terça-feira, 21 de novembro de 2023

Giro de 360º

Com a goleada esperada contra Gibraltar, a Holanda terminou 2023 sabendo que pode se aprimorar para tentar uma boa campanha na Euro - e sabendo que é capaz disso (KNVB Media/Divulgação)

Quando a seleção masculina da Holanda (Países Baixos) se classificou para a Copa de 2022, a revista semanal Voetbal International estampou na capa: "Missão cumprida - agora é formar um bom time". Nesta terça-feira em que a Laranja goleou Gibraltar por 6 a 0, no último jogo da campanha de sucesso nas eliminatórias da Euro 2024 (sucesso porque, afinal de contas, a vaga estava garantida), a edição da Voetbal International estampou na capa... "Agora é formar um bom time". Praticamente a mesma mensagem de dois anos atrás. Porque a situação da Oranje é, de fato, semelhante à da qualificação para o Mundial passado: a classificação foi conseguida, mas o time parece precisar de mais para aspirar a grandes objetivos dentro do grande torneio. E se deve reconhecer: alguns passos foram dados para isso.

Porque, se Gibraltar é talvez a seleção mais fraca de toda a Europa (que o digam os 14 a 0 sofridos para a França no sábado passado), é bem verdade que na primeira partida entre ambas, em março, a Holanda só fizera 3 a 0 - e mesmo assim, passando impressão preocupante. Nesta terça, na cidade portuguesa de Faro-Loulé, até pelo clima leve, foi possível testar mais jogadores. Foi possível até ver uma Holanda explorando mais seu lado ofensivo, jogando no 4-3-3 velho de guerra, até para tentar acelerar o jogo e achar espaços diante de uma seleção gibraltarina que seria previsivelmente fechada, enquanto pudesse.

Entre os sete titulares que foram diferentes do time que começou jogando no sábado passado, dificilmente alguém aproveitou mais suas chances do que Calvin Stengs. Enfim convocado para valer de novo (só entrara nas datas FIFA passadas pelo corte de Cody Gakpo), enfim começando como titular da Laranja após três anos e alguns dias (o último jogo fora a vitória contra a Polônia, na Liga das Nações, em 18 de novembro de 2020), o ponta-direita recebeu a oportunidade. E aproveitou: não só pelos três gols, mas pela velocidade e pela movimentação que mostrou jogando na direita, fazendo boas jogadas e até diminuindo eventual impacto da ausência do poupado Denzel Dumfries. Se o jogo contra Gibraltar serviu para algo, foi para trazer Stengs definitivamente de volta às disputas por vaga nas convocações.

Com sete novos titulares para um jogo pouco exigente, Stengs foi quem mais aproveitou a chance: três gols, indicando volta definitiva às convocações (KNVB Media/Divulgação)

Também mereceu destaque a atuação do meio-campo, como um todo. Foi contra um adversário fragílimo, é verdade, mas o trio Mats Wieffer-Teun Koopmeiners-Joey Veerman fez exatamente o que devia: acelerou o jogo, aproximou a Holanda do ataque, criou mais jogadas para o gol. É verdade que os gols poderiam ter vindo até em maior quantidade (e Ronald Koeman lembrou isso, na entrevista pós-jogo à emissora NOS), mas o jeito da Holanda jogar pareceu mais seguro - em que pesem algumas chances perdidas, na maioria das vezes por Wout Weghorst (aos 30') e Donyell Malen (aos 32').

Enfim: se era Gibraltar, e se a Holanda precisava comprovar sua superioridade, ela o fez. Não quer dizer que a Laranja está pronta para a Euro 2024: há muito a melhorar - até porque estar no pote 3, para o sorteio do próximo dia 2, indica que são grandes os perigos de um "grupo da morte". Novamente, como para a Copa passada, há a necessidade da Holanda se tornar competitiva para um grande torneio, numa espécie de "giro de 360º" - aquele que, como se sabe, para no mesmo lugar do começo. Mas com as opções testadas, os machucados que ainda voltarão (Nathan Aké, Frenkie de Jong, Memphis Depay), com um trabalho já mais consistente e adiantado de Ronald Koeman... a Holanda passa uma impressão mais otimista do que no começo do ano. Já é algo.

Eliminatórias da Euro 2024
Gibraltar 0x6 Holanda
Data: 21 de novembro de 2023
Local: Algarve (Faro/Loulé, em Portugal - estádio Victoria, em Gibraltar, está sendo reformado)
Juiz: Arda Kardeşler (Turquia)
Gols: Calvin Stengs, aos 10', aos 50' e aos 62', Mats Wieffer, aos 23', Teun Koopmeiners, aos 38', e Cody Gakpo, aos 81'

Gibraltar
Dayle Coleing; Lee Casciaro (Jamie Coombes, aos 66'), Aymen Mouelhi, Joseph Chipolina (Mohamed Badr, aos 66'), Jayce Olivero e Roy Chipolina; John Sergeant, Liam Walker (Ayoub El Hmidi, aos 66'), Evan de Haro e Nicholas Pozo (Ethan Jolley, aos 14'); Tjay de Barr. Técnico: Julio Ribas

Holanda
Bart Verbruggen; Jordan Teze, Stefan de Vrij, Virgil van Dijk (Jorrel Hato, aos 46') e Quilindschy Hartman (Xavi Simons, aos 63'); Mats Wieffer, Teun Koopmeiners e Joey Veerman (Tijjani Reijnders, aos 46'); Calvin Stengs, Wout Weghorst (Thijs Dallinga, aos 46') e Donyell Malen (Cody Gakpo, aos 77'). Técnico: Ronald Koeman

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