sábado, 28 de novembro de 2015

Retomando o caminho

O Japão superou a Holanda na Copa do Mundo. E as Leoas querem a revanche (onsoranje.nl)
Quase nada mudou na seleção feminina da Holanda. Mas as poucas coisas que mudaram foram suficientemente importantes para deixar turbulento o caminho que parecia bem desenvolvido após a honrosa participação na primeira Copa do Mundo de sua história. E será justamente contra o time que as desclassificou (o Japão, vice-campeão mundial, em amistoso neste domingo) que as Leoas Laranjas continuarão mostrando qual é o grau de avanço que o caminho delas precisa ter, até o decisivo quadrangular europeu em março de 2016, por uma vaga nos torneio de futebol dos Jogos Olímpicos.

Para princípio de conversa, a principal alteração veio no banco de reservas. No cargo desde 2010, comandante da equipe que enfim chegou à Copa do Mundo, Roger Reijners tinha respaldo mais do que suficiente para continuar coordenando o trabalho rumo a uma vaga nos Jogos. Porém, havia um impasse com a KNVB: ela oferecia a renovação de contrato ao técnico, que tinha compromisso até o meio de 2016. Ele não aceitou, e julgou-se pela demissão imediata, no meio de julho. Segundo a diretora de futebol feminino da entidade, Minke Booij, a intenção já estava além de 2016: "Queríamos dar ao novo técnico mais de um ano para poder trabalhar com vistas ao Campeonato Europeu de 2017, e deixar o time pronto para atuar em casa". 

Claro, as palavras de Booij em relação a Reijners foram bem elogiosas: "Ele significou demais para nosso time, foi o primeiro a nos levar a uma Copa. Podemos ver que foi um período longo e frutífero". O técnico, por sua vez, lamentou a demissão: "Queria ir aos Jogos Olímpicos com a equipe, e só depois ir embora. Mas entendo a decisão da federação por outro técnico, já que eu não queria renovar meu contrato".

Porém, não havia outro nome imediato na agulha. Resultado: somente em setembro, após a interina Sarina Wiegman comandar a seleção na goleada por 8 a 0 sobre Belarus, chegou um novo treinador. E Arjan van der Laan mostrou-se até impressionado com o desafio, após um período de trabalho em categorias de base masculinas de NEC, Sparta Rotterdam e Utrecht. "É uma honra trabalhar aqui como técnico. Já estou esperando pelo primeiro dia em que as comandarei em campo".

Nas duas primeiras partidas, um bom resultado (2 a 1 em cima das francesas, quadrifinalistas da Copa) e um semifracasso (o jogo contra a Polônia, que as Leoas perdiam por 1 a 0, foi suspenso no intervalo, pela forte chuva que causou pane no fornecimento de eletricidade no estádio). Mas só o terceiro jogo trará uma equipe tradicional e de respeito inquestionável no futebol feminino, com as japonesas.

E aí entram as mudanças vistas em campo. Que já começam no gol: enquanto Loes Geurts se recupera de uma séria concussão que teve em seu clube (o Göteborg, da Suécia), Sari van Veenendaal aproveita a grande chance que tem. Atuando no Arsenal, a goleira já vem mostrando que não foi sorte de principiante a ótima atuação contra a China, na Copa do Mundo, quando já substituíra Geurts.

No resto do time, as atuações na Eredivisie feminina vão indicando aos poucos substitutas para gente mais antiga. Na lateral direita, não há mais Dyanne Bito: reserva na Copa, ela encerrou a carreira após o torneio. Na zaga, Daphne Koster já não fora ao Mundial, e provavelmente não voltará a vestir a camisa laranja que usou em 129 partidas. No meio-campo, embora seja uma das mais célebres jogadoras holandesas, a volante Anouk Hoogendijk, titular do Ajax, ficou de fora das convocações.

Caminho livre, então, para novidades vindas da Eredivisie Vrouwen. Vindas, aliás, principalmente de Twente e Ajax, que disputam a liderança ponto a ponto. Como a defensora Kika van Es, que volta a ser lembrada após uma fratura na perna, ou a defensora Danique Kerkdijk. Do Ajax, vêm jogadoras que começam a se destacar na Oranje, mas que nela já estiveram durante a Copa. O grande exemplo é a meio-campista Tessel Middag. Mas os Amsterdammers também têm promessas como a atacante Kelly Zeeman. Ainda assim, em matéria de atacantes, a esperança atual tem sido Vanity Leiwerissa, do PSV.

E é com essas novidades que a Holanda tenta retomar o caminho ligeiramente interrompido no futebol feminino. Além disso, gente de desempenho discreto na Copa, como a atacante Vivianne Miedema, tem de voltar a provar algo. Sem contar veteranas que ainda estão presentes, como a lateral direita Claudia van den Heiligenberg e a atacante Kirsten van de Ven, das melhores holandesas no Mundial. Van der Laan tem até março de 2016 para preparar um time que possa enfrentar Suécia, Suíça e Noruega de igual para igual, e ainda tendo o fator casa como ajudante (o quadrangular pela vaga olímpica será jogado na Holanda). Haverá melhor prova de confiança do que uma vitória contra as algozes nipônicas?

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