quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Temporada quase perdida

Sofrendo com lesões e má fase ofensiva, o PSV se pergunta: como melhorar? (Paul White/AP Photo)

Era bastante previsível saber que o PSV teria vida curta nesta temporada da Liga dos Campeões, enfrentando dois times como Bayern de Munique e Atlético de Madrid. E tão logo o torneio continental europeu começou, tornou-se previsível também que o Rostov-RUS, considerado candidatíssimo a saco de pancadas do grupo, mesmo sem chances de vaga, poderia surpreender em algum momento. Essas duas possibilidades cruzaram-se na quinta rodada do grupo D, nesta quarta. E por isso, o time de Eindhoven está em sérios apuros na Champions League.

Afinal de contas, por mais que o Rostov tenha se mostrado um time valoroso e merecedor do mínimo de respeito, pouco se esperava que o time russo conseguisse a façanha de vencer o Bayern, nesta quarta. Foi merecido, até, pelo nível técnico razoável que têm apresentado alguns destaques do time de Rostov-do-Don na competição, como os atacantes Sardar Azmoun e Dmitri Poloz. E deixou a equipe holandesa na última colocação da chave, colocando mais lenha na fogueira que já arde levemente em Eindhoven. Decepcionando no Campeonato Holandês, os Boeren ganhavam a "obrigação" de protagonizarem uma zebra no Vicente Calderón.

Bem difícil: pegariam o melhor time desta edição atual da Liga dos Campeões, o vice-campeão atual da competição, já classificado para as oitavas de final. E embora o Atleti tivesse eliminado os Eindhovenaren a duríssimas penas nas oitavas de 2015/16, precisando de uma renhida disputa de chutes da marca do pênalti, a situação agora era bem diferente. Até porque o PSV vem de séria crise ofensiva, com inapetência assustadora nas finalizações. A tal ponto que Phillip Cocu ousou no 5-3-2 com que escalou a equipe: tirou de Luuk de Jong a braçadeira de capitão (Jeroen Zoet ficou com ela) e a titularidade (Gastón Pereiro e Steven Bergwijn formaram a dupla de ataque).

Alteração justificável: afinal de contas, o mais novo dos irmãos De Jong já não marca gols há 855 minutos na temporada. E Cocu preferiu preservá-lo, como comentou ao canal de tevê Ziggo Sport, antes mesmo do jogo no Vicente Calderón: "Está difícil para ele nos últimos tempos. [Luuk] tem tentado de tudo, trabalha duro. Às vezes é melhor deixar passar um jogo, para poupar energia e daí retomar o fio da meada". Por outro lado, no meio-campo, Cocu repetia a experiência feita na rodada passada da Eredivisie, contra o Willem II: Daniel Schwaab era improvisado como volante, convertendo o 5-3-2 num 4-1-3-2, além de nova oportunidade dada a Oleksandr Zinchenko entre os titulares, mais a volta de Davy Pröpper.

Pelo modo como a partida começou em Madri, porém, parecia que o PSV seria presa fácil, como fora ao visitar o Bayern em Munique. Priorizando as jogadas pelos lados - principalmente pela esquerda, onde Yannick Ferreira-Carrasco atormentou Santiago Arias, a ponto de fazer um drible desqualificante no colombiano -, o Atlético de Madrid controlava as ações ofensivas com tranquilidade. Não era uma pressão irrespirável. Mas era uma pressão que fatalmente levaria a algum gol. Quase levou aos 12', quando Kévin Gameiro desviou torto, à queima-roupa, uma bola cruzada por Koke. No lance seguinte a essa chance dos Colchoneros, um rápido contra-ataque puxado pelo meio-campo deixou Pereiro na cara do gol, com a chance para um gol que seria valioso. Mas o uruguaio tocou fraco, facilitando a defesa de Jan Oblak. 

Ainda assim, o perigo trazido serviu para o PSV impor um pouco mais de respeito, ficando mais com a posse de bola (até por estratégia própria do Atlético, diga-se de passagem). Mas sempre que chegava ao ataque, o time da casa trazia perigo. Até involuntário: numa bola cruzada na área aos 26', Zoet saiu para defender e seu cotovelo chocou-se acidentalmente com o rosto de Jetro Willems. O lateral caiu desacordado por alguns momentos. Despertou depois, e jogou normalmente o resto do primeiro tempo, mas foi substituído no intervalo - Jordy de Wijs entrou pela esquerda. Com o rosto inchado após o jogo, Willems virou mais um incluído na lista de lesionados do PSV. Que contém desfalques importantes: Joshua Brenet, Andrés Guardado, Jorrit Hendrix, Jürgen Locadia...

Em parte, essa longa lista explica o mau momento do PSV, que tem de se virar com o que tem no grupo de jogadores. E ajuda a explicar até o que se viu no segundo tempo: uma equipe que tentava manter a posse de bola, que segurou-se por algum tempo, que até tentava ir ao ataque (principalmente com Bart Ramselaar, o melhor jogador dos PSV'ers em campo). Mas que no primeiro erro cometido na etapa final, atrasando a recomposição defensiva, viu Gameiro enfim colocar uma das várias chances que teve na rede, fazendo 1 a 0 aos 55'. Depois, Antoine Griezmann marcou o segundo aos 66'.

A crise é clara em Eindhoven, com a distância para Ajax e Feyenoord na Eredivisie e, agora, com a última posição no grupo D da Liga dos Campeões. A temporada só não está completamente perdida porque resta uma tarefa para tentar a vaga na Liga Europa. Uma tarefa tão simples quanto traiçoeira, como sintetizou Phillip Cocu após a derrota: "Como o Rostov gosta de jogar no contra-ataque, para eles é ótimo que precisemos vencer".

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