em cima do goleiro Bram Castro e perdendo grande chance. Mais um minuto, Amin Younes cruzou, e Klaassen bateu rasteiro para fora, perto da trave direita de Castro. Aos 11', Traoré tabelou com Schöne e bateu colocado, para boa defesa de Castro, que espalmou para escanteio. Assim, o goleiro belga começava a se sobressair como destaque dos visitantes de Almelo na partida.

Todavia, após um começo prensado na defesa, o Heracles se encorajou. E aproveitou o previsível ponto fraco do Ajax: os espaços deixados para contra-ataque. Foi o que começou a acontecer, a partir dos 13'. Em rápido contragolpe, Samuel Armenteros deixou a bola com Kristoffer Peterson. Este driblou André Onana, que saiu cedo demais do gol. O sueco ficou em condições de chutar, mas perdeu o ângulo. Peterson voltou para o meio da área, bateu, mas a esférica ricocheteou em Jaïro Riedewald e saiu.

O susto levado pelo Ajax serviu para equilibrar o jogo. As chances começaram a se alternar. Aos 15', o Ajax atacou: Traoré arrematou colocado, e a bola passou por cima do gol. O Heracles Almelo assustava de volta: aos 17', Armenteros chegou a marcar gol anulado. Depois, aos 19', Younes fez jogada individual, cruzou, e Dolberg escorou na primeira trave, para fora. E aos 21', Brandley Kuwas cobrou escanteio sinuosamente, mas Onana defende.

Nada mais lógico que os gols viessem em sequência, também. Aos 23', os mandantes abriram o placar. Klaassen pegou a bola perto da meia-lua, e chutou rasteiro. Castro rebateu, e quando ia se levantar, Dolberg já estava na pequena área a postos. O dinamarquês tocou a bola para as redes, e era 1 a 0 para o Ajax. Mas os Heraclieden assimilaram rapidamente o gol - tão rapidamente, que empataram aos 25'.Wout Droste cruzou da direita, e Armenteros (quem mais?) apareceu no meio da área. Desviou de cabeça, no canto direito de Onana, e a bola ainda bateu na trave antes de entrar, no 11º gol do sueco nesta Eredivisie.

O equilíbrio continuou no resto do primeiro tempo. Aos 30', novamente Kuwas cobrou escanteio, e Justin Hoogma cabeceou, para defesa de Onana. O Ajax voltou, então, para terminar melhor o primeiro tempo. Aos 37', Schöne arriscou perto da área, e Castro espalmou com dificuldades pela linha de fundo, quase sendo traído pela bola. Aos 44', Ziyech cobrou falta, bem defendida por Castro. Na sequência do lance, Traoré de novo tentou jogada individual, e bateu para Castro encaixar e defender com segurança.

O segundo tempo começou com o Ajax precisando fazer mudanças: lesionado, Nick Viergever deu lugar ao jovem zagueiro Matthijs de Ligt, 17 anos. E foi justamente De Ligt que trouxe perigo ao gol pela primeira vez, aos 48', arriscando de fora da área, e exigindo que Castro espalmasse por cima. Traoré, por sua vez, seguia com as jogadas individuais (chutou para fora, aos 51'). E Klaassen tanto chutava (aos 53', para fora) quanto passava: aos 55', o camisa 10 serviu a bola a Ziyech, e o meio-campista invadiu a grande área adversária pela esquerda, mas chutou em cima de Castro, que fechou bem o ângulo e espalmou para escanteio.

E neste córner, saiu o gol do Ajax. Se estava difícil para os meio-campistas e/ou atacantes resolverem a partida, os zagueiros foram à frente para resolverem a parada. Aos 56', Ziyech cobrou o córner, e De Ligt subiu de cabeça, sozinho no meio da área, para marcar o seu primeiro gol pela equipe de cima (idade mais baixa do que Johan Cruyff ou Marco van Basten tinham ao marcar seus primeiros gols com a camisa Ajacied). Aos 60', o outro zagueiro do time de Peter Bosz fez gol ainda mais bonito. Sánchez recebeu bola recuada no meio-campo, para recomeçar a jogada. O zagueiro colombiano foi avançando, avançando, ninguém o marcou, e ele chutou. De fora da área, cruzado, no canto direito de Castro, fazendo 3 a 1. Golaço de um dos melhores zagueiros desta Eredivisie.

O Heracles até tentou correr atrás e continuar contra-atacando, mesmo com dois gols de desvantagem. Aos 62', Armenteros cabeceou após cruzamento, para defesa fácil de Onana; aos 64', Joël Veltman recuou errado, e Jaroslav Navrátil dominou para chegar à área com a bola, pronto para o chute, mas Sánchez salvou de novo o Ajax, com corte preciso. Finalmente, aos 67', Peterson puxou jogada pela direita, e tocou para Navratil. Livre na área, o atacante bateu, mas Onana saiu muito bem do gol e defendeu.

Peter Bosz instrui David Neres antes da entrada; brasileiro foi discreto nos 18 minutos em campo (Louis van de Vuurst/Ajax.nl)

A partir daí, o Ajax passou a trabalhar para manter o resultado. Nem mesmo a estreia do brasileiro David Neres (aos 72', substituindo Dolberg) acelerou tanto assim o ritmo. Claro, haviam chances dos Godenzonen. Aos 73', mais um chute de Traoré para fora; aos 75', Younes arrematou, e a esférica foi para fora após desvio em Mike te Wierik. Ziyech também mandou na linha de fundo sua cobrança de falta, aos 81'. E aos 83', Younes cruzou da esquerda, mas antes que Traoré chegasse para a finalização, Castro defendeu.

Ainda assim, mantendo a posse de bola no campo ofensivo, o Ajax foi premiado no minuto final do tempo regulamentar. Ziyech cobrou escanteio da esquerda, e Traoré apareceu na primeira trave para desviar levemente e consolidar uma goleada até acima do que o Ajax mereceu no jogo. Mas, ora bolas, uma goleada que serviu para fazer o que o Ajax precisa fazer: manter a ainda acessível desvantagem de cinco pontos para o líder Feyenoord. Os Amsterdammers também se afirmaram: são o principal antagonista do arquirrival na disputa da Eredivisieschaal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário