terça-feira, 13 de setembro de 2016

Foi ele! (Mais ou menos...)

O gol de Saúl Ñíguez já abateu o PSV. E os erros do juiz Martin Atkinson só pioraram as coisas (Olaf Kraak/ANP/Getty Images)

Após PSV 0x1 Atlético de Madrid, estreia de ambas as equipes pelo grupo D da Liga dos Campeões, a torcida da equipe de Eindhoven - e parte da imprensa também - foi unânime: o Atkinson que apitara o jogo no Philips Stadion tinha sido outro. Não o inglês Martin, árbitro profissional, mas sim o comediante inglês Rowan Atkinson, intérprete do conhecido Mr. Bean. Afinal de contas, só mesmo um trapalhão para cometer tantos erros e provocar tanta polêmica na vitória dos Colchoneros. Álibi perfeito para os Boeren deixarem de lado suas falhas na partida.

Até porque nem todos os lances polêmicos significaram erro de Martin Atkinson. O primeiro deles, aos 5', realmente foi irregular: não que Luuk de Jong estivesse impedido ao cabecear a bola para as redes defendidas por Jan Oblak, mas de fato Héctor Moreno fez carga um pouco excessiva sob Filipe Luís, ao escorar para De Jong completar. O segundo já foi mais polêmico, de fato, quando Luciano Narsingh caiu na área, aos 21'. Ainda assim, não é daqueles lances que podem ser cravados como pênalti indiscutível: Diego Godín não foi tão acintoso na obstrução a Narsingh. Jogou com certa "malícia", zagueiro experiente que é.

Além do mais, mesmo escalado inteligentemente por Phillip Cocu (o 5-3-2, repetido das oitavas de final da Champions passada, trouxe Daniel Schwaab à zaga e protegeu mais o gol), o PSV era pouco ativo com os laterais. Apenas Narsingh, na esquerda, criava muitas jogadas. Nem mesmo o meio-campo avançava: cautelosos, Andrés Guardado e Davy Pröpper ajudavam mais Jorrit Hendrix, frágil na marcação a Koke e Saúl Ñiguez pelo meio.

Aí, sim, aos poucos, alguns erros de Atkinson interferiram no jogo. Um deles, aliás, influiu em dois momentos capitais. Aos 42', após escanteio, buscando a bola no alto, Pröpper chocou sua cabeça com a de José María Giménez, e ficou com o supercílio sangrando muito. Só que o juiz não parou o jogo com o meio-campista do time de Eindhoven no chão. Resultado: após um primeiro rebote, Saúl finalizou de primeira, com a perna esquerda, para fazer bonito gol. Somente aí, com a desvantagem no placar, é que Pröpper pôde ser atendido.

E enquanto o camisa 6 dos Eindhovenaren estava fora de campo, no primeiro lance com bola em jogo após o gol, Martin Atkinson "compensou" o erro no suposto pênalti de Godín em Narsingh: o camisa 11 dos alvirrubros listrados entrou pela direita da grande área e caiu, após Jiménez chegar perto. O carrinho do zagueiro uruguaio mal passou perto de Narsingh, mas a queda dele levou à "compensação" do juiz inglês, que marcou o pênalti. A torcida exultou: não deveria, ao lembrar que o PSV perdera 10 dos últimos 17 penais para ele, em todas as competições. Eis que Guardado perdeu o 11º: bateu até bem, no canto esquerdo, mas Oblak voou e espalmou, em grande defesa. E falando à Veronica, emissora de tevê holandesa, Cocu citou o grande azar: "Pröpper bateria. É um dos primeiros da nossa lista de cobradores, com [Gastón] Pereiro. Mas ele estava com sangue na camisa, e não podia voltar. Foi uma infeliz coincidência".

Coincidência infeliz: Pröpper teve o supercílio atingido, o Atlético de Madrid fez o gol...


... e Guardado teve de cobrar o pênalti que se seguiu. Mais um chute perdido para o clube (Dean Mouhtaropoulos/Getty Images)

Sem o empate, o PSV mostrou até mais fragilidades no segundo tempo. Desorganizada com a busca do time pelo empate (Pröpper e Guardado avançavam mais ao ataque), a defesa ficava desprotegida nos contragolpes do Atlético. Com alguns erros, os visitantes madrilenhos só não ampliaram a vantagem pela má atuação de Kévin Gameiro, que perdeu gol feito aos 53'. Somente a entrada de Bart Ramselaar no lugar de Hendrix, aos 67', melhorou a proteção à defesa - sem que o ataque perdesse força com isso.

A partir daí, então, a pressão pelo 1 a 1 aumentou. E veio o grande erro de Martin Atkinson, ao não apontar o pênalti - este sim, inquestionável - em mão na bola de Godín, marcando Luuk de Jong em escanteio, aos 75'. E Luuk de Jong carregou nas críticas, à tevê holandesa: "Eles [árbitros] estão em cinco em campo. Nesse caso, alguma coisa você tinha de ver". Ainda houve mais um cabeceio fraco de Gastón Pereiro, na pequena área, em bola cruzada por Jetro Willems, aos 91'. 

E veio a derrota. Que já era previsível: afinal de contas, trata-se do vice-campeão europeu, melhor do que o PSV. Mas os acontecimentos polêmicos provocados pela arbitragem, e a própria atuação, tornaram o revés mais lamentado na saída do campo, como mostram as palavras de De Jong: "Eu tenho certeza de que não fomos inferiores hoje". De fato, foi Martin Atkinson o principal obstáculo dos Boeren nesta estreia pela Liga dos Campeões. Mas não o único, já que o meio-campo foi lento em boa parte do jogo, as chances do segundo tempo foram jogadas fora, e mais um pênalti foi perdido. Aí fazem sentido as palavras maduras do goleiro Jeroen Zoet: "Tivemos chances suficientes para conseguirmos nossa recompensa, e não as aproveitamos".

Se serve de consolo, pelo menos o PSV mostra que é, atualmente, o único time holandês capaz de não passar vergonha em torneios continentais. Resta aceitar os elogios de Diego Simeone: "Eu sabia que o PSV dificultaria as coisas para nós". E seguir o pensamento do capitão Luuk de Jong: "Ainda não jogamos a toalha". Nem há porque fazer isso.

Um comentário:

  1. Blá blá blá, cara o juiz nitidamente prejudicou o PSV, não tem essa de que"o meio campo tava lento e etc" o fato é que era pra ser uns dois ou três a um pro psv só não foi por causa do juiz inglês.

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