Como sempre, Klaassen apareceu para ajudar o Ajax na Liga dos Campeões. Mas empate força time a corrigir erro de sempre: falta de pontaria (Pro Shots) |
Quem viu, sabe: a classificação do Ajax na terceira fase preliminar da Liga dos Campeões teve qualquer coisa de fortuita. Jogando contra o PAOK, da Grécia, os Amsterdammers tiveram posse de bola e se impuseram ofensivamente, mas ficaram num mero empate; na volta, a defesa sofreu demais em Tessalônica (principalmente no primeiro tempo), e contou com um pênalti - duvidoso - e um chute aos 43 minutos da etapa final, ambos convertidos em gol por Davy Klaassen, para conseguir uma vitória dramática em Tessalônica.
Pois bem: a coisa ficou tão igual na partida de ida dos play-offs por um lugar na fase de grupos da Champions League, contra o Rostov-RUS, que deu para pensar até num déjà vu (aquela expressão que indica a sensação de já ter visto algo aparentemente nunca visto). Novamente, a equipe de Amsterdã foi bem melhor em casa; novamente, a fragilidade de sua defesa provocou um gol adversário que prejudicou muito as coisas; novamente, foi necessário correr atrás do empate; e novamente, o resultado foi a igualdade em um gol com o adversário, forçando os Godenzonen a uma vitória ou um empate por mais de um gol no jogo de volta - no dia 24, em Rostov-na-Donu - para assegurarem a sonhada vaga na fase de grupos.
Pelo menos, a superioridade do Ajax contra o Rostov deu uma impressão melhor à torcida. Ao invés do time ainda incerto e inseguro da ida na terceira fase preliminar, quando o Campeonato Holandês sequer começara, o time da casa começou bem mais acelerado na Amsterdam Arena, indicando até uma pequena evolução. Algo talvez justificado pela mudança fundamental na defesa: péssimo no jogo de volta contra o PAOK, pela lentidão na volta para a defesa, o zagueiro alemão Heiko Westermann sequer foi relacionado. Com Davinson Sánchez junto de Jaïro Riedewald no miolo de zaga, enquanto Joël Veltman ia para a lateral direita, houve um pouco mais de rapidez na parte defensiva do 4-3-3 escalado por Peter Bosz.
Mais do que isso: desde o começo da partida, o Ajax pressionava um Rostov francamente escalado para segurar-se num 5-3-2. As chegadas constantes de Amin Younes pela esquerda, mais os avanços de Davy Klaassen, deixavam os defensores da equipe russa muito presos à área de defesa. Sem contar uma boa sacada: a escalação de Bertrand Traoré. Tendo chegado no final de semana passado a Amsterdã, emprestado pelo Chelsea, o atacante burquinês mostrou mais força física, mais velocidade e mais ousadia nas tentativas. Pelo menos no início, Traoré justificou o empenho de Peter Bosz em contratá-lo, alegando bom trabalho em conjunto quando ambos estiveram no Vitesse.
Tudo isso, até os 13 minutos do primeiro tempo, quando o Rostov conseguiu o que precisava: uma jogada de bola parada - uma falta próxima à área, para ser mais preciso. E aí, aconteceu mais uma coisa que já ocorrera contra o PAOK: falha de Jasper Cillessen. Contra a equipe grega, o goleiro Ajacied saiu atabalhoadamente do gol, permitindo que o angolano Djalma Campos o driblasse e tocasse para o gol vazio; contra o Rostov, Cillessen deixou um canto aberto demais. Foi justamente onde o equatoriano Christian Noboa cobrou a falta. Direto para as redes.
A insegurança do arqueiro titular tem causado críticas da torcida. E não passou despercebida por Peter Bosz, após o jogo: "É claro que ele não foi bem, mas ele próprio sabe disso". De fato, o mesmo goleiro titular do Ajax e da seleção holandesa reconheceu que seu momento ainda não é dos melhores, em declarações à Ziggo Sport, emissora de tevê a cabo que mostrou o jogo na Holanda: "Naturalmente lamento. Não estou na minha fase de maior sorte. Você tenta lentamente sair desses momentos, mas isso não ocorre da noite para o dia".
Pelo menos, a pressão do Ajax no ataque continuou forte. No primeiro tempo, com Younes, Anwar El Ghazi (enfim, boa atuação), Klaassen e Traoré, a defesa do Rostov sofreu - principalmente na direita, onde Timofei Kalachev e Denis Terentyev cortaram muitos dobrados, até o empate merecido, aos 38', num pênalti convertido por Klaassen. Na etapa complementar, o destaque único foi o goleiro da equipe de Dmitri Kirichenko (ainda "auxiliado" pelo demissionário Kurban Berdyev): Soslan Dzhanaev fez defesas decisivas, que evitaram a vitória dos Ajacieden. Principalmente em duas chances: aos 54', com bola à queima-roupa vinda de cabeceio de Traoré, e aos 68', em perigoso chute de Nemanja Gudelj, fora da área.
Enfim, o Ajax pareceu mais atento e mais veloz do que mostrara no empate contra o Roda JC, sábado passado, pelo Campeonato Holandês. Mas ainda falta transformar as chances que já cria em gol. Disso depende conquistar um resultado que dê a vaga na fase de grupos da Liga dos Campeões - e alguns caraminguás a mais no cofre do clube.
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