domingo, 8 de maio de 2016

810 minuten: como foi a última rodada da Eredivisie


Como sempre, o PSV fez a sua parte. O Ajax fraquejou quando menos se esperava. E veio o bicampeonato holandês (Ronald Bonnestroo/ANP)
Zwolle 1x3 PSV (domingo, 8 de maio)

Como nas rodadas mais recentes, só restava ao PSV fazer a sua parte para tentar o bicampeonato. E como na vitória sobre o Cambuur, os Boeren pareceram sentir um pouco da pressão (mesmo com a defesa mais protegida, num meio-campo de maior marcação). A ponto do Zwolle ser perigoso: aos 14 minutos do primeiro tempo, Ouasim Bouy arriscou chute de fora da área, e a bola foi na rede defendida por Jeroen Zoet, pelo lado de fora. Só aí os Eindhovenaren acordaram. E quase marcaram: aos 16, Luciano Narsingh recebeu lançamento de Davy Pröpper (ótima atuação), entrou na área, driblou o goleiro Kevin Begois... mas ficou sem ângulo, e chutou para fora. Na tensão de precisar vencer, o PSV permitiu outra boa chance dos Zwollenaren: aos 23, outro arremate de Bouy mandou a bola por cima do gol de Zoet.

Só aí a equipe visitante se acalmou. E enfim, chegou o esperado gol: aos 34 minutos, em jogada individual, Pröpper deixou a bola com Jürgen Locadia, na entrada da área, e o atacante finalizou com chute colocado, no canto esquerdo de Begois, fazendo 1 a 0. A confiança só cresceu doravante, e o segundo tento dos Boeren não demorou: aos 43, Pröpper cobrou escanteio, Locadia escorou, e Luuk de Jong completou de cabeça para marcar seu 24º gol no Campeonato Holandês. Aí, a partida estava praticamente ganha. Só que o Ajax ia superando o De Graafschap (1 a 0). Com o saldo em 61 a 56 para os Amsterdammers, o título ia para o clube da estação Bijlmer Arena.

Restava continuar cumprindo a sua parte no segundo tempo. E o PSV cumpria, controlando o jogo. Aí entrou a ajuda do destino: houve um gol de Bryan Smeets no meio do caminho. O De Graafschap empatava o jogo contra o Ajax, e o saldo deixava de ser problema. Mesmo assim, um rápido relaxamento levou ao gol dos mandantes: aos 20 minutos, após falha de Zoet na saída de bola, Bouy dominou, arriscou de novo de fora da área, e finalmente marcou o gol. Só que os visitantes não deram tempo para abatimentos psicológicos: aos 22, Locadia deixou Luuk de Jong livre pela esquerda, o atacante entrou na área e tocou na saída de Begois para fazer 3 a 1. 

Controlando a vitória em Zwolle, o PSV ficava com o coração ligado no que ocorria no estádio De Vijverberg, em Doetinchem. Ficou ligado até depois do apito final, já que a outra partida estava alguns minutos atrás. Finalmente, veio o apito final. E ao cumprir a sua parte, o PSV recebeu o prêmio da derrocada dos Ajacieden rivais. Era o bicampeonato desejado, um tanto inesperado, mas acima de tudo, muito merecido.


Desconsolo de Klaassen, desespero de El Ghazi: o Ajax até agora se pergunta como conseguiu perder o título (ANP/Pro Shots)
De Graafschap 1x1 Ajax (domingo, 8 de maio)

Estava bem mais fácil para o Ajax. Uma vitória contra o De Graafschap já condenado à repescagem contra o rebaixamento (de preferência, vitória sem gols sofridos), e o 34º título holandês seria uma realidade para os Ajacieden - a não ser em caso de goleada rotunda do PSV sobre o Zwolle. Todavia, mesmo em baixa na tabela, o De Graafschap era um time esforçado. Se não fosse, não teria saído dos cinco míseros pontos que tinha ao final do primeiro turno para, pelo menos, ganhar uma esperança de ficar na elite, via Nacompetitie. Jogando em casa, os Superboeren venderiam caro o resultado.

E provaram isso com o começo mais ousado, até mais ofensivo que o do tranquilo Ajax. Aos seis minutos do primeiro tempo, Vincent Vermeij cruzou para a área, da esquerda, e Jasper Cillessen teve de sair do gol para agarrar. Aos oito, em escanteio, a bola sobrou com Dean Koolhof, e o ponta-de-lança bateu forte e rasteiro, no contrapé de Cillessen, rente à trave.

O Ajax precisava atacar. E só aí acelerou mais o jogo, que até então tentava controlar na calma. Deu certo. Aos 14 minutos, Arkadiusz Milik chegou à área e chutou, o goleiro Hidde Jurjus (outra boa atuação, com duas defesas importantes) rebateu, e Amin Younes mandou a sobra para as redes - mas o gol foi erroneamente anulado, por impedimento que o bandeirinha Sander van Roekel julgou ver. Mas aos 16, deu certo, numa jogada típica de Younes: o alemão chegou à área e bateu de pé direito, colocado, no canto esquerdo de Jurjus. Era o 1 a 0 que dava o título ao Ajax, independentemente do que o PSV fizesse contra o Zwolle. E os visitantes seguraram o jogo no resto da etapa inicial.

No segundo tempo, o ritmo seguia o mesmo. As chances de segundo gol se avolumavam: aos dois minutos, Nemanja Gudelj cobrou falta, exigindo que Jurjus espalmasse com a ponta dos dedos pela linha de fundo. Aos quatro, Joël Veltman foi à área e cabeceou bola vinda de córner, para ótima defesa de Jurjus. E aos seis, Younes bateu para outra importante intervenção do goleiro do De Graafschap.

Aí aconteceu o clímax desta Eredivisie: em rápido contra-ataque, o De Graafschap conseguiu o empate inesperado. Aos 10 minutos, da direita, Youssef El Jebli serviu Bryan Smeets, e o meio-campista (que se assumiu torcedor do Ajax na infância, após a partida, à FOX Sports holandesa) completou de primeira, no contrapé de Cillessen, fazendo 1 a 1. Bastou para Frank de Boer começar as alterações: colocou Jaïro Riedewald para proteger a lateral esquerda, no lugar do lesionado Mitchell Dijks, e tomou a polêmica decisão de tirar Milik e acelerar o ataque, com a entrada de Anwar El Ghazi (o técnico Ajacied justificou dizendo que o polonês "não estava no ritmo do jogo").

E as chances esparsas mostravam que o gol de empate não estava nos planos. Desesperado, o Ajax tentava em chutes de longe - como o de Vaclav Cerny, aos 15 minutos, muito por cima do gol. Nos contra-ataques, o De Graafschap trazia perigo. Aos 33, Gudelj cobrou falta longe da meta. No ataque, além de Younes, El Ghazi e Viktor Fischer (entrara no lugar de Cerny), o zagueiro Mike van der Hoorn vinha para as jogadas aéreas, configurando um 3-3-4. No espaço da defesa, quase o De Graafschap virou aos 43, com Smeets completando para ótima defesa de Cillessen. Aos 44, a chance final: Younes fez jogada individual pela esquerda e cruzou, mas Jurjus defendeu antes da chegada de Davy Klaassen. E o apito final de Bjorn Kuipers deu início a choro (de Gudelj e El Ghazi), a gritos de raiva (do hoje reserva Riechedly Bazoer, ao entrar nos vestiários atirando a garrafa portátil), ao desencanto de Frank de Boer... o título que parecia próximo se esvaía. Não era "sonho ruim", como o técnico falou após o jogo; era a dura realidade. Bem disse Gudelj: o próprio Ajax "estragou tudo".

Como duvidar de Vincent Janssen? Com mais um gol, ajudou o AZ a vencer e garantir lugar na Liga Europa (ANP/Pro Shots)
Utrecht 1x3 AZ (domingo, 8 de maio)

Era o confronto direto pela quarta posição do campeonato. Quem estivesse nela ao final dos 90 minutos, teria a vaga direta na terceira fase preliminar da Liga Europa; o derrotado teria consolo com o lugar nos play-offs por um lugar no mesmo torneio continental. O AZ já começava o jogo em vantagem: já estava em quarto, três pontos à frente do Utrecht, e mesmo perdendo, seu saldo de gols o deixava em vantagem. E para não deixar dúvidas ou incertezas, os Alkmaarders não se acanharam, mesmo fora de casa: já aos três minutos da etapa inicial, em jogada individual, o lateral esquerdo Ridgeciano Haps entrou pela esquerda e tocou na saída do goleiro Filip Bednarek, fazendo 1 a 0 para os visitantes. Piorando as coisas no Utrecht, os dois zagueiros titulares (Ramon Leeuwin e Timo Letschert - este, pré-convocado para a seleção holandesa) se lesionaram ainda no primeiro tempo. 

Enfraquecidos, os Utregs sofreram 2 a 0 numa falha defensiva: Mark van der Maarel perdeu a bola para Dabney dos Santos, que a carregou até a área e chutou para as redes, aos 38 minutos. Tentando pelo menos a vitória, o time mandante até pressionou mais no segundo tempo. E conseguiu um bonito gol aos 24 minutos, em chute forte do volante Rico Strieder, na entrada da área. Mas qualquer expectativa de reação foi frustrada aos 27, com o destaque supremo do AZ na temporada: Vincent Janssen recebeu a bola em rápido contragolpe, e chutou por baixo de Bednarek para fazer 3 a 1, marcando seu 27º gol na Eredivisie e garantindo a artilharia da competição. Vitória, quarta posição e vaga direta na Liga Europa garantidas para um AZ muito elogiável no returno. Ao Utrecht, quinto colocado, cabe não abaixar a cabeça: o Zwolle já o espera nos play-offs por lugar na LE, com o jogo de ida na próxima quinta.

Twente 2x2 Vitesse (domingo, 8 de maio)

Com um segundo turno altamente irregular nesta Eredivisie, o Vitesse teria um duro desafio: tinha a obrigação de vencer o Twente e esperar tropeços de NEC, Groningen e Zwolle para chegar aos play-offs pela Liga Europa. Pois o time de Arnhem foi quem melhor começou seu jogo. Com a ajuda involuntária do adversário: logo aos três minutos do primeiro tempo, o zagueiro Bruno Uvini cometeu gol contra, desviando de cabeça escanteio e deixando o Vitesse na frente. Mas o espírito habitual de luta do Twente deu frutos: aos 27, Zakaria El Azzouzi empatou no Grolsch Veste, com belo chute de fora da área.

No segundo tempo, a esperança renasceu nos visitantes aurinegros: aos 16 minutos, Renato Ibarra cruzou e o chinês Zhang Yuning escorou de cabeça, fazendo 2 a 1. Só que, aos 21, Chinedu Ede empatou novamente. E a igualdade final satisfez uma temporada muito honrosa dos Tukkers. Ao Vitesse, a decepção de ficar fora dos play-offs já trouxe consequências: o técnico Rob Maas demitiu-se. Compreensível: apenas uma vitória nas últimas sete rodadas. Não havia como chegar à Nacompetitie com sequência tão má.

Kuyt retribuiu novamente a confiança da torcida: gol, vitória e fim de temporada calmo no Feyenoord (feyenoord.nl)
Feyenoord 1x0 NEC (domingo, 8 de maio)

O Feyenoord já estava tranquilo, com o terceiro lugar garantido, bem como a vaga na fase de grupos da Liga Europa (via título da Copa da Holanda). Ainda assim, foi o time que parecia precisar da vitória, e não o NEC, que dependia dos três pontos para tentar uma vaga nos play-offs da Liga Europa. Tanto é que a única chance de gol do primeiro tempo veio com Eljero Elia: o atacante chutou, e um desvio acidental no volante Janio Bikel mandou a bola na trave. Depois do intervalo, Bilal Basaçikoglu também poderia ter feito 1 a 0.

Mas o autor do gol da vitória do Stadionclub foi o destaque da temporada: o sempre confiável Dirk Kuyt. Aos 10 minutos do segundo tempo, Kuyt (atuando no meio do ataque, com a suspensão de Michiel Kramer) recebeu a bola em profundidade, driblou o goleiro Brad Jones e colocou nas redes. Depois, não só Kuyt quase fez o segundo, mandando para fora bola cruzada por Jens Toornstra, mas também um cabeceio de Eric Botteghin mandou a bola na trave. A única jogada de perigo dos visitantes de Nijmegen foi um voleio de Christian Santos, bem defendido pelo arqueiro Kenneth Vermeer. E os Nijmegenaren saíram do campo de De Kuip frustrados: em 10º lugar, ficaram de fora dos play-offs pelo lugar na Liga Europa. E o Feyenoord terminou a temporada em paz. Quem diria?!

Groningen 2x1 Heracles Almelo (domingo, 8 de maio)

Na disputa dos dois últimos lugares nos play-offs pela vaga na Liga Europa, o Groningen sabia perfeitamente o que fazer: era vencer o Heracles, já sacramentado na Nacompetitie, e fazer companhia ao adversário. Demorou um pouco além do necessário, e os Groningers sofriam acompanhando as partidas de Vitesse, Zwolle e NEC, adversários na disputa das últimas vagas. Mas, por fim, o segundo tempo trouxe a vitória esperada.

E ela veio pelos pés de um jogador que já sabe que deixará o clube ao fim da temporada: o zagueiro sueco Rasmus Lindgren. Ele abriu o placar aos oito minutos da etapa complementar, escorando cruzamento de Lorenzo Burnet. Aos 11, Lindgren fez 2 a 0, após passe do atacante Oussama Idrissi. Depois, Iliass Bel Hassani ainda trouxe tensão, diminuindo para os Heraclieden aos 25. Mas o Groningen seguiu concentrado, e garantiu a vitória que lhe deixou com o lugar desejado nos play-offs. Agora, é a preparação para o jogo de ida, na quinta que vem, contra... o Heracles.

Cambuur 0x2 Excelsior (domingo, 8 de maio)

Pode um time que terminou o Campeonato Holandês em 15º lugar comemorar tanto uma vitória? Pode, no caso do Excelsior. Afinal, a vitória fora de casa, contra o já rebaixado Cambuur, garantiu aos Kralingers a manutenção na divisão de elite do futebol holandês, pelo terceiro ano seguido - serão três times de Roterdã na Eredivisie 2016/17. E o triunfo fundamental começou a vir rapidamente: aos cinco minutos do primeiro tempo, a defesa do Cambuur falhou, e Tom van Weert dominou a sobra na entrada da área, finalizando para as redes com chute colocado - a bola ainda bateu na trave do goleiro Harm Zeinstra antes de entrar. Fazendo sua parte em Leeuwarden, o Excelsior não precisava se preocupar com os rumos de Roda JC x Willem II. E o resultado positivo que garantiu a salvação foi confirmado no segundo tempo, com o gol de Kevin Vermeulen, aos 14 minutos, após receber a bola de Van Weert. Após uma temporada difícil, a comemoração, afinal.

Roda JC 2x3 Willem II (domingo, 8 de maio)

Se precisava fazer sua parte e ainda torcer contra o Excelsior para evitar a repescagem, o Willem II fracassava nas duas frentes. Os Rotterdammers cumpriam sua parte contra o Cambuur, e o Roda JC abriu o placar em Kerkrade: aos 19 minutos da etapa inicial, o zagueiro Jordy Buijs completou de cabeça uma falta cobrada por Tom van Hyfte. Restava correr atrás, e os Tricolores correram: aos 34, Erik Falkenburg (novamente destaque num time ameaçado de rebaixamento) fez 1 a 1, recebendo na área lançamento de Guus Joppen e chutando forte. 

Mas a comemoração durou pouco: aos 39, Ugur Inceman recolocou os Koempels na frente, em arremate de longe (com falha do goleiro Kostas Lamprou). No segundo tempo, os visitantes de Tilburg até viraram: logo aos dois minutos, Bruno Andrade igualou o placar quase sem ângulo, e Lucas Andersen fez 3 a 2 aos 10 minutos. Mas o Excelsior também triunfou - e mesmo cumprindo o que tinha de cumprir, o Willem II irá à repescagem contra o rebaixamento. A nova chance para ficar na Eredivisie começa na próxima sexta, com o jogo de ida contra o Almere City.

ADO Den Haag 1x1 Heerenveen (domingo, 8 de maio)

Era o único jogo da última rodada da Eredivisie que não tinha nada em disputa: ambas as equipes não tinham mais chance de ter lugar nos play-offs pela Liga Europa, e nem corriam qualquer risco de rebaixamento. Esperava-se, assim, uma partida desanimada em Haia, mas não foi um caso perdido. Claro: emoções foram mais escassas no Kyocera Stadion. Mas pelo menos houve chances de gol. No primeiro tempo, Mike Havenaar quase marcou em dois cabeceios que mandaram a bola perto, antes de enfim colocar a bola na rede: aos 30 minutos, após ser puxado pelo lateral Caner Cavlan e ver o juiz Kevin Blom marcar o pênalti, o atacante japonês converteu a cobrança com uma "cavadinha". 

Depois, Ruben Schaken ainda teve chance para o 2 a 0, mas chutou na trave. Sorte do Heerenveen: no segundo tempo, aos seis minutos, Mitchell te Vrede empatou de cabeça para os frísios, completando cruzamento de Luciano Slagveer. E o jogo ficou no empate, graças aos dois goleadores das respectivas equipes, na despedida de Foppe de Haan - após a interinidade no resto de temporada, no Heerenveen em que fez história, Foppe volta à aposentadoria.

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