A tristeza em ficar fora da Copa foi indisfarçável. Mas pelo menos, a vitória e a atuação esforçada renderam respeito à Holanda (Pim Ras) |
"Estas eliminatórias já estavam perdidas quando eu cheguei." Por essa frase de Dick Advocaat à NOS, emissora pública holandesa de tevê, já se nota como era baixa a autoconfiança da seleção da Holanda, antes da partida decisiva contra a Suécia, pela última rodada das Eliminatórias da Copa de 2018. Também não havia muita crença da capacidade da Laranja em vencer os suecos por sete gols de diferença. De fato, a Holanda não passou do sonho. E está fora de uma Copa do Mundo, após 16 anos. Se serve de consolo, pelo menos não terminou a qualificação com derrota, como para a Euro 2016. Ao contrário: a atuação na vitória por 2 a 0 mostrou esforço. E se houve um grande responsável por isso, foi Arjen Robben. Que parecia saber do caráter agridoce do jogo, ao lacrimejar durante o hino holandês.
Jogo começado, duas impressões vieram. A primeira era positiva: as mudanças na escalação que começou o jogo ajudaram a Holanda a mostrar mais ofensividade - tanto nas mudanças pelas laterais (Kenny Tete começou o jogo na direita; Nathan Aké, na esquerda), quanto no início de Daley Blind como volante, qualificando a saída de bola. Mas a segunda impressão neutralizava os efeitos da primeira: o começo de jogo deu a impressão de que a Holanda repetiria a irritante rotina vista nestas Eliminatórias. Contra uma Suécia tranquila e bem postada defensivamente, fechando-se num 4-4-2 sem a bola, restava apenas trocar passes no campo de defesa.
Até Robben começar a aparecer. Não só na direita, o seu setor preferencial, mas também vindo para o meio-campo, buscando jogo, chamando a responsabilidade. Assim, aos poucos, a Laranja foi encurralando a Suécia. Como aos 8', quando Robben puxou a bola para a esquerda, serviu a Aké, e o lateral cruzou para Granqvist tirar de cabeça. Aos 9', o camisa 11 protagonizou a primeira chance, com sua jogada habitual: dominou pela direita, cortou e chutou, mas o goleiro Robin Olsen defendeu sem problemas. Depois, aos 12', Robben perdeu mais uma boa chance, numa jogada atribulada. Aké cruzou, Jakob Johansson tirou da área, mas Tete ainda pegou a sobra e cruzou para o capitão da Oranje tentar o cabeceio, mandando a bola por cima do gol.
Junto de Robben, outros começavam a aparecer. Como Ryan Babel, que fez o que pôde pela esquerda, com jogadas individuais elogiáveis. Junto do apenas esforçado Vincent Janssen, ele provocou a jogada do pênalti que deu o primeiro gol à Holanda: Janssen desviou a bola tentando fazê-la alcançar Babel, e Victor Lindelöf tocou com a mão. Nada absurdo, mas o juiz Sergei Karasev julgou pênalti, apitou. E Robben arriscou uma cavadinha. Saiu mal feita, mas foi suficiente para o 1 a 0 que aumentou as esperanças.
Aliás, a vantagem aumentou também o volume ofensivo holandês, com o segundo gol quase vindo aos 20', num belo lançamento de Blind, do meio-campo, agarrado por Olsen antes que Babel pudesse finalizar. Aos 26', outra boa chance, numa cobrança de falta ensaiada: Robben tocou a Blind, recebeu de volta e lançou Wijnaldum, que só não fez pelo desvio providencial de Sebastian Larsson. E aos 31', em outra falta, Babel mandou a esférica rente à trave esquerda de Olsen.
Jogo começado, duas impressões vieram. A primeira era positiva: as mudanças na escalação que começou o jogo ajudaram a Holanda a mostrar mais ofensividade - tanto nas mudanças pelas laterais (Kenny Tete começou o jogo na direita; Nathan Aké, na esquerda), quanto no início de Daley Blind como volante, qualificando a saída de bola. Mas a segunda impressão neutralizava os efeitos da primeira: o começo de jogo deu a impressão de que a Holanda repetiria a irritante rotina vista nestas Eliminatórias. Contra uma Suécia tranquila e bem postada defensivamente, fechando-se num 4-4-2 sem a bola, restava apenas trocar passes no campo de defesa.
Até Robben começar a aparecer. Não só na direita, o seu setor preferencial, mas também vindo para o meio-campo, buscando jogo, chamando a responsabilidade. Assim, aos poucos, a Laranja foi encurralando a Suécia. Como aos 8', quando Robben puxou a bola para a esquerda, serviu a Aké, e o lateral cruzou para Granqvist tirar de cabeça. Aos 9', o camisa 11 protagonizou a primeira chance, com sua jogada habitual: dominou pela direita, cortou e chutou, mas o goleiro Robin Olsen defendeu sem problemas. Depois, aos 12', Robben perdeu mais uma boa chance, numa jogada atribulada. Aké cruzou, Jakob Johansson tirou da área, mas Tete ainda pegou a sobra e cruzou para o capitão da Oranje tentar o cabeceio, mandando a bola por cima do gol.
Junto de Robben, outros começavam a aparecer. Como Ryan Babel, que fez o que pôde pela esquerda, com jogadas individuais elogiáveis. Junto do apenas esforçado Vincent Janssen, ele provocou a jogada do pênalti que deu o primeiro gol à Holanda: Janssen desviou a bola tentando fazê-la alcançar Babel, e Victor Lindelöf tocou com a mão. Nada absurdo, mas o juiz Sergei Karasev julgou pênalti, apitou. E Robben arriscou uma cavadinha. Saiu mal feita, mas foi suficiente para o 1 a 0 que aumentou as esperanças.
Aliás, a vantagem aumentou também o volume ofensivo holandês, com o segundo gol quase vindo aos 20', num belo lançamento de Blind, do meio-campo, agarrado por Olsen antes que Babel pudesse finalizar. Aos 26', outra boa chance, numa cobrança de falta ensaiada: Robben tocou a Blind, recebeu de volta e lançou Wijnaldum, que só não fez pelo desvio providencial de Sebastian Larsson. E aos 31', em outra falta, Babel mandou a esférica rente à trave esquerda de Olsen.
A garra de Arjen Robben foi inspiradora. E fechou com dignidade seu tempo na seleção (Getty Images) |
Avançando mais, obviamente a Holanda cedia espaços. E a traiçoeira Suécia quase os aproveitou duas vezes, graças a Marcus Berg. Aos 20' Larsson manda para a área em cobrança de falta, e Berg cabeceou para Jasper Cillessen defender. O goleiro holandês voltou a aparecer bem aos 35', ao defender outra testada perigosa de Berg (e ainda atrapalhado por Aké, diga-se). Mas o que impressionava era a velocidade e o esforço holandeses em busca do gol. Que quase veio aos 37', em chance perdida por Tete (Aké fez boa jogada pela esquerda, passou a Babel, o atacante cruzou para o lateral tocar por cima, livre na segunda trave). E aos 39', em sequência de duas defesas de Olsen (primeiro em arremate de Babel, depois no rebote de Janssen). Finalmente, aos 40', Robben reapareceu, com o segundo gol. Ou melhor, golaço: de primeira, da meia-lua, aproveitando passe de Babel.
Uma chance de Vincent Janssen, aos 43', simbolizava o único momento em que a Holanda ousou sonhar que a façanha era possível. Mas o placar, frio, estampava apenas 2 a 0. No segundo tempo, para aumentar a pressão e a referência na área, Bas Dost substituiu Janssen. Porém, não demorou muito para se ver que a pressão do primeiro tempo não se repetiria. A velocidade e o entusiasmo haviam ficado no primeiro tempo. Dost não conseguia finalizar - embora os cruzamentos se avolumassem, como aos 48' e aos 50'. Houve exceção aos 53', em boa triangulação de Vilhena com Babel e Aké, cujo cruzamento só foi afastado por Larsson. Mas as bolas altas só serviram para "consagrar" Olsen, que fez boas defesas aos 58 - desviando providencialmente cruzamento de Tete - e no minuto seguinte, em voleio de Wijnaldum.
Davy Klaassen e Janmaat ainda entraram, para que o toque de bola no meio-campo e os cruzamentos fossem fortalecidos. Mas já estava claro que o sonho dos sete gols estava encerrado. E nem a Suécia estava interessada em avançar - só teve uma chance real, em chute de Emil Forsberg após bola roubada de Blind por Marcus Berg, aos 70'. A oportunidade derradeira para aumentar a honra veio aos 87'. De Robben, como sói acontecer: recebendo de Janmaat e batendo para nova defesa de Olsen.
Nisso, a torcida já apenas gritava "Arjen, bedankt" (Arjen, obrigado), ao ver o esforço de um esfalfado e claudicante Robben. Que era quem mais merecia uma despedida com honra. Afinal de contas, como já se desconfiava, era o último dos 96 jogos que o nativo de Bedum fez pela seleção - terminado com 37 gols, como quarto maior goleador da história da seleção, empatado com Dennis Bergkamp. A dor ficou clara nas palavras do capitão, cumprimentado calorosamente por todos após o apito final: "Não dependia de mim, eu sabia que poderia ser a última [partida]. Foi lindo, mas foi difícil". Aliás, a dor foi tão grande quanto o bom humor: "E o 'Homem de Vidro' foi quem mais durou...".
Restava apenas a gratidão. E a consciência de que a Holanda está diante de um duro caminho para tentar ganhar o respeito de tempos idos. Algo expresso nas palavras também tristes de Bas Dost: "Não quero falar muito. Estou envergonhado. É muito duro". E na serenidade de Babel ("A federação precisa fazer um plano melhor definido") e Blind ("Será um longo verão"). Pelo menos, desta vez, a despedida teve mais honra. Agora, é hora da Holanda ruminar suas dores.
Eliminatórias para a Copa de 2018 - Europa
Uma chance de Vincent Janssen, aos 43', simbolizava o único momento em que a Holanda ousou sonhar que a façanha era possível. Mas o placar, frio, estampava apenas 2 a 0. No segundo tempo, para aumentar a pressão e a referência na área, Bas Dost substituiu Janssen. Porém, não demorou muito para se ver que a pressão do primeiro tempo não se repetiria. A velocidade e o entusiasmo haviam ficado no primeiro tempo. Dost não conseguia finalizar - embora os cruzamentos se avolumassem, como aos 48' e aos 50'. Houve exceção aos 53', em boa triangulação de Vilhena com Babel e Aké, cujo cruzamento só foi afastado por Larsson. Mas as bolas altas só serviram para "consagrar" Olsen, que fez boas defesas aos 58 - desviando providencialmente cruzamento de Tete - e no minuto seguinte, em voleio de Wijnaldum.
Davy Klaassen e Janmaat ainda entraram, para que o toque de bola no meio-campo e os cruzamentos fossem fortalecidos. Mas já estava claro que o sonho dos sete gols estava encerrado. E nem a Suécia estava interessada em avançar - só teve uma chance real, em chute de Emil Forsberg após bola roubada de Blind por Marcus Berg, aos 70'. A oportunidade derradeira para aumentar a honra veio aos 87'. De Robben, como sói acontecer: recebendo de Janmaat e batendo para nova defesa de Olsen.
Nisso, a torcida já apenas gritava "Arjen, bedankt" (Arjen, obrigado), ao ver o esforço de um esfalfado e claudicante Robben. Que era quem mais merecia uma despedida com honra. Afinal de contas, como já se desconfiava, era o último dos 96 jogos que o nativo de Bedum fez pela seleção - terminado com 37 gols, como quarto maior goleador da história da seleção, empatado com Dennis Bergkamp. A dor ficou clara nas palavras do capitão, cumprimentado calorosamente por todos após o apito final: "Não dependia de mim, eu sabia que poderia ser a última [partida]. Foi lindo, mas foi difícil". Aliás, a dor foi tão grande quanto o bom humor: "E o 'Homem de Vidro' foi quem mais durou...".
Restava apenas a gratidão. E a consciência de que a Holanda está diante de um duro caminho para tentar ganhar o respeito de tempos idos. Algo expresso nas palavras também tristes de Bas Dost: "Não quero falar muito. Estou envergonhado. É muito duro". E na serenidade de Babel ("A federação precisa fazer um plano melhor definido") e Blind ("Será um longo verão"). Pelo menos, desta vez, a despedida teve mais honra. Agora, é hora da Holanda ruminar suas dores.
Holanda 2x0 Suécia
Data: 10 de outubro de 2017
Local: Amsterdam Arena (Amsterdã)
Juiz: Sergei Karasev (Rússia)
Gols: Arjen Robben, aos 16' e aos 40'
Holanda
Jasper Cillessen; Kenny Tete (Daryl Janmaat, aos 71'), Virgil van Dijk, Karim Rekik e Nathan Aké; Georginio Wijnaldum (Davy Klaassen, aos 71'), Tonny Vilhena e Daley Blind; Arjen Robben, Vincent Janssen (Bas Dost, no intervalo) e Ryan Babel. Técnico: Dick Advocaat
Suécia
Robin Olsen; Mikael Lustig, Andreas Granqvist, Victor Lindelöf e Ludwig Augustinsson; Viktor Claesson (Gustav Svensson, aos 68'), Sebastian Larsson (Martin Olsson, aos 82'), Jakob Johansson e Emil Forsberg; Marcus Berg e Ola Toivonen (Isaac Kiese Thelin, aos 76'). Técnico: Janne Andersson
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