domingo, 7 de janeiro de 2024

Parada obrigatória: Ajax

Bergwijn nem quis olhar. A torcida do Ajax também não: ao longo da primeira metade da Eredivisie, uma crise como raras vezes se viu em Amsterdã. E ela só está amenizada, não eliminada (ProShots/Icon Sport/Getty Images)

Posição: 5º lugar, com 25 pontos 
Técnicos: Maurice Steijn (até a 9ª rodada), Hedwiges Maduro (interino, na 10ª rodada), John van't Schip (a partir do jogo atrasado da 3ª rodada) e Michael Valkanis (apenas na 16ª rodada, por motivos particulares de John van't Schip)
Time-base: Ramaj; Rensch (Gaaei), Sutalo, Hato e Sosa (Martha); Tahirovic e Taylor; Berghuis, Hlynsson (Akpom) e Bergwijn; Brobbey
Maior vitória: Ajax 5x0 Vitesse (13ª rodada)
Maior derrota: Ajax 0x4 Feyenoord (6ª rodada)
Copa da Holanda: eliminado pelo USV Hercules (quarta divisão), na segunda rodada
Competição europeia: Liga Europa (eliminado na fase de grupos) e Conference League (enfrentará o Bodo/Glimt-NOR, na segunda fase)
Artilheiro: Brian Brobbey (atacante), com 8 gols
Objetivo do início: Título
Avaliação: A crise vivida em alguns momentos da primeira metade da temporada já se entronizou como um dos pontos mais baixos da história do Ajax. Ainda traz marcas, como a vexatória eliminação na Copa da Holanda. Mesmo que o pior já tenha passado na Eredivisie, ainda há muito a melhorar

Maurice Steijn, um técnico desacostumado ao peso que traz o trabalho no Ajax; Sven Mislintat, um diretor de futebol que chegava fazendo opções controversas; tais opções desestimulando e indicando a saída de nomes marcantes - Dusan Tadic que o diga; várias e várias vendas - só para dar dois exemplos, Mohammed Kudus e Edson Álvarez saíram com a temporada já em andamento. Já se avisava: viver-se-iam tempos de reformulação em Amsterdã. O Ajax sabia que iria sofrer. Só não sabia, não imaginava, o tamanho desse sofrimento. Até porque, bem ou mal, a temporada do Campeonato Holandês começou com vitória (3 a 1 no Heracles Almelo). Porém, empatar em 2 a 2 com o Excelsior, na segunda rodada, já acendeu o sinal de alerta. Que ficou mais forte com um jogo pela Liga Europa: mesmo se classificando à fase de grupos, perder o jogo de volta dos play-offs em plena Johan Cruyff Arena (Ludogorets-BUL 1 a 0) não era um sinal nada bom. De volta à Eredivisie, também trouxe maus augúrios o empate sem gols contra o Fortuna Sittard (com direito a pênalti perdido do Fortuna). E o sinal amarelo se "avermelhou" com a primeira derrota: Twente 3 a 1, na quinta rodada. Os reforços trazidos por Mislintat não tinham chance com Steijn; técnico e diretor de futebol indicavam faíscas na relação; em campo, os Ajacieden se mostravam inseguros como quase nunca costuma acontecer no Campeonato Holandês. E chegou o primeiro "ponto baixo" da temporada: ser goleado pelo arquirrival Feyenoord, na Johan Cruyff Arena (6ª rodada), com um papelão da "F-Side", ala mais fanática da torcida. Atirar sinalizadores e forçar a interrupção do jogo, no começo do segundo tempo, com 3 a 0 contrários no placar, só adiou o sofrimento retomado dias depois, com portões fechados e o Stadionclub fazendo 4 a 0. 

A sequência perigosa na tabela trouxe três derrotas: AZ 2 a 1 (8ª rodada), Utrecht 4 a 3 (9ª rodada) - tomando virada após ter 3 a 2 na frente -, PSV 5 a 2 (10ª rodada - de novo saindo na frente, de novo tomando virada). Era preciso olhar duas vezes para confirmar o segundo "ponto baixo": sim, o Ajax estava na última posição do Campeonato Holandês, àquela altura. Nem os mais conhecidos - Steven Berghuis, Steven Bergwijn - acalmavam, nem os mais jovens - Kristian Hlynsson, Brian Brobbey - se impunham. Alguns nomes viravam "bodes expiatórios" da torcida. Em campo, só saía a contento Jorrel Hato, revelação na zaga. Pior: a crise na diretoria de futebol se escancarava, com o conflito de interesses que forçou a saída de Sven Mislintat (ter ações na empresa de agenciamento que cuidou da negociação de Borna Sosa). Desprestigiado, Maurice Steijn também saíu. E só aí algum "modo de segurança" se estabeleceu no Ajax, com a ajuda de nomes que conhecem a fundo o clube - e seu ambiente, seu "jeito". Louis van Gaal aceitou ser conselheiro, de longe; John van't Schip, nascido e crescido no clube, aceitou o desafio de voltar a ele como técnico. Até conseguiu entabular uma reação: quatro vitórias seguidas, e o Ajax alcançou o quinto lugar na tabela. Alguns nomes melhoraram em campo: o alemão Diant Ramaj saiu a contento no gol, Chuba Akpom aproveitou chance no ataque, Brobbey evoluiu. Ainda assim, avançar na Liga Europa nunca pareceu provável. E a eliminação na Copa da Holanda, de cara, para o semiamador USV Hercules (quarta divisão), lembra: se há uma reação na Eredivisie, ela ainda é pequena demais para o tamanho da crise que o Ajax vive.

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