segunda-feira, 28 de setembro de 2020
Um jogo, um parágrafo, um vídeo: a 3ª rodada da Eredivisie
quarta-feira, 23 de setembro de 2020
O benefício da dúvida
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Frank de Boer chega para treinar a seleção masculina da Holanda sabendo que a desconfiança é enorme. Mas há alguma chance de dar certo (Alex Lifesey/Getty Images) |
O próprio vídeo de boas vindas da federação holandesa a Frank de Boer, novo técnico da seleção masculina, brinca com a incorrigível tendência neerlandesa à corneta: várias pessoas - jornalistas, jogadores, torcedores - palpitando sobre este ou aquele nome, este ou aquele esquema tático... até Frank aparecer e dizer: "Prima, dan gaan we wat kijken" ("Beleza, então vamos ver"). De fato, como o vídeo lembrou, é "o país de 17 milhões de técnicos... e de Frank de Boer". E nenhum outro nome escolhido chegaria sob tanta pressão e desconfiança para treinar a Laranja quanto o ex-zagueiro de 50 anos e 112 partidas pela seleção, com três Euros e duas Copas no meio.
E essa desconfiança tingida de pessimismo é compreensível. Afinal de contas, Frank de Boer vai treinar a seleção holandesa com o filme de sua carreira carbonizado, por enquanto. Tudo graças aos péssimos quatro anos anteriores em sua carreira como técnico. Em 2016, Frank só durou 85 dias na Internazionale; em 2017, no Crystal Palace, somente dez semanas; e mesmo no Atlanta United, em que viveu uma ligeira reabilitação em 2019 ao comandar o time campeão da Open Cup, saiu em baixa, com a eliminação na primeira fase da MLS deste ano. O pior, para o ex-jogador, é que todos esses fracassos tiveram sua cota de responsabilidade.
Embora a Inter estivesse num momento traumático, em troca no controle do clube e um grupo de jogadores sendo reformulado, De Boer chegou como o técnico errado na hora errada: pedia tempo e paciência, justamente duas coisas que faltavam no clube azul-e-negro de Milão. E ao invés de incentivar o grupo de jogadores, o técnico não só fracassou ao se adaptar com o que tinha em mãos, como foi até deselegante com muitos nomes que poderiam ter sido, no mínimo, respeitados (Gabigol talvez tenha algo a dizer sobre isso). No Crystal Palace, foi ainda pior: De Boer chegou e quis forçar ofensividade num time acostumado a ser defensivo para se proteger, na parte baixa da tabela do Campeonato Inglês. Não só deu errado, como ficou marcante o discurso de José Mourinho tripudiando do holandês: "Ele diz que eu sou um mau técnico por que só penso em vencer. Bem, jogando com ele, o pior técnico da história da Premier League - seis derrotas em seis jogos -, talvez aprendam como perder". E mesmo no Atlanta United, De Boer teve algum azar, com a lesão de Josef Martínez e a venda de Pity Martínez, mas também desapontou ao dar sequência ao trabalho de Gerardo "Tata" Martino.
Talvez todos esses fracassos tenham ocorrido por um único motivo: Frank de Boer quis implantar em outros clubes o "estilo Ajax" com o qual se dera tão bem em Amsterdã, conquistando o tetracampeonato holandês e comandando a volta do clube às luzes da ribalta no futebol da Holanda. Só que essa implantação ignorava um fato simples e inquestionável: cada clube tem sua história, seu contexto, e são coisas que não podem ser mudadas de uma hora para outra. Achar que o mundo inteiro é Amsterdã e que todos os torcedores aceitariam mudanças bruscas rumo a um estilo mais ofensivo era e foi, no mínimo, ingenuidade excessiva de Frank.
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Frank de Boer volta a basear sua carreira na Holanda - e nela, foi o símbolo da volta do Ajax ao domínio, com o tetracampeonato holandês (Divulgação/ajax.nl) |
E por incrível que pareça, é por isso que o ex-zagueiro merece o benefício da dúvida em sua volta para casa - não exatamente para Amsterdã, mas para um país onde, literalmente, falam o seu idioma. Pois foi na Holanda, entre os seus, que De Boer viveu seu único bom momento como técnico - embora os últimos tempos de seu trabalho no Ajax já tenham sido preocupantemente repetitivos. Todos lá já sabem o que esperar dele: posse de bola, muito espaço, troca de passes (ainda que no campo de defesa) etc. Além do mais, mesmo que tenha tido comportamento deselegante na Internazionale, Frank de Boer não é visto como um técnico "traíra", ou mesmo alguém que goste excessivamente de destaque.
Foi justamente a vontade de deixar sua marca em tudo que impediu Louis van Gaal de retornar ao cargo, seis anos depois. Mesmo semiaposentado, Van Gaal sinalizou aqui e ali que pensaria no caso - mas os jogadores não simpatizaram muito com a ideia, e a federação viu poucas vantagens em contratar alguém que chegaria para mudar até o que não precisava ser mudado. Aliás, isso era o oposto do critério da federação holandesa: trazer alguém que mexesse o mínimo possível no que Ronald Koeman deixou encaminhado em seu trabalho, e que tivesse boa relação com todas as partes (imprensa, jogadores e dirigentes).
Henk ten Cate era bem visto pelos jogadores, mas deixou má impressão na federação desde que espalhou aos quatro ventos seu convite para treinar a Laranja em 2017, após a demissão de Danny Blind - e de toda forma, Ten Cate há muito está fora dos grandes centros, fazendo a carreira em China e Emirados Árabes. Esse mesmo alheamento tirou as chances de Frank Rijkaard: sondado pela federação, já com a experiência de treinador da seleção entre 1998 e 2000, Rijkaard perdeu o ânimo por continuar como técnico - desde 2013 está parado, sem pressões, e assim prefere continuar. Erik ten Hag e Peter Bosz teriam respaldo de torcida e imprensa: são os dois melhores técnicos holandeses da atualidade. Mas têm contrato vigente com seus clubes (ambos até o meio de 2022), e dificilmente largariam trabalhos já bem desenvolvidos no meio. Pensar num técnico estrangeiro na seleção - estrangeiro MESMO, não um holandês nascido no Canadá como Dwight Lodeweges é? Não só isso ainda é tabu na Holanda (Países Baixos), como nenhum nome de fora do país empolgaria.
Ou seja, sobrou Frank de Boer. O único holandês à disposição. E assim, no esquema "não tem tu, vai tu mesmo", ele chega para treinar a seleção holandesa. Sob pessimismo justificado. No entanto, exatamente por voltar a um cenário que conhece mais, por estar num lugar em que se sinta mais à vontade, por chegar sem grandes expectativas, talvez Frank mereça o benefício da dúvida. Pode dar errado? Pode, e é o mais provável. Mas pode dar... certo.
segunda-feira, 21 de setembro de 2020
Um jogo, um parágrafo, um vídeo: a 2ª rodada da Eredivisie
quinta-feira, 17 de setembro de 2020
Os últimos dias antes do resto da vida
O futebol feminino já tinha voltado internamente na Holanda (Países Baixos), com o início do Campeonato Holandês de mulheres - no qual o Ajax já se insinuou bem, com duas vitórias. Faltava apenas o grande estandarte da modalidade para o mundo - e até para os neerlandeses. Pois bem: não faltará mais a partir desta sexta, às 11h de Brasília. Na Sapsan Arena de Moscou, a seleção holandesa feminina voltará a campo após seis meses, pela sexta rodada do grupo A das eliminatórias da Euro 2022 - que seria em 2021, mas foi adiada, por causa da pandemia de COVID-19. A vaga para tentar defender o título continental ganho em 2017 - se a Euro 2022 ocorrer... - está muito perto: com seis vitórias em seis jogos nas eliminatórias, nove pontos à frente exatamente da seleção russa, mais um triunfo ampliaria a vantagem já enorme que as Leoas Laranjas têm na chave.
No entanto, os fatos ocorridos internamente na seleção fazem crer que a campanha de qualificação para a Euro inicia os últimos dias de um ciclo, que se encerrará no torneio olímpico de futebol feminino em Tóquio-2021. Afinal de contas, se definiu no mês passado que Sarina Wiegman trocará de seleção tão logo os Jogos Olímpicos acabem: a treinadora da Holanda tomará o rumo da seleção inglesa. E sua anunciada saída é o marco do fim de uma era: afinal, comandando as Leoas Laranjas desde meados de 2016, Sarina é o símbolo da ascensão irresistível da seleção feminina nos últimos anos.
Ainda assim, já antes mesmo da pandemia, estava claro que 2021 seria, muito provavelmente, o último ano de Wiegman como técnica da seleção - no cenário anterior, a renovação de contrato fizera prever exatamente isso: o trabalho seria feito nos Jogos Olímpicos, seguiria até a Euro, e aí sim Sarina seguiria seu rumo. Quis o destino que a pandemia alterasse tudo. E que Sarina fosse o nome escolhido pela federação inglesa para, a partir de 2021, comandar outras Leoas - as Lionesses, que irão com toda a força na Euro que sediarão, em busca do título que ainda não têm.
De certa forma, exatamente por essa previsibilidade é que a saída vindoura da treinadora foi bem recebida pela federação - o diretor Nico-Jan Hoogma foi compreensivo: "Eu entendo este passo, e o momento dele, mesmo que seja ruim para nós. E temos todo o tempo para nos focarmos na sucessão, fazendo isso com cuidado". E a própria Sarina Wiegman repetiu nesta semana a mesma coisa que citou no anúncio de sua saída: "Seria lindo terminar bem. E temos duas metas: o torneio olímpico e a vaga na Euro. E é claro que eu espero que realizemos nosso último sonho: ter sucesso nos Jogos Olímpicos".
Para esse sucesso, está cada vez mais claro que as Leoas Laranjas terão poucas alterações contra a Rússia. Quase nenhuma, a bem da verdade: nas 24 convocadas, estão ainda todos os destaques do vice-campeonato mundial em 2019, que jogaram juntas pela última vez num torneio amistoso em março, contra Brasil, Canadá e França. A única estreia é no gol, com a arqueira reserva Daphne van Domselaar, do Twente - sem contar o retorno da atacante Sisca Folkertsma às convocações. E a única mudança foi forçada pela pandemia: jogando no Valerenga norueguês, a meio-campista Sherida Spitse teve de ficar no país em que atua - já que a viagem seria para a Rússia, país considerado na "zona laranja" da pandemia, com alto risco de infecção pelo novo coronavírus, o Valerenga quis impedir que Spitse tivesse de ficar em quarentena preventiva após a viagem pela seleção.
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As dores no dedo do pé já foram solucionadas. A saudade do país natal foi matada durante a quarentena. Então, Lieke Martens está pronta a retomar seu ritmo (BSR Agency) |
Sem problemas: ainda estarão nas Leoas Laranjas Sari van Veenendaal, Jackie Groenen, Daniëlle van de Donk, Vivianne Miedema, Jill Roord (provável titular com a ausência de Spitse)... e Lieke Martens. Enfim livre das dores num dedo do pé que a perturbaram em 2019, a atacante do Barcelona se mostrou altamente motivada em entrevista ao diário Algemeen Dagblad, para ganhar ritmo de jogo e retomar o nível técnico que a levou a ser a melhor do mundo segundo a FIFA, em 2017: "A montanha-russa acabou. Estou completamente recuperada (...) Durou o bastante. Já tive bons momentos, mas ainda tenho fome e motivação para arrebentar".
De quebra, Martens evocou em suas palavras um fenômeno notável: o retorno de algumas importantes jogadoras à Vrouwen Eredivisie, como Mandy van den Berg (ex-colega de seleção) e a supracitada Van Veenendaal. E se mostrou disposta a pensar no caso de também retornar ao país natal, daqui a algum tempo: "Às vezes, sinto falta de equilíbrio em minha vida (...). Tenho 27 anos, e mais dois anos de contrato, então posso voltar depois disso. Só vejo pontos positivos, e tenho alguma inveja das minhas colegas de time que moram em Barcelona, que jogam em alto nível com a família e os amigos por perto. Espero que se viva uma situação assim na Eredivisie, e acho que estamos bem envolvidas nisso".
De fato, se a base da seleção feminina neerlandesa está inalterada - e assim seguirá até Tóquio, provavelmente -, aqui e ali já se começa a mencionar a chance de retorno dos grandes símbolos do título europeu de 2017 e do vice na Copa do Mundo passada. Até porque, aqui e ali, algumas novatas são chamadas: Aniek Nouwen, Lynn Wilms, Fenna Kalma, a estreante Van Domselaar. Além do mais, a favorita a suceder Sarina Wiegman também já está acostumada ao trabalho com jogadoras mais novas: Jessica Torny, atual comandante da seleção sub-20.
Podem ser elas os nomes que simbolizem um novo ciclo da seleção feminina nos próximos anos. Porque mesmo que as principais jogadoras continuem nas Leoas Laranjas por uns bons anos, é inegável que a saída de Sarina Wiegman é o primeiro sinal de que algo está acabando. E os últimos dias antes do fim disso começam agora, na volta da seleção feminina.
segunda-feira, 14 de setembro de 2020
Um jogo, um parágrafo, um vídeo: a 1ª rodada da Eredivisie
Zwolle 0x2 Feyenoord (sábado, 12 de setembro)
Até que o gol do Twente demorou: já depois de alguns minutos de jogo no estádio Grolsch Veste, o volante Wout Brama quase acertou o gol, após rebote mal dado do goleiro Alexei Koselev. Aos 10', porém, os Tukkers enfim comemoraram: Jayden Oosterwolde (estreia promissora na lateral esquerda) passou a bola a Queensy Menig, que trouxe para o meio, arrematou e abriu o placar. Bastou para que se visse um equilíbrio maior, mesmo sem tanta qualidade nas finalizações: de um lado, Emil Hansson perdeu a chance do empate para o Fortuna Sittard, e do outro, Danilo mandou para fora, com o gol vazio, após Jesse Bosch recuperar outro rebote de Koselev. Pelo menos, o atacante brasileiro emprestado pelo Ajax pôde consertar, no segundo tempo, do melhor jeito possível: após pênalti de Branislav Ninaj em Bosch, Danilo cobrou sem problemas e garantiu a vitória do Twente.
O RKC Waalwijk só ficou na primeira divisão holandesa pela interrupção precoce; já o Vitesse tinha boas perspectivas de disputar a repescagem por vaga na Liga Europa, antes da pandemia. E o primeiro tempo da estreia de ambos deixou bem clara a diferença de nível. Os visitantes de Arnhem tiveram três chances só com Loïs Openda; já os Católicos só chegaram perto do gol em duas cobranças de falta, de James Efmorfidis - Vurnon Anita até iria chutar perigosamente, mas na hora H, os hidrantes do estádio Mandemakers foram acionados acidentalmente e o jogo teve de parar. Gol, só nos acréscimos: aos 45' + 3, Oussama Darfalou recebeu passe de Matus Bero e tocou na saída do goleiro Kostas Lamprou para o 1 a 0 do Vites. Na etapa complementar, até que o RKC tentou mais o empate, com Finn Stokkers e até numa trapalhada do lateral esquerdo adversário, Jacob Rasmussen. Mas o Vitesse manteve a vantagem.
Utrecht x AZ (domingo, 27 de dezembro)
sexta-feira, 11 de setembro de 2020
Guia da Eredivisie 2020/21: certas coisas nunca mudam
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Ninguém foi o dono desta salva de prata dada ao campeão holandês: a pandemia impediu o fim da Eredivisie 2019/20. Impedirá de novo? (Divulgação/KNVB) |
O Campeonato Holandês da temporada 2019/20 estava atraente. Certo, como quase sempre ocorre, o Ajax era um dos times a disputar o título. Só que o AZ aparentava ter consertado os problemas de constância do seu desempenho. Ganhara os dois jogos dos Ajacieden, no turno e no returno - com destaque para a atuação categórica nos 2 a 0 em Amsterdã, na 26ª rodada, empatando em pontos com o Ajax na liderança e buscando seu primeiro título desde 2009, fazendo crer num final eletrizante de Eredivisie. Até porque, seis pontos atrás dos dois, estava o Feyenoord: uma sequência longa de invencibilidade (incluindo dez vitórias) levara o Stadionclub a poder sonhar levemente com o segundo título holandês em quatro anos.
De quebra, a equipe de Roterdã ainda estava na final da Copa da Holanda, na qual enfrentaria o Utrecht - que também fazia bonito na Eredivisie, sendo presença regular na zona de repescagem por um lugar na Liga Europa. Até acima do Utrecht, estava o Willem II, considerado até então a surpresa mais agradável da temporada, se impondo até diante dos grandes (vencera PSV e Ajax) com um time veloz e ofensivo. Mesmo na disputa para fugir da zona de repescagem/rebaixamento, ainda que RKC Waalwijk e ADO Den Haag parecessem condenados, a vaga na repescagem de acesso/descenso prometia outro drama. Fortuna Sittard, Zwolle, Twente, VVV-Venlo: vários clubes sofreriam até a salvação, ou não.
Mas no meio do caminho tinha (e tem) uma pandemia, tinha (e tem) uma pandemia no meio do caminho. E nunca nos esqueceremos dela e de seus efeitos, na vista de nossas retinas tão fatigadas.
Para o futebol da Holanda (Países Baixos), os efeitos começaram no dia 12 de março, quando o Campeonato Holandês foi interrompido - poucos dias depois do primeiro caso de COVID-19 ser descoberto no país, na cidade de Groningen. Então, ainda se sonhava com o retorno da Eredivisie antes do fim da temporada 2019/20, dentro das restrições que se fizeram necessárias. Mas o governo neerlandês (leia-se o premiê Mark Rutte e o ministro da Saúde, Hugo de Jonge) puseram fim a essas perspectivas, decretando que eventos públicos de grande porte estavam proibidos no país, até 1º de setembro. Para piorar, a resolução do que seria da temporada 2019/20 foi mal feita. A federação empurrou a decisão para os clubes, que estavam obviamente constrangidos em definirem os destinos dos "pares", fizeram uma votação confusa... e o que começou errado terminou errado: à revelia da votação, a federação definiu encerrar a temporada sem campeões, nem rebaixados. Claro, a decepção foi grande. Mas havia coisas mais importantes do que os rumos de um torneio de futebol.
E elas ainda estão aí, seis meses depois, quando o Campeonato Holandês 2020/21 vai enfim começar, neste sábado. Clubes como Feyenoord e Ajax já abrirão espaço, com restrições, para alguns torcedores irem aos estádios (o Ajax, por exemplo, pretende ter 15 mil pessoas na Johan Cruyff Arena). E não é só: diretor da Eredivisie CV, entidade que comanda a liga, Jan-Paul de Jong anunciou para outubro a ampliação da capacidade dos estádios, até prevendo que os torcedores possam ficar a menos de 1,5m de distância - o habitual, nestes tempos de distanciamento social. De Jong justificou drasticamente: "Mais um ano de estádios sem público, e seria o fim do futebol profissional na Holanda (Países Baixos)".
Algo que colide com um fato puro e simples: o fantasma da COVID-19 ainda está vivo e forte naquele país. Tão forte que, nesta semana, após alguns meses, o número de infectados pelo novo coronavírus nos Países Baixos voltou a passar de mil (nesta quinta, dia 10, foram 1270 infectados). Ou seja: dependendo da progressão da "segunda onda", logo a Eredivisie 2020/21 pode ser interrompida, como a passada foi. E Hugo de Jonge, ministro da Saúde, já se opôs à ideia de aumentar o público: "Conversamos com a federação, temos uma linha, e dela não nos podemos afastar".
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O Feyenoord liberou uma pequena quantidade de público para jogos em seu estádio. Pelo menos, enquanto a pandemia deixar (ANP) |
Pelo menos, agora a federação já está mais preparada para casos extremos como o atual. Em reunião com os clubes profissionais (ou seja, primeira e segunda divisões), a KNVB decidiu os rumos a serem tomados. Caso a Eredivisie seja interrompida antes de todos os 18 clubes terem jogado a metade das 34 partidas da temporada regular, o campeonato será encerrado sem campeões nem rebaixados/promovidos, e a resolução das vagas nas competições europeias será feita em função do ranking holandês na UEFA. Caso a interrupção venha com todos os clubes tendo passado da metade dos jogos, campeões, rebaixados e promovidos serão definidos só em caso de posição inquestionável (por exemplo: se um clube estiver muito à frente na primeira posição, será campeão, mas se a disputa pelo rebaixamento ainda estiver indefinida, ninguém cai e ninguém sobe), com vagas nos torneios continentais disputadas em função das posições na tabela, naquele momento. Finalmente, se a liga for interrompida com 85% das rodadas já disputadas, aí sim, campeões, rebaixados e promovidos serão definidos em função das colocações naquele momento, bem como os classificados aos torneios europeus.
E agora, são três as perspectivas para um clube neerlandês jogar competições continentais. Há a Liga dos Campeões (o campeão da Eredivisie já terá lugar direto na fase de grupos; o vice-campeão irá para a segunda fase preliminar). Haverá a Liga Europa, para a qual só irá o campeão da Copa da Holanda. E haverá... a Liga das Conferências da Europa, torneio criado pela UEFA para começar em 2021/22: o terceiro colocado de 2020/21 irá para a terceira fase preliminar da Conference League, e para a segunda fase preliminar vai o vencedor da "repescagem" (play-offs) entre o 4º e o 7º colocados da Eredivisie. Pois é: a "repescagem" para definir uma vaga em torneio europeu continua. Assim como as regras do rebaixamento: último e penúltimo colocado caem direto, antepenúltimo terá a "segunda chance" na repescagem com os times da segunda divisão.
Entre os times que sonham com o título, o PSV, remodelado sob o comando de Roger Schmidt, sonha ser mais ofensivo para voltar a disputar a sério a Eredivisieschaal. O Feyenoord está regular, mas melhor estruturado do que estava em 2019/20. A pré-temporada do AZ foi preocupante (somente uma vitória), mas bem ou mal, as revelações devem seguir em Alkmaar por mais uma temporada. O Willem II e o ambicioso Utrecht são, novamente, candidatos a surpresas. Sem contar o Groningen, que atrai uma pergunta: o que fará Arjen Robben em seu retorno aos gramados? Mas é fato: o Ajax desponta como o mais forte. Contratou melhor, tem mais dinheiro, e fez uma pré-temporada de respeito, como único dos 18 clubes da primeira divisão da Holanda (Países Baixos) que não perdeu nenhum amistoso de preparação.
Certas coisas nunca mudam. Nem mesmo com a pandemia.
Bem, pelo menos a exibição dos jogos na televisão brasileira mudará um pouco: nesta última temporada do contrato atual de direitos de transmissão, há a novidade da FOX Sports, que passará a dividir as transmissões com os canais ESPN, parceiros de Grupo Disney que agora são.
Guia da Eredivisie 2020/21: Zwolle
Prins Hendrik Ende Desespereert Nimmer Combinatie - PEC Zwolle
Brasileiros no grupo de jogadores: nenhum
Amistosos de pré-temporada:
Valor de mercado: 13,15 milhões de euros (via Transfermarkt)
Guia da Eredivisie 2020/21: Willem II
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Com um time agradável de se ver jogar, o Willem II teve a vaga na Liga Europa "jogada" em seu colo pela pandemia. Caberá a nomes como Pavlidis manter os Tricolores em alta (BSR Agency) |
Willem II Tilburg
Brasileiros no grupo de jogadores: nenhum
Amistosos de pré-temporada:
Principais chegadas: Robbin Ruiter (G, PSV), Jorn Brondeel (G, Twente), Jan-Arie van der Heijden (D, Feyenoord), Leeroy Owusu (D, De Graafschap), Derrick Kohn (D, Bayern de Munique II-ALE) e Kwasi Wriedt (A, Bayern de Munique II -ALE)
Valor de mercado: 19,75 milhões de euros (via Transfermarkt)
Legenda
Jogador (posição, clube)
Transferência definitiva
[Transferência definitiva após empréstimo]
Empréstimo
[retorno de empréstimo]
Guia da Eredivisie 2020/21: VVV-Venlo
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O VVV-Venlo trouxe nomes como Jafar Arias (foto) para tentar seguir sendo osso duro de roer, com alguma capacidade ofensiva e defesa bem fechada (Divulgação/vvv-venlo.nl) |
Venlose Voetbal Vereniging
Brasileiros no grupo de jogadores: nenhum
Amistosos de pré-temporada:
Principais chegadas: [Roy Gelmi (D, Thun-SUI)], Arjan Swinkels (D, Mechelen-BEL), Ante Coric (M/A, Roma-ITA), Guus Hupperts (A, Lokeren-BEL), Jafar Arias (A, Emmen), Joshua John (A, sem clube) e Vito van Crooij (A, Zwolle)
Guia da Eredivisie 2020/21: Vitesse
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O atacante Armando Broja é o empréstimo da vez que o "parceiro oficioso" Chelsea fez para o Vitesse - que tentará superar problemas internos para, enfim, decolar (Divulgação/Pro Shots/vitesse.nl) |
Stichting Betaald Voetbal Vitesse
Copas europeias: nenhuma
Principais chegadas: Jacob Rasmussen (D, Fiorentina-ITA), Maximilian Wittek (D, Greuther Fürth-ALE), [Thomas Bruns (M, VVV-Venlo)], [Oussama Tannane (M, Saint Etienne-FRA)], Loïs Openda (A, Club Brugge-BEL) e Armando Broja (A, Chelsea-ING)
Valor de mercado: 20,15 milhões de euros (via Transfermarkt)