sábado, 25 de maio de 2019

As 23 Leoas: Roord

Entre 12 de maio e 4 de junho, o Espreme a Laranja traz um texto descrevendo a carreira de todas as 23 convocadas para a seleção da Holanda que disputará a Copa do Mundo feminina. 


Mesmo jovem, Jill Roord já vem sendo convocada há algum tempo para a seleção feminina holandesa. Só não é possível ser titular no meio-campo. Ainda (onsoranje.nl)
Se nada de errado ocorrer, já é previsível a escalação do meio-campo da seleção feminina da Holanda na Copa do Mundo: Sherida Spitse controlando a marcação e iniciando a saída de bola, enquanto a criação ofensiva fica a cargo de Daniëlle van de Donk e Jackie Groenen. Entretanto, há uma reserva imediata a esse trio. Uma meio-campista que já se acostumou ao banco de reservas, e exatamente por isso, só deseja uma chance para entrar no time das Leoas e não sair mais: Jill Roord.

A jogadora já teve em casa uma fonte de interesse pelo futebol: seu pai, René Roord, atuou pelo Twente nos anos 1980. Até prometia ter carreira sólida (chegou a jogar um Mundial Sub-20 masculino pela Holanda, em 1983), mas sérias lesões fizeram René encerrar a passagem pelo campo já em 1987, indo ser técnico em categorias de base do amador Quick '20. Mas ficaram as relações firmes com o Twente.

Tais relações ajudaram a filha a impulsionar a carreira dela. Porque foi exatamente no clube de Enschede que ela ganhou as primeiras chances no futebol, na equipe sub-12. Enquanto Roord subia nas categorias de base dos Tukkers, o Twente também embalava no futebol feminino holandês, sendo um dos melhores clubes do campeonato nacional. A partir de 2010, vieram as aparições nas categorias de base da seleção feminina: Jill começou no sub-15 da Holanda, e foi pelo sub-16, sub-17, sub-19...

Até que chegou o ano de 2012 - mais precisamente, chegou a temporada 2012/13. O Twente participaria da BeNeLeague conjunta com a Bélgica, e Roord enfim foi promovida à equipe principal. Foram poucos jogos para a meio-campista ofensiva, mas ela já conseguiu mostrar que era "elemento-surpresa" no ataque e deu sua ajuda no título do Twente: em cinco jogos na campanha, dois gols. Em 2013/14, veio o bicampeonato da BeNeLeague para os Tukkers, e aí a jovem Jill já apareceu mais: 27 jogos, 13 gols. Melhor ainda: em 2014, foi destaque no título da Holanda na Euro Sub-19 feminina, sendo a principal meio-campista de um time que contava com algumas colegas atuais no time da Copa, como Vivianne Miedema e Dominique Bloodworth (então, Janssen).

O time feminino do Twente foi muito bem no começo da década. E Roord aproveitou a boa fase para impulsionar a carreira (sportintwente.nl)
Titular absoluta no Twente, Roord já mostrara confiabilidade na seleção. Até por isso, recebeu sua primeira chance na equipe holandesa adulta, na reta final de preparação para a Copa de 2015, jogando na vitória por 7 a 0 sobre a Tailândia, num amistoso em fevereiro. E a novata agradou o técnico Roger Reijners a ponto de merecer convocação para o Mundial do Canadá. Inclusive, marcou seu primeiro gol pela seleção justamente no amistoso de despedida para o torneio (7 a 0 na Estônia, em 20 de maio de 2015). Roord ficou sem nenhum minuto jogado, mas a experiência na Copa já a consolidou como opção digna de nota no meio-campo holandês.

E o desempenho pelo Twente só ampliava mais a impressão de que ela ainda seria útil à seleção da Holanda. Em 2015/16, seu melhor momento pelos Tukkers: campeã da Eredivisie feminina (agora, já disputada isoladamente) e goleadora da competição, com 20 gols em 24 jogos. Mesmo com as mudanças de comando na seleção, Roord continuou convocada com frequência. Esteve no título da Euro em 2017, e saiu do banco para jogar em três das seis partidas da campanha vitoriosa - contra Bélgica e Noruega, na fase de grupos, e contra a Inglaterra, na semifinal.

A boa impressão que os desempenhos de Roord davam no Twente renderam recompensa logo que a Euro terminou: no meio do alarido pelo título da Holanda, o Bayern de Munique a contratou. Jogando na Alemanha, Roord manteve o ritmo de jogo na primeira temporada, com 24 jogos e 9 gols pelos Vermelhos. Mas em 2018/19, caiu um pouco de produção, embora isso tenha aumentado sua média de gols: foram apenas 11 jogos, mas marcando sete gols pelo Bayern. Sem contar as participações em Liga dos Campeões Feminina, aumentando a experiência.

Após o tempo de Bayern, Roord terá chance no Arsenal. E pode se valer de bom desempenho no clube para alcançar a titularidade na seleção (Arsenal.com)
Na Holanda, havia pouco a questionar: Roord seguiu como nome certo nas convocações de Sarina Wiegman. Em geral, aproveitava bem as chances que recebia, substituindo as titulares habituais do meio-campo. Por isso, não só foi convocada para a Copa, mas já terminou a temporada 2018/19 de transferência anunciada para o Arsenal. E ela chega ao segundo Mundial da carreira já apregoando: quer jogar mais na seleção. Em entrevista ao site Sportnieuws, ela reconheceu: "Eu fui a camisa 12 na Euro [2017], mas é um número feio. Às vezes eu me sinto a "número 12". Agora quero um outro número. Ainda sou jovem, jogo bem e me orgulho disso. Mas também quero ser titular, oras. Talvez fosse melhor jogar com a camisa 23, sem expectativas, do que jogar com a camisa 12. Quero ter mais tempo de jogo".

Será difícil concretizar isso nesta Copa do Mundo. Mas se Jill Roord for bem nas vezes em que entrar em campo, como tem sido na seleção holandesa, aumentam suas chances de chegar à titularidade tão sonhada no pós-Copa.

Ficha técnica
Nome: Jill Jamie Roord
Posição: Meio-campista
Data e local de nascimento: 22 de abril de 1997, em Oldenzaal (Holanda)
Clubes na carreira: Twente (2012 a 2017), Bayern de Munique-ALE (2017 a 2019) e Arsenal-ING (desde 2019 - contrato já assinado, estreará depois da Copa do Mundo feminina)
Desempenho na seleção: 40 jogos e 3 gols, desde 2015

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