Geurts começou jogando ainda na infância: morando na Holanda, aos seis anos já jogava numa das equipes de base do RES, clube amador de Bolsward, cidade da província da Frísia - e a equipe era de garotos. A goleira ficou lá até 1998: com o Heerenveen como o clube mais conhecido da Frísia, ela foi convidada para jogar nos times de base do Fean. Mas só ficou lá um ano: em 1999, já estava de volta ao RES, onde ficou pelos cinco anos seguintes.
Na Holanda, porém, sempre foi preciso pensar numa outra opção além do futebol feminino. E foi o que Geurts fez, em 2004, ao se transferir para os Estados Unidos: na Western Illinois University, estudaria fisioterapia. Ela até conseguiu o diploma. Mas seria outra a profissão exercida: na universidade norte-americana, havia um time de futebol feminino, o Western Illinois Leatherchecks. Lá, Geurts achou um lugar para jogar, no campeonato universitário dos Estados Unidos. Deu tão certo que ela chamou a atenção de Vera Pauw, técnica da seleção feminina. E em 2005, aos 19 anos, recebeu sua primeira chance na Holanda: em 20 de agosto daquele ano, a goleira foi titular num amistoso contra a Finlândia (vitória finlandesa, 4 a 0).
Em 2006, curso concluído, Geurts voltou à Europa. Mas não para a Holanda: em março, foi direto para a Alemanha, jogar pelo Heike Rheine, no restante da temporada 2005/06. No entanto, o principal impulso para a carreira veio mesmo da seleção holandesa: goleira titular, Marleen Wissink encerrou a carreira naquele 2006. O caminho estava aberto para Geurts tomar a posição e não mais largá-la, por um longo tempo. Viriam mudanças melhores, ainda: após mais uma temporada no Heike Rheine, Geurts aceitou a proposta do AZ, em 2007, para vir jogar em seu país natal, com o advento (a volta, na verdade) da Eredivisie feminina.
Foram quatro anos de Geurts no clube de Alkmaar. Um tricampeonato holandês (2007/08, 2008/09 e 2009/10). Uma Copa feminina da Holanda (2010/11). Com tamanho ritmo de jogo, foi previsível ver Geurts sempre entre as titulares no gol da seleção holandesa, construindo experiência admirável para alguém de pouco mais de 20 anos. Teve mais: em 2009, Geurts foi uma das titulares da seleção no primeiro grande momento das Leoas - a campanha na Euro feminina, alcançando as semifinais. Sem contar os incontáveis amistosos: Geurts esteve até no Brasil, no fim de 2010, na participação da Holanda no Torneio Internacional Cidade de São Paulo (foi titular na derrota por 3 a 2 para o Brasil - falhou no primeiro gol).
Com a experiência, Geurts conseguiu nova chance num centro mais estabelecido do futebol feminino europeu: em 2012, se foi para a Suécia. Passou duas temporadas no Vittsjö, como titular absoluta. Depois, em 2014, transferiu-se para o Kopparbergs/Götebörg, onde também tinha ritmo de jogo frequente. E paralelamente, seguia absoluta como titular do gol holandês. Assim, a arqueira foi parte fundamental de outra façanha: a classificação à primeira Copa da seleção feminina laranja, em 2015.
Chegar à Copa de 2015 foi um marco na história da seleção holandesa feminina. E Geurts estava lá (Kevin C. Cox/Getty Images) |
Porém, foi justamente nesse momento de ápice que as dificuldades começaram. Na Copa, em 2015, Geurts até foi titular em quatro partidas, mas uma lesão no tornozelo sofrida na estreia, contra a Nova Zelândia, abriu espaço para Sari van Veenendaal, a reserva que já se destacava. E viria coisa pior: na temporada seguinte à Copa, 2015/16, Geurts sofreu uma concussão cerebral, ao jogar pelo Kopparbergs/Götebörg. Perdeu o lugar no time - e na seleção, com Van Veenendaal assumindo a titularidade.
Até veio outra chance num grande centro para Geurts: em 2016, ela acertou a transferência para o time feminino do Paris Saint-Germain. A intenção era clara: voltar a jogar bem, para chegar em boas condições à Euro feminina, em 2017, sediada na Holanda. Mas deu errado, como Geurts reconheceu em entrevista à emissora de televisão NOS, em 2017: "Eu decidi ir para lá, para melhorar, esperando por mais tempo de jogo. O nível de treino é muito alto na França. Infelizmente, fiquei mais no banco do que em campo".
A técnica Sarina Wiegman continuou respeitando a experiência de Geurts, e levou a goleira à Euro - mas na reserva de Van Veenendaal. E nem mesmo a conquista do histórico título da Holanda diminuiu o desânimo de Geurts: "Trabalhei duro, mas não tive quase nada em troca. Meu tanque esvaziou, perdi o prazer de jogar. Fui reserva na Euro, mas disse à técnica que depois iria parar".
Alegria no título da Euro, cansaço fora de campo: após a conquista da Holanda, Geurts parou a carreira (onsoranje.nl) |
Curiosamente, foi quando relaxou e relativizou a importância da carreira que Geurts se viu com as baterias recarregadas para voltar ao futebol. Foi em novembro de 2017: "A liberdade me fazia bem, mas eu precisava fazer algo de novo. Queria fazer algo de novo. E meu clube na Suécia [Kopparbergs/Götebörg] me perguntou se eu queria voltar a jogar. Se não, poderia trabalhar lá como fisioterapeuta, já que tenho meu diploma".
Geurts já tivera chance no Kopparbergs/Götebörg, antes da pausa na carreira. E o clube sueco deu a ela a chance de voltar (Pro Shots) |
A opção preferencial no gol da seleção feminina da Holanda ainda é Van Veenendaal. Mas, se as Leoas precisarem, já se sabe: Loes Geurts está preparada. Afinal, poucas jogadoras sabem tanto o que significa a Laranja quanto ela, 123 jogos e 14 anos depois.
Ficha técnica
Nome: Loes Geurts
Posição: Goleira
Data e local de nascimento: 12 de janeiro de 1986, em Hichtum (Holanda)
Posição: Goleira
Data e local de nascimento: 12 de janeiro de 1986, em Hichtum (Holanda)
Clubes na carreira: Universidade Ocidental do Illinois-EUA (2004 a 2005), Heike Rheine-ALE (2005 a 2007), AZ (2007 a 2011), Telstar (2011 a 2012), Vittsjö-SUE (2012 a 2013), Kopparbergs/Götebörg-SUE (2014 a 2016), Paris Saint-Germain-FRA (2016 a 2017) e Kopparbergs/Götebörg-SUE (desde 2018)
Desempenho na seleção: 123 jogos, desde 2005
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