domingo, 1 de maio de 2016

810 minuten: como foi a 33ª rodada da Eredivisie

Fischer representa o alívio do Ajax: goleada num jogo tenso, e o título holandês está muito perto (ANP/Pro Shots)
Ajax 4x0 Twente (domingo, 1º de maio)

O Ajax começou o jogo com duas surpresas na escalação. A primeira era fortalecer a marcação mais veloz no meio-campo: Thulani Serero, novamente, tomou o lugar de Riechedly Bazoer entre os titulares, até porque poderia dar mais rapidez na saída de bola. No ataque, com Anwar El Ghazi lesionado, ao invés da opção por Lasse Schöne, experimentou-se escalar pela primeira vez o tcheco Vaclav Cerny, pela direita. Do resto, já se sabia: era vencer o Twente - de preferência, por uma grande margem - para manter a liderança do Campeonato Holandês, aproximando-se do título.

Isso já começou aos quatro minutos do primeiro tempo, quando Arkadiusz "Arek" Milik cobrou falta que forçou o goleiro Nick Marsman a espalmar a bola para fora da área. Aos 10, perigo em outra cobrança de Milik: desta vez, Marsman espalmou para a linha de fundo. Todavia, se o Ajax jogava com toda a força ofensiva, com defesa adiantada e tudo o mais, também dava espaço ao Twente. Principalmente pela esquerda, onde o improvisado Kenny Tete (substituindo o suspenso Mitchell Dijks) sofria com Zakaria El Azzouzi.

Além disso, o PSV já ganhava do Cambuur. Um gol era mais do que necessário. E ele veio aos 37 minutos da etapa inicial: pela direita, Joël Veltman desarmou Hakim Ziyech e passou a Cerny. E o jovem tcheco dominou, ganhou de Stefan Thesker na corrida e chutou para fazer 1 a 0, aliviando o Ajax. Só que o jogo decisivo ainda não estava para festas. Prova disso foi o que se viu no minuto final da etapa inicial: Jerson Cabral superou Tete e chegou livre com a bola na área, mas bateu fraco para Jasper Cillessen defender sem problemas.

No segundo tempo, o ritmo seguiu o mesmo. Os Amsterdammers pressionando: aos 11, Nick Viergever apareceu de surpresa na área em rápido contra-ataque e completou chutando na trave, e aos 17, Amin Younes arrematou da esquerda, Marsman falhou ao tentar encaixar - e apenas pôde torcer para a falha não se consumar (a bola foi pela linha de fundo). E aos poucos, os visitantes de Enschede ameaçando empatar: aos 27, Ziyech arriscou chute de fora da área, forçando Cillessen a fazer ótima defesa, espalmando por cima da trave.

Todavia, justamente na fase que seria mais tensa, os Ajacieden relaxaram a torcida. Aos 35 minutos, Younes (o melhor da partida) cruzou da esquerda, e Mike van der Hoorn, vindo da defesa, cabeceou para as redes: era o 2 a 0 que afastava o perigo do empate. Ficaria melhor: logo após Van der Hoorn marcar, Viktor Fischer substituiu Cerny... e fez o terceiro gol aos 37, recebendo de Younes e chutando cruzado de pé direito, no canto defendido por Marsman. E coube a Younes transformar a vitória em goleada com belíssimo tento: aos 41, o alemão de ascendência libanesa mandou chute colocado no ângulo esquerdo.

Era a melhor vitória possível: goleada, sem sofrer gols. A vantagem de seis gols no saldo (+60, contra +54 do PSV) se mantinha. A sensação foi descrita pelo capitão Davy Klaassen, à FOX Sports holandesa: "Não vamos mais deixar escapar". A uma rodada do fim, a 34ª conquista da Eredivisie está na alça de mira. Mas ainda não está ganha, como alertou Van der Hoorn: "Tão perto e tão longe".

A comemoração de De Jong é a comemoração do PSV: agridoce. Tarefa cumprida, mas o título está distante (psv.nl)
PSV 6x2 Cambuur (domingo, 1º de maio)

Se a tarefa do Ajax era clara, a do PSV era até mais imperativa: ganhar, e por uma margem suficiente para encurtar a vantagem do Ajax no saldo de gols e aumentar as chances do bicampeonato. Ou seja: não restava muita coisa além de pressionar o lanterna Cambuur - adversário ideal para uma goleada, até por já ter sofrido 6 a 0 no primeiro turno. Resultado: a pressão no ataque veio desde o primeiro dos 90 minutos. Algo previsível até na escalação, com Marco van Ginkel e Adam Maher, dois meio-campistas bem ofensivos, entre os titulares. E por incrível que pareça, o Cambuur também tinha algo a tentar evitar: o rebaixamento direto à segunda divisão.

Já aos 15 minutos, o PSV tivera três ótimas chances de abrir o placar. Uma com Gastón Pereiro, aos dez minutos: o uruguaio completou escanteio e a defesa dos visitantes de Leeuwarden tirou em cima da linha. Nos cinco minutos seguintes, duas oportunidades para Luuk de Jong, em dois cabeceios. Finalmente, aos 15 minutos, veio o gol que estava demorando para sair: De Jong recebeu na área, dominou e passou a Van Ginkel, que tocou para o gol vazio, fazendo 1 a 0. Estava tudo dentro do que os Eindhovenaren pretendiam. Só que aos 18 minutos, um azar num escanteio deu o empate inesperado ao Cambuur: Xander Houtkoop dominou a bola vinda de córner, chutou, e o lateral Calvin Mac-Intosch desviou levemente. O suficiente para o goleiro Jeroen Zoet ficar sem ação: 1 a 1.

Mesmo com o gol sofrido, os mandantes nem se desesperaram. A superioridade técnica era clara, e os gols sairiam se o PSV jogasse com seriedade. Dito e feito: aos 27 minutos, Jetro Willems cruzou da esquerda, e De Jong marcou de cabeça o seu 24º gol na Eredivisie desta temporada, recolocando os Boeren na frente. Aos 38, em novo escanteio, a defesa do Cambuur tentou rebater, mas Pereiro tocou por último - toque fraco, mas suficiente para o 3 a 1. Com o Ajax pelejando pelo 1 a 0 em Amsterdã, a esperança crescia... mas tomou um balde de água fria com o segundo gol do Cambuur, aos 43, ainda antes do intervalo: o irlandês Jack Byrne correu com a bola em rápido contra-ataque, e bateu no ângulo direito de Zoet.

No segundo tempo, o jogo não mudou nem um pouco. O PSV era francamente superior: aos 14, quase veio o quarto gol, com Luciano Narsingh cabeceando para ótima defesa do goleiro Leonard Nienhuis. Dois minutos depois, Houtkoop bateu falta, e quase marcou. Finalmente, aos 18, uma falha de Nienhuis entregou o quinto gol aos PSV'ers: em bola perdida na área, o goleiro tentou dominar com os pés para impedir o escanteio. O domínio foi mal feito, e a bola ficou à feição para Maher dominar, esperar, e chutar no canto do arqueiro dos visitantes de Leeuwarden para fazer o quarto gol.

Aos 25, em primorosa cobrança de falta, Willems fez 5 a 2 para o PSV. Não estava tão longe: a diferença no saldo de gols se encurtara para quatro (57 para o Ajax, 53 para o PSV), e o Twente estava perto de empatar. Só que o Ajax fez 2 a 0, e animou-se para concluir a goleada final que conseguiu, mantendo a diferença em seis gols. Mesmo com a entrada de Jürgen Locadia em campo, tendo mais gente na área (Locadia até marcou, mas o gol foi anulado por impedimento), o PSV só conseguiu o gol nos acréscimos, aos 47: outra cobrança de falta bem aproveitada por Van Ginkel.

Em qualquer outra ocasião, um 6 a 2 animaria a torcida. Mas a goleada no Philips Stadion foi celebrada com aplausos lacônicos: com a vitória do Ajax, o bicampeonato do PSV ficou bem difícil. Restará ou vencer o Zwolle por sete gols de diferença, ou esperar tropeço do Ajax contra o De Graafschap. De qualquer modo, Philip Cocu ainda tenta mostrar ânimo nas declarações pós-jogo: "Ainda tenho a sensação de que podemos ser campeões". Pelo menos, isso. Já o Cambuur não tem mais consolo. Está condenado à última posição e diretamente rebaixado, como lamentou o capitão Erik Bakker: "Foi o resultado de toda a temporada, não fomos rebaixados por hoje".

O azar do goleiro Lamprou foi a sorte do abraçado Achahbar: gol, vitória e terceiro lugar garantido ao Feyenoord (feyenoord.nl)
Willem II 0x1 Feyenoord (domingo, 1º de maio)

Com a vaga na Liga Europa já garantida (o título da Copa da Holanda, na semana passada, deu a vaga na fase de grupos do torneio continental), o Feyenoord nem se importou muito com as ausências do lesionado Dirk Kuyt e do suspenso Michiel Kramer. Se havia interesse, era do Willem II: uma vitória dos Tricolores em casa, junto a um tropeço do Excelsior, significaria a manutenção na Eredivisie em 2016/17. Mas o desinteresse do Stadionclub e o nervosismo dos mandantes tornaram a partida em Tilburg bem monótona.

Só um fator fortuito mudou o resultado: aos doze minutos do segundo tempo, Anass Achahbar - substituto de Kramer - arriscou chute fraco de fora da área, e o goleiro Kostas Lamprou falhou, com um soco insuficiente na bola para evitar o 1 a 0 do Feyenoord. Não bastasse o título da copa, a vitória garantiu a terceira posição aos Rotterdammers no Campeonato Holandês. Giovanni van Bronckhorst pôde comemorar o fim tranquilo de temporada ("Foi uma ótima semana para nós", exultou "Gio" na coletiva pós-jogo). E o Willem II sofrerá por mais uma rodada: está na zona de repescagem, e ficou um ponto atrás do Excelsior.

Essa foto não é repetida: Janssen cobra pênalti e marca para o AZ. Hoje foi contra o De Graafschap (ANP/Pro Shots)
AZ 4x1 De Graafschap (domingo, 1º de maio)

Jogando fora de casa, o De Graafschap também olharia para Eindhoven: se o Cambuur cometesse o CRIME e vencesse o PSV, os Superboeren precisariam superar o AZ para se manter na Eredivisie. Talvez por isso, o ótimo começo dos visitantes: aos sete minutos da etapa inicial, um chute forte de Mark Diemers mandou a bola no ângulo, decretando o 1 a 0. Mas o temor do AZ durou pouco: aos 14 minutos, Ridgeciano Haps sofreu pênalti, e Vincent Janssen bateu seguramente para marcar seu 26º gol na temporada. Aí, os Alkmaarders se relaxaram, e encaminharam o triunfo ainda no primeiro tempo.

Aos 22, em tabela com Joris van Overeem, Haps dominou a bola e virou o jogo; e aos 40, após lançamento em profundidade, o iraniano Alireza Jahanbakhsh ampliou. No segundo tempo, Van Overeem ainda ratificou a goleada, fazendo o 66º gol do AZ no campeonato (marca que não era alcançada desde o título em 2008/09). E o AZ terá vantagem no confronto direto contra o Utrecht, na última rodada, pelo quarto lugar que dá vaga direta na Liga Europa: tem três pontos de vantagem para os Utregs - em 5º lugar -, e quatro gols de frente no saldo. Com a derrota do rebaixado Cambuur, o De Graafschap também se aliviou: ainda poderá tentar ficar na Eredivisie via play-offs. E o técnico Jan Vreman animou o PSV, que espera o jogo do time de Doetinchem na última rodada: "Vamos buscar a vitória contra o Ajax".

Vitesse 1x3 Utrecht (domingo, 1º de maio)

Num jogo entre duas equipes que passaram o returno circulando pela zona dos play-offs pela Liga Europa, o Vitesse sabia que tinha mais contas a prestar à sua torcida, pelas decepções que causara durante boa parte da temporada. Assim, o Vites fez um primeiro tempo bem melhor: não só seguro na defesa (que contava com os novatos Julian Lelieveld, lateral direito de 18 anos, e Thomas Oude Kotte, zagueiro de 19), mas ativo no ataque. O primeiro gol até demorou: aos 30 minutos, Lewis Baker cobrou falta, a defesa dos Utregs falhou ao tentar cortar, e o zagueiro Guram Kashia fez 1 a 0. Antes, Dominic Solanke já poderia até ter aberto o placar para os mandantes aurinegros.

Só na etapa final o Utrecht impôs sua regularidade maior na temporada. Já aos dois minutos, Sébastien Haller quase marcou, mas o goleiro Eloy Room mandou o chute do francês para escanteio; no escanteio subsequente, Haller tentou o gol de bicicleta, mas a bola passou por cima. A entrada de Ruud Boymans só aumentou a força ofensiva dos visitantes. E a virada veio, na parte final do jogo: Nacer Barazite empatou aos 29, escorando cruzamento de Christian Kum da direita. Aos 40, Boymans virou o jogo; e aos 43, o zagueiro Ramon Leeuwin fez o 3 a 1 fora de casa que, no mínimo, garantiu o Utrecht nos play-offs (o time ainda tem chances de garantir vaga direta na Liga Europa, caso vença o AZ e elimine os quatro gols de desvantagem no saldo). Ao Vitesse, que novamente abateu sua torcida, resta vencer e torcer por tropeços de NEC e Groningen na última rodada.

Heracles 1x1 ADO Den Haag (domingo, 1º de maio)

Até curioso: mesmo que o Heracles estivesse em casa, e tivesse um estilo bem mais técnico de jogo, a partida no estádio Polman, em Almelo, foi bem desanimada por boa parte do seu decorrer. Tanto é que foi o último dos nove jogos da rodada a sair do 0 a 0: somente aos 23 minutos do segundo tempo o placar foi aberto. E o gol foi do Den Haag: Giovanni Korte dominou a bola e passou a Édouard Duplan, que finalizou livre para fazer 1 a 0. Porém, os Heraclieden continuaram pressionando mais, e tiveram o prêmio no fim: aos 43 minutos, Paul Gladon (vindo do banco no instante anterior, em lugar de Iliass Bel Hassani) dominou passe de Ramon Zomer e fez o gol decisivo, que garantiu o time de Almelo nos play-offs por um lugar na Liga Europa 2016/17. Merecidamente.

Heerenveen 1x2 Groningen (domingo, 1º de maio)

No último jogo em casa do ícone Foppe de Haan à frente do Heerenveen, após seu retorno temporário para treinar o clube, a torcida esperava poder comemorar algo. E Sam Larsson indicava que ela teria as razões desejadas para isso: aos 20 minutos, o atacante sueco deixou os anfitriões na frente do placar no "Clássico do Norte", em jogada individual. Só que os Groningers se animaram e reagiram rapidamente: já aos 26 minutos, Oussama Idrissi empatou o jogo. E no segundo tempo, aos sete minutos, o esloveno Albert Rusnák arrematou da entrada da área, para fazer 2 a 1, frustrar os donos da casa e manter o Groningen com boas chances de alcançar os play-offs por Liga Europa: o time foi à oitava colocação, última da região de classificação, um ponto acima do NEC - e enfrentará em casa o Heracles, já garantido na Nacompetitie pela competição continental.

Excelsior 2x2 Zwolle (domingo, 1º de maio)

Em busca de se garantir na zona da Nacompetitie por Liga Europa, o Zwolle procurou a vitória mais cedo do que o Excelsior, até mais desesperado (afinal, tenta escapar ponto por ponto da repescagem contra o rebaixamento, em disputa com o Willem II). Com a maior qualidade técnica que têm, os Zwollenaren começaram pressionando, com um cabeceio de Sheraldo Becker. Mais alguns minutos, e conseguiram o gol: aos 15 minutos, Lars Veldwijk recebeu a bola, livrou-se da marcação de Henrico Drost com um giro e chutou no canto oposto ao do goleiro Tom Muyters.

Somente no segundo tempo a busca do Excelsior pelo gol resolveu as coisas: aos 16 minutos, após confusão na área, Tom van Weert completou de calcanhar, empatando com um bonito gol. O jogo se acelerou aí, e o Zwolle contra-atacou com êxito: após cruzamento, Veldwijk ajeitou para Queensy Menig bater forte de fora da área e fazer 2 a 1. Ainda assim, os Kralingers pressionaram e empataram de novo: aos 35 minutos, de cabeça, Daan Bovenberg fez o gol salvador. Pelo menos até a próxima rodada, o time de Roterdã está fora da zona da Nacompetitie, um ponto acima do Willem II, derrotado pelo Feyenoord. Para garantir a permanência na elite em 2016/17, os Kralingers precisam vencer o já rebaixado Cambuur. Ao Zwolle, um empate contra o PSV em casa dá a vaga nos play-offs.

O mecenas Frits Schrouff comemora com os jogadores do Roda JC: virada e garantia na Eredivisie (ANP/Pro Shots)
NEC 1x2 Roda JC (domingo, 1º de maio)

Nem é o caso de dizer que o Roda JC estivesse seriamente ameaçado pelo rebaixamento. Mas seguro morreu de velho, e o desconfiado ainda está vivo. Portanto, uma vitória contra o NEC, fora de casa, era fundamental: afinal, eliminaria de vez qualquer perigo de queda ou repescagem contra ela. O começo do jogo em Nijmegen não deu muitas esperanças. Aos 25 minutos, Navarone Foor fez 1 a 0 contando com a sorte: o zagueiro Ard van Peppen tentou cortar cruzamento, chutou a bola em cima de Foor, e ela foi direto para as redes. Depois, aos 40, Christian Santos teve a chance de ampliar num pênalti, mas sua cobrança foi defendida pelo goleiro Benjamin van Leer.

E aí, o Roda JC se animou. A ponto de empatar, antes mesmo do intervalo: aos 45 minutos, Tom van Hyfte bateu de longe e fez bonito gol. Na etapa final, o ânimo não cessou: aos dois minutos, Rydell Poepon completou escanteio, de cabeça, e virou o jogo. Confirmada, a vitória que livrou definitivamente os Koempels foi celebrada pelo dono do clube, Frits Schrouff. Que deu a mostra da felicidade: "Eu disse a eles: 'rapazes, amanhã o dia é de folga para eles'". Fizeram por onde receber o prêmio, sem dúvida.

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