sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Um pequeno ânimo

Robben prestou muita atenção às jogadas de ataque, e as aproveitou duas vezes. Sorte da Holanda (AFP)
Manter o esquema tático da seleção da Holanda num 4-3-3 espaçado demais entre os setores foi uma das principais razões para o fracasso da equipe nas eliminatórias da Euro 2016, tanto sob Guus Hiddink como sob Danny Blind. Pelo menos, após o vexame, Blind teve tempo para reconsiderar seus erros. Tratou de proteger mais a defesa. E bastou uma atuação mais acelerada e relativamente entrosada no ataque para a Oranje conseguir vencer o País de Gales, por 3 a 2, no amistoso desta sexta, em Cardiff.

E já após os treinos na capital galesa, na quinta, o treinador indicou que precisaria se preocupar mais com a parte de trás da equipe. Só não sabia qual alternativa escolher. Uma delas era clara: o 5-3-2 com que Louis van Gaal pensou a equipe terceira colocada na Copa do Mundo passada. A outra foi indicada pelo próprio Danny Blind: "Uma outra possibilidade seria jogar com dois meio-campistas mais defensivos [no 4-3-3]". De qualquer modo, ele reconhecia: "Precisamos fortalecer mais nossa defesa. Só que ainda guardarei em segredo o que farei".

Por fim, a equipe foi escalada no 5-3-2. E ainda se viram algumas experiências nos titulares: Daley Blind ficou na zaga, pela esquerda, enquanto Terence Kongolo era o lateral propriamente dito. No meio-campo, Quincy Promes foi experimentado, enquanto Bas Dost superou a escolha previsível de Klaas-Jan Huntelaar e começou jogando ao lado de Arjen Robben. Essas mudanças geraram um estilo interessante. Sim, sem a bola via-se claramente a linha de cinco defensores. Mas com a bola, não só a Holanda jogava mais num 3-4-1-2, com Quincy Promes às vezes avançando mais, como também tinha mais volume ofensivo.

No início do jogo, os galeses ainda se aproveitaram da falta de prática holandesa no novo-velho esquema tático para conseguirem algumas chances. Por duas vezes Virgil van Dijk avançou demais até para um líbero, e o espaço ficou aberto para que Tom Lawrence aproveitasse essas duas vezes com a bola e arriscasse chutes a gol. Mas após esse período de "adaptação", os holandeses se recompuseram. Jogando mais atrás, como armador, Wesley Sneijder começou a fazer bons lançamentos. Robben, enfim, voltou a atuar como "líder técnico": sempre se apresentava como opção de jogadas, e não só pela esquerda, sua faixa tradicional. Bas Dost, por sua vez, saía de suas características: ao invés de esperar as jogadas para finalizar, também participava das tabelas. 

Bastou um dos vários avanços de Daryl Janmaat (boa atuação) dar certo, para uma jogada bem tramada resultar no gol de Dost que abriu o placar. E a Oranje até merecia sair do primeiro tempo com a vantagem. Mas uma "imprudência" levou ao pênalti que empatou a partida, já nos acréscimos: Kongolo levantou as mãos para se livrar de um chute que lhe pegaria em cheio. Involuntário? Talvez. Mas cada vez mais árbitros marcam as penalidades em lances assim. Joe Allen bateu, e Jasper Cillessen teria um grande momento de glória, ao defender uma cobrança pela primeira vez em sua carreira... se Joe Ledley não tivesse aproveitado o rebote para empatar.

Acertadamente, Danny Blind não alterou demais a equipe logo na volta para os vestiários: apenas o lesionado Van Dijk deu lugar a Joël Veltman. Mais do que isso: continuaram os bons lançamentos de Sneijder. E principalmente, continuou a movimentação de Robben. Que aproveitou rápido contra-ataque para fazer o que sabe de melhor: cortar para a esquerda, sem marcação, e chutar a gol. Fez 2 a 1 e deu razões para que o jornalista Willem Vissers, do diário De Volkskrant, colocasse em seu perfil no Twitter: "Mais importante do que escolher entre 5-3-2 e 4-3-3 é ter um jogador como Robben em forma". De fato, ainda não dá para prescindir do nativo de Bedum na Oranje.

Mas novas falhas de posicionamento da defesa resultaram em empate dos galeses: após cruzamento para a área, o trio de zagueiros deixou alguns adversários livres ao sair para cortar. Um deles, Emyr Huws, cabeceou livre para as redes de Cillessen. A decepção só não foi maior porque, novamente, um contra-ataque acelerado (por um rápido passe de Dost, no caso) pegou Robben livre. E ele não errou, garantindo a vitória por 3 a 2. Só então Danny Blind pôde experimentar por alguns minutos na equipe - por exemplo, promovendo a estreia de Riechedly Bazoer no meio-campo

Na saída de campo, Danny Blind ainda alertou: "Só é chato termos sofridos dois gols em bolas paradas. Nas eliminatórias, sofremos três ou quatro gols de escanteios e bolas paradas. Isso precisa melhorar". Mas também afagou: "Estou razoavelmente feliz. Não cedemos muitas chances e jogamos compactos". Cillessen também se alternou entre a lamentação ("Eu ainda estava na bola, no rebote [do pênalti], mas foi muito frustrante. Legal que eu tenha defendido um pênalti, e nada mais. No fim, foi um gol que sofremos") e o otimismo ("Espero que da próxima vez eu defenda sem dar rebote"). E Arjen Robben, de novo o salvador da Holanda, também se alegrou: "Estamos recomeçando, com um sistema antigo. Por isso, precisamos trabalhar. Mas estou com um bom sentimento para o futuro". 

Exatamente por isso a Holanda precisava da vitória: para recuperar o bom sentimento. Obviamente, a vitória desta sexta não quer dizer que a equipe virou favorita para o jogo de terça, contra a Alemanha. Mas, pelo menos, deu um pequeno ânimo. Já é algo, na situação atual da Oranje.

Um comentário:

  1. já é algo, e levando-se em consideração o "animo" que a Alemanha tem jogado amistosos (o último foi ruim de doer a espinha por parte dos Alemães e as escolhas do Low) dá até para ver uma vitória Holandesa

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