quinta-feira, 20 de outubro de 2016

O sinal amarelo acendeu

Luuk de Jong sai de cabeça baixa. Compreensível: PSV rendeu-se facilmente ao Bayern (psv.nl)

Geralmente, o PSV tem uma reconhecida variação tática. Para o Campeonato Holandês, vai com o 4-3-3 velho de guerra; quando o jogo é pela Liga dos Campeões, Phillip Cocu coloca o time num 5-3-2 mais conservador. Nada mais lógico: afinal de contas, uma coisa é enfrentar os Go Ahead Eagles e Roda JC da vida, outra é encarar Bayern de Munique e Atlético de Madrid. Por isso, talvez, tanta estranheza quando foi anunciada a escalação da equipe de Eindhoven para o jogo contra o Bayern, na quarta passada, pela terceira rodada da fase de grupos da Champions League: afinal, os Eindhovenaren viriam à Allianz Arena num 4-3-3 normal, com Daniel Schwaab formando a zaga junto de Héctor Moreno.

Não deu certo, agora se sabe. E a goleada sofrida para os bávaros (4 a 1) deixou clara a má fase que o PSV vive atualmente: não bastasse deixar claro que é mais plausível pensar apenas em conseguir vaga na Liga Europa, foi a terceira partida sem vitórias. Tudo porque a equipe se enrolou nas duas rodadas mais recentes do Holandês: dois empates por 1 a 1, contra Heerenveen e Heracles Almelo. Com isso, o atual bicampeão nacional já se vê a nove pontos de distância do líder Feyenoord - para quem perdeu em casa, coisa que não acontecia havia muito tempo. Já se pode dizer: há algum tempo tempo o clube alvirrubro de Eindhoven não vivia período tão turbulento.

E a derrota pela Liga dos Campeões foi mostra desse momento turbulento - e de mais uma curiosidade: mesmo com esses problemas, o PSV não tem jogado irremediavelmente mal. Joga apenas com falta de cuidados defensivos. A prova se viu nos primeiros 25 minutos de jogo: por mais que o técnico agora seja Carlo Ancelotti, o Bayern ainda parecia nos tempos de Josep Guardiola, tal a volúpia ofensiva com que aproveitou os espaços deixados pela equipe holandesa. Principalmente na lateral direita: Joshua Brenet pavimentou uma avenida pela qual David Alaba jogou à vontade.

Se fosse só com o lateral/meio-campista austríaco, quem sabe a defesa pudesse ter dado algum jeito. Não deu, porque Arjen Robben, enfim recuperado, voltou a ser o que se sabe que ele é: o único jogador holandês da atualidade capaz de ser considerado entre os melhores do  mundo. E porque Robert Lewandowski e Thomas Müller aproveitaram (ou pelo menos tentaram) as chances que apareceram, com os espaços que Schwaab, Moreno e Jetro Willems deixaram na defesa. Com 20 minutos do primeiro tempo, o placar estava em 2 a 0 para os mandantes na Allianz Arena. 13 chances dos bávaros, nenhuma do PSV, acuado que estava na sua área de defesa. Era o caso de dizer que cabia mais.

Aí veio a surpresa. Quando começou a jogar nos vazios defensivos que o Bayern abre - e abre deliberadamente, porque correr riscos faz parte do estilo de jogo ofensivo -, o PSV mostrou algum talento. Principalmente pelas pontas: se Luuk de Jong ficou apagado no meio da área, se o irmão Siem de Jong foi ainda mais apagado na armação das jogadas, coube a Gastón Pereiro e Luciano Narsingh procurarem algo. Assim o PSV melhorou no final do primeiro tempo, assim veio o gol de Narsingh (aos 40'), assim Luuk de Jong recebeu bola para grande chance de empatar aos 48', assim Pereiro também teve possibilidade de igualar o placar aos 52'.

Ainda assim, tal melhora pareceu muito mais permitida pelo Bayern do que algo que realmente ameaçasse a vitória do campeão alemão. Tanto que bastou uma ótima jogada de Robben (desnecessário dizer como era a jogada...) para Lewandowski fazer 3 a 1. Aí, como bem comentou Cocu após o jogo, "foi o tiro de misericórdia". Sem contar que Jeroen Zoet continuava sendo exigido, fazendo pelo menos três ótimas defesas na etapa complementar. Era tarde para os Eindhovenaren sonharem, e ficou mais tarde ainda quando Robben consumou a goleada - aplaudido pela torcida do PSV que defendeu entre 2002 e 2004, o camisa 10 dos bávaros comentou a relação com o antigo empregador: "Se jogarei de novo [pelo PSV]? Não sei. Não iria tão longe. Estou ocupado com o Bayern. Depois desta temporada, meu contrato acaba. Mas minha relação com o Bayern é boa. Não estou preocupado com o futuro ou com um novo contrato, só em continuar em forma. (...) Também sinto algo pelo PSV, conheço muita gente lá".

Não deveria ter impressionado a irregularidade da defesa do PSV: afinal, foi justamente num erro de Siem de Jong, na saída de bola, que o Heracles Almelo conseguiu o gol de empate no 1 a 1 da 9ª rodada. Nem mesmo a boa atuação do ascendente Pereiro: fez o gol do clube, na partida pelo Holandês. Nem a inferioridade diante do Bayern: Joshua Brenet comentou impressionado à revista Voetbal International que "[o Bayern] foi o melhor time contra o qual já joguei". Não deveria impressionar nem mesmo a dura derrota sofrida pelo PSV: afinal, o sinal de alerta já está aceso há algum tempo em De Herdgang, com apenas três vitórias nos últimos dez jogos. Se antes o Bayern estava precisando reagir, agora a pressão passou a pairar sobre Eindhoven. Pelo menos, ainda há chance de ficar para a Liga Europa...

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