domingo, 19 de junho de 2022

Análise da temporada: melhorou

O Ajax foi campeão da Eredivisie em 2021/22, como já fora em 2020/21. Todavia, precisou de um pouco mais de dedicação. Porque seus adversários melhoraram - e o nível do futebol holandês também, como um todo (Maurice van Steen/ANP/Getty Images)

"Ah, o Ajax ganhou, como acontece em quase todo Campeonato Holandês." De fato, o clube de Amsterdã acabou celebrando o 36º título holandês de sua história. Mas a temporada 2021/22 da Eredivisie foi mais equilibrada do que a passada. E não só pelo fato do PSV ter perseguido consistentemente os Ajacieden - e até os superado, comemorando o título da Copa da Holanda. Mas pelo fato de que outros clubes, e outras disputas, chamaram a atenção no futebol dos Países Baixos, aparecendo até fora do âmbito nacional.

Que o diga o Feyenoord, o grande exemplo disso. O clube de Roterdã começou a temporada ainda assustado pelo sufoco vivido em 2020/21, quando precisou da repescagem para ir à Conference League, e ficou mais abalado pela saída de Steven Berghuis para o arquirrival Ajax, sem escalas. Mas superou esse susto com boas contratações, embalou, terminou num terceiro lugar elogiável na Eredivisie, e comprovou isso sendo uma das grandes histórias da temporada europeia, ao chegar à final da Conference, lustrando ainda mais o orgulho de sua torcida - e sendo o clube holandês que mais pontuou em torneios continentais.

Mas não foi só isso que tornou a Eredivisie desta temporada mais atraente. Foi outra reação: a do Twente, enfim de volta a uma competição europeia, classificado que está para a Conference League, na terceira fase preliminar. Foi o equilíbrio visto na disputa por um lugar na repescagem pelo lugar na segunda fase preliminar da Conference: o Groningen rondou, o NEC quis, o Go Ahead Eagles sonhou... mas quem chegou lá (e foi eliminado pelo AZ, "campeão" da repescagem) foi o Heerenveen, graças a uma arrancada final. E também se viu equilíbrio na disputa para escapar do rebaixamento: clubes como Fortuna Sittard e Sparta Rotterdam, que pareceram abatidos de antemão, também se valeram do bom final para a salvação na primeira divisão.

Ampliando mais o olhar, talvez valha lembrar do que o Ajax fez na fase de grupos da Liga dos Campeões (ainda que a decepção nas oitavas de final tenha sido gigante). Do bom papel do Vitesse, indo às oitavas de final no primeiro torneio europeu de sua história de 129 anos. Enfim, vale lembrar que a Holanda/Países Baixos voltou a ganhar algum espaço digno de nota no cenário europeu por seus clubes. E será bom que isso continue em 2022/23. Aliás, é o que a federação e os clubes querem: se há cinco grandes campeonatos na Europa, o Holandês deve ser o sexto. 

Parece que caiu a ficha.

Clique no nome de cada clube para o texto com a análise individual da temporada

Análise da temporada: Zwolle

O Zwolle se esforçou, o capitão Van Polen (foto) colaborou, mas o péssimo começo e o fim ruim resultaram na queda para a segunda divisão (Pro Shots)

Colocação final: 18º colocado, com 27 pontos - rebaixado diretamente
No turno havia sido: 18º colocado, com 6 pontos
Time-base: Lamprou; Van Polen, Nakayama e De Wit; Anderson, Van den Belt, Clement, Saymak e Paal; Kastaneer (Darfalou) e Redan 
Técnico: Art Langeler (até a 11ª rodada) e Dick Schreuder (a partir da 12ª rodada)
Maior vitória: Cambuur 3x4 Zwolle (22ª rodada)
Maior derrota: Utrecht 5x1 Zwolle (7ª rodada)
Principal jogador: Mees de Wit (defensor)
Artilheiro: Daishawn Redan (atacante), com 6 gols
Quem deu mais passes para gol: Daishawn Redan (atacante) e Oussama Darfalou (atacante), ambos com 6 passes
Quem mais partidas jogou: Kostas Lamprou (goleiro), que jogou todas as 34 partidas
Copa nacional: eliminado pelo NAC Breda (segunda divisão), nas oitavas de final
Competições continentais: nenhuma

O Zwolle começou a temporada ainda em meio à sua preparação. E ela foi desastrada: jogadores que mal seriam utilizados durante o campeonato vieram, sem muitos critérios em contratações. E o diretor técnico Mike Willems era evasivo para justificar o atraso. O resultado foi sentido principalmente no primeiro turno: apenas seis pontos em 17 rodadas, na lanterna do campeonato, com os Zwollenaren ainda em busca de um rumo. Que ficou mais próximo com a troca de técnico: Art Langeler voltara ao clube, mas seu trabalho não embalava, e a chegada de Dick Schreuder buscava um conserto que viesse ainda a tempo. Mais alguns consertos vieram em janeiro, com a chegada de nomes como Oussama Darfalou, emprestado por Vitesse para o ataque, e o retorno do meio-campo Pelle Clement, enfim recuperado de lesão no tornozelo

Enfim, o Zwolle teve uma maneira de jogar definida. Com três zagueiros, o desempenho de nomes como o zagueiro japonês Yuta Nakayama cresceu um pouco. Na ala direita, Mees de Wit foi o único nome mais inquestionável dos "Dedos Azuis", a ponto de ser contratado pelo AZ para a próxima temporada. E o bom desempenho do trio Daishawn Redan-Darfalou-Kastaneer fez as esperanças aumentarem. Entre a 20ª e a 23ª rodada, quatro jogos sem perder (duas vitórias, dois empates). E na reta final, duas vitórias (2 a 1 no AZ, na 29ª rodada, 2 a 0 no RKC Waalwijk, na 30ª rodada) fizeram até o Zwolle ir para a 16ª rodada, que o faria ter a "segunda chance" na repescagem de acesso. Porém, dos que tentavam escapar do rebaixamento, a tabela dos alviazuis era a mais difícil: jogos contra Ajax e PSV, que foram perdidos. No empate em 1 a 1 com o Utrecht (32ª rodada), um prejuízo, por erro do VAR num gol anulado de Kastaneer. E fora de casa, na penúltima rodada, uma derrota para o adversário direto Sparta Rotterdam (2 a 0) decretou o rebaixamento do clube, após dez anos. Pois o que começa mal dificilmente termina bem. Se serve de consolo, pelo menos o começo para a segunda divisão foi bem: o digno trabalho do técnico Dick Schreuder seguirá, Lennart Thy é bom reforço para o ataque...

Análise da temporada: Willem II

O Willem II começou sonhando na Eredivisie. A dura realidade se impôs, com uma terrível sequência de resultados. E mesmo com o esforço, o time de Tilburg foi rebaixado (Pro Shots)

Colocação final: 17º colocado, com 33 pontos - rebaixado diretamente
No turno havia sido: 13º colocado, com 18 pontos 
Time-base: Wellenreuther; Owusu, Dammers (Bergström), Heerkens e Köhn; Saddiki, Pol Llonch (Crowley) e Köhlert; Nunnely, Hornkamp (Wriedt) e Svensson
Técnico: Fred Grim (até a 25ª rodada), Denny Landzaat (interino, na 26ª rodada) e Kevin Hofland (a partir da 27ª rodada)
Maior vitória: Vitesse 0x3 Willem II (2ª rodada) e Willem II 3x0 Utrecht (34ª rodada) 
Maior derrota: Utrecht 5x1 Willem II (11ª rodada)
Principal jogador: Ché Nunnely (atacante)
Artilheiro: Ché Nunnely (atacante), com 6 gols
Quem deu mais passes para gol: Max Svensson (atacante), com 4 passes
Quem mais partidas jogou: Max Svensson (atacante), que jogou todas as 34 partidas
Copa nacional: eliminado pelo RKC Waalwijk, na primeira fase
Competições continentais: nenhuma

E pensar que, numa sequência invicta entre a 2ª e a 8ª rodadas (seis vitórias e dois empates, encerrada com um 2 a 1 no PSV, em casa), o Willem II chegou a ocupar a terceira posição na tabela... como doeu essa ilusão para a torcida dos Tricolores! Porque, dali por diante, a queda foi célere. Da 8ª à 20ª rodada, foram dois empates e doze derrotas (onze em sequência), jogando o time de Tilburg na mesma incômoda posição ocupada na temporada passada: tentar fugir do rebaixamento, do jeito que desse. Para piorar, nomes importantes saíam, como o atacante Kwasi Wriedt, teuto-ganês que foi jogar na Alemanha. E até mesmo partidas em que a atuação do Willem II era digna - por exemplo, recebendo o Ajax, na 15ª rodada - terminavam com o time capitulando, mesmo com todo o esforço (no caso, o Ajax venceu por 1 a 0). Só restava confiar em nomes como o atacante Ché Nunnely, com velocidade e alguma habilidade.

Enquanto havia a dúvida sobre prestigiar ou não o técnico Fred Grim, a temporada escorria. Quando afinal se decidiu pela demissão de Grim, sua saída representou também a saída do diretor de futebol Joris Mathijsen e do diretor geral Martin van Geel, ambos contrários à demissão. Mais um capítulo na via-crúcis do Willem II. Que, mesmo com o esforço de chegados no meio da temporada - o atacante Jizz Hornkamp foi um caso -, tinha até azar nos resultados: basta citar a estreia do técnico Kevin Hofland, na 27ª rodada, quando os Tilburgers venciam o AZ em casa, até tomarem o empate de Zakaria Aboukhlal nos acréscimos (2 a 2). E dentro de uma disputa equilibrada para a fuga das últimas posições, se o Willem II vencia, os adversários diretos também venciam. O que rendeu um dos mais dolorosos tipos de rebaixamento: cair para a segunda divisão mesmo vencendo - o time ficou invicto nas últimas três rodadas (duas vitórias e um empate), e o triunfo sobre o Utrecht na rodada derradeira (3 a 0) de nada serviu, para as lágrimas da torcida. Uma mostra de que não era só por aquilo que o Willem II era rebaixado, mas sim pela péssima sequência no meio da temporada - e a demora em reagir a ele. Falta de aviso, não foi. Ainda mais após o susto do campeonato anterior.

Análise da temporada: Heracles Almelo

O Heracles Almelo já fazia uma temporada ruim, de fim de ciclo, mas parecia controlar os danos. Mas eles saíram de controle no pior momento possível. E os Heraclieden despencaram para um inesperado rebaixamento (Pro Shots)

Colocação final: 16º lugar, com 34 pontos - rebaixado na repescagem
No turno havia sido: 14º colocado, com 17 pontos
Time-base: Bucker (Blaswich); Fadiga, Rente, Knoester e Quagliata; Ouahim, De la Torre e Schoofs (Kiomourtzoglou); Laursen (Hansson), Bakis (Sierhuis) e Basaçikoglu 
Técnico: Frank Wormuth (nas 34 rodadas da temporada regular) e René Kolmschot (na repescagem de acesso/descenso)
Maior vitória: Heracles Almelo 4x2 Groningen (17ª rodada)
Maior derrota: Heracles Almelo 1x4 Groningen (29ª rodada)
Principal jogador: Luca de la Torre (meio-campo) 
Artilheiro: Sinan Bakis (atacante), com 6 gols
Quem deu mais passes para gol: Emil Hansson (atacante), com 4 passes
Quem mais partidas jogou: Noah Fadiga (lateral direito), com 35 partidas - 33 pela temporada regular, mais duas na repescagem de acesso/descenso
Copa nacional: eliminado pelo AZ, na segunda fase 
Competições continentais: nenhuma

É justo dizer: desde o começo da temporada, o Heracles Almelo ficava na metade de baixo da tabela, sem brilhar. Havia uma impressão de fim de ciclo, fortalecida pelo anúncio de saídas como as do goleiro alemão Janis Blaswich (será reserva no RB Leipzig) e do técnico Frank Wormuth (Groningen). Além do mais, o clima com a torcida era prejudicado pela desastrosa condução dos problemas pessoais de Rai Vloet: o meio-campista atropelou e matou uma criança de 4 anos, guiando embriagado, e chegou a ser integrado ao banco de reservas, só tendo o contrato rescindido após pressão dos adeptos - o clube se disse "enganado" por Vloet. Ainda assim, bons momentos de nomes como o ala direito Noah Fadiga (muito rápido), o ala esquerdo italiano Giacomo Quagliata, o meio-campo Luca de la Torre (evoluiu a ponto de ser convocado para a seleção dos Estados Unidos) e o atacante Sinan Bakis faziam crer que os danos estavam controlados para os Heraclieden. Tal impressão continuava até diante do fato da equipe de Almelo ser a pior equipe visitante da temporada (só duas vitórias fora do estádio Erve Asito). E havia tentativas de consertar lacunas como a falta de um atacante finalizador - como a volta do veterano Samuel Armenteros.

Tanto que, diante da inconstância dos times que vinham à frente - Groningen, NEC, Go Ahead Eagles, Heerenveen -, o clube chegou a ter perspectivas até de disputar a repescagem pela Conference League (era 11º colocado, na 26ª rodada). Mas quando a queda veio, foi incontrolável e impressionante. Nas três rodadas derradeiras da Eredivisie, três derrotas - com times como Fortuna Sittard e Sparta Rotterdam reagindo para evitar a queda, o péssimo desempenho na hora decisiva levou o Heracles das perspectivas da repescagem de cima para a repescagem de baixo. O "efeito dominó" vicioso só piorou: o diretor técnico Tim Gilissen foi demitido às pressas, e o treinador Frank Wormuth antecipou a saída antes da repescagem de rebaixamento, deixando o peso para o auxiliar René Kolmschot. A torcida ampliou a pressão. O resultado para um clube que não se imaginava em tal situação - e nem estava preparado para ela - foi o esperado: presa fácil para o Excelsior na repescagem, duas derrotas. E um dos rebaixamentos mais inesperados dos últimos tempos na Eredivisie. Que já trouxe más consequências: auxiliar de "Pep" Guardiola no Manchester City, Carlos Vicens já estava contratado para ser o técnico nesta temporada. Contratação abortada após a queda. O futuro do Heracles Almelo virou um tremendo ponto de interrogação.

Análise da temporada: Fortuna Sittard

O Fortuna Sittard foi frágil durante boa parte da temporada. Mas Flemming ajudou sempre, no ataque. E vitórias diretas ajudaram os Fortunezen a ficarem na Eredivisie (Pro Shots)

Colocação final: 15º lugar, com 35 pontos
No turno havia sido: 16º colocado, com 13 pontos
Time-base: Van Osch; Angha, Tirpan, Janssen (Siovas) e Cox; Duarte, Rienstra (Tekie) e Seuntjens; Semedo, Benschop e Flemming
Técnico: Sjors Ultee
Maior vitória: Fortuna Sittard 3x0 Sparta Rotterdam (23ª rodada)
Maior derrota: Fortuna Sittard 0x5 Ajax (6ª rodada), Feyenoord 5x0 Fortuna Sittard (15ª rodada), Ajax 5x0 Fortuna Sittard (18ª rodada) e PSV 5x0 Fortuna Sittard (27ª rodada)
Principal jogador: Zian Flemming (atacante)
Artilheiro: Zian Flemming (atacante), com 12 gols
Quem deu mais passes para gol: Zian Flemming (atacante) e Mats Seuntjens (meio-campo/atacante), ambos com 4 passes
Quem mais partidas jogou: Deroy Duarte (meio-campo), com 33 partidas
Copa nacional: eliminado pelo PSV, na segunda fase
Competições continentais: nenhuma

Era justo dizer: as perspectivas para o Fortuna Sittard eram pessimistas demais, durante boa parte do campeonato. O clube auriverde terminou o 1º turno na 16ª posição, que o faria ter de disputar a repescagem de acesso/descenso. Não tinha muitos destaques técnicos: apenas Mats Seuntjens e Zian Flemming faziam por merecer algum crédito. Para completar, uma sequência de cinco derrotas seguidas, entre a 11ª e a 15ª rodadas (seis, se se considerar que o time de Sittard perdeu jogo atrasado da 2ª rodada para o AZ, no mesmo período), faziam indicar que a briga para não ser rebaixado era o único horizonte possível para os Fortunezen. E um horizonte turvo: basta dizer que, contra o futuro campeão Ajax, o time tomou dois 5 a 0, em Sittard (5ª rodada) e em Amsterdã (18ª rodada), além de outro 5 a 0 sofrido para o Feyenoord, na 15ª rodada.

Ao contrário de outros times que sofreram contra o rebaixamento, porém, o Fortuna persistiu. O técnico Sjors Ultee seguiu trabalhando na equipe. Alguns reforços vieram para o returno, com experiência de Eredivisie, como os atacantes Paul Gladon e Charlison Benschop. Flemming e Seuntjens continuavam sendo raros destaques, correspondendo bem na frente. E se continuou frágil contra adversários mais fortes na tabela, o Fortuna Sittard conseguia vitórias fundamentais contra oponentes diretos nas últimas posições (1 a 0 no Willem II, na 26ª rodada; 3 a 0 no Sparta Rotterdam, na 23ª rodada - jogo atrasado). E nas últimas três rodadas, o esforço do Fortuna rendeu vitórias inesperadas e salvadoras - 2 a 1 no Twente fora de casa, na 32ª rodada, e 1 a 0 no NEC, na última rodada, triunfo que garantiu a permanência na Eredivisie. Se o sofrimento foi o esperado para ficar na elite do futebol da Holanda (Países Baixos), pelo menos o Fortuna Sittard teve seu esforço reconhecido por diretoria e torcida, dentro de campo.

Análise da temporada: Sparta Rotterdam

Thy fez a sua parte, mas o Sparta Rotterdam sofreu durante boa parte da temporada. Pelo menos, se aprumou na reta final para ficar na Eredivisie (Pro Shots)

Colocação final: 14º lugar, com 35 pontos (na frente pelo melhor saldo de gols)
No turno havia sido: 17º lugar, com 12 pontos 
Time-base: Okoye; Abels, Vriends, Beugelsdijk e Mica Pinto (Meijers/Durmisi); Verschueren e De Kamps; Engels, Auassar e Van Crooij; Thy
Técnico: Henk Fräser (até a 30ª rodada) e Maurice Steijn (a partir da 31ª rodada)
Maior vitória: Willem II 0x3 Sparta Rotterdam (12ª rodada)
Maior derrota: Utrecht 4x0 Sparta Rotterdam (1ª rodada) e Feyenoord 4x0 Sparta Rotterdam (21ª rodada)
Principal jogador: Lennart Thy (atacante)
Artilheiros: Lennart Thy (atacante) e Vito van Crooij (meio-campo), ambos com 5 gols 
Quem deu mais passes para gol: Vito van Crooij (meio-campo), com 4 passes
Quem mais partidas jogou: Lennart Thy (atacante), que jogou todas as 34 partidas
Copa nacional: eliminado pelo Vitesse, na segunda fase
Competições continentais: nenhuma

Da disputa da repescagem pelo lugar holandês na Conference League, em 2021/22, a um tremendo sofrimento para escapar do rebaixamento: como o Sparta Rotterdam caiu tanto em um ano? A resposta começa fora da área para ter consequências dentro. O início veio com o anúncio de Henk Fräser para ser auxiliar de Louis van Gaal na seleção masculina: inegavelmente, o foco diminuiu. Continuando fora das quatro linhas, discordâncias que atingiram o clímax com a demissão do diretor técnico Henk van Stee, no fim de 2021 - próximo a Van Stee, Fräser não se demitiu por pouco. E no campo de jogo, um time que dependia de brilhos esporádicos: Lennart Thy aqui, Vito van Crooij ali, alguma atuação excelente do goleiro Maduka Okoye acolá. Era pouco. Tanto que, em todo o primeiro turno, foram somente três vitórias nas 17 rodadas. E o anúncio da saída de Henk Fräser, quando a temporada acabasse, não ajudava muito.

Para tentar o socorro, alguns reforços vieram na janela de transferências de janeiro - incluindo o lateral dinamarquês Riza Durmisi, que até engrenou na posição, e o atacante Adrián Dalmau, que possibilitou mais variações na frente. Algumas mudanças táticas saíram a contento, como escalar o experiente Adil Auassar recuado na zaga. Ainda assim, as coisas não mudavam: com a reação do Zwolle, os Spartanen chegavam a terminar algumas rodadas na última colocação, até. A reta final se aproximava, o drama crescia cada vez mais... e mais uma medida intempestiva da diretoria (a demissão do auxiliar técnico Aleksandar Rankovic) antecipou a saída de Henk Fräser. Já anunciado para 2022/23, o treinador Maurice Steijn chegou mais cedo, com uma tremenda responsabilidade: tinha quatro rodadas para evitar o rebaixamento. E o time do bairro de Spangen, em Roterdã, conseguiu: um empate, três vitórias, e o Sparta assegurou mais um ano na Eredivisie. Mas ficou o aviso. Se Steijn ganhou um salvo-conduto com a façanha, terá de começar do zero sem Maduka Okoye (foi para o Watford-ING) nem Lennart Thy (foi para o Zwolle). É ver se o Sparta aprendeu a lição.

Análise da temporada: Go Ahead Eagles

O Go Ahead Eagles oscilou no primeiro turno, mas no segundo viveu momentos até melhores do que esperava. E Brouwers (à frente) foi símbolo disso (Pro Shots)

Colocação final: 13º lugar, com 36 pontos
No turno havia sido: 11º colocado, com 21 pontos
Time-base: Noppert; Martina (Lucassen), Nauber, Kramer e Kuipers; Rommens, Oratmangoen e Brouwers; Deijl, Lidberg e Iñigo Córdoba (Cardona/Botos)
Técnico: Kees van Wonderen
Maior vitória: Go Ahead Eagles 4x0 Willem II (29ª rodada)
Maior derrota: AZ 5x0 Go Ahead Eagles (5ª rodada)
Principal jogador: Luuk Brouwers (meio-campo)
Artilheiro: Iñigo Córdoba (atacante), com 9 gols
Quem deu mais passes para gol: Philippe Rommens (meio-campo), com 5 passes
Quem mais partidas jogou: Philippe Rommens (meio-campo), que jogou todas as 34 partidas
Copa nacional: eliminado pelo PSV, nas semifinais
Competições continentais: nenhuma

Entre algumas mudanças (jogar com quatro ou com cinco na defesa?), o Go Ahead Eagles passou boa parte do primeiro turno tateando um estilo. Se por um lado foram cinco derrotas nas primeiras sete rodadas, por outro era inegável que o Kowet apresentava uma equipe aguerrida em sua volta à primeira divisão. E algumas ocasiões já sinalizavam o que viria. Mais precisamente, entre a 9ª e a 12ª rodadas, numa sequência de quatro jogos invicto. Sequência que incluiu um ponto de virada na temporada, em forma de uma tremenda vitória sobre o Fortuna Sittard, na 11ª rodada: de 3 a 1 contrários para 4 a 3, só no segundo tempo, com o gol da vitória vindo nos acréscimos. Na rodada seguinte, a impressionante dedicação defensiva rendeu um 0 a 0 contra o Ajax, em Amsterdã. E começavam a aparecer os destaques: Gerrit Nauber no miolo de zaga, Luuk Brouwers e Ragnar Oratmangoen se sobressaindo no meio (Brouwers com mais cadência, Oratmangoen com mais velocidade), o ataque se alternando entre a referência de Isac Lidberg e a dupla de espanhóis Iñigo Córdoba-Marc Cardona - sem contar o rápido Giannis Botos.

Se alguns saíram na virada de ano, como o goleiro Warner Hahn, outros chegaram, como o goleiro Andries Noppert e o defensor Rhuendly "Cuco" Martina. E o Go Ahead Eagles, enfim, encontrou seu estilo. Foi o suficiente para se impulsionar de vez na temporada. Se 2022 começou mal - três derrotas -, logo ganhou um tremendo impulso, com a primeira vitória diante do campeão Ajax pela Eredivisie após 43 anos (2 a 1, 24ª rodada). O estádio De Adelaarshorst, em Deventer, começava a se transformar num alçapão. Três vitórias seguidas não só garantiram a permanência na divisão de elite, como fizeram o Go Ahead Eagles sonhar em entrar na repescagem por vaga na Conference League. De quebra, havia ainda a chegada às semifinais da Copa da Holanda. Porém, justamente na fase mais decisiva, que o poderia consolidar como a grande surpresa da temporada... o GAE perdeu o gás: além de cair para o PSV na Copa da Holanda, só derrotas nas últimas cinco rodadas da Eredivisie, perdendo terreno para Groningen, NEC e Heerenveen. No entanto, para a torcida, valeu o sonho de uma temporada que rendeu mais do que o esperado. Até as saídas serviram de reconhecimento: o técnico Kees van Wonderen foi para o Heerenveen, Oratmangoen agora é do Groningen, Luuk Brouwers rumou para o Utrecht...

Análise da temporada: Groningen

O Groningen foi mais um clube a sofrer com a inconstância, e desperdiçou a chance de estar na repescagem pela Conference League. Mas não foi de todo mal: contou com os gols de Strand Larsen, por exemplo (Pro Shots)

Colocação final: 12º lugar, com 36 pontos (na frente pelo melhor saldo de gols)
No turno havia sido: 12º colocado, com 19 pontos 
Time-base: Leeuwenburgh; Dankerlui, Te Wierik (Sverko), Kasanwirjo e Van Hintum; Duarte e Irandust (Van Kaam); El Hankouri, De Leeuw e Ngonge (Abraham); Strand Larsen.
Técnico: Danny Buijs
Maior vitória: Fortuna Sittard 1x4 Groningen (14ª rodada)
Maior derrota: PSV 5x2 Groningen (3ª rodada)
Principal jogador: Jorgen Strand Larsen (atacante)
Artilheiro: Jorgen Strand Larsen (atacante), com 14 gols
Quem deu mais passes para gol: Mohamed El Hankouri (meio-campo), com 5 passes
Quem mais partidas jogou: Peter Leeuwenburgh (goleiro), que jogou todas as 34 partidas
Copa nacional: eliminado pelo NEC, nas oitavas de final
Competições continentais: nenhuma

Groningen: eis um time cuja avaliação da temporada oferece motivos para visões diversas. À primeira vista, terminar em 12º lugar seria motivo de decepção pesada, para um clube que costuma aspirar a algumas posições mais adiante na tabela. Pensando que os Groningers tiveram algumas falhas crônicas durante toda a temporada, também não é nada tão surpreendente. O péssimo desempenho da reta final - sete derrotas nas sete rodadas derradeiras da Eredivisie - traria motivos para que Danny Buijs deixasse o clube do norte holandês sob pesadas críticas, e no entanto, o treinador se despediu do clube (saída anunciada durante a temporada) em um clima mais ameno do que o vivido em temporadas anteriores.

Olhando-se para o time, as controvérsias continuam. O goleiro Peter Leeuwenburgh falhou em frequência pouco recomendável, mas Neraysho Kasanwirjo foi contratação plenamente justificada - foi tão técnico na zaga que até mesmo foi adiantado para o meio, como volante. Na frente, se faltou um criador de jogadas digno do nome, Cyril Ngonge fez um dos gols mais bonitos do campeonato (no 2 a 0 no AZ, na 10ª rodada), enquanto Jorgen Strand Larsen evoluiu tecnicamente - e provou sua melhora sendo um dos principais goleadores da temporada, cada vez melhor dentro da área. E se em seu estádio o desempenho foi de franzir testas negativamente (o quarto pior mandante, apenas quatro vitórias em 17 rodadas), fora de casa o Groningen não só foi um pouco melhor (10º), como até conseguiu boas vitórias (3 a 1 no Vitesse, na 20ª rodada, e 3 a 1 no Groningen, na 27ª). Em suma, mesmo sendo mais um a perder a chance de disputar a vaga na Conference League para a própria incompetência, o Groningen terminou a temporada no mesmo 12º lugar em que terminara o turno. Quem sabe seja um time mais firme sob o comando do alemão Frank Wormuth, o novo técnico.


Análise da temporada: NEC

O NEC teve alguns bons momentos na temporada, fez uma campanha sem muitos sofrimentos... mas terminou com o gosto amargo de um time que poderia ter ido além (Pro Shots)

Colocação final: 11º lugar, com 38 pontos 
No turno havia sido: 10º colocado, com 22 pontos
Time-base: Branderhorst; Van Rooij, Odenthal, Iván Márquez, Rodrigo Guth e El Karouani; Schone, Bruijn (Proper) e Vet (Duelund); Okita, Akman e Tavsan
Técnico: Rogier Meijer
Maior vitória: NEC 3x0 Groningen (11ª rodada)
Maior derrota: Ajax 5x0 NEC (1ª rodada)
Principal jogador: Jonathan Okita (atacante)
Artilheiro: Jonathan Okita (atacante), com 7 gols
Quem deu mais passes para gol: Jonathan Okita (atacante), com 6 passes
Quem mais partidas jogou: Mattijs Branderhorst (goleiro), que jogou todas as 34 partidas
Copa nacional: eliminado pelo Go Ahead Eagles, nas quartas de final
Competições continentais: nenhuma

A goleada sofrida para o Ajax logo na reestreia na primeira divisão, após quatro anos - 5 a 0 em Amsterdã - causou um forte susto na torcida do NEC. Foi alarme falso: o time teve alguns bons momentos no turno. Até demorou para vencer no turno (engatou duas vitórias seguidas - 2 a 0 no Zwolle na 2ª rodada, 1 a 0 no Heracles Almelo na 3ª -, mas depois só voltou a triunfar na 8ª rodada, com 3 a 1 no Fortuna Sittard), mas tomou um impulso na reta final de 2021, com duas vitórias seguidas, se estabilizando no meio da tabela. Além do mais, havia nomes de qualidade na equipe. Nem tanto com o veterano Lasse Schöne - embora ele ditasse o ritmo no meio-campo, como se esperava. Mas principalmente com o trio de ataque: Jonathan Okita, Ali Akman e Elayis Tavsan se destacavam, com rapidez nos contragolpes e habilidade na frente - principalmente Tavsan, que até mesmo titular da seleção sub-21 da Holanda virou.

Porém, mesmo sem nunca temer o rebaixamento, os Nijmegenaren tiveram outro motivo de sofrimento, que vitimou boa parte dos times do meio de tabela nesta Eredivisie: a inconstância. Nos bons momentos, o time conseguia sonhar com a repescagem pelo lugar na Conference League, ocupando a 9ª ou até a 8ª posição; nos maus, despencava para a 11ª ou 12ª posição. E sofria com os problemas do estádio: De Goffert não só ficou fechado em parte da temporada - por um período de restrições para evitar as contaminações por COVID-19 -, como teve parte da arquibancada visitante interditada após desabamento sem vítimas (na derrota para o Vitesse, 1 a 0 num clássico, 9ª rodada). E o NEC sofreu: foi o pior mandante da temporada. O fim foi triste: na penúltima rodada, mesmo perdendo para o PSV, o time de Nijmegen ainda estava na 8ª posição, indo à repescagem. Bastava vencer o Fortuna Sittard, em casa, na última rodada, para ser um dos quatro a buscar vaga na Conference League. Mas o NEC perdeu: 1 a 0. E terminou a temporada no limbo, de mãos vazias. Não que houvesse motivos para excesso de críticas: foi uma campanha segura. Mas poderia ter sido melhor.

Análise da temporada: RKC Waalwijk

Michiel Kramer fez o que já está acostumado a fazer em sua carreira: ser o destaque do ataque de um time pequeno na Eredivisie. E o RKC Waalwijk conseguiu se salvar (Pro Shots)


Colocação final: 10º lugar, com 38 pontos (na frente pelo melhor saldo de gols)
No turno havia sido: 15º colocado, com 15 pontos
Time-base: Vaessen; Gaari, Touba, Meulensteen, Adewoye e Büttner; Bakari (Azhil), Anita e Van der Venne (Oukili); Odgaard e Kramer
Técnico: Joseph Oosting
Maior vitória: RKC Waalwijk 3x1 Groningen (31ª rodada) e AZ 1x3 RKC Waalwijk (34ª rodada)
Maior derrota: RKC Waalwijk 0x5 Ajax (13ª rodada)
Principal jogador: Michiel Kramer (atacante)
Artilheiro: Michiel Kramer (atacante), com 11 gols
Quem deu mais passes para gol: Jens Odgaard (atacante), com 6 passes
Quem mais partidas jogou: Melle Meulensteen (defensor), com 33 partidas
Copa nacional: eliminado pelo AZ, nas quartas de final
Competições continentais: nenhuma

Agoniza mas não morre. Esta frase pode ser considerada um bom resumo para a campanha do RKC Waalwijk no Campeonato Holandês 2021/22. Mesmo sendo um time pequeno, mesmo bordejando perigosamente a zona de repescagem/rebaixamento na Eredivisie, o clube de Waalwijk sempre deu um jeito de se salvar. Muitas vezes, quando necessário, sempre obtinha resultados que o livravam - a começar na primeira rodada, quando fez 1 a 0 no AZ, bem mais forte. O mérito se estendeu ao técnico Joseph Oosting: sempre que necessário, o técnico fez mudanças na hora certa para tornar a equipe um pouco mais resistente. O goleiro português Joel Pereira, contratado para ser titular, trazia pouca segurança? Logo Etiënne Vaessen voltou ao time principal. A defesa com quatro homens era menos segura? Pois bem: Shawn Adewoye se tornou titular no decorrer da temporada, aumentando a resistência de uma linha defensiva que tinha como destaques Ahmed Touba, titular da seleção da Argélia, e Melle Meulensteen, bom zagueiro na sobra.

Mudar para um 5-3-2, inclusive, potencializou o desempenho do que o RKC tinha de melhor: os contra-ataques e as bolas altas, com sua dupla ofensiva. Enquanto Jens Odgaard era mais veloz - alternando as chegadas rápidas com Finn Stokkers e Lennerd Daneels, titulares de ocasião -, Michiel Kramer dava vazão ao atacante experiente (e até malicioso...) que é para os padrões da Eredivisie, capacitado a despontar em times pequenos. Assim, os Waalwijkers conseguiram surpresas esporádicas - como arrancar um 2 a 2 contra o Feyenoord fora de casa, na 9ª rodada. Assim dificultaram até para o campeão Ajax, na 25ª rodada, chegando a empatar na Johan Cruyff Arena após tomar 2 a 0 contra, antes dos Ajacieden fazerem 3 a 2 no fim. E mesmo se alternando entre a 15ª e a 14ª posições durante boa parte da Eredivisie, o time controlava os riscos de rebaixamento. Teve um prêmio nas três rodadas finais: diante da inconstância de quem estava acima na tabela, duas vitórias e um empate o levaram a um 10º lugar que foi até surpreendente. Mesmo "doente" durante boa parte da temporada, o RKC não só não morreu, como garantiu mais um ano na primeira divisão - com mais facilidade do que muitos esperavam. 

Análise da temporada: Cambuur

No começo, o Cambuur foi uma surpresa impressionante e respeitável na Eredivisie. E no fim, quando os problemas externos atrapalharam, nomes como Uldrikis (foto) ajudaram a manter a calma em campo (Pro Shots)

Colocação final: 9º lugar, com 39 pontos 
No turno havia sido: 8º colocado, com 27 pontos
Time-base: Stevens (Bos); Schmidt, Schouten, Mac-Intosch e Bangura; Maulun, Hoedemakers e Jacobs (Paulissen); Kallon, Boere (Uldrikis) e Joosten
Técnico: Henk de Jong (até a 15ª rodada, e da 19ª até a 25ª rodada, afastado por razões de saúde), Pascal Bosschaart (interino, da 16ª até a 18ª rodada e na 26ª rodada) e Dennis Haar (interino, a partir da 27ª rodada)
Maior vitória: Cambuur 5x2 Go Ahead Eagles (4ª rodada)
Maior derrota: Ajax 9x0 Cambuur (5ª rodada)
Principal jogador: Alex Bangura (lateral esquerdo)
Artilheiro: Roberts Uldrikis (atacante), com 7 gols
Quem deu mais passes para gol: Issa Kallon (atacante), com 8 passes
Quem mais partidas jogou: Calvin Mac-Intosch (defensor) e Issa Kallon (atacante), ambos com 31 partidas
Copa nacional: eliminado pelo NEC, na segunda fase 
Competições continentais: nenhuma

É possível dizer que a temporada do Cambuur se dividiu em duas metades - não necessariamente delimitadas entre primeiro e segundo turno. Na primeira delas, o campeão da segunda divisão se converteu numa das surpresas mais agradáveis no campeonato. Em que pesem os 9 a 0 sofridos pelo Ajax na 5ª rodada - fartamente responsáveis por fazer do time a defesa mais vazada da Eredivisie -, a maior goleada da Eredivisie, o time de Leeuwarden apresentava bons nomes, como o lateral esquerdo Alex Bangura e o atacante Issa Kallon. E quando a conversa era com times médios/do mesmo tamanho que o seu, o Cambuur impressionava positivamente. Basta dizer que, com uma sequência de quatro vitórias seguidas - três delas, fora de casa -, sequência única em sua história na Eredivisie, o clube chegou a atingir a 5ª posição na tabela. Para um time vindo da Eerste Divisie, era algo impressionante, realmente elogiável.

Mas justamente nessa parte, o técnico Henk de Jong passou a sofrer, com o tratamento de um cisto na cabeça. Primeiramente, cedeu espaço ao auxiliar Pascal Bosschaart, para se dedicar à questão pessoal. Depois, ainda tentou voltar. Mas as ordens médicas o forçaram a deixar o trabalho de vez na temporada, e Dennis Haar foi contratado como técnico interino. O rendimento do time Leeuwardse sofreu, a partir do final de 2021. Primeiro, com a eliminação na Copa da Holanda, para o NEC. Depois, mesmo com o atacante letão Roberts Uldrikis embalando, tomando o lugar de Tom Boere para ser a principal referência ofensiva do Cambuur, o desempenho na Eredivisie caiu barbaramente. Mesmo com partidas boas aqui e ali - incluindo uma notável contra o Ajax, na 26ª rodada, sofrendo 2 a 0 e indo buscar o empate antes de tomar a virada nos acréscimos -, o time auriazul só teve duas vitórias no returno (2 a 1 no Fortuna Sittard, na 24ª rodada, e 3 a 2 no Cambuur, na última). O bom desempenho do começo evitou qualquer temor maior de rebaixamento. Mas pela impressão inicial, o destino foi malvado demais com o Cambuur. Que espera manter o desempenho consistente em 2022/23. Com De Jong, recuperado, no banco de reservas.

Análise da temporada: Heerenveen

Van Hooijdonk chegou no meio de um caminho tortuoso para o Heerenveen. Na reta final da Eredivisie, o atacante embalou. E seus gols ajudaram num fim de temporada melhor do que o esperado (Pro Shots)

Colocação final: 8º lugar, com 41 pontos 
No turno havia sido: 9º colocado, com 25 pontos
Time-base: Mulder (Mous); Van Ewijk, Van Beek, Dresevic, Bakker e Kaib (Woudenberg); Madsen (Tahiri), Halilovic e Haye (Siem de Jong); Van Hooijdonk e Sarr (Musaba/Van der Heide)
Técnico: Johnny Jansen (até a 20ª rodada) e Ole Tobiasen (interino, a partir da 21ª rodada)
Maior vitória: Heerenveen 3x1 Groningen (29ª rodada) e Heerenveen 3x1 Go Ahead Eagles (34ª rodada) 
Maior derrota: Ajax 5x0 Heerenveen (33ª rodada)
Principais jogadores: Tibor Halilovic (meio-campo) e Sydney van Hooijdonk (atacante) 
Artilheiro: Sydney van Hooijdonk (atacante), com 7 gols
Quem deu mais passes para gol: Thom Haye (meio-campo), com 5 passes
Quem mais partidas jogou: Milan van Ewijk (lateral direito), com 35 partidas - 33 pela temporada regular, mais duas na repescagem pela Conference League
Copa nacional: eliminado nas oitavas de final, pelo Go Ahead Eagles
Competições continentais: nenhuma

O Heerenveen viveu dois momentos muito distintos, na temporada. Um deles durou bem mais do que o outro, a bem da verdade. E foi o momento ruim. Por boa parte do campeonato, o time alviazul da Frísia mostrou fragilidade defensiva, sem empolgar no ataque. A única razão para entusiasmo vinha dos dois destaques já conhecidos: os "dois Veerman", Joey no meio-campo, Henk no ataque. E coube à dupla, indiretamente, sinalizar que as coisas estavam ruins no Fean: em janeiro, ambos preferiram um outro rumo. Joey Veerman enfim conseguiu a transferência que tanto desejava, para o PSV; já Henk Veerman foi para o Utrecht, um pouco mais regular do que o Heerenveen. E uma sequência de três rodadas com derrotas sem gol marcado - mais a eliminação para o Go Ahead Eagles, na Copa da Holanda - foi o ponto final para o técnico Johnny Jansen, demitido em fevereiro. O dinamarquês Ole Tobiasen chegou para conduzir o time até o fim da temporada, e teria algumas contratações úteis: Thom Haye no meio, a dupla Sydney van Hooijdonk-Amin Sarr na frente, todos vindos em janeiro.

Mas o início do trabalho de Tobiasen continuou altamente preocupante: da 21ª à 26ª rodada, foram quatro derrotas e dois empates, totalizando uma série de dez rodadas sem vitória. Chegando a figurar na 13ª posição, o Heerenveen chegou mesmo a temer levemente o rebaixamento. Aí as coisas mudaram. Uma alteração tática de Tobiasen protegeu mais o time: ao invés de quatro, cinco jogadores na defesa. A vitória do desafogo - 2 a 0 no Heracles Almelo, na 27ª rodada - enfim minorou a pressão que já começava. O time foi se entrosando, os lançamentos de Thom Haye se tornaram fundamentais nas jogadas, a dupla Sarr-Van Hooijdonk se entrosou... e os frísios embalaram na reta final, até inesperadamente. Nas sete rodadas finais da temporada, quatro vitórias, grande parte delas com os gols de Van Hooijdonk. Graças à inconstância dos concorrentes, o Heerenveen subiu e abiscoitou a vaga restante na repescagem por vaga na Conference League. Chegou mesmo a sonhar com ela, vencendo o AZ na ida das "semifinais" e só sendo eliminado aos 88', na volta. Mas para um time que sofreu em boa parte da Eredivisie, o fim da temporada foi bem razoável para o Heerenveen. Agora, o técnico Kees van Wonderen chega, para tentar fazer um trabalho que seja mais seguro desde o início.

Análise da temporada: Utrecht

Ramselaar foi o destaque dos raros momentos brilhantes do Utrecht na temporada - e a lesão que o tirou da reta final foi mais um ponto negativo, numa Eredivisie apagada dos Utregs (Pro Shots)

Colocação final: 7º lugar, com 47 pontos
No turno havia sido: 7º colocado, com 28 pontos 
Time-base: De Keijzer; Van der Maarel (Ter Avest), Van der Hoorn, Janssen e Warmerdam (Van der Kust); Timber e Maher; Sylla, Van de Streek e Ramselaar (Boussaïd/Gustafson); Douvikas (Henk Veerman)
Técnico: René Hake (até a 27ª rodada) e Rick Kruys (interino, a partir da 28ª rodada)
Maior vitória: Utrecht 5x1 Willem II (11ª rodada)
Maior derrota: AZ 5x1 Utrecht (9ª rodada)
Principal jogador: Bart Ramselaar (atacante)
Artilheiros: Bart Ramselaar (ponta-de-lança) e Anastasios Douvikas (atacante), ambos com 9 gols 
Quem deu mais passes para gol: Othman Boussaid (atacante), com 6 passes
Quem mais partidas jogou: Anastasios Douvikas (atacante), com 36 partidas - todas as 34 da temporada regular, mais duas na repescagem pela Conference League
Copa nacional: eliminado pelo NAC Breda (segunda divisão), na segunda fase
Competições continentais: nenhuma 

O Utrecht chegou para esta temporada com perspectivas e comportamentos bem mais modestos em relação à temporada passada. Ainda assim, os Utregs faziam o que deles se esperava no primeiro turno: se mantinha tranquilo na zona de repescagem pela vaga na Conference League, tinha algumas atuações boas (principalmente na fase inicial da temporada, quando estreou fazendo 4 a 0 no Sparta Rotterdam e venceu o Feyenoord - 3 a 1, na 3ª rodada) e contava com boas atuações aqui e ali - principalmente com Bart Ramselaar, dando confiança na criação e até chegando para finalizar (foi o que fez na 11ª rodada, com três gols nos 5 a 1 diante do Willem II). Mas houve um ponto de ruptura - para pior: a eliminação algo inesperada na Copa da Holanda, para o NAC Breda, na segunda rodada, em dezembro do ano passado. Desde então, o trabalho do técnico René Hake, que nunca foi merecedor de muita confiança da torcida, foi ainda mais questionado. Os Utregs se seguravam na região da tabela a que estão acostumados: desde a 17ª rodada, a final do primeiro turno, sempre se alternaram entre o 6º e o 7º lugares. Mas as atuações oscilavam demais, entre vitórias, empates e derrotas. 

A posição de goleiro voltava a sofrer com inconstâncias: barrado, Maarten Paes deixou o clube rumo ao Dallas FC-EUA, deixando a responsabilidade com o jovem Fabian de Keijzer. Henk Veerman chegou em janeiro, de ótima fase no Heerenveen, mas uma lesão no tornozelo o afastou de boa parte da temporada. E uma série de dois meses sem vitória - três empates e três derrotas entre a 25ª e a 30ª rodada, com uma data FIFA no meio - foi o ponto final para René Hake, ao ver a queda em casa para o Groningen (3 a 1, na 27ª rodada). Rick Kruys foi colocado como interino até o fim da temporada - tendo Dick Advocaat como seu conselheiro -, mas a coisa não melhorou muito: nas seis rodadas em que treinou a equipe, só uma vitória. Para piorar, o destaque Ramselaar lesionou o ligamento cruzado anterior do joelho, ficando de fora dos campos pelo resto do ano. Só a inconstância ainda maior de quem vinha abaixo na tabela impediu que o Utrecht fosse superado. E na repescagem pela Conference League, ainda houve um sinal de ânimo, diante do Vitesse, no jogo de ida das "semifinais", com a vitória por 3 a 1. Sinal que foi apagado na volta, com a eliminação por 3 a 0, na prorrogação, no jogo de volta. Novamente sem aparecer nas competições europeias, o Utrecht decepcionou de novo, mesmo mais modesto - e agora sem o capitão e ídolo Willem Janssen, zagueiro que encerrou carreira. Restará ao técnico Henk Fräser, chegando, ajudar o time a viver momentos mais aguerridos na temporada.



Análise da temporada: Vitesse

O Vitesse fez uma boa temporada na Eredivisie, com Openda despontando no ataque. Mas ele sairá. E o impacto de sua ausência não é o único problema com que o Vites lidará (Pro Shots)

Colocação final: 6º lugar, com 51 pontos
No turno havia sido: 5º colocado, com 30 pontos
Time-base: Schubert (Houwen); Doekhi, Bazoer e Rasmussen; Dasa, Bero, Tronstad, Huisman e Wittek; Openda e Buitink (Frederiksen)
Técnico: Thomas Letsch
Maior vitória: Cambuur 1x6 Vitesse (15ª rodada)
Maior derrota: Ajax 5x0 Vitesse (3ª rodada) e Vitesse 0x5 PSV (22ª rodada)
Principal jogador: Loïs Openda (atacante)
Artilheiro: Loïs Openda (atacante), com 19 gols
Quem deu mais passes para gol: Eli Dasa (ala direito), com 5 passes
Quem mais partidas jogou: Loïs Openda (atacante), com 37 partidas - 33 pela temporada regular, mais quatro na repescagem pela Conference League
Copa nacional: eliminado pelo Ajax, nas quartas de final
Competições continentais: Conference League (eliminado nas oitavas de final, pela Roma-ITA)

O Vitesse até começou bem na Eredivisie, fazendo 1 a 0 no Zwolle fora de casa. Todavia, é possível dizer que o Vites impressionava mais na Conference League do que propriamente na liga doméstica. A começar pelos play-offs rumo à fase de grupos, na qual garantiu a vaga eliminando o Anderlecht-BEL, bem mais tradicional em termos europeus. No grupo propriamente dito, o time de Arnhem até venceu o Tottenham (1 a 0), e viu a negativa do clube inglês em jogar passando por um surto de COVID-19 render a ele a vaga na segunda fase. Era um avanço que, de certa forma, mostrava à Europa o que a Holanda (Países Baixos) já conhecia: um time taticamente sólido, com os destaques de Riechedly Bazoer e Danilho Doekhi no trio de zaga; dos alas Eli Dasa, na direita, e Maximilian Wittek, na esquerda; e principalmente, de Loïs Openda, no ataque, rápido e bom finalizador. Porém, o começo do ano - e da segunda metade da temporada - trouxe dúvidas dentro e fora de campo para o Vitesse. 

Fora, a guerra Rússia-Ucrânia trouxe uma consequência: o magnata russo Valery Oyf vendeu suas ações do clube (ainda sem comprador). Dentro, uma sequência negativa de três derrotas entre a 20ª (Groningen 3 a 1 em pleno GelreDome) e a 22ª rodadas (PSV 5 a 0, também em Arnhem) minimizou as perspectivas de uma posição ainda melhor para o time na Eredivisie. A eliminação na Conference League foi agridoce: contra a Roma, excessivas chances perdidas na ida (Roma 1 a 0), empate sofrido nos minutos finais da volta (1 a 1). E o fim de campeonato foi relativamente decepcionante: nas últimas sete rodadas, quatro derrotas, tirando as chances de vaga direta em competições europeias, por mais que Openda se esforçasse, com atuações destacadas (como o 2 a 1 no Go Ahead Eagles, pela 31ª rodada). Os play-offs pela vaga na Conference League ofereciam uma segunda chance, que começou a ser aproveitada com o triunfo sobre o Utrecht, nas "semifinais". Vencer o AZ na ida da decisão (2 a 1 - mais um gol de Openda) aumentou as perspectivas de salvação da temporada. Mas a goleada sofrida na volta - AZ 6 a 1 - deu a impressão de que o Vitesse começou suas férias antes do que a torcida queria. E agora, ficam as dúvidas: sem Valery Oyf custeando, Openda voltando ao Club Brugge após empréstimo, Doekhi já indo para o Union Berlin-ALE, Bazoer saindo com o fim de contrato... o Vitesse escorregará? Qual será a dimensão desse escorregão, se vier? A próxima temporada responderá.

Análise da temporada: AZ

Karlsson voltou a se destacar, o AZ até conseguiu vaga na Conference League, mas mostrou inconstância que não se via em temporadas recentes (Pro Shots)

Colocação final: 5º lugar, com 61 pontos 
No turno havia sido: 6º lugar, com 29 pontos
Time-base: Vindahl; Sugawara, Hatzidiakos, Martins Indi e Wijndal; Midtsjo (Reijnders), De Wit e Clasie; Witry (Aboukhlal), Pavlidis e Karlsson
Técnico: Pascal Jansen
Maior vitória: AZ 5x1 Utrecht (9ª rodada)
Maior derrota: AZ 0x3 PSV (4ª rodada)
Principal jogador: Jesper Karlsson (atacante)
Artilheiro: Jesper Karlsson (atacante), com 17 gols
Quem deu mais passes para gol: Jesper Karlsson (atacante), com 13 passes
Quem mais partidas jogou: Jesper Karlsson (atacante), com 38 partidas - 34 pela temporada regular, mais quatro na repescagem pela Conference League 
Copa nacional: eliminado pelo Ajax, na semifinal
Competições continentais: Liga Europa (eliminado nos play-offs antes da fase de grupos, pelo Celtic-ESC) e Conference League (eliminado nas oitavas de final, pelo Bodo/Glimt-NOR)

Como nas temporadas recentes, o AZ começou a temporada rateando: quatro derrotas nas seis primeiras rodadas. Também, pudera: os destaques dos anos recentes deixaram Alkmaar - Marco Bizot, Calvin Stengs, Myron Boadu e, por último, Teun Koopmeiners, que ainda fez algumas partidas neste Campeonato Holandês. O começo ruim trouxe algumas preocupações para a torcida; internamente, nada disso. No clube, a impressão era de que logo os Alkmaarders se acertariam, se entrosariam, e o clube se manteria onde costuma estar nos anos recentes: no "sub-topo" da tabela, disputando firme a posição de "melhor do resto" na Eredivisie. De fato, isso logo aconteceu. Uma nova dupla de destaques ofensivos despontou: o sueco Jesper Karlsson continuou mostrando técnica muito apurada, e o grego Vangelis Pavlidis pouco a pouco cumpriu o papel de "referência de área" para o qual fora contratado. O entrosamento se viu em outros setores do campo também: Pantelis Hatzidiakos e Bruno Martins Indi afinaram ainda mais o entendimento como dupla de zaga, e a torcida se acostumou a recitar Fredrik Midtsjo-Dani de Wit-Jordy Clasie como meio-campo titular. Contudo, ao contrário do que vinha acontecendo, o AZ não fluiu tanto em campo como em outras temporadas. 

Em que pese uma sequência invicta de 12 jogos que confirmou a reação na liga, com atuações elogiáveis - como vencer os três grandes: 2 a 1 no Ajax (16ª rodada, fora), 2 a 1 no PSV (21ª rodada, também fora), 2 a 1 no Feyenoord (24ª rodada, esta em Alkmaar) -, o AZ causava temores aqui e ali. Titular inquestionável em condições normais, Owen Wijndal sofreu com lesões no começo e no fim da temporada. A eliminação na Conference League teve um certo ar de decepção: ficou a impressão de que era possível passar do Bodo/Glimt norueguês. No gol, Peter Vindahl nunca passou segurança total aos adeptos, falhando de vez em quando. E na reta final, os Alkmaarders perderam o fôlego. Perderam um jogo direto para o Twente na 26ª rodada (1 a 0). Perderam até para o Zwolle, futuro rebaixado (2 a 1, 29ª rodada). E mais um revés em atuação decepcionante - 3 a 1 sofridos para o RKC Waalwijk, em casa, na última rodada - forçou o AZ a disputar os play-offs para buscar a vaga na Conference League. O sobe-e-desce continuou: tanto nas semifinais quanto na decisão da vaga, o time perdeu na ida e resolveu na volta. Com sofrimento: contra o Heerenveen, o gol da classificação, de Zakaria Aboukhlal (2 a 0), veio só a dois minutos do fim. Ou com exuberância: na "final" contra o Vitesse, o lugar na Conference foi assegurado com um 6 a 1 em Alkmaar. Ainda assim, mesmo se mantendo firme no "subtopo", o AZ teve uma leve queda na temporada. Falando à revista Voetbal International, Karlsson reconheceu: "Nossa temporada merece nota 6". Se quiser voltar a perturbar os três grandes como vinha fazendo, precisará de mais regularidade em 2022/23.

Análise da temporada: Twente

Com Van Wolfswinkel (carregando Misidjan na foto) como destaque principal, o Twente viveu uma temporada de reafirmação, premiada com a volta a um torneio europeu (Pro Shots)

Colocação final: 4º lugar, com 68 pontos
No turno havia sido: 4º colocado, com 31 pontos
Time-base: Unnerstall; Troupée (Brenet), Pröpper, Pleguezuelo (Hilgers) e Smal; Zerrouki, Vlap e Sadílek (Bosch); Rots (Misidjan), Van Wolfswinkel e Limnios
Técnico: Ron Jans
Maior vitória: Vitesse 1x4 Twente (5ª rodada)
Maior derrota: Ajax 5x0 Twente (22ª rodada)
Principal jogador: Ricky van Wolfswinkel (atacante)
Artilheiro: Ricky van Wolfswinkel (atacante), com 16 gols
Quem deu mais passes para gol: Ricky van Wolfswinkel (atacante), com 8 passes
Quem mais partidas jogou: Michel Vlap (meio-campo), que jogou todas as 34 partidas
Copa nacional: eliminado pelo AZ, nas oitavas de final
Competições continentais: nenhuma

A digna temporada passada (10º lugar) já era um indicativo de que o Twente vinha fazendo um trabalho consistente sob Ron Jjans. Faltavam apenas contratações certeiras, que fortalecessem o time. Elas vieram: Lars Unnerstall tinha tudo para ser referência dos Tukkers no gol, Robin Pröpper fortalecia a zaga (e enfraquecia o rival regional Heracles Almelo), Michel Vlap - vindo às pressas, emprestado pelo Anderlecht - poderia qualificar a criação de jogadas, Ricky van Wolfswinkel poderia ser atacante experiente e muito goleador para os padrões do futebol holandês. E tudo isso, de fato, aconteceu. Resultados como o empate em 1 a 1 com o futuro campeão Ajax, já na 2ª rodada, e os 4 a 1 sobre o Vitesse fora de casa (5ª rodada) já mostravam que o time de Enschede tinha solidez suficiente para rumar a uma campanha digna do campeão que um dia foi.

Havia sustos aqui e ali - por exemplo, os 5 a 2 tomados do PSV ainda no turno (11ª rodada), e os 5 a 0 pespegados pelo Ajax no returno (22ª rodada), que só não foram maiores pelas defesas de Unnerstall. Mas no geral, se via um Twente bem mais regular do que os competidores pela última vaga direta, como AZ e Vitesse. Que continuava perturbando os grandes - que o digam o PSV, que chegou a ficar com 3 a 0 atrás antes de empatar na 28ª rodada, e o Feyenoord, derrotado por 3 a 1 em pleno De Kuip na última rodada. Os resultados comprovaram: quinto melhor colocado nos jogos em casa, quarto melhor fora de casa (só atrás dos três grandes), o terceiro melhor do returno. Se houve poucas contratações, foram para afiar ainda mais o time - como Joshua Brenet, vindo para a lateral direita e voltando a viver uma boa fase como não vivia desde que surgiu no PSV. E a comemoração pela volta a um torneio europeu, ao garantir lugar na Conference League após o 3 a 0 sobre o Groningen na penúltima rodada, foi um grande símbolo de uma temporada que indica: o Twente voltou a caminhar firmemente com as próprias pernas, após a crise da década passada.

Análise da temporada: Feyenoord

Guus Til, de certa forma, simbolizou o Feyenoord: começou sob forte desconfiança no Holandês desta temporada, para terminar sorridente, sob aplausos, com um desempenho de se aplaudir (Pro Shots)

Colocação final: 3º lugar, com 71 pontos
No turno havia sido: 3º colocado, com 36 pontos 
Time-base: Bijlow (Marciano); Geertruida (Pedersen), Trauner, Senesi e Malacia; Aursnes, Kökcü e Til (Toornstra); Alireza Jahanbakhsh (Reiss Nelson), Linssen (Dessers) e Sinisterra
Técnico: Arne Slot
Maior vitória: Feyenoord 5x0 Fortuna Sittard (15ª rodada)
Maior derrota: Utrecht 3x1 Feyenoord (3ª rodada)
Principais jogadores: Guus Til (meio-campo) e Luis Sinisterra (atacante)
Artilheiro: Guus Til (meio-campo), com 15 gols
Quem deu mais passes para gol: Bryan Linssen (atacante), com 8 passes
Quem mais partidas jogou: Bryan Linssen (atacante), que jogou todas as 34 partidas
Copa nacional: Eliminado pelo Twente, na segunda fase
Competições continentais: Conference League (vice-campeão, derrotado pela Roma-ITA na final)

No começo do Campeonato Holandês na temporada, dos três grandes, a maior desconfiança era em relação ao Feyenoord. Só ganhando vaga na Conference League via repescagem; vendo Steven Berghuis, o destaque absoluto dos últimos anos, se transferindo justamente para o arquirrival Ajax; o Stadionclub estava machucado. Por isso, a próxima frase merece exclamação: que diferença para o final da temporada! Ao longo das 34 rodadas, o Feyenoord cicatrizou suas feridas. O técnico Arne Slot cumpriu plenamente a intenção para a qual foi contratado: formar um time mais intenso, mais ofensivo, mais dinâmico do que o visto nas temporadas anteriores. Para tanto, colaboraram as chegadas antes da temporada. Graças ao diretor de futebol Frank Arnesen, contratações de baixo custo se revelaram certeiras para o que o Feyenoord precisava. Por exemplo: Gernot Trauner mal chegou e precisou de poucos jogos para se entrosar com Marcos Senesi no miolo de zaga, enquanto o norueguês Fredrik Aursnes se revelou um meio-campo de papel defensivo valoroso. Sem contar Guus Til, personificando a reação do Feyenoord: chegando por baixo, após más passagens por Spartak Moscou e Freiburg, Til se tornou um ponta-de-lança absoluto no time.

Assim como fora no título de 2016/17, foi uma vitória contra o PSV, em Eindhoven, que deu a impressão de que algo muito bom se desenhava no Stadionclub - no caso, uma goleada inapelável por 4 a 0, na 5ª rodada. Vitórias arrancadas no fim contra NEC (de 3 a 2 para 5 a 3, na 7ª rodada), Sparta Rotterdam (1 a 0 aos 89', 11ª rodada) e AZ (1 a 0, 12ª rodada) fizeram a torcida se aproximar definitivamente do time. Mesmo sem ser titular na Eredivisie, Cyriel Dessers virava o "talismã" amado pela torcida, fazendo gol nesses triunfos dramáticos. Nomes remanescentes, como o goleiro Justin Bijlow, o zagueiro Marcos Senesi e os laterais Lutsharel Geertruida e Tyrell Malacia, cresciam de produção. Após superar uma séria lesão no joelho, Luis Sinisterra entrava na melhor fase de sua carreira. E o Feyenoord fez um campeonato ofensivo, atraente, de orgulhar sua torcida. É certo que alguns resultados inviabilizaram a chance de título: perder para o Vitesse fora (2 a 1, 8ª rodada) e em casa (1 a 0, 19ª rodada), cair para o AZ num jogo decisivo (2 a 1, 24ª rodada). Mas mesmo em derrotas traumáticas, como o 3 a 2 sofrido para o Ajax no Klassieker da 28ª rodada em Amsterdã (ganhando de 2 a 1 por boa parte do jogo), o esforço fazia a torcida respeitar os feitos. E a caminhada na Conference League, até um vice-campeonato de se aplaudir, só consolidou que o Feyenoord, mesmo sem títulos, recuperou uma coisa até mais importante nesta temporada: autoestima.

Análise da temporada: PSV

Mesmo convivendo com problemas aqui e ali, o PSV competiu bem mais fortemente pelo título da Eredivisie, tendo Cody Gakpo se transformando num destaque real (Pro Shots)

Colocação final: 2º lugar, com 81 pontos
No turno havia sido: 1º colocado, com 39 pontos
Time-base: Drommel (Mvogo); Mauro Júnior, Teze, André Ramalho (Boscagli/Gutiérrez) e Max; Sangaré e Veerman; Götze, Bruma (Doan) e Gakpo; Zahavi (Carlos Vinícius)
Técnico: Roger Schmidt 
Maior vitória: Vitesse 0x5 PSV (22ª rodada) e PSV 5x0 Fortuna Sittard (27ª rodada)
Maior derrota: Ajax 5x0 PSV (10ª rodada)
Principal jogador: Cody Gakpo (atacante)
Artilheiro: Cody Gakpo (atacante), com 12 gols
Quem deu mais passes para gol: Cody Gakpo (atacante), com 13 passes
Quem mais partidas jogou: Jordan Teze (defensor), Mario Götze (meio-campo) e Ibrahim Sangaré (meio-campo), todos com 29 partidas
Copa nacional: Campeão
Competições continentais: Liga Europa (eliminado na fase de grupos) e Conference League (eliminado nas quartas de final, pelo Leicester-ING) 

Golear o badalado Ajax na decisão da Supercopa da Holanda - 4 a 0 em Amsterdã - já indicava: o PSV poderia não ser campeão, mas talvez pudesse equilibrar mais a disputa do título. Bem, até aconteceu. Mas não imediatamente. Se o ataque era merecedor de respeito - a experiência de Eran Zahavi, Mario Götze mostrando seu talento com uma sequência de jogos, Cody Gakpo na temporada de sua aparição definitiva, Noni Madueke sempre ajudando -, se André Ramalho se firmava rapidamente na zaga, havia inconstâncias, como no meio-campo, com Ibrahim Sangaré sem conseguir render o que podia. No gol, então, as dúvidas eram claras: Joël Drommel chegara do Twente para tentar apagar dúvidas sobre seu antecessor (e reserva) Yvon Mvogo - mas não só não resolvia, como era até personagem negativo em derrotas (como na falha que rendeu o 2 a 1 ao Willem II, na 7ª rodada). De quebra, a roda-viva de alternar Eredivisie e Liga Europa causava cansaço e lesões em muitos jogadores fundamentais do time de Eindhoven. E também era um dos fatores que levavam a derrotas impactantes, como os 4 a 0 sofridos para o Feyenoord em pleno Philips Stadion, na 5ª rodada. Além disso, em alguns momentos, quando a liderança estava mais próxima, um tropeço a afastava - como no 1 a 1 contra o Heerenveen, pela 14ª rodada.

Mas no final de 2021, uma sequência de três vitórias nas três últimas rodadas do ano (2 a 1 no NEC, 4 a 1 no RKC Waalwijk, 2 a 0 no Go Ahead Eagles) levou, enfim, os Boeren à liderança. Na pausa de inverno, uma contratação providencial fortaleceu o time: Joey Veerman chegava para qualificar a marcação, formando dupla firme com Sangaré, que cresceu de produção. Neste momento da temporada, Mauro Júnior também se firmou de vez, revelando-se um lateral direito inesperadamente capacitado. E os Eindhovenaren se turbinaram: mesmo perdendo para Ajax (2 a 1, 20ª rodada) e PSV (também 2 a 1, 21ª rodada), começaram a se aproximar da disputa do título. Enfim, após muito tatear, Roger Schmidt conseguia encaixar um time justamente na sua temporada de despedida. Por dois meses, o PSV ficou invicto. Se Madueke tinha dificuldades com lesões, se o cansaço da temporada influiu na queda pela Conference League, nomes como Erick Gutiérrez, Bruma e Ritsu Doan recuperavam importância em suas participações. Certo, o título holandês foi mesmo perdido para o Ajax. Mas na Copa da Holanda, também contra os Amsterdammers, o título ganho com um 2 a 1 de virada, primeira conquista desde 2017/18, comprovou: o clube de Eindhoven foi um concorrente bem mais forte nesta temporada. E teve em Cody Gakpo, quase unanimemente, o melhor jogador de 2021/22. Caberá a Ruud van Nistelrooy, promovido do time B para treinar a equipe principal, dar sequência a esta boa sensação.


Análise da temporada: Ajax

O tempo passou, o tempo voou... e em tempos melhores ou piores, Tadic continuou como condutor principal do Ajax, em mais um título holandês (Pro Shots)

Colocação final: Campeão, com 83 pontos
No turno havia sido: 2º colocado, com 39 pontos
Time-base: Pasveer (Stekelenburg/Onana); Mazraoui, Timber, Martínez e Blind (Tagliafico); Gravenberch, Berghuis (Klaassen) e Álvarez; Antony, Haller e Tadic 
Técnico: Erik ten Hag
Maior vitória: Ajax 9x0 Cambuur (5ª rodada)
Maior derrota: Ajax 1x2 AZ (16ª rodada) e Go Ahead Eagles 2x1 Ajax (24ª rodada)
Principal jogador: Dusan Tadic (atacante)
Artilheiro: Sébastien Haller (atacante), com 21 gols
Quem deu mais passes para gol: Dusan Tadic (atacante), com 13 passes
Quem mais partidas jogou: Daley Blind (defensor) e Dusan Tadic (atacante), que jogaram todas as 34 partidas
Copa nacional: vice-campeão 
Competições continentais: Liga dos Campeões (eliminado nas oitavas de final, pelo Benfica-POR)

No começo do Campeonato Holandês, foi o que se esperava: um Ajax imponente. A derrota na Supercopa da Holanda que abriu a temporada (4 a 0 para o PSV, em plena Johan Cruyff Arena) já foi apagada na primeira rodada, com um 5 a 0 categórico no NEC. Era o início de uma sequência que só afirmaria os Ajacieden como grandes favoritos à conquista do terceiro título seguido na Eredivisie. Em que pesassem tropeços aqui e ali, como empates contra Twente (1 a 1, 2ª rodada) e Go Ahead Eagles (0 a 0, 12ª rodada), as goleadas que vinham eram respeitáveis: 5 a 0 no Vitesse (3ª rodada), 9 a 0 no Cambuur (5ª rodada), 5 a 0 no Fortuna Sittard (6ª rodada), 5 a 0 no clássico contra o PSV (10ª rodada). Nessa sucessão, Jurriën Timber se afirmava como revelação na zaga, Steven Berghuis e Davy Klaassen se alternavam à perfeição no meio-campo, Antony encantava cada vez mais a torcida no ataque, Sébastien Haller era a garantia de gols que todos esperavam que ele fosse, Dusan Tadic simbolizava outro bom momento da história dos Amsterdammers... enfim, em grande parte da primeira metade da temporada o Ajax se afirmava definitivamente. Isso, sem contar o que era feito na Liga dos Campeões...

Mas 2021 chegava ao fim. E o time da estação Bijlmer Arena começou a encarar problemas. A primeira derrota na liga (2 a 1 para o AZ, 16ª rodada, em plena Johan Cruyff Arena) deixou o PSV na liderança. O triunfo contra o PSV - 2 a 1, na 20ª rodada - teve um gol que será sempre suspeito. Times bem fechados na defesa passaram a oferecer cada vez mais dificuldades aos Ajacieden - que o diga o Willem II, derrotado por 1 a 0 a duras penas na 23ª rodada. Pouco depois, uma lesão de Timber tornou a defesa do Ajax vulnerável - que o diga o Go Ahead Eagles, com uma vitória até histórica (2 a 1, na 24ª rodada, um triunfo do GAE sobre o Ajax após 43 anos). Partidas que tinham vitórias encaminhadas viravam dramáticas (dois 3 a 2 seguidos, que eram 2 a 0 e viraram 2 a 2 até a vitória, contra o RKC Waalwijk, na 25ª rodada, e contra o Cambuur, na 26ª). As falhas defensivas e os problemas crônicos contra times defensivos impuseram uma eliminação inesperada na Liga dos Campeões. Aí, foi a eficiência. O Ajax passou a prezar mais o resultado do que propriamente o modo de se jogar. Assim, conseguiu triunfos a duras penas - e o 3 a 2 no Klassieker contra o Feyenoord, na 27ª rodada, simbolizou que o Ajax preferiria a vitória à beleza. Assim, mesmo com uma derrota na Copa da Holanda no caminho, o time de Amsterdã mantinha a proximidade do título da Eredivisie. E quando ele chegou, na penúltima rodada, foi com uma vitória como a torcida gostava: 5 a 0 no Heerenveen. Se era para terminar um ciclo - como este título holandês aparentemente terminou -, o Ajax tinha de fazer isso de forma digna. E fez.