![]() |
A Inglaterra mostrou sua força na Eurocopa feminina. Azar da Holanda, cujas expectativas levemente positivas foram reduzidas a pó (Fran Santiago - UEFA/Getty Images) |
Em qualquer momento entre os 5 e os 10 minutos do primeiro tempo, a bola ficou para uma dividida. Victoria Pelova, meio-campista da Holanda (Países Baixos), foi tentar dominá-la na disputa com a inglesa Georgia Stanway, e... foi facilmente superada por Stanway, fisicamente e tecnicamente. Stanway saiu com a bola, e a jogada seguiu. Foi um lance perdido, mas foi exemplar de como a seleção feminina da Inglaterra se impôs diante das Leoas Laranjas, no segundo jogo de ambas pela fase de grupos da Eurocopa de mulheres. A imposição foi técnica, foi tática, foi em gols: uma goleada por 4 a 0, que apagou qualquer boa impressão que se tivesse da equipe holandesa, após a estreia contra Gales.
Na verdade, a imposição inglesa já se fez notar com apenas 44 segundos de bola rolando em Zurique: com as inglesas pressionando as holandesas, Ella Toone (substituindo Beth Mead para começar o jogo) chegou perto de Wieke Kaptein a ponto de fazer com que a meio-campista precisasse recuar a bola para Daphne van Domselaar. Toone fez falta, mas já era um sinal. Fortalecido pelo tamanho do domínio da dupla Alex Greenwood-Lauren Hemp sobre Kerstin Casparij, na esquerda do ataque inglês, já iniciado aos 4': Greenwood cruzou, e quase Lauren James marcou o gol, cabeceando para fora. E seguido aos 9', quando Hemp foi quem cruzou, e Alessia Russo foi quem quase colocou a bola na rede.
Talvez a única vez em que jogadoras holandesas conseguiram escapar com a bola para o ataque tenha sido aos cinco minutos. Chasity Grant (substituta de Daniëlle van de Donk nas titulares) cruzou, e Vivianne Miedema dominou na área, mas a bola escapou do domínio, e a goleira Hannah Hampton pegou. No mais, a Inglaterra jogou as Leoas Laranjas num "círculo vicioso". Não conseguiam atacar, porque não tinham a bola. E não tinham a bola porque, nas divididas, quase sempre as inglesas ganhavam. Ao ganharem a bola, empurravam as holandesas para a defesa, e elas não conseguiam atacar. O primeiro gol das "Lionesses" até demorou - e nem teve tanta troca de passes assim. Foi mais eficiente: o tiro de meta de Hannah Hampton virou lançamento, Alessia Russo superou Dominique Janssen facilmente na corrida, veio pela direita com a bola, tocou para o meio, e Lauren James dominou na entrada da área antes de um belo chute, no ângulo esquerdo, indefensável para Van Domselaar.
Só um chute de Jill Roord, colocado, para fora, aos 26', interrompeu um pouco a ampla superioridade inglesa. Que teve até mais chances à medida que o primeiro tempo ficava perto do fim. Principalmente, em cruzamentos para a área. E agora, também da esquerda. Como aos 36', quando Keira Walsh cruzou e Lauren Hemp cabeceou para fora. Aos 38', Van Domselaar teve de trabalhar, rebatendo cabeceio de Russo - que voltou a tentar, aos 42', também mandando para fora. O segundo gol inglês ainda viria antes do intervalo, mas pelos pés. De Georgia Stanway, que aproveitou rebote de falta e chutou, no canto direito de Van Domselaar - que talvez pudesse ter defendido, não tivesse tantas holandesas (linha de cinco) acuadas à sua frente, impedindo visão melhor.
![]() |
Das vindas a campo no intervalo para o time holandês, Spitse foi a "menos pior". Pelo menos, participou de algumas jogadas (Stan Oosterhof/Soccrates/Getty Images) |
Restava fazer algo para evitar que o já ruim ficasse pior. E Andries Jonker até fez, colocando Sherida Spitse (para melhorar a saída de bola holandesa), Caitlin Dijkstra (para melhorar a marcação na lateral esquerda) e Lineth Beerensteyn (para, quem sabe, dar tanta velocidade na esquerda quanto Grant poderia dar na direita). A realidade? Já aos 51', Alessia Russo teve gol anulado, por impedimento. Spitse, de fato, entrou até bem, participando da primeira chance holandesa, lançando a bola para Grant completar, para fora. Porém, o lance do terceiro gol inglês, aos 60', foi exemplar da desorganização defensiva das Leoas Laranjas. Um lançamento longo, Keira Walsh dominou na esquerda, passou facilmente por Spitse na direita, cruzou, Ella Toone dominou a bola na esquerda da grande área e chutou, Van Domselaar ainda rebateu, mas Lauren James estava livre para fazer 3 a 0.
Veio ainda a entrada de Van de Donk, para minorar o tamanho do domínio inglês no meio-campo. Era pouco. E ficou menos ainda com o quarto gol, em outro lançamento longo inglês aproveitado de jeito eficiente: Hemp dominou pela esquerda, cruzou, e Ella Toone teve todo o espaço para dominar e chutar em diagonal no quarto gol. Chances holandesas, só aos 79', quando Spitse aproveitou lançamento de Victoria Pelova mas chutou para fora, e aos 84', em outro arremate errado, de Wieke Kaptein. Mas a Inglaterra sempre deixava claro quem era melhor, em chances como aos 82', quando quase saiu belo gol em triangulação: de Lauren Hemp para Grace Clinton, desta para Alessia Russo, e só Van Domselaar, à queima-roupa, evitou o quinto gol.
Gols a mais ou a menos não fariam diferença, para uma Inglaterra que fez o que a torcida dela desejava: se impôs, mostrou que não está na Euro feminina a passeio. Deixou claro que é bem melhor do que a Holanda, ao fazê-la ser derrotada por mais de dois gols, pela primeira vez num grande torneio (e por mais de um gol, pela primeira vez em participações holandesas na Eurocopa). Às Leoas Laranjas, restam alguns dias para recuperação, antes de outro desafio, contra a França. Que precisa ser vencido, para que a eliminação na fase de grupos não venha. E não aumente a dureza da realidade que ficou clara nesta quarta-feira.
Euro feminina 2025 - Fase de grupos - Grupo D
Inglaterra 4x0 Holanda
Data: 9 de julho de 2025
Local: Letzigrund (Zurique)
Juíza: Edina Alves Batista (Brasil)
Gols: Lauren James, aos 22' e aos 60', Georgia Stanway, aos 45' + 2, e Ella Toone, aos 67'
Data: 9 de julho de 2025
Local: Letzigrund (Zurique)
Juíza: Edina Alves Batista (Brasil)
Gols: Lauren James, aos 22' e aos 60', Georgia Stanway, aos 45' + 2, e Ella Toone, aos 67'
INGLATERRA
Hannah Hampton; Lucy Bronze (Niamh Charles, aos 83'), Leah Williamson, Alex Greenwood e Jess Carter; Keira Walsh e Georgia Stanway; Ella Toone (Grace Clinton, aos 75'), Lauren James (Chloe Kelly, aos 69') e Lauren Hemp (Beth Mead, aos 75'); Alessia Russo (Agnes Beever-Jones, aos 83'). Técnica: Sarina Wiegman
HOLANDA
Daphne van Domselaar; Kerstin Casparij, Veerle Buurman (Sherida Spitse, aos 46'), Dominique Janssen e Esmee Brugts (Caitlin Dijkstra, aos 46'); Victoria Pelova, Wieke Kaptein e Jackie Groenen (Damaris Egurrola Wienke, aos 85'); Chasity Grant, Vivianne Miedema (Daniëlle van de Donk, aos 66') e Jill Roord (Lineth Beerensteyn, aos 46'). Técnico: Andries Jonker