segunda-feira, 14 de agosto de 2023

A Holanda na Copa feminina: a análise sobre quem jogou

A Holanda foi eliminada nas quartas de final da Copa do Mundo feminina, como havia sido na Euro. Mas ao inverso do torneio continental, deixou impressão mais promissora (Rico Brouwer/Soccrates/Getty Images)

Como na Euro feminina do ano passado, a seleção da Holanda (Países Baixos) foi eliminada nas quartas de final. Como na Euro feminina do ano passado, ela foi eliminada para uma seleção superior tecnicamente, que foi bem melhor ao longo da partida que foi à prorrogação (no caso, a Espanha, como já tinha sido a França). Por quê, então, as Leoas Laranjas saíram da Copa do Mundo de uma maneira bem mais satisfeita e otimista do que haviam saído da Euro? A diferença está em três alternativas: no clima da equipe, na postura apresentada em campo e nas perspectivas para os próximos passos, que incluem a Liga das Nações e as eliminatórias da Euro 2025 que vêm aí.

Em primeiro lugar, o trabalho até a Copa deixou claro o que já era visível desde o início do trabalho: Andries Jonker agradou bem mais as jogadoras do que Mark Parsons fizera. Embora fosse respeitoso com as atletas, o técnico anglo-americano desagradou ao ter uma postura de conversas genéricas demais fora de campo - e defensiva demais, até medrosa, dentro. Jonker desde o começo foi direto com elas, principalmente em relação ao esquema tático. A pedido principalmente das líderes do grupo (nomes como Daniëlle van de Donk, Jill Roord e Sherida Spitse), pensou num time mais ofensivo. Fez experiências que tornaram a equipe holandesa menos manjada, como colocar Esmee Brugts e Victoria Pelova nas alas. Em suma: mesmo num trabalho diferente dos vitoriosos tempos sob Sarina Wiegman, a Holanda retomou força para impor respeito.

E impôs respeito com o que mostrou em campo. Nos jogos mais difíceis - como contra os Estados Unidos, na fase de grupos -, a Holanda foi destemida: atacou quando pôde e teve espaço, e teve disposição física para se esforçar até o fim (Spitse, inclusive, apontou esta como uma das evoluções da equipe). Quando pegou adversárias mais fracas, teve firmeza para garantir a vitória - como no tenso 1 a 0 da estreia contra Portugal - ou volúpia para buscar a goleada - como nos 7 a 0 sobre o Vietnã, que rendeu o prêmio da primeira colocação no grupo E da Copa, inesperada, de acordo com os prognósticos anteriores. E nas oitavas de final, contra a África do Sul, soube resistir à melhor atuação da adversária no 1º tempo, para corrigir os erros no intervalo e fazer uma segunda etapa muito mais seguro.

Com tudo isso, a Holanda saiu da Copa animada, a despeito da eliminação. Jogadoras mais experientes, como Spitse e Lieke Martens, deixam claro que nem cogitam deixar as convocações. Ao mesmo tempo, cada vez mais as novatas pedem passagem. A começar pelo gol, onde Daphne van Domselaar deixou claro que é titular para muitos e muitos anos. Seguindo por nomes ainda se alternando entre campo e banco, como Kerstin Casparij e Damaris Egurrola. E continuando pelas jogadoras jovens que nem estiveram na Copa: Alieke Tuin, Fenna Kalma, Romée Leuchter... e até nomes da seleção sub-19, que disputava a Euro da categoria e chegou às semifinais, com nomes como a meio-campista Rosa van Gool e a atacante Hanna Huizenga.

Não, a Holanda não é superior a Alemanha, Espanha ou França, seleções melhores tecnicamente e tão boas na base quanto a laranja (tanto que a equipe sub-19 caiu na Euro para a... Espanha, que venceu a Alemanha na final). De todo modo, é uma seleção boa. Bem melhor do que os prognósticos faziam crer - havia quem desconfiasse da Holanda sendo eliminada na fase de grupos... se título era demais, o desejo expresso por Andries Jonker era de uma campanha decente, que mantivesse o país entre os primeiros dez colocados do ranking da FIFA. Pois bem: a campanha decente foi feita. E a Holanda, inclusive, deverá passar o Brasil na próxima edição do ranking.

Enfim, a Holanda tem time. E voltará. Aliás, Vivianne Miedema também retornará em pouco tempo...

Van Domselaar já atraía confiança no gol da Holanda feminina. Justificou plenamente tal confiança na Copa, com ótimas defesas (Keith McInnes/Eurasia Sport Images/Getty Images)

Goleiras

1-Daphne van Domselaar (5 jogos, 3 gols sofridos): A rigor, mesmo sendo uma goleira das mais confiáveis, Van Domselaar foi pouco exigida na fase de grupos da Copa do Mundo de mulheres. O que não quer dizer que não trabalhou. Quando a bola foi ao gol que defendia, a camisa 1 holandesa mostrou sua capacidade. Fez isso na estreia, contra Portugal, ao defender chute de Telma Encarnação aos 79' - um empate, àquela altura, tornaria o rumo do jogo imprevisível. "Daph" fez isso também contra os Estados Unidos, espalmando chute de Trinity Rodman, logo após a Holanda fazer 1 a 0. Ou seja, a guarda-metas neerlandesa sempre estava preparada. Se houvesse qualquer dúvida disso, ela se acabou nas oitavas de final, contra a África do Sul: precisando trabalhar muito diante do rápido ataque da seleção sul-africana, Van Domselaar fez pelo menos quatro defesas excelentes. Frustrou Thembi Kgatlana em pelo menos três chances que a atacante teve para marcar o gol. E comprovou como é, de fato, uma ótima goleira ao receber o prêmio de melhor do jogo naquelas oitavas. De quebra, contra a Espanha, ainda fez algumas intervenções que impediram a Holanda de ficar atrás no placar mais rapidamente. É certo que Van Domselaar não será a melhor goleira da Copa - há a sueca Zecira Musovic, há Mary Earps também transmitindo confiança à Inglaterra, há a australiana Mackenzie Arnold. Contudo, a goleira da Holanda justificou plenamente a confiança cada vez maior que se tem nela. Se cumprir o que promete em sua chegada ao Aston Villa, ser uma das melhores camisas 1 no futebol feminino mundial é questão de tempo. Se é que ela já não é.

16-Lize Kop: não jogou

23-Jacintha Weimar: não jogou

Wilms falhou no lance do gol da eliminação da Holanda. Mas até entrou bem nas poucas chances que teve (Rico Brouwer/Soccrates/Getty Images)



Laterais

2-Lynn Wilms (2 jogos): Lateral direita de origem, Wilms acabou perdendo com a mudança de esquema tático por que a Holanda passou, indo para a reserva. Nas duas partidas em que entrou em campo, teve participações diferentes. Contra a África do Sul, nas oitavas de final, sua aparição foi apenas na reta final: Wilms entrou aos 88', para ajudar a defesa a manter definitivamente a vantagem de 2 a 0 que seria o placar definitivo. Já contra a Espanha, nas quartas, a lateral teve atuação bem mais importante. E teve alternâncias. Tão logo substituiu Jill Roord aos 61', Wilms até deixou a marcação pela direita um pouco mais estável na seleção neerlandesa, liberando Victoria Pelova para o meio-campo. E assim foi por um bom tempo. Entretanto, no gol de Salma Paralluelo que praticamente definiu as quartas de final a favor da Espanha, a falha maior foi da camisa 2: afinal, ela se deslocou na criação do contra-ataque espanhol, deixando espaço livre para Salma jogar no seu melhor (ter velocidade com a bola nos pés e finalizar). De todo modo, quando necessário, Wilms seguiu sendo opção válida em campo. Deve seguir nos próximos tempos da seleção feminina da Holanda.

5-Merel van Dongen (1 jogo): Por mais antipático que possa parecer, fica claro: Van Dongen está na seleção feminina da Holanda mais por sua importância para o grupo habitual de jogadoras (é uma das líderes, sempre a postos para animar as novatas e ajudar as veteranas) do que pelo que mostra em campo. Apareceu mais pela pequena polêmica que sua imitação do "haka" causou antes da Copa do que pelas capacidades técnicas. Não que ela o quisesse, mas só veio a campo nos dez minutos finais - mais sete minutos, à guisa de acréscimos - contra o Vietnã, quando a goleada por 7 a 0 já estava encaminhada. E a lateral esquerda já se mostrou muito contente com eles, falando à emissora NOS: "É minha terceira Copa. Estou muito feliz com esses minutos, realmente muito feliz. Eu poderia não estar na convocação. Sempre prefiro olhar o 'copo meio cheio'". De todo modo, Van Dongen ficaria impossibilitada de ajudar a Holanda em campo após as oitavas de final: num choque com a goleira reserva Lize Kop num treino, machucou o tornozelo, e sequer pôde ser relacionada contra a Espanha. Ainda assim, seu nível de exigência foi pouco, como citou na entrevista: "Eu posso participar, posso ajudar o time como posso. Se for para entrar, entro. Se for para começar jogando, começo". Merece todo o respeito pela experiência, é verdade. Mas fica a forte impressão de que seu espaço na seleção da Holanda será mais e mais diminuído, aos poucos, na transição que a equipe vive.

15-Caitlin Dijkstra (2 jogos): A preferência de Andries Jonker foi clara (e justificada) por um trio de defesa bem experiente no decorrer da Copa, mesmo quando era necessário alterar as titulares. Com isso, Dijkstra apareceu pouco: em seu primeiro torneio grande pela Holanda, a zagueira só veio a campo nos 17 minutos finais contra o Vietnã, quando a goleada já estava assegurada, e já entrou contra a Espanha na prorrogação - aos 96', substituindo Damaris. Ainda assim, cumpriu seu papel sem grandes problemas nem grandes falhas. E ao entrar como uma volante nas quartas de final, indicou versatilidade tática, que poderá ser aprimorada com a sua passagem pelo Wolfsburg que está por começar. É outra defensora que tem plenas condições de seguir nas convocações para os jogos que vêm por aí, nas eliminatórias da Euro feminina e na Liga das Nações.

18-Kerstin Casparij (5 jogos): Casparij foi outra jogadora a sair perdendo com a Holanda tendo três zagueiras. Num esquema com quatro na defesa, a lateral certamente seria titular, até por poder jogar dos dois lados. Com a preferência em apostar em Esmee Brugts e Victoria Pelova como alas, a camisa 18 foi para o banco. Mas ao longo da Copa, foi daquelas "reservas-titulares": sempre saía do banco para jogar - não por acaso, entrou em todas as partidas da campanha. E ajudou bastante. Com Pelova tendo algumas dificuldades na marcação pela direita, em regra Casparij a substituía nos minutos finais, exatamente para resolver tal problema e ajudar a Holanda a manter o resultado. Contra o Vietnã, quando a exigência era um pouco menor, ela já pôde entrar no intervalo. De quebra, na dramática prorrogação contra a Espanha, nas quartas, veio tentar ajudar se deslocando para a lateral esquerda, ao substituir uma Stefanie van der Gragt que fizera muito, mas estava cansadíssima e não aguentava mais o ritmo altíssimo daquela partida. A Holanda caiu, mas Casparij segue em alta conta. Sem dúvida, continuará nas convocações. E dependendo do esquema, pode virar titular a qualquer momento.

Entre momentos bons e ruins, Van der Gragt esbanjou seriedade e esforço pela Holanda, nos últimos momentos de sua carreira. E a terminou merecendo mais aplausos (Matthew Lewis/FIFA)

Zagueiras

3-Stefanie van der Gragt (5 jogos, 1 gol): Van der Gragt chegou para as últimas partidas de sua carreira com dois substantivos cercando sua convocação: homenagem e desconfiança. Homenagem por toda a importância que teve para a seleção feminina da Holanda (e para o futebol feminino do país, como um todo). Desconfiança, resumida por uma pergunta: será que a zagueira, reconhecidamente lenta, sem muita técnica, resistiria a jogadoras mais rápidas? Pois "Steef", jogando na sobra, começou a eliminar essa desconfiança já na estreia, contra Portugal, do melhor jeito possível. Não só por marcar o único gol da vitória holandesa por 1 a 0, como por controlar com sucesso os avanços de Jéssica Silva, grande medo que o ataque português trazia, só na base das antecipações e do tempo de bola perfeito. Contudo, o grande símbolo de como Van der Gragt foi bem na Copa se viu contra os Estados Unidos. No primeiro tempo, com ela no trio de defesa, a Holanda fez 1 a 0 e teve a vantagem; no segundo, com a camisa 3 substituída por Aniek Nouwen após tomar uma pancada na cabeça - e já estar adoentada -, os Estados Unidos foram melhores, empataram e estiveram à beira da virada. Mas Van der Gragt voltou, e seguiu justificando o apelido de "de rots in de branding" ("a rocha no incêndio", em holandês), tamanha era sua resistência. Se falhou contra a Espanha, nas quartas de final, ao cometer o pênalti ingênuo na reta final do tempo normal, corrigiu com brilhantismo: já nos acréscimos, arriscou e petiscou ao ir ao ataque e chutar para empatar o placar. E só saiu na prorrogação, substituída por Casparij, em razão do grande cansaço. A Holanda perdeu, foi eliminada, e a carreira de Van der Gragt nos campos acabou. Mas a agora diretora de futebol feminino do AZ fez o suficiente para merecer toda a celebração e todo o respeito de quem acompanha a modalidade na Holanda. O pênalti infantil? Os panos estão sendo passados por lá. Com todo o merecimento, a uma jogadora que teve dedicação inquestionável. Das melhores da Holanda na Copa.

4-Aniek Nouwen (2 jogos): Nouwen teve azar, de certa forma, em suas duas aparições na Copa de mulheres. Elas ocorreram nos dois momentos de mais pressão por que a Holanda passou em sua participação no Mundial: o segundo tempo contra os Estados Unidos, quando Nouwen substituiu a contundida Stefanie van der Gragt, e na prorrogação contra a Espanha - ela substituiu Esmee Brugts no penúltimo minuto do tempo normal, antes mesmo que Van der Gragt empatasse o jogo. E por mais antipática que a opinião possa parecer, a zagueira teve maus momentos nas duas atuações. Contra as norte-americanas, penou ao tentar marcar Sophia Smith e Trinity Rodman, mais velozes, acabando por sobrecarregar Dominique Janssen na resistência à pressão quase irrespirável que as adversárias colocaram no ataque. Na eliminação nas quartas, Nouwen até entrou bem na primeira parte da prorrogação, estabilizando o miolo de zaga ao lado de Janssen. Contudo, sua imagem final acabou sendo o drible fácil que tomou de Salma Paralluelo, abrindo caminho para a atacante espanhola fazer o 2 a 1 da vitória de sua seleção. Se a saída de Van der Gragt abrirá espaço para concorrência em relação à nova titular, Nouwen já sai em desvantagem, pela falta de segurança que já mostrava - e que voltou a mostrar.

20-Dominique Janssen (5 jogos): A zagueira era mais um nome da defesa da Holanda a estar cercada de desconfiança antes do Mundial feminino começar. Desconfiança justificada, pelas falhas que comete vez por outra no Wolfsburg-ALE. Mas pelo menos em Austrália/Nova Zelândia, Janssen calou quem a critica. Ajudou Stefanie van der Gragt a manter a defesa estável. Com ótimo posicionamento, a camisa 20 foi a única jogadora holandesa de linha a jogar todos os 450 minutos (mais acréscimos) que a seleção laranja teve na Copa do Mundo de mulheres. Em momentos difíceis, manteve a calma no setor - como contra os Estados Unidos, quando quase sempre foi precisa nos desarmes e impediu a virada norte-americana nos minutos finais. Teve espaço até para dar vazão à qualidade nos lançamentos que também possui - foi assim, por exemplo, que colocou a bola na cabeça de Lieke Martens, para que ela abrisse o placar contra o Vietnã. A certa altura da competição, era a zagueira com mais desarmes entre as 32 seleções da Copa (foram 34 desarmes). Com o fim da carreira de Stefanie van der Gragt, Janssen se torna automaticamente o nome em torno de quem a defesa da seleção feminina se reorganizará e se renovará. Pela Copa que fez, é inquestionável na Holanda. Pelo menos até a próxima falha no Wolfsburg-ALE.

Van de Donk reagiu justamente na Copa, mostrando agilidade no avanço e disposição na marcação. Sorte da Holanda (Brad Smith/USSF/Getty Images)

Meio-campistas

8-Sherida Spitse (5 jogos): A capitã da seleção feminina da Holanda parece desafiar o tempo: aos 33 anos, continua começando as partidas como titular, recuada para a zaga. Também, pudera: sua ascendência sobre o grupo de jogadoras ainda é clara - Spitse chega a sair de campo rouca, de tantas ordens que dá às colegas durante os 90 minutos. De quebra, voltou a exibir sua habilidade nas bolas paradas: foram de seus pés, em escanteios, que saíram os gols de abertura do placar contra Portugal (a estreia na Copa) e África do Sul (nas oitavas de final). Além de tudo, a camisa 8 já sinalizou, aqui e ali, que ainda segue disposta a defender a equipe de mulheres dos Países Baixos no futebol. Tem todo o merecimento. Contudo, aqui e ali, o tempo já indica que vencerá Spitse no desafio. Bastava a Holanda enfrentar um adversário de mais velocidade no ataque, principalmente nas pontas, que ela sofria. Foi o que se viu contra os Estados Unidos, ainda na fase de grupos. Foi o que se viu, principalmente, contra a África do Sul, quando Spitse foi superada com frequência por Thembi Kgatlana pela direita. E foi o que se viu, novamente, no jogo contra a Espanha, quando o duo Jennifer Hermoso-Esther González foi bem superior a Spitse e a Victoria Pelova, criando muitos ataques espanhóis pela esquerda. A dificuldade e o cansaço foram tantos que Spitse foi substituída por Katja Snoeijs, antes mesmo da prorrogação. Mais um sinal: por mais que a camisa 8 seja uma líder na acepção da palavra, por mais que tenha ajudado na zaga, por mais que ela tenha lugar garantido nas convocações enquanto puder... o tempo está passando.

10-Daniëlle van de Donk (4 jogos, 1 gol): Talvez "Daan" seja o melhor exemplo de um caso agradável que várias jogadoras da Holanda tiveram nesta Copa feminina: temporada apagada por seus clubes, reação notável na seleção. Se no Lyon, a meio-campista vai e vem entre o campo e o banco de reservas (ainda que sua experiência seja das maiores e mais valiosas no time francês), Van de Donk voltou a mostrar qualidade defendendo a Holanda. Como havia muito tempo não demonstrava. Mostrou mobilidade no ataque: sempre chegava para ajudar Jill Roord, Lieke Martens e Lineth Beerensteyn, tinha chances - perdeu pelo menos duas oportunidades de gol contra Portugal -, e afinal marcou o seu contra o Vietnã. Na marcação pelo meio, então, Van de Donk voltou a dar motivos para quem acompanha futebol feminino chamá-la novamente de "pinscher": por mais que seu porte físico seja pequeno, perseguia incansavelmente as adversárias em campo, tentava roubar rapidamente a bola, e até mesmo arrumava brigas se fosse o caso (como bem mostrou o estranhamento constante com a estadunidense Lindsay Horan, colega de Lyon - com quem Van de Donk ficou, amistosamente, logo que o 1 a 1 acabou). A vontade foi tanta que lhe rendeu os dois cartões amarelos que a deixaram de fora das quartas de final contra a Espanha. E sua falta foi sentida. Porque, jogando como jogou na Copa, certamente Van de Donk voltará a ser titular com mais frequência no Lyon. Na Holanda, nem se fala.

12-Jill Baijings (1 jogo): É possível dizer que a Copa do Mundo indicou mais o futuro do que o presente de Baijings. Ainda na fase de preparação para o torneio, em Sydney (Austrália), a meio-campista teve um reconhecimento pela qualidade ofensiva que mostrou no Bayer Leverkusen: foi anunciada como o novo reforço do Bayern de Munique, a partir da temporada 2023/24. Contudo, num meio-campo que já tinha escolhas muito fixas na criação de jogadas e no auxílio das finalizações (leiam-se Daniëlle van de Donk e Jill Roord), Baijings pouco foi vista na Copa. Foi outra jogadora a só aparecer nos acréscimos de um jogo já definido - no caso, as oitavas de final, contra a África do Sul, ao substituir Roord aos 90' + 2. Ainda assim, é possível imaginar que ela aparecerá bem mais jogando no Bayern de Munique. E até fortalecerá mais sua imagem como uma possível concorrente à vaga de titular. Se Baijings saiu da Copa praticamente como entrou, convém prestar atenção no que jogará nos próximos tempos.

Groenen, mais uma a reavivar a carreira pela Holanda na Copa: sua qualidade na marcação foi novamente visível (Stephanie Meek/CameraSport/Getty Images)

14-Jackie Groenen (5 jogos): Como ocorreu com algumas colegas de seleção, Groenen vinha de uma temporada apagada (no caso, no Paris Saint-Germain)... e se restabeleceu para fazer uma boa Copa do Mundo. Desde a estreia contra Portugal, foi das jogadoras holandesas mais elogiadas pela imprensa do país: sobrava fôlego a ela para fazer os desarmes e começar as jogadas da seleção laranja, na saída de bola. Tudo isso, graças à precisão de Groenen nos carrinhos no meio-campo - raramente errava um bote, coisa que ocorreu vez por outra em 2019. Não à toa, entre todas as jogadoras de linha da Holanda no Mundial de mulheres, a camisa 14 foi quem mais fez o que se chama de "pressão defensiva" (no popular, quem mais tentou divididas e marcou adversárias): foram 154 lances de marcação - e 32 carrinhos, a maior quantidade entre as 736 jogadoras da Copa feminina. Tanto esforço para evitar que a Holanda tomasse gols tirou um pouco da possibilidade de Jackie ser o "elemento-surpresa" no ataque, com chutes de fora da área, como ela pode ser. Sem problemas: ela conseguiu mostrar vitalidade, justificando plenamente sua titularidade em detrimento de Damaris Egurrola, mais pedida pré-Copa. E um momento pode indicar que Groenen crescerá de importância dentro da seleção dos Países Baixos: quando Sherida Spitse foi substituída por Katja Snoeijs, nos últimos minutos do tempo normal contra a Espanha, para quem Spitse entregou a braçadeira de capitã? Para Groenen. À beira dos 30 anos (fará 29 em dezembro), tendo completado 100 jogos pela Holanda no empate contra os Estados Unidos, cada vez mais a carismática volante será referência dentro da seleção para as jogadoras que estão por vir. E se mostrou capaz de justificar isso, pelo que jogou em campo na Copa.

17-Victoria Pelova (5 jogos): A transformação de Esmee Brugts e Victoria Pelova em alas foi a mudança tática que mais chamou a atenção na Holanda rumo à Copa do Mundo feminina. Porém, se Brugts se deu melhor na esquerda, Pelova já teve mais dificuldades como ala direita no decorrer da Copa. Na hora de avançar para ajudar os ataques, às vezes foi mais lenta do que deveria, dificultando contra-ataques rápidos - isso foi muito visto na estreia contra Portugal, principalmente no primeiro tempo. Quando a questão era a marcação, a camisa 17 também teve problemas: como se temia, às vezes Pelova avançou demais e voltou de menos. Isso ficou claro contra a África do Sul, nas oitavas de final, quando a ala direita teve grandes problemas para controlar Thembi Kgatlana, a principal jogadora das Banyana Banyana. Ficou mais claro ainda nas quartas de final: foi pelo lado esquerdo, marcado por Pelova, que a Espanha mais pressionou ao longo de todos os 120 minutos. Contudo, uma hora os problemas acabaram. Foi quando Lynn Wilms - marcadora bem mais acostumada à função - substituiu Jill Roord, foi para a lateral direita, e Pelova pôde ser adiantada para a sua posição original: o meio-campo. Ali ajudou a Holanda a ser um pouco mais perigosa, quando pôde - coroando isso com o lançamento que Stefanie van der Gragt aproveitou para empatar o jogo, nos acréscimos. Enfim, se valeu a pena ter a experiência como ala direita, ganhando versatilidade, Pelova mostrou que ainda tem o que amadurecer por ali. No meio-campo, onde está mais acostumada no Arsenal, ela tem tudo para crescer.

19-Wieke Kaptein (1 jogo): Algumas vezes, o técnico Andries Jonker já escancarou o quanto aposta em Kaptein, o quanto acredita nela como um nome para o futuro do meio-campo da seleção feminina da Holanda. Até por isso, pode-se imaginar que todo cuidado foi pouco para colocá-la em campo durante a Copa. A jovem de 17 anos só esteve em campo nesta Copa no segundo tempo contra o Vietnã, quando a vitória laranja estava praticamente garantida e a pressão era mínima. No mais, ela viu o Mundial no banco de reservas, ganhando experiência para voltar a jogar pelo Twente. Com uma vivência valiosa, em termos de futebol de mulheres nos Países Baixos. Aos poucos, e se continuar bem, certamente Kaptein terá mais tempo por sua seleção.

21-Damaris Egurrola Wienke (5 jogos): A meio-campista tinha tudo para ser titular, se fosse o caso. Era até o pedido de muita gente que acompanha a seleção feminina da Holanda (Países Baixos), tendo em vista a má fase de Jackie Groenen pré-Copa. Só que Andries Jonker já fizera sua opção pelo nome mais experiente. E de mais a mais, o que se viu no Mundial acabou justificando a preferência por Groenen. De todo modo, Damaris deixou claro que será nome muito usado nos próximos anos da seleção feminina holandesa. Foi outra daquelas "reservas-titulares", vinda do banco para participar de todas as partidas da Holanda. Na maioria das vezes, vinha fortalecer a marcação no meio-campo e manter o bom toque de bola: ora substituindo Van de Donk, como contra Portugal e África do Sul, ora no lugar de Groenen, como foi contra o Vietnã. Assim, quando Van de Donk foi suspensa pelo segundo cartão amarelo tomado contra as sul-africanas, foi quase óbvia a escolha por Damaris como titular contra a Espanha (justamente a seleção que poderia estar defendendo, não fossem problemas com o técnico Jorge Vilda). Eis que ela surpreendeu. Pela rapidez do toque de bola da Espanha, parecia que "Dama" tinha jogado mal. Ao se ver as estatísticas, porém, nota-se que Damaris foi a holandesa que mais desarmou, no meio-campo, ao longo dos 96 minutos em que ficou em campo - as cãibras forçaram sua substituição por Caitlin Dijkstra. Por essas e outras, está claro: a titularidade da camisa 21 com a camisa laranja é questão de tempo. Para alguns, esse tempo já até poderia ter acabado.

Na falta de Miedema, Roord assumiu inesperadamente o papel de referência de ataque da Holanda na Copa (Sajad Imanian/DeFodi Images/Getty Images)

Atacantes

6-Jill Roord (5 jogos, 4 gols): O caso mais visível de uma jogadora que veio por baixo de seu clube - e saiu da Copa por cima. Se Roord perdia espaço no Wolfsburg (tanto que garantiu a chegada ao Manchester City, antes mesmo do Mundial, com jeito de "vida nova"), chegou à Holanda como titular. Mais do que isso: sem Vivianne Miedema, com a Holanda apostando num ataque mais coletivo, caberia a Roord ser um nome experiente a chamar a responsabilidade. E como a camisa 6 fez isso! Na Copa, Roord foi a "ponta-de-lança" por excelência: partia do meio-campo, pouco atrás da área, para sempre chegar ao ataque, sempre tabelar com Lieke Martens e Lineth Beerensteyn, sempre ajudar nas finalizações. Foi assim desde a estreia, contra Portugal. Foi assim, principalmente, contra os Estados Unidos, quando Roord confirmou o domínio holandês na etapa inicial ao fazer o gol que abriu o placar. E foi assim contra o Vietnã, quando marcou mais gols nos 7 a 0 que deixaram a Laranja como líder do grupo E. Nas oitavas de final, Roord também estava a postos para abrir rapidamente o placar contra a África do Sul, tornando-se a primeira jogadora holandesa a marcar quatro gols numa Copa do Mundo. Se a Holanda perdeu, a ponta-de-lança de 26 anos ganhou: recuperou sua importância para a seleção, se afirmando como a principal referência ofensiva que a equipe teve. Roord confirmou: é titular absoluta, atualmente. E confirmou do melhor jeito possível: como a melhor jogadora da Holanda na Copa.

Beerensteyn se esforçou, foi aceitável em campo, mas sua Copa foi atrapalhada pela lesão na estreia - e pelas chances perdidas contra a Espanha... (Rico Brouwer/Soccrates/Getty Images)

7-Lineth Beerensteyn (3 jogos, 1 gol): "O torneio não saiu como o esperado para mim", lamentou Beerensteyn à emissora holandesa de tevê NOS, na zona mista do Estádio Regional de Wellington, após a eliminação para a Espanha. De certa fora, a experiente atacante estava certa. E não só pela criticada atuação que tivera naquela partida, mas pelo que lhe ocorreu antes. Ela recebeu a responsabilidade de ser a titular no meio da área, em lacuna que seria ocupada por Vivianne Miedema, em condições normais. E mesmo com lentidão demais para puxar contra-ataques, a atacante ajudava bastante Lieke Martens e Jill Roord na estreia contra Portugal... até sofrer falta de Diana Gomes, que lhe atingiu o tornozelo, já nos minutos finais daquela partida. A lesão foi séria a ponto de forçar a substituição por Katja Snoeijs, já nos minutos finais - e a ponto até de ameaçar a sequência de Beerensteyn na Copa (ela chegou a sair do estádio de muletas, e ficou de fora no resto da fase de grupos). Pelo menos, o cuidado na recuperação teve resultado, e ela pôde voltar para o mata-mata da Copa. Mais do que isso: fez contra a África do Sul seu melhor jogo, no qual até a sorte lhe "ajudou", com um chute fraco virando um frango da goleira Kaylin Swart e o 2 a 0 holandês. Contra a Espanha, então, Beerensteyn tinha a chance de sua consagração. Chance perdida. Aliás, chances perdidas. Porque os gols desperdiçados na prorrogação - um deles, na pequena área, imediatamente antes do gol da vitória da Espanha - trouxeram o que mais se temia: as lembranças da ausência de Vivianne Miedema, das opções de Andries Jonker deixar de fora da Copa Romée Leuchter e Fenna Kalma... e Beerensteyn acabou "confirmando" a opinião geral. É uma atacante útil, muito voluntariosa, certamente manterá seu espaço na seleção da Holanda. Mas atrai desconfianças sobre seu poder de decisão. Afinal, nos momentos em que o colocou à prova, foi reprovada. Uma pena, até.

9-Katja Snoeijs (5 jogos, 1 gol): Snoeijs viveu altos e baixos nesta Copa do Mundo. Começou com sua entrada nos últimos minutos da estreia contra Portugal, substituindo Beerensteyn, machucada com alguma gravidade no tornozelo. Quando ficou claro que a titular da camisa 7 teria de entrar em recuperação, Snoeijs foi transformada em titular - e justamente numa partida da importância daquela contra os Estados Unidos, na fase de grupos. Nela, decepcionou: em meio a uma atuação de muito esforço da Holanda - primeiro para atacar e abrir o placar, depois para se segurar e evitar que as norte-americanas virassem o placar após o empate -, Snoeijs passou em branco, quase sem aparecer como opção para chutes a gol e tabelas. Sua atuação foi tão anônima que ela deu lugar a Damaris Egurrola já aos 71', para ampliar as opções no meio-campo. Mas a atacante continuou titular contra o Vietnã, e aí tudo deu certo: a camisa 9 não só apareceu mais para o jogo, como teve o seu prêmio por isso, ao chutar da entrada da área para marcar o segundo gol holandês nos 7 a 0. De todo modo, Beerensteyn pôde voltar para o mata-mata da Copa. E Snoeijs voltou a ter papel periférico. Primeiro, entrando só nos acréscimos contra a África do Sul, substituindo Lieke Martens; depois, contra a Espanha, mesmo vindo para o lugar de Sherida Spitse e possibilitando que a Holanda jogasse com três no ataque, ela novamente passou em branco nos 35 minutos em que jogou. Tendo em vista a perspectiva para os próximos meses, é possível dizer que sua situação não mudou: Snoeijs é opção válida para o ataque da Holanda. Mas com o previsível retorno de Vivianne Miedema, terá de disputar posição com Fenna Kalma, Romée Leuchter, Esmee Brugts, a própria Beerensteyn...

Para a surpresa de muitos, Lieke Martens voltou a jogar bem: mesmo sem ser referência, ajudou muito o ataque da Holanda na Copa (Zhizhao Wu/Getty Images)

11-Lieke Martens (5 jogos, 1 gol): E não é que, quando menos se esperava, Lieke Martens reagiu?! Vinda de muitas lesões e de idas e vindas no banco de reservas pelo Paris Saint-Germain, as desconfianças em relação a Martens eram cada vez maiores. Só que ela melhorou aos poucos. Na estreia contra Portugal, ainda ficou um pouco discreta. Já contra os Estados Unidos, Martens apareceu bem mais. E não só no ataque, chamando a responsabilidade, recebendo lançamentos, tabelando com as outras opções - também na defesa, ao afastar de cabeça, em cima da linha, um chute de Sophia Smith, aos 82'. Contra o Vietnã, enfim, brilho: ela abriu o placar para a goleada por 7 a 0, tornando-se a primeira jogadora da Holanda a deixar a bola na rede em três Copas do Mundo de mulheres. Contra a África do Sul, viu-se a mesma coisa elogiável: embora não tenha feito gols - até fez um, mas corretamente anulado (Pelova estava impedida na jogada) -, Martens foi uma opção constante para jogadas de ataque. E até o fim dos 120 minutos da eliminação contra a Espanha, ela ficou em campo, tentando ajudar no ataque, embora Lineth Beerensteyn tenha chamado mais a atenção. Certo, a camisa 11 não foi um nome decisivo, daqueles que resolve jogos, como foi no 2017 em que ganhou o prêmio da FIFA como melhor jogadora do mundo. Ainda assim, as estatísticas deixam claro que Martens assumiu a responsabilidade: além dos três gols, foi quem mais chutou pela Holanda na Copa (21), quem mais passes para gol deu (3), quem mais correu (57,6 quilômetros)... enfim, ela tentou. Já era alguma coisa. Se ela aliar isso à habilidade que sempre teve, sorte da seleção feminina da Holanda.

13-Renate Jansen (1 jogo): No texto correspondente a Renate Jansen para o guia deste blog sobre a Holanda na Copa de mulheres, comentava-se que a atacante era opção sempre confiável caso necessário, por sua experiência e por sua disposição para cumprir a tarefa à qual fora destinada. Dito antes, provado na Copa. Porque Renate entrou apenas para jogar os acréscimos do empate contra os Estados Unidos, na fase de grupos - justamente quando as holandesas mais sofriam com a pressão das norte-americanas em busca da virada no placar. Com sua capacidade para segurar a bola, Jansen conseguiu ajudar a seleção europeia a ganhar mais rebotes e a reter mais a bola no meio-campo, o que foi fundamental para manter o 1 a 1 final daquela partida. A camisa 13 não veio mais a campo na Copa. Tudo bem: provou que é sempre muito útil para a equipe de mulheres da Holanda. Como já faz há muito tempo. Enquanto precisarem, Renate Jansen sempre estará à disposição.

22-Esmee Brugts (5 jogos, 2 gols): Se Brugts foi escalada como ala pela esquerda e trazia dúvidas (como se sairia uma jogadora tão nova, numa posição em que mal atuou na carreira?), ela respondeu parcial mas positivamente a essas dúvidas. Para começo de conversa, Brugts apresentou um pouco mais de equilíbrio entre avançar para o ataque e marcar na defesa - para isso, seu porte físico alto talvez tenha ajudado a impor mais respeito. Em segundo lugar, a ala esquerda mostrou de vez o que já insinuava: tem talento. Muito talento. Principalmente no ataque. Que o digam os dois golaços marcados contra o Vietnã - dois chutes de fora da área, ambos diretamente no ângulo da goleira vietnamita Kim Thanh. Não à toa, foi eleita a melhor daquela partida pela FIFA. E mesmo sem se destacar muito até a eliminação da Holanda, a camisa 22 já passou a impressão confiável de que está pronta para assumir a titularidade, mesmo jovem. Ao contrário da Euro passada, em que pareceu hesitante ao tomar a posição de uma Lieke Martens machucada, agora Brugts parece mais preparada. Fora do PSV, já decidiu que deseja jogar num campeonato mais competitivo do futebol europeu de mulheres. Pelo que mostrou na Copa, como uma das jovens mais promissoras da competição, vêm aí alguns interessados.

O trabalho de Andries Jonker não foi perfeito. Mas acertou o suficiente para causar boa impressão (Rico Brouwer/Soccrates/Getty Images)

Andries Jonker (treinador)

Só o fato de já ter confiança maior do grupo possibilitava que Jonker fizesse um trabalho mais confiável na seleção do que o antecessor Mark Parsons. Com exatamente um ano de trabalho (o treinador chegou à seleção feminina da Holanda), já é possível dizer que ele melhorou o status da equipe. Claro, o trabalho não foi perfeito. Primeiro, pela convocação polêmica - ainda hoje há quem diga que Fenna Kalma e Romée Leuchter mereciam estar entre as 23 convocadas para a Copa. Segundo, porque Jonker por vezes ainda demora demais para fazer alterações necessárias: foi o caso, por exemplo, da estreia contra Portugal, em que o treinador mudou pela primeira vez só aos 80' (Damaris substituiu Van de Donk), mesmo numa partida altamente tensa. Ainda assim, Jonker soube ser inteligente. Por exemplo, ao atender o desejo do grupo e fazer uma equipe mais ofensiva - mesmo com os previsíveis efeitos colaterais que a defesa lenta causaria, só contra a Espanha (e no fim, contra os Estados Unidos) é que a Holanda adotou postura francamente recuada. Ou então, ao mudar a posição de Sherida Spitse para mantê-la entre os titulares, como recomendado para alguém tão experiente, sem deixá-la cansada demais no meio-campo. Além disso, Jonker aprofundou a abertura para a nova geração já iniciada sob Mark Parsons, não só ao fazer de Esmee Brugts e Victoria Pelova titulares, mas também ao abrir caminho para surpresas como Wieke Kaptein. E a Holanda, mesmo tendo seus limites técnicos, foi eliminada de um jeito honroso. Parte disso, pelos méritos do treinador, que conseguiu organizar bem melhor praticamente a mesma seleção que causara impressão preocupante na Euro feminina. Ao contrário do que aconteceu com Mark Parsons, certamente Andries Jonker terá confiança para seguir com o trabalho até a Euro 2025, ponto final de seu contrato.

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