(Coluna originalmente publicada na Trivela, em 4 de agosto de 2017. Revista e ampliada)
O despertador de uma nova temporada já toca no futebol holandês. Aliás, já tocou no final de semana passado: a Supercopa da Holanda abriu os trabalhos, quando Vitesse (campeão da Copa da Holanda) e Feyenoord definiram a Johan Cruyff Schaal em De Kuip. O uso do "árbitro de vídeo" no gol do Vitesse chamou a atenção (lembre-se: os jogadores do Vites reclamavam de pênalti, a sequência da jogada revelou gol impedido de Nicolai Jorgensen, e só aí o juiz Danny Makkelie foi conferir - anulou o gol e marcou o penal que Alexander Büttner conferiu para o 1 a 1 do tempo normal). Ainda assim, a festa foi do Feyenoord, que ganhou nos chutes da marca fatal - 4 a 2 - e comemorou mais um troféu.
O retorno da temporada tinha tudo para ser um momento de celebração no futebol holandês, mais falado do que a média no final da temporada passada. Pela relativa novidade que foi o final do calvário Feyenoorder na Eredivisie, com o título após 18 anos de jejum. Mas principalmente, pela surpreendente chegada do Ajax à final da Liga Europa. Enfim: era momento de se ter esperança. Mas o tempo passou. O sonho foi acabando aos poucos. A lua-de-mel da torcida do Feyenoord irá longe, mas clube já se reforçou e parece pronto para a temporada.
O problema é notar que, para outros clubes, a hora de acordar para o novo ano parece não ter chegado. O Ajax até fez isso à força, com o lamentável incidente que vitimou para sempre Abdelhak Nouri. E até teve esperanças de seguir sonhando com a Liga dos Campeões. Mas a invencível tendência à ingenuidade e à ofensividade cobraram seu preço, com um gol tardio sofrido e a eliminação pelos gols fora de casa. Talvez nem adiante criticar o Ajax, que parece querer isso, parece não desejar largar seu “DNA ofensivo”.
De todo modo, foi melhor essa eliminação honrosa do que a vergonha inominável que o PSV cometeu contra o Osijek-CRO, na terceira fase preliminar da Liga Europa, ao perder duas partidas (e merecendo perdê-las, ao contrário do Ajax, que fez o que podia nos jogos equilibrados contra o Nice). Só mesmo o Utrecht compensou nas competições europeias, ao superar arbitragem danosa - validou um gol em impedimento – para superar o Lech Poznan-POL nos gols fora de casa.
Assim, o futebol holandês de clubes se prepara para a temporada com a incômoda sensação de que a carruagem relativamente bonita do final de 2016 voltou a ser a insípida abóbora de sempre. Só resta começar este tradicional guia, com os clubes que têm como principal objetivo apenas a tranquilidade na tabela.
Legenda
Jogador (posição, clube)
Transferência definitiva
Empréstimo
[retorno de empréstimo]
O NAC Breda agradece a permanência do promissor Manu García. O Manchester City também, para vê-lo ganhando ritmo (Maurice van Steen/VI Images) |
NAC Breda
Cidade: Breda
Estádio: Rat Verlegh (capacidade para 19.000 torcedores)
Apelido: "A pérola do sul" (em holandês, "De Parel van het zuiden")
Títulos: 1 Campeonato Holandês (em 1921, antes da fase profissional da Eredivisie)
Patrocínio: CM (empresa de telecomunicações corporativas)
Técnico: Stijn Vreven
Destaque: Manu García (atacante)
Fique de olho: James Horsfield (meio-campista)
Temporada passada: 5º colocado da segunda divisão (promovido na repescagem, ao superar o NEC)
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: escapar do rebaixamento
Principais chegadas: Nigel Bertrams (G, Willem II), Menno Koch (D, PSV), Angeliño (D, Manchester City-ING), Pablo Marí (D, Manchester City-ING), Rai Vloet (M, PSV), James Horsfield (M, Manchester City-ING), Thomas Agyepong (M, Manchester City-ING) e Manu García (A, Manchester City-ING)
Principais saídas: [Jorn Brondeel (G, Lierse-BEL)], Danny Verbeek (A, Den Bosch), Cyriel Dessers (A, Utrecht)
Você simpatiza com o Manchester City? Talvez fosse bom prestar atenção aos jogos do NAC Breda – de volta à divisão de elite holandesa, após dois anos de ausência -, para talvez ver futuros jogadores dos Citizens. Afinal de contas, a parceria da “Pérola do Sul” com o clube inglês é oficial. E como a equipe aurinegra andava precisando, muitos novatos foram cedidos pelo primo rico para ganharem ritmo de jogo na Eredivisie. Dois deles, os emprestados Thomas Agyepong e Manu García, já haviam sido muito úteis na campanha do acesso em 2016/17 – e ganharam mais um ano em Breda. Podem ganhar ainda mais espaço no ataque, porque o principal destaque na repescagem (Cyriel Dessers, autor de sete gols nos quatro jogos que valeram a promoção) se foi rumo ao Utrecht. Assim como outro atacante, Giovanni Korte.
Da frente para trás, quem veio do City foi para ficar em definitivo no NAC: o meio-campista James Horsfield, que terá a função primordial de armar o jogo, enquanto Rai Vloet, vindo do PSV, será o principal marcador. Outros emprestados pelo time de Eindhoven, o goleiro Nigel Bertrams e o zagueiro Menno Koch, terão a função de estruturar a defesa. E assim, num híbrido de PSV e Manchester City, o NAC Breda tem a missão de evitar o bate-e-volta, mantendo a longa tradição que tem na Eredivisie (antes de cair, haviam sido 15 anos na elite).
O VVV-Venlo subiu, contratou gente, mas o destaque não muda: Ralf Seuntjens, em quem a torcida confia para ver gols (Pro Shots) |
VVV-Venlo
Cidade: Venlo
Estádio: De Koel (capacidade para 8.000 torcedores) - também chamado "Seacon Stadion", pelo patrocínio do clube
Apelido: Venlonaren
Títulos: nenhum Campeonato Holandês (1 Copa da Holanda, em 1958/59)
Patrocínio: Seacon (empresa de logística)
Técnico: Maurice Steijn
Destaque: Ralf Seuntjens (atacante)
Fique de olho: Lennart Thy (atacante)
Temporada passada: Campeão da segunda divisão
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: escapar do rebaixamento
Principais chegadas: Lars Unnerstall (G, Fortuna Düsseldorf-ALE), Leroy Labylle (D, MVV Maastricht), Lennart Thy (A, Werder Bremen-ALE) e Tarik Tissoudali (A, Le Havre-FRA)
Principais saídas: [Maarten de Fockert (G, Heerenveen)], Cendrino Misidjan (D, não renovou contrato) e [Joey Sleegers (M, NEC)]
Mesmo após ser rebaixado, em 2012/13, o time de Venlo seguiu fazendo campanhas regulares na segunda divisão. Em 2014/15 e 2015/16, inclusive, chegou à repescagem de acesso, mas fracassou. Pois bem: enfim com um time apropriado para a segunda divisão, os aurinegros dominaram a Eerste Divisie na temporada passada, e conseguiram o merecido título – e, claro, o retorno à divisão de elite. E pelo menos neste começo, o VVV sonha em concretizar a tarefa da permanência com mais facilidade.
Para começo de conversa, os jogadores fundamentais na campanha do acesso continuam à disposição do técnico Maurice Steijn, em sua maioria – e mesmo a saída do goleiro De Fockert (emprestado pelo Heerenveen) foi plenamente reposta pelo alemão Lars Unnerstall. A defesa continua entrosada, com Jerold Promes, Nils Röseler e Roel Janssen. E no ataque, não bastasse Ralf Seuntjens (garantia de gols nos tempos de segunda divisão), merecem atenção o reforço Lennart Thy, emprestado pelo Werder Bremen, e o habilidoso Johnatan Opoku. Além do mais, vencer a Real Sociedad num amistoso de pré-temporada já leva a crer que a preparação está bem adiantada. Enfim, se não cometer ousadias, o VVV tem time capaz de encarar de igual para igual seus concorrentes na disputa contra o rebaixamento. Para um clube pequeno da Holanda, é algo promissor.
A torcida do Roda JC espera temporada mais regular, e Rosheuvel será importante na busca disso (Pro Shots) |
Roda JC
Cidade: Kerkrade
Estádio: Parkstad Limburg (capacidade para 19.979 torcedores)
Apelido: Koempels (gíria da região de Kerkrade, significando "camarada" ou "amigo" - corruptela do alemão "kumpel"), "Orgulho do Sul" (em holandês, "Trots van het zuiden")
Títulos: nenhum Campeonato Holandês (2 Copas da Holanda)
Patrocínio: Mascot (produtora de uniformes de trabalho)
Técnico: Robert Molenaar
Destaque: Mikhail Rosheuvel (atacante)
Fique de olho: Hidde Jurjus (goleiro) e Simon Gustafson (meio-campista)
Temporada passada: 17º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: escapar do rebaixamento
Principais chegadas: Hidde Jurjus (G, PSV), Filip Kurto (G, Excelsior), Simon Gustafson (M, Feyenoord) e Mario Engels (A, Werder Bremen-ALE)
Principais saídas: Benjamin van Leer (G, Ajax), Marcos Gullón (M, não renovou contrato), [Abdul Ajagun (M, Panathinaikos-GRE)] e Tom van Hyfte (A, Beerschot-BEL)
Já há algumas temporadas, o Roda flerta com o perigo do rebaixamento. E diante de um fim de temporada tão turbulento quanto o da passada, conseguir a manutenção foi quase um milagre. O roteiro para a queda estava escrito. Novamente, contratações de baciada na intertemporada; um mecenas que prometeu mundos e fundos, mas está detido em Dubai (o suíço-russo Aleksandr Korotaev); terminar a temporada regular em penúltimo lugar; um técnico que acertou sua saída antes mesmo do fim do campeonato, e antecipou-a em plena repescagem de acesso/descenso (Yannis Anastasiou, rumo ao Kortrijk belga)... e mesmo com tudo isso depondo contra, os Koempels conseguiram superar o MVV Maastricht e manter o lugar na Eredivisie.
O mais impressionante: pelo menos aparentemente, os reforços do time de Kerkrade foram mais pontuais e aumentaram o nível técnico da equipe, para os padrões do futebol holandês. Nem tanto pelo técnico: Robert Molenaar está acostumado com equipes da segunda divisão holandesa. Mas sim pelos jogadores. Emprestado pelo PSV, Hidde Jurjus pode ser considerado um dos mais promissores goleiros holandeses da atualidade, e terá espaço para ganhar ritmo de jogo. A mesma coisa com Simon Gustafson: o meio-campista sueco, que perdeu importância no Feyenoord, pode aproveitar seu empréstimo para exibir novamente a capacidade de armar e também finalizar. Mesmo com algumas saídas importantes (principalmente, Benjamin van Leer e Tom van Hyfte), o Roda JC ganhou mais condições técnicas para, quem sabe, fazer a torcida respirar mais. Precisa.
Com mais saídas na pré-temporada, cresce a importância de Craig Goodwin para evitar sofrimentos ao Sparta (ANP) |
Sparta Rotterdam
Cidade: Roterdã
Estádio: Het Kasteel (capacidade para 11.026 torcedores)
Apelido: Kasteelheren (em holandês, "Donos do Castelo" - referência ao nome do estádio, "o castelo" em holandês)
Títulos: 6 Campeonatos Holandeses (apenas um na era profissional, em 1958/59)
Patrocínio: Centric (empresa que desenvolve softwares)
Técnico: Alex Pastoor
Destaque: Craig Goodwin (meio-campista)
Fique de olho: Mathias Pogba (atacante)
Temporada passada: 15º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: escapar do rebaixamento
Principais chegadas: Alexandro Craninx (G, Real Madrid-ESP), Julian Chabot (D, RB Leipzig-ALE), Franck-Yves Bambock (M, Huesca-ESP), George Dobson (M, West Ham-ING), e Dalibor Volas (A, NK Celje-ESN)
Principais saídas: Denzel Dumfries (D/M, Heerenveen), Rick van Drongelen (D, Hamburgo-ALE), Florian Pinteaux (D, não renovou contrato), David Mendes da Silva (M, encerrou carreira), Iván Calero (M, Elche-ESP), [Martin Pusic (A, Midtjylland-DIN)], Mathias Pogba (A, rescindiu contrato) e [Jerson Cabral (A, Bastia-FRA)]
Na temporada passada, o Sparta viveu um fim de temporada dramático. A rigor, pode-se se dizer que só não disputou a repescagem de acesso/descenso porque o Roda JC conseguia estar em situação ainda pior e o NEC viveu uma queda brusca e sem escalas no returno. Porém, dá para dizer que o time de Roterdã precisou demais da ajuda de alguns jogadores. Principalmente no ataque, onde Martin Pusic fez gols salvadores. E se os fez, foi só pelo auxílio de gente como Mathias Pogba, Loris Brogno, Craig Goodwin, Denzel Dumfries etc.
Pois bem, muitos dos que ajudaram já não estão mais no Sparta, como Pusic, Dumfries e até o lateral esquerdo Rick van Drongelen (cuja transferência para o Hamburgo teve algo de surpreendente). Nem mesmo Mathias Pogba ficou: o irmão mais velho de Paul rescindiu o contrato, descontente com a reserva. Assim, restará aos “Donos do Castelo” apostarem tanto em quem já conhecem (Goodwin, Brogno, Thomas Verhaar, Paco van Moorsel) quanto nos raros reforços, como o atacante Dalibor Volas. Parece pouco para evitar, de novo, sofrimento na fuga da zona de repescagem/rebaixamento.
Sem Falkenburg, Fran Sol liderará o Willem II na técnica. Mostrou capacidade para fazê-lo (Gerrit van Keulen/VI Images) |
Willem II
Cidade: Tilburg
Estádio: Koning Willem II (capacidade para 14.500 torcedores)
Apelidos: Tilburgers, Tricolores
Títulos: 3 Campeonatos Holandeses
Patrocínio: Tricorp (produtora de uniformes profissionais)
Técnico: Erwin van de Looi
Destaque: Fran Sol (atacante)
Fique de olho: Daniel Crowley (meio-campista)
Temporada passada: 13º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: escapar do rebaixamento
Principais chegadas: Timon Wellenreuther (G, Schalke 04-ALE), Stefan van der Lei (G, Groningen), Fernando Lewis (D, AZ), Bartek Urbanski (M, Legia Varsóvia-POL), Daniel Crowley (M, Arsenal-ING) e Pedro Chirivella (M, Liverpool-ING)
Principais saídas: Nigel Bertrams (G, NAC Breda), Kostas Lamprou (G, Ajax), Dries Wuytens (D, Heracles Almelo), Dico Koppers (D, Zwolle), Pele van Anholt (D, Los Angeles Galaxy-ING), Derick Tshimanga (D, OH Leuven-BEL), Funso Ojo (M, Scunthorpe United-ING), Anouar Kali (M, Utrecht), Erik Falkenburg (M, não renovou contrato) e [Obbi Oularé (A, Watford-ING)]
É possível colocar o Willem II no mesmo caso do Zwolle: uma equipe que tinha grupo e nível técnico suficiente para não ter passado tanto sufoco nas últimas rodadas de 2016/17. Seja como for, o clube da cidade de Tilburg foi mais competente para se salvar com menos drama. Até porque tinha jogadores capazes de assumir a responsabilidade técnica. Ao longo da temporada passada, ogadores como Kostas Lamprou (dos melhores goleiros da Eredivisie passada), Erik Falkenburg, Fran Sol e Thom Haye ajudaram bastante na conquista de resultados bons aqui e ali.
De certa forma, as várias vendas dos Tricolores na janela de transferências provaram como o time não era de se jogar fora. Por exemplo: Lamprou, Wuytens, Koppers e Kali foram para equipes maiores no cenário holandês. O problema é que, agora sim, os Tilburgers estão enfraquecidos. Restará ao técnico Erwin van de Looi tentar remontar uma espinha dorsal com os bons que ficaram, como Fran Sol e Haye, junto das caras novas, como o goleiro alemão Timon Wellenreuther ou Daniel Crowley e Pedro Chirivella, cedidos por gigantes ingleses e já com tempo de jogo na Eredivisie (Crowley em definitivo, Chirivella por empréstimo). Será um desafio considerável. Mas se conseguir cumpri-lo, o Willem II pode se manter novamente na primeira divisão.
No meio da reformulação por que o Zwolle passa, o retorno do experiente goleiro Diederik Boer dá confiança à torcida (peczwolle.nl) |
Zwolle
Cidade: Zwolle
Estádio: Mac³Park (capacidade para 13.250 torcedores)
Apelidos: Zwollenaren, Dedos Azuis (em holandês, "Blauwvingers" -
Títulos: nenhum, no Campeonato Holandês (uma Copa da Holanda e uma Supercopa da Holanda)
Patrocínio: Molecaten (empresa organizadora de acampamentos)
Técnico: John van’t Schip
Destaque: Ryan Thomas (atacante)
Fique de olho: Younes Namli (meio-campista)
Temporada passada: 14º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: escapar do rebaixamento
Principais chegadas: Diederik Boer (G, Ajax), Dico Koppers (D, Willem II), Erik Bakker (M, Cambuur), Younes Namli (M, Heerenveen) e Piotr Parzyszek (A, De Graafschap)
Principais saídas: Ted van de Pavert (D, NEC), [Django Warmerdam (D/M, Ajax)], Danny Holla (M, Twente), [Queensy Menig (M/A, Ajax)], Anass Achahbar (A, NEC) e [Nicolai Brock-Madsen (A, Birmingham City-ING)]
Em 2016/17, o Zwolle passou mais sustos do que devia. Algumas peças mudaram, mas os Zwollenaren tinham a obrigação de mostrar um desempenho tão sólido quanto o de temporadas passadas. Pelo menos, no segundo turno, alguns jogadores cresceram de produção (com destaque para Queensy Menig e Nicolai Brock-Madsen), e alguns resultados pontuais e positivos conseguiram manter a equipe na Eredivisie. Todavia, estava claro: algo precisava mudar. Não era necessariamente o técnico, mas mesmo assim Ron Jans preferiu deixar o clube, após quatro anos comandando o time e fazendo os “Dedos Azuis” darem vários passos adiante no projeto do presidente Adriaan Visser – transformar o Zwolle numa equipe média dentro do futebol holandês. Emprestados, Menig e Brock-Madsen também deixaram o clube. Assim como vários outros.
Poderia parecer que o ex-jogador John van’t Schip, o novo técnico, teria terra arrasada para começar a trabalhar. Mas aí veio a notável habilidade da direção para buscar jogadores encostados em clubes grandes/médios, ou de clubes pequenos. Prova disso foi a volta do experiente goleiro Diederik Boer, que teve dois anos no Ajax e agora continuará a bela história que tem no clube em que começou (com 339 jogos entre 2001 e 2014, Boer é o segundo jogador a atuar mais na história do Zwolle). Na linha, Younes Namli, subutilizado no Heerenveen, terá espaço para armar o jogo, junto a Stef Nijland. E se o 4-2-3-1 comum precisa de uma referência de ataque para funcionar, a terá em Piotr Parzyszek, experimentado na segunda divisão holandesa. Enfim, de novo, o Zwolle parece pronto para causar dores de cabeça a clubes maiores. A não ser que decepcione.
Com a bola nos pés, Koolwijk dá alguma segurança ao Excelsior (ANP/Pro Shots) |
Excelsior
Cidade: Roterdã
Estádio: Van Donge & De Roo (capacidade para 4.000 torcedores)
Apelido: Kralingers (referência a Kralingen, bairro de Roterdã onde o clube fica)
Títulos: nenhum
Patrocínio: DSW (seguradora de saúde)
Técnico: Mitchell van der Gaag
Destaques: Ryan Koolwijk (meio-campista)
Fique de olho: Zakaria El Azzouzi (atacante)
Temporada passada: 12º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: escapar do rebaixamento
Principais chegadas: Desevio Payne (D, Groningen), [Wout Faes (D, Anderlecht-BEL)], Lorenzo Burnet (D, Slovan Bratislava-ESQ), Ali Messaoud (A, Vaduz-LIE), [Zakaria El Azzouzi (A, Ajax)] e Jinty Caenepeel (A, FC Eindhoven)
Principais saídas: [Warner Hahn (G, Feyenoord)], Khalid Karami (D, não renovou contrato), Bas Kuipers (D, ADO Den Haag), Terell Ondaan (A, não renovou contrato), Nigel Hasselbaink (A, Kiryat Simona-ISR) e Fredy (A, Belenenses-POR)
Parecia que o Excelsior iria ter dificuldades, novamente, para escapar do rebaixamento em 2016/17. Mas o time de Roterdã mostrou evolução no ataque, conseguiu resultados até surpreendentes (o Feyenoord que o diga...), e alcançou a manutenção com maior facilidade do que se esperava. Porém, a pré-temporada e a janela de transferências revelaram a necessidade de remontar o time para o técnico Mitchell van der Gaag. Dois dos principais personagens da campanha passada, Nigel Hasselbaink e Khalid Karami, já não estão mais no clube do bairro de Kralingen. Assim como o zagueiro Bas Kuipers.
A sorte do treinador (e da torcida) é que os contratados parecem ter capacidade de manter o nível técnico mediano do Excelsior. No ataque, merecem atenção Zakaria El Azzouzi (novamente emprestado pelo Ajax, habilidoso na ponta) e Jinty Caenepeel (boas atuações pelo FC Eindhoven, na temporada passada da segunda divisão). A defesa ganhou opções para substituir Karami, tanto com Desevio Payne quanto com Lorenzo Burnet. Some-se a isso quem permaneceu e é capaz de dar alguma técnica (Ryan Koolwijk, Jurgen Mattheij), e quem sabe outra vez, o Excelsior possa ter sucesso ao buscar uma temporada mais calma.
Num ADO Den Haag sempre sob risco de confusão, cabe a Duplan se manter como destaque da equipe auriverde (ANP) |
ADO Den Haag
Cidade: Haia
Estádio: Cars Jeans (capacidade de 15.000 espectadores)
Apelido: Hagenaren, Den Haag
Títulos: 2 (na fase amadora do Campeonato Holandês)
Patrocínio: Cars Jeans
Técnico: Alfons “Fons” Groenendijk
Destaque: Édouard Duplan (atacante)
Fique de olho: Dennis van der Heijden (atacante)
Temporada passada: 11º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: escapar do rebaixamento
Principais chegadas: Bas Kuipers (D, Excelsior), Nick Kuipers (D, MVV Maastricht), Lex Immers (M, Cardiff City-GAL), [Ludcinio Marengo (A, Go Ahead Eagles)], [Dennis van der Heijden (A, Volendam)] e Elson Hooi (A, Vendsyssel-DIN)
Principais saídas: Ernestas Setkus (G, Hapoel Haifa-ISR), Tom Trybull (D/M, não renovou contrato), Kevin Jansen (M, NEC), [Nasser El Khayati (M, Queens Park Rangers-ING)], Mike Havenaar (A, Vissel Kobe-JAP) e Ruben Schaken (A, não renovou contrato)
O desespero foi grande. Num certo momento da temporada, pensou-se até que o ADO Den Haag cairia, tal era a desordem fora de campo – e o desespero dentro dele. Mas um novo técnico chegou, os jogadores passaram a se dedicar mais, os resultados vieram, e o clube de Haia passou a viver um período de armistício interno. Tanto pela manutenção na Eredivisie, que acalmou a torcida, quanto pela presença maior do mecenas chinês Hui Wang, dando ao Conselho Deliberativo (e aos adeptos) a esperança de que estará mais continuamente perto do Den Haag, de que não sumirá. Nem seu dinheiro.
Pelo menos por enquanto, segue a esperança de dias mais tranquilos. Primeiro, por causa da janela de transferências. Se gente importante na reação deixou o clube (El Khayati, Havenaar, Schaken), a torcida tem razão para ficar contente com o retorno de Lex Immers, ídolo dela. E Elson Hooi tem nível técnico suficiente para o futebol holandês. Em segundo lugar, os resultados de pré-temporada foram satisfatórios: vários amistosos contra clubes amadores, um jogo na China, outro contra o MVV Maastricht... e o Den Haag só venceu. Além do mais, a manutenção de gente como Tom Beugelsdijk e Wilfred Kanon (na zaga) e Édouard Duplan (no ataque) dá a esperança de que este ano não será igual àquele que passou. Pelo menos até a próxima briga entre diretoria e mecenato no clube...
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