Danny Blind: um ano e oito meses depois, a saída da seleção. Talvez nem a chegada devesse ter ocorrido (ANP) |
Junho/julho de 2015. Já estava claro que a situação da Holanda era muito frágil. Após a surpreendente (mas desgastante) campanha na Copa de 2014, a Oranje tinha voltado ao 4-3-3 - mas, com um estilo taticamente antiquado e frágil defensivamente, sofria no grupo A das eliminatórias para a Euro 2016, sem conseguir fazer frente à intensidade e à compactação de Islândia e Turquia, mais agudas nos contragolpes, além da eficiência da República Tcheca. Em meio à campanha difícil, estava claro também que Hiddink não conseguia impor à seleção a mesma liderança que Van Gaal impusera à jovem geração de jogadores. De quebra, internamente, Bert van Oostveen demonstrava mais atração pelo trabalho de Danny Blind do que pelo veterano técnico. Resultado: mesmo após uma vitória sobre a Letônia, pelas eliminatórias da Euro, Hiddink pediu demissão. E o "projeto" para 2018 foi "antecipado": Blind foi "promovido" a treinador.
Na época, o mesmo faz-tudo deste blog fez este texto para a Trivela, aproveitando o trocadilho óbvio e sem graça para perguntar se Blind não seria um "voo cego", um risco alto demais, para alguém com apenas 422 dias de trabalho como técnico (substituindo o demitido Ronald Koeman no Ajax, entre 14 de março de 2005 e 10 de junho de 2006), tendo mais experiência como diretor. Pois bem: a federação insistiu por um ano e quase nove meses. Até a melancólica derrota para a Bulgária, no sábado passado, pelas eliminatórias da Copa de 2018, que tornou inevitável a decisão de demitir Danny Blind, anunciada neste domingo, após reunião entre o demissionário e diretores da federação - que já haviam tomado a decisão após a partida em Sófia, segundo o diário Algemeen Dagblad. Para o amistoso contra a Itália, na próxima terça, em Amsterdã, a decisão previsível será deixar no cargo, interina e excepcionalmente, o auxiliar técnico Fred Grim, treinador da seleção holandesa sub-21 até o ano passado.
A dupla Blind e Hiddink: o que parecia organização da federação se revelou aposta precipitada (ANP) |
Fracasso tão óbvio quanto a continuação dos problemas, consequência da decisão: com o fracasso de Hiddink e Blind, a Holanda simplesmente não tem muitas opções para contratar, como técnico. Por motivos óbvios, Guus Hiddink não voltará. Nem Louis van Gaal. Com trabalho bem desenvolvido no Everton (e ainda de orgulho ferido pela recusa de 2014), Ronald Koeman sequer ouvirá falar de seleção holandesa até a Copa de 2018. Frank Rijkaard deixou a carreira de técnico. Frank de Boer, a opção mais falada, está chamuscado pelo trabalho péssimo na Internazionale. Phillip Cocu e Giovanni van Bronckhorst até são promissores, mas parecem precisar de mais cancha na carreira antes de encararem tal desafio. Opções estrangeiras? Aí seria necessário vencer a resistência dos próprios holandeses - embora se fale em alemães como Ralf Rangnick ou até Jürgen Klinsmann.
Jean Paul Decoussaux desconversou sobre todas as possibilidades, em entrevista coletiva. Sobre técnicos estrangeiros serem uma opção, ampliou: "Tudo é uma opção". E citou, talvez, a melhor e mais desejada escolha: "Precisamos de alguém que possa ajudar o futebol holandês a se reerguer. Pode ser Koeman, também". Em desordem interna, a dupla da federação, formada por Decoussaux e pelo ex-goleiro Hans van Breukelen, diretor-geral da entidade, tem até junho para resolver isso, antes das novas datas FIFA, com os amistosos contra Costa do Marfim e Marrocos (e a partida contra Luxemburgo, pelas eliminatórias da Copa). Até lá, restará a Blind pai lamber as feridas da demissão, como já fez na nota à imprensa: "Estávamos no bom caminho. A derrota contra a Bulgária foi um acidente. Horrível terminar assim". Talvez o fim fosse diferente, não fosse a decisão precipitada de 2014 - e o voo cego de 2015...
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