terça-feira, 5 de agosto de 2025

Segunda divisão: contos de fadas se realizarão?

Campeão da segunda divisão em 2024/25, o Volendam mostra o caminho repetido para o acesso, indicado pela temporada regular. Mas há a chance do conto de fadas... ( Ben Gal/BSR Agency/Getty Images)
 
Já faz algum tempo que a Eerste Divisie, a segunda divisão da Holanda (Países Baixos), se divide em dois caminhos. Não no regulamento, mas nos seus resultados. Ao final das 38 rodadas, o campeão e o vice têm acesso direto garantido à Eredivisie - e, nestes, não tem havido tanta novidade: basta dizer que Volendam e Excelsior, os ocupantes dos respectivos lugares em 2024/25, haviam sido rebaixados na temporada anterior e fizeram o "bate-e-volta", como o Groningen fizera em 2023/24, e o Heracles Almelo, em 2022/23. Entretanto, há uma vaga na Eredivisie reservada para quem vencer a repescagem pós-temporada, na qual estão sete times (os vencedores dos quatro períodos - 1ª a 9ª, 10ª a 19ª, 20ª a 29ª e 30ª a 38ª rodadas -, mais os dois melhores colocados na tabela sem terem vencido "períodos", e o 16º colocado da Eredivisie, que entra na segunda fase). Nela, os "contos de fadas" estão aparecendo de vez em quando. Que o diga o Telstar, vitorioso na repescagem da temporada passada, de volta à primeira divisão após 47 anos. Ou mesmo o Almere City, que conquistou a vaga de sua estreia na Eredivisie em 2023/24, conseguindo ainda passar duas temporadas nela. Talvez seja esperando esse conto de fadas que os 19 clubes a disputarem a Eerste Divisie 2025/26, que começa nesta sexta, como a primeira divisão.

Alguns talvez estejam mais próximos de serem os bafejados pela sorte. Por exemplo, o Dordrecht, fora da Eredivisie desde 2014/15, que quase alcançou a decisão dos play-offs de acesso/descenso - e que será treinado por ninguém menos que Dirk Kuyt, tentando fazer sua carreira de técnico embalar após maus começos em ADO Den Haag e Beerschot (este, na Bélgica) e apostando no atacante Nick Venema, ex-Utrecht. Ou, quem sabe, o Den Bosch, que não aparece na primeira divisão desde 2004/05, mas que figurou na primeira fase da repescagem, e tem a grande aposta num novo nome, o meio-campista Mees Laros (20 anos de idade), já destacado no 9º lugar da temporada regular passada.

... e o Telstar foi o protagonista desse conto na temporada passada: por meio da repescagem, voltou à Eredivisie após 47 anos. É o sonho de Dordrecht, Den Bosch, De Graafschap... (Jiri Büller)

Só que há clubes equilibrados entre o sonho e a realidade. Ou seja, entre o conto de fadas da repescagem e a possibilidade (real) de conseguirem a vaga diretamente, como campeão ou vice da temporada regular. Aqui entra o Cambuur, mais fortemente: terceiro colocado na temporada regular passada, o time de Leeuwarden está fortalecido pela inauguração de um estádio moderno, o Kooi Stadion, inaugurado no ano passado, e ainda conta com um técnico querido pela torcida e respaldado pela diretoria (Henk de Jong, que superou até um tumor cerebral para seguir no clube desde 2023), mais alguns jogadores experientes, como o meio-campo Mark Diemers e o atacante Remco Balk. Também vale citar aqui o De Graafschap, sexto colocado na temporada regular, também presente na repescagem passada: o clube da cidade de Doetinchem conta com o meio-campo Reuven Niemeijer (ex-Heracles Almelo) e o atacante Mimoun Mahi (ex-Utrecht) para tentar voltar à primeira divisão, após sete anos.

E finalmente, há os francos favoritos a alcançarem o acesso pelo título (ou pelo vice) na Eerste Divisie. Os rebaixados da Eredivisie são casos óbvios: tanto RKC Waalwijk (penúltimo colocado da primeira divisão) quanto Willem II (rebaixado com a derrota para o Telstar, na repescagem) ainda contam com boa parte dos grupos de jogadores com que estavam em 2024/25 - e tanto Mohamed Ihattaren, nos Waalwijkers, como Emilio Kehrer, nos Tricolores, podem ajudar na tentativa do "bate-e-volta". Embora mais modesto, o Almere City conta com o promissor empréstimo do atacante Julian Rijkhoff, cedido pelo Ajax, para tentar voltar a sentir o gosto da Eredivisie, sentido nas duas temporadas mais recentes. O ADO Den Haag, com uma torcida cuja pressão chega a ser irrespirável (as derrotas na final da repescagem em 2021/22, e na primeira fase de 2024/25, tiveram jogos interrompidos por mau comportamento dos adeptos em Haia), ainda teve problemas na preparação, com a saída repentina do diretor de futebol Joris Mathijsen.

Ah, é, há os "times B" de equipes que jogam a Eredivisie - todos, por sinal, figuraram na metade de baixo da tabela e precisam melhorar. Aqui, talvez, o Jong Ajax seja mais badalado, já que os atacantes Sean Steur e Rayane Bounida não só são badalados, como é bem provável que se alternem entre time de baixo e time principal. O time B do AZ também merece alguma chance: quando nada, porque o Jong AZ mostra uma base que começa a ter ótimos resultados (campeã da Youth League, a "Liga dos Campeões" para jovens, em 2022/23, semifinalista na temporada passada), mostrando nomes como o goleiro Ki-Yani Zeggen. Jong PSV e Jong Utrecht, afundados nas últimas posições, têm que reagir.

Haverá todos esses... mas não haverá o Vitesse. A federação holandesa se cansou dos vários projetos dos candidatos a novos proprietários, e retirou a licença profissional do clube de Arnhem, tão tradicional no futebol holandês. A torcida do Vites se mobiliza, junto a empresários da cidade, para tentar provar que o clube pode manter a licença, mas a probabilidade maior é de que o time aurinegro terá de recomeçar seu caminho como amador, nas divisões inferiores. Até chegar à Tweede Divisie (terceira divisão), a mais alta para os times amadores da Holanda (Países Baixos). E se lá chegar, provar que pode voltar à Eerste Divisie. E recomeçar seu conto de fadas, que recomeça para 19 clubes nesta sexta.