Entre 12 de maio e 4 de junho, o Espreme a Laranja traz um texto descrevendo a carreira de todas as 23 convocadas para a seleção da Holanda que disputará a Copa do Mundo feminina.
Até que demorou para Merel van Dongen ocupar um lugar fixo na seleção feminina da Holanda. Desde a primeira aparição das Leoas Laranjas numa Copa do Mundo, em 2015, a zagueira de 26 anos rondava as convocações, mas ainda faltava a chance definitiva para virar nome certo entre as titulares. A chance chegou mesmo a estar bem distante. Só que algumas coisas aconteceram, entre o título europeu de 2017 e esta fase de preparação rumo à Copa do Mundo. E tais coisas fizeram com que a defensora rumasse ao Mundial como favorita para ser titular, no miolo de zaga.
Essa carreira que está prestes a ter o seu auge teve os primeiros passos ainda na infância: logo aos cinco anos de idade, Van Dongen começou a jogar recreativamente num clube amador de Amsterdã, o Buitenveldert. E foi nesse clube que a nativa da capital holandesa seguiu, sem aspirações profissionais - até porque se dividia entre o futebol e o basquete, jogando no Mosquitos, equipe amadora da modalidade em Amsterdã.
Tal divisão durou até 2007: aos 14 anos, ela se transferiu para outra agremiação amadora: o RKSV Pancratius, de Badhoevedorp, pequena vila próxima ao lago Haarlemmer, perto de Amsterdã. Ali, sim, uma oportunidade mais séria no futebol começou a se tornar possibilidade real. Que praticamente se concretizou após três anos: em 2010, como último passo antes de se profissionalizar, a zagueira foi para o Ter Leede, da cidade de Sassenheim. Paralelamente a tudo isso, Merel já atuava pelas seleções de base da Holanda desde os 12 anos de idade.
Finalmente, em 2011, a defensora chegou a seu primeiro clube profissional: o ADO Den Haag, cuja equipe feminina já disputava a Eredivisie. No clube de Haia, conquistou os dois primeiros títulos da carreira - a "dupla coroa" holandesa, com as vitórias tanto no campeonato quanto na copa nacionais. Porém, fez-se necessária uma outra formação profissional para a jovem. E Van Dongen se tornou mais uma holandesa a partir para os Estados Unidos, buscando tanto um diploma quanto a continuação da carreira no futebol. Encontrou as duas coisas a partir do segundo semestre de 2012.
Na vida acadêmica, Van Dongen conseguiu o diploma de bacharel em Artes, pela Universidade do Alabama. No futebol, jogou pelo Alabama Crimson Tide, equipe da própria universidade, entre 2012 e 2014. E o ritmo de jogo que manteve pelo time do local em que estudava já serviu para que ela chamasse a atenção da seleção holandesa: foi uma das 23 convocadas para a malograda campanha na Euro 2013, na qual ficou o tempo todo no banco de reservas (até porque fora cortada numa primeira convocação, sendo chamada de vez só após a lesão de Mandy van den Berg).
Em 2015, três anos depois, a carreira da zagueira teve o primeiro salto. Diplomada, ela voltou à Holanda - e já voltou de contrato assinado com a equipe feminina do Ajax, seu clube do coração, ainda a tempo de disputar a reta final da temporada 2014/15. Na seleção, enfim teve a primeira chance jogando nas Leoas, em 7 de fevereiro, num amistoso contra a Tailândia. De quebra, já agradou a ponto de ser convocada para a Copa do Mundo. E já provou valor durante a campanha holandesa no Mundial: começou no banco, mas entrou no lugar da experiente Petra Hogewoning, e se tornou titular da zaga a partir da segunda partida das Leoas, contra a China.
A partir disso, a carreira só evoluiu, certo? Errado. Se Van Dongen seguiu titular absoluta da zaga do Ajax, fortalecendo sua posição com os títulos da Eredivisie e da Copa da Holanda na temporada 2016/17, na seleção a concorrência fez com que Sarina Wiegman a deixasse de fora da convocação para a Euro 2017, que terminaria com o título. A própria Wiegman reconheceu que a concorrência foi fator fundamental para Van Dongen ficar de fora daquela campanha.
Mas logo aconteceram as coisas mencionadas no começo do texto. Antes capitã, Mandy van den Berg começou a Euro titular, mas se lesionou, se desentendeu com Sarina Wiegman e foi afastada da seleção holandesa. Stefanie van der Gragt sofreu (e ainda sofre) com lesões. E Van Dongen, confiável no Ajax, passou a ser convocada durante as Eliminatórias da Copa. Passou a ser titular já na conquista da Copa do Algarve, torneio amistoso, em 2018. E chega à Copa como opção preferencial do time holandês, no miolo de zaga.
O crescimento de Van Dongen não se deu só na seleção, muito menos só dentro de campo. Em clubes, ela teve a transferência para o Betis, da Espanha, no meio de 2018. Fora de campo, não só ela se afirmou no campo pessoal (foi para o Betis junto da meio-campista espanhola Ana Romero, sua companheira de Ajax e de vida), como também pediu mais atenção da Holanda ao futebol feminino. Ativa usuária do Twitter, a zagueira holandesa alfinetou a falta de atualização constante do perfil oficial da Eredivisie feminina, em outubro do ano passado: "Comparem [o perfil da Eredivisie feminina] com o perfil do campeonato dos homens: cheio de atualizações, curiosidades, retuítes. Isso não tem a ver com investimento em dinheiro, tem a ver com promover a Eredivisie Vrouwen. Isso cria uma valorização, e não custa (quase) nada. É só uma questão de querer".
E Van Dongen quis chegar aonde está: na zaga da seleção holandesa, cada vez mais respeitada pela firmeza. Em campo e fora dele.
Ficha técnica
Van Dongen teve alguns solavancos na carreira, mas se valeu da firmeza em campo para, enfim, conquistar a titularidade na zaga da Holanda (onsoranje.nl) |
Essa carreira que está prestes a ter o seu auge teve os primeiros passos ainda na infância: logo aos cinco anos de idade, Van Dongen começou a jogar recreativamente num clube amador de Amsterdã, o Buitenveldert. E foi nesse clube que a nativa da capital holandesa seguiu, sem aspirações profissionais - até porque se dividia entre o futebol e o basquete, jogando no Mosquitos, equipe amadora da modalidade em Amsterdã.
Tal divisão durou até 2007: aos 14 anos, ela se transferiu para outra agremiação amadora: o RKSV Pancratius, de Badhoevedorp, pequena vila próxima ao lago Haarlemmer, perto de Amsterdã. Ali, sim, uma oportunidade mais séria no futebol começou a se tornar possibilidade real. Que praticamente se concretizou após três anos: em 2010, como último passo antes de se profissionalizar, a zagueira foi para o Ter Leede, da cidade de Sassenheim. Paralelamente a tudo isso, Merel já atuava pelas seleções de base da Holanda desde os 12 anos de idade.
Finalmente, em 2011, a defensora chegou a seu primeiro clube profissional: o ADO Den Haag, cuja equipe feminina já disputava a Eredivisie. No clube de Haia, conquistou os dois primeiros títulos da carreira - a "dupla coroa" holandesa, com as vitórias tanto no campeonato quanto na copa nacionais. Porém, fez-se necessária uma outra formação profissional para a jovem. E Van Dongen se tornou mais uma holandesa a partir para os Estados Unidos, buscando tanto um diploma quanto a continuação da carreira no futebol. Encontrou as duas coisas a partir do segundo semestre de 2012.
Na vida acadêmica, Van Dongen conseguiu o diploma de bacharel em Artes, pela Universidade do Alabama. No futebol, jogou pelo Alabama Crimson Tide, equipe da própria universidade, entre 2012 e 2014. E o ritmo de jogo que manteve pelo time do local em que estudava já serviu para que ela chamasse a atenção da seleção holandesa: foi uma das 23 convocadas para a malograda campanha na Euro 2013, na qual ficou o tempo todo no banco de reservas (até porque fora cortada numa primeira convocação, sendo chamada de vez só após a lesão de Mandy van den Berg).
Em 2015, três anos depois, a carreira da zagueira teve o primeiro salto. Diplomada, ela voltou à Holanda - e já voltou de contrato assinado com a equipe feminina do Ajax, seu clube do coração, ainda a tempo de disputar a reta final da temporada 2014/15. Na seleção, enfim teve a primeira chance jogando nas Leoas, em 7 de fevereiro, num amistoso contra a Tailândia. De quebra, já agradou a ponto de ser convocada para a Copa do Mundo. E já provou valor durante a campanha holandesa no Mundial: começou no banco, mas entrou no lugar da experiente Petra Hogewoning, e se tornou titular da zaga a partir da segunda partida das Leoas, contra a China.
Foi jogando no Ajax que Van Dongen (dando o carrinho) despontou de vez na carreira (Aaron van Zandvoort/Soccrates/Getty Images) |
Mas logo aconteceram as coisas mencionadas no começo do texto. Antes capitã, Mandy van den Berg começou a Euro titular, mas se lesionou, se desentendeu com Sarina Wiegman e foi afastada da seleção holandesa. Stefanie van der Gragt sofreu (e ainda sofre) com lesões. E Van Dongen, confiável no Ajax, passou a ser convocada durante as Eliminatórias da Copa. Passou a ser titular já na conquista da Copa do Algarve, torneio amistoso, em 2018. E chega à Copa como opção preferencial do time holandês, no miolo de zaga.
O crescimento de Van Dongen não se deu só na seleção, muito menos só dentro de campo. Em clubes, ela teve a transferência para o Betis, da Espanha, no meio de 2018. Fora de campo, não só ela se afirmou no campo pessoal (foi para o Betis junto da meio-campista espanhola Ana Romero, sua companheira de Ajax e de vida), como também pediu mais atenção da Holanda ao futebol feminino. Ativa usuária do Twitter, a zagueira holandesa alfinetou a falta de atualização constante do perfil oficial da Eredivisie feminina, em outubro do ano passado: "Comparem [o perfil da Eredivisie feminina] com o perfil do campeonato dos homens: cheio de atualizações, curiosidades, retuítes. Isso não tem a ver com investimento em dinheiro, tem a ver com promover a Eredivisie Vrouwen. Isso cria uma valorização, e não custa (quase) nada. É só uma questão de querer".
E Van Dongen quis chegar aonde está: na zaga da seleção holandesa, cada vez mais respeitada pela firmeza. Em campo e fora dele.
Ficha técnica
Nome: Merel van Dongen
Posição: Zagueira
Posição: Zagueira
Data e local de nascimento: 11 de fevereiro de 1993, em Amsterdã (Holanda)
Clubes na carreira: ADO Den Haag (2011 a 2012), Crimson Tide-EUA (2012 a 2015), Ajax (2015 a 2018) e Betis-ESP (desde 2018)
Desempenho na seleção: 26 jogos e 1 gol, desde 2015
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