quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Guia da Eredivisie feminina 2024/25: cada vez mais igual?

A temporada 2024/25 do futebol feminino holandês começou com mais um título do Twente, na Supercopa. A Eredivisie seguirá igual? (KNVB/Divulgação)

A preparação para o Campeonato Holandês feminino de futebol parecia atrair uma ansiedade pouco comum nas temporadas recentes, em que o duopólio Twente-Ajax sempre se alternava. Campeão novamente, o Twente perdeu vários de seus destaques. O Ajax, vindo de aparição respeitável na Liga dos Campeões, prometia manter sua força, mesmo perdendo Romée Leuchter e Chasity Grant. E os dois times se enfrentariam na Supercopa da Holanda. O resultado... goleada do Twente: 6 a 1. Embora plenamente merecida, deixou a suspeita de que a Vrouwen Eredivisie que começa neste sábado, será igual à todas que passaram.

Claro, há clubes que se preparam. Se o Fortuna Sittard perdeu boa parte dos investimentos que o levaram a fazer campanhas promissoras, o PSV, com muitas contratações, ficou ainda mais forte. AZ e Feyenoord, embora ainda no começo da história de suas equipes femininas, tentam uma evolução constante. E independentemente de equipes, pelo menos parece haver duas coisas que ajudam um campeonato - e um cenário - a se estabelecer: boa vontade e criação de jogadoras. A boa vontade, no fato dos principais clubes já terem equipes profissionais, e mais quererem criar as suas (espera-se o surgimento do NAC Breda no futebol feminino para qualquer momento). A criação de jogadoras se nota nos bons resultados que as seleções de base da Holanda (Países Baixos) conseguem nos anos recentes. Na Euro feminina sub-19, semifinalista em 2023 e vice-campeã neste ano; no Mundial sub-20, semifinais em 2022 e neste 2024, mesmo sem times de tanto brilho técnico.

Contudo, como se sabe, boa vontade não é suficiente para formar uma liga técnica. Se há times profissionais de mulheres, muitos clubes ainda não conseguem investir a ponto de adotar o profissionalismo - e destaques do país, como Vivianne Miedema e Sherida Spitse, pedem por isso. Como ainda não veio, o nível técnico da Vrouwen Eredivisie segue muito baixo. As jogadoras mais talentosas logo saem. E o equilíbrio continua em baixa. É esperar as 22 rodadas para ver se o resultado na Supercopa da Holanda foi algo isolado ou se o Campeonato Holandês de mulheres está cada vez mais igual.


Mesmo jovem, Louise van Oosten já tem a sua experiência. E pode ganhar mais espaço, no entrosado time do ADO Den Haag ( Pim Waslander/Soccrates Images/Getty Images)

ADO Den Haag

Cidade: Haia  
Equipe feminina fundada em: 2007
Estádio: Bingoal Stadion (capacidade para 15.000 torcedores), em Haia
Apelidos: Hagenaren (nome dado aos habitantes e nativos da cidade de Haia)
Títulos: 1 Campeonato Holandês (três Copas da Holanda)
Patrocínio: Girl Power Radio (webrádio)
Técnicos: Stephan Vos
Destaque: Lobke Loonen (atacante)
Fique de olho: Louise van Oosten (meio-campista)
Temporada passada: 5º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: terminar entre os quatro primeiros

O time de Haia tem histórico no futebol feminino, tem experiência... mas acabou sendo atropelado pela ascensão do Fortuna Sittard na temporada passada. Com a diminuição dos investimentos na equipe de mulheres do Fortuna, o Den Haag deverá voltar a ter um pouco mais de destaques. Agora somente com um técnico - Stephan Vos dividia o comando com Alex Scholte na temporada passada, mas agora é o treinador único das Hagenaren -, a equipe já tem entrosamento e experiência. Barbara Lorsheyd no gol, Kayra Nelemans e Daniëlle Noordermeer na zaga, Lobke Loonen no ataque... todas elas já estão juntas há pelo menos duas temporadas.

Além delas, há Louise van Oosten e Iris Remmers, ambas meio-campistas, ambas presentes (e titulares) na Holanda (Países Baixos) que disputou o Mundial feminino Sub-20 - no caso de Van Oosten, já titular absoluta também no clube auriverde de Haia. Já Remmers pertence a um grupo de jovens que terão um pouco mais de chances no time, como a volante Lauren Glotzbach (que tem um dos parentescos mais célebres possíveis, em termos de futebol feminino holandês: é filha de Sarina Wiegman). E a contratação da meio-campista Cheyenne van der Goorbergh, vinda do Feyenoord, só qualifica tecnicamente um Den Haag que tem plenas condições de voltar a ser membro destacado do "sub-topo" da Vrouwen Eredivisie.

Lily Yohannes chamou a atenção do mundo do futebol feminino, pelo talento precoce que mostrou. E seguirá no Ajax, para tentar chamar ainda mais atenção (Rico Brouwer/Soccrates/Getty Images)

Ajax

Cidade: Amsterdã 
Equipe feminina criada em: 2012
Estádio: De Toekomst (capacidade para 2.250 torcedores) 
Apelidos: Ajacieden (nome dado a torcedores e jogadores do clube); Amsterdammers
Títulos: 3 Campeonatos Holandeses (cinco Copas da Holanda)
Patrocínio: ABN-Amro (banco)
Técnica: Hesterine de Reus
Destaques: Sherida Spitse (defensora/meio-campista) e Lily Yohannes (meio-campista)
Fique de olho: Bo van Egmond (atacante) 
Temporada passada: Vice-campeão
Copas europeias: Liga dos Campeões (eliminado pela Fiorentina-ITA, na primeira fase preliminar)
Objetivo: Título

Mesmo ficando somente com o título da Copa da Holanda, a temporada 2023/24 indicava que dias muito melhores viriam para as Ajacieden. Em primeiro lugar, pela campanha bastante decente na Liga dos Campeões de mulheres: chegar às quartas de final foi um feito bastante elogiável, para um time que parecia estar no torneio apenas para ganhar experiência. Em segundo lugar, pelo grande número de novatas talentosas que a equipe de Amsterdã mostrou: de Lily Yohannes a Romée Leuchter, passando por Regina van Eijk, Isa Kardinaal, Rosa van Gool, Chasity Grant, Tiny Hoekstra, Danique Tolhoek... E em terceiro lugar, pelo relativo desmonte por que passou o Twente, grande rival no domínio do futebol feminino neerlandês. 

Só que Leuchter conseguiu a transferência que já se avistava para ela há muito tempo - no caso, para o Paris Saint-Germain. Chasity Grant, começando a ser titular na seleção holandesa, também se foi, para o Aston Villa. E o começo de temporada, sob a nova treinadora Hesterine de Reus, foi decepcionante. Em primeiro lugar, a goleada sofrida para o Twente na Supercopa da Holanda, já citada; em segundo lugar, a queda precoce para a Fiorentina, na primeira fase preliminar da Liga dos Campeões, impedindo o sonho da repetição das surpresas da temporada passada. Pelo menos, a líder Sherida Spitse continua por lá. Assim como vários destaques: Yohannes, Van Eijk, Van Gool, Hoekstra... e a novidade Bo van Egmond, uma das goleadoras da Vrouwen Eredivisie 2023/24 pelo Zwolle, tem no Ajax um ambiente para se destacar, tentando ser mais uma das revelações que o clube tem para voltar ao título.

Depois de ser a melhor goleira do Mundial feminino Sub-20, Femke Liefting voltará ao AZ para se confirmar como destaque na equipe de Alkmaar (BSR Agency/Getty Images)

AZ

Cidade: Alkmaar
Equipe feminina criada em: 2007, reativada em 2023
Estádio: AFAS Trainingscomplex/Sportcomplex Kalverhoek (Wijdewormer)
Apelidos: Alkmaarders
Títulos: 3 títulos holandeses (1 Copa da Holanda)
Patrocínio: Zemovi (fabricante de carros elétricos)
Técnico: Wouter de Vogel
Destaque: Femke Liefting (goleira) 
Fique de olho: Floor Jolijn Spaan (atacante)
Temporada passada: 9º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: ficar entre os seis primeiros

Na sua primeira temporada, o AZ demorou para vencer. Deu a impressão, até, de que ficaria penando na lanterna. Porém, aos poucos o time de Alkmaar se estabilizou, com o entrosamento decorrente de quem vinha da antiga equipe do VV Alkmaar, cujo espaço foi herdado pelo AZ. Floor Jolijn Spaan começou a despontar, como garantia de alguns gols, enquanto a experiência vinha com Desirée van Lunteren, reativando a carreira - talvez, após um pedido da ex-colega de seleção Stefanie van der Gragt, atual diretora feminina das Alkmaarders. E talvez o técnico Wouter de Vogel veja seu time ter mais a oferecer, na segunda temporada pela liga holandesa de mulheres. 

Em primeiro lugar, por um motivo até óbvio: pela experiência naturalmente maior que as jogadoras terão. Em segundo lugar, porque mais destaques apareceram. Que o diga Femke Liefting: o susto sofrido pela goleira na temporada passada (após pancada na cabeça sofrida em partida contra o Ajax, Liefting ficou desacordada e saiu de campo com uma concussão cerebral) virou coisa do passado com aparição destacada dela pela Holanda (Países Baixos) no Mundial Sub-20 de mulheres, resultando no prêmio como melhor goleira do torneio. Se Liefting se destacar - e outras também, como a ponta Romaïssa Boukakar -, sorte do AZ, que poderá tentar chegar ao meio de tabela.

Sabrine Ellouzi, um destaque técnico do Excelsior, tem capacidade para tentar ajudar o lanterna das últimas cinco temporadas a ter um rumo melhor (Tobias Kleuver/ANP/Getty Images)

Excelsior

Cidade: Roterdã
Equipe feminina criada em: 2017
Estádio: Van Donge & De Roo (capacidade para 4.500 torcedores) 
Apelido: Kralingers (de Kralingen, o bairro da cidade de Roterdã onde fica o Excelsior)
Títulos: nenhum 
Patrocínio: Spieren voor Spieren (organização beneficente para ajudar crianças com problemas musculares congênitos)
Técnico: Mathijs Kreugel
Destaque: Sabrine Ellouzi (atacante)
Fique de olho: Chelsea Homan (atacante)
Temporada passada: 12º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: não terminar em último

Último colocado nas últimas cinco temporadas do Campeonato Holandês de mulheres. Com este retrospecto, fica claro o tamanho da fragilidade do Excelsior. Ainda assim, o clube do bairro de Woudestein, em Roterdã, faz o que está a seu alcance. Muda o técnico: sem Richard Mank, agora Mathijs Kreugel é o comandante da equipe. Traz algumas jogadoras: por exemplo, a goleira Jasmijn de Groot, do Utrecht, a defensora Yael Mollink, do AZ, e a atacante Shi-Jona Martina, do PSV.

Elas se unem a um time que também tem jogadoras com lugares garantidos há algumas temporadas: a lateral direita Robine de Ridder, a zagueira Yara Helderman, a meio-campista Lynn Groenewegen, a atacante Sabrine Ellouzi. E elas tentarão mostrar um pouco mais de qualidade em 2024/25, para que esta temporada não seja igual àquelas que passaram.

Após uma traumática lesão no joelho, Kirsten van de Westeringh está voltando para tentar ajudar o Feyenoord (ProShots/Icon Sport/Getty Images)

Feyenoord

Cidade: Roterdã 
Equipe feminina fundada em: 2021
Estádio: Varkenoord (capacidade para 2.000 torcedores) 
Apelidos: Stadionclub (em holandês, "o clube do estádio" - referência a De Kuip, considerado o mais tradicional estádio do país); Feyenoorders; Rotterdammers
Títulos: nenhum
Patrocínio: Prijsvrij (agência de viagens)
Técnica: Jessica Torny
Destaque: Ella van Kerkhoven (atacante) 
Fique de olho: Noëlle van der Sluijs (atacante) e Kirsten van de Westeringh (atacante)
Temporada passada: 8º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: terminar entre os quatro primeiros

Se a temporada de estreia, 2022/23, trouxe desempenho dos mais dignos por parte do time de mulheres do Stadionclub (5º lugar), o começo em 2023/24 foi altamente preocupante: a vitória só veio na sexta rodada do campeonato. Pelo menos, a equipe de Roterdã melhorou um pouco, e conseguiu ter um fim menos lamentável, ficando na oitava posição. Ainda assim, a crença no trabalho de Jessica Torny como técnica continua estável por parte da ex-atacante Gabriella "Manon" Melis, diretora do futebol feminino no clube. De certa forma, segue assim também com as jogadoras. A base está sólida: Jacintha Weimar no gol, defensoras entrosadas (Bridget Baptiste, Amber Verspaget, Celainy Obispo), Jada Conijnenberg e Romée van de Lavoir no meio-campo, Ziva Henry e Ella van Kerkhoven no ataque. Todas elas, pilares já conhecidos.

E Jessica Torny talvez possa trabalhar até com mais qualidade técnica. Se chegou no decorrer da temporada passada, a volante japonesa Toko Koga - já com presença pela seleção de seu país - agora tem tudo para ser importante no time titular. No caminho de completar a recuperação do traumático rompimento do ligamento cruzado anterior do joelho direito (traumático porque já rompera o do joelho esquerdo), a atacante Kirsten van de Westeringh tem técnica para poder se fazer importante, quando tiver condições de jogo. Mais jovens do que ela, até, nomes como a atacante Dechamaily Lont terão mais tempo de jogo. E caberá ver com atenção o que fará a meia belga Jarne Teulings, vinda do "desmanche" do Fortuna Sittard. Enfim, se a evolução do trabalho na equipe feminina ainda caminha com lentidão, o Feyenoord tem condições de viver uma temporada menos apagada.

Isa Dekker: rara contratação, num Fortuna Sittard que perdeu o brilho de seu time feminino, com a diminuição brusca de investimentos (Fortuna Sittard/Divulgação)

Fortuna Sittard

Cidade: Sittard
Equipe feminina fundada em: 2022
Estádio: Fortuna Sittard Stadion (capacidade para 12.000 torcedores)
Apelidos: FSC, Fortunezen 
Títulos: nenhum
Patrocínio: Azerion (fabricante de games para computador)
Técnico: Glenda van Lieshout
Destaque: Isa Dekker (atacante)
Fique de olho: Claire Dinkla (goleira)
Temporada passada: 4º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: terminar entre os seis primeiros

O clube de Sittard é um exemplo de como o futebol feminino costuma sofrer quando o objetivo é conter gastos. Antes mesmo de conquistar a quarta colocação no Campeonato Holandês passado - com direito a vitória sobre o futuro campeão Twente -, já se desconfiava que o projeto de resultados surpreendentes e positivos do Fortuna iria sofrer solavancos, com o anúncio prévio da saída da belga Tessa Wullaert, premiada como goleadora e melhor jogadora da Vrouwen Eredivisie em 2023/24. Indo para a Internazionale-ITA, Wullaert só abriu a porteira: o técnico Roger Reijners, Alieke Tuin, Anna Knol, a islandesa Hildur Antonsdóttir, Charlotte Hulst, a goleira belga Diede Lemey... todas elas saíram do Fortuna Sittard.

O time feminino continua. A nova treinadora, Glenda van Lieshout, era auxiliar de Roger Reijners e poderia dar uma sequência ao trabalho. Se houvesse muitas jogadoras em quem se apostar. O grupo foi quase dizimado, sem investimentos em contratações. Sendo assim, somente a meio-campista Amber van Heeswijk sobrou das ótimas temporadas passadas. A goleira Claire Dinkla pode obter algum destaque. Para o ataque, Lakeesha Eijken (vinda do ADO Den Haag) e Isa Dekker (vinda do AZ) são bons reforços. Ainda assim, parece pouco para tentar desafiar Ajax e Twente, os dois dominantes da liga, como as Fortunezen sonharam fazer. É muito provável que a equipe cairá de nível. Resta ver qual será o grau da queda.

Jet van Beijeren se destacou pela Holanda no Mundial Sub-20. Tentará se destacar também no Heerenveen (Jeroen van den Berg/Soccrates/Getty Images)

Heerenveen

Cidade: Heerenveen  
Equipe feminina criada em: 2007
Estádio: Sportpark Skoatterwâld (capacidade para 3.000 torcedores) 
Apelidos: Fean (corruptela de "Hearrenfean", nome do time no idioma frísio - falado na província de Frieslândia, onde fica a cidade de Heerenveen), Frísios, Time da Frísia, "De Superfriezen" ("os superfrísios") 
Títulos: nenhum
Patrocínio: Ausnutria (empresa de alimentos infantis à base de leite de cabra)
Técnico: Niklas Tarvajärvi
Destaque: Jet van Beijeren (meio-campista)
Fique de olho: Evi Maatman (atacante)
Brasileiras no grupo de jogadoras: nenhuma
Temporada passada: 10º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: não terminar em último

O Fean pode não ter uma equipe de mulheres muito forte, mas em formação de jogadoras, poucos lhe igualam em território holandês/neerlandês. Para ficar em alguns exemplos: Kerstin Casparij, Sherida Spitse, Vivianne Miedema, Fenna Kalma, Lieke Martens... todas elas deram os primeiros passos para valer no futebol com a camisa azul e branca pontilhada de folhas de lírio, planta comum na província da Frísia (as "pomperbladen", normalmente confundidas com corações). De certa forma, a base do Heerenveen segue forte. Que o diga a ponta-de lança Jet van Beijeren, reserva que entrou sempre bem na campanha da Holanda (Países Baixos) no Mundial Sub-20 de mulheres - tendo como destaque o gol que empatou a partida contra a França, nas oitavas de final, vencida na prorrogação.

Como Van Beijeren, há mais jogadoras com relativa continuidade no Heerenveen, ainda amador no futebol feminino. O novo técnico, Niklas Tarvajärvi (ex-jogador do clube, estreando na modalidade), terá na goleira Jasmijn Resink, na zagueira Fenna Meijer e nas atacantes Janneke Ennema e Lyanne Iedema nomes já acostumados ao ambiente do clube. E até vieram bons reforços, principalmente do Zwolle: a meio-campista Eef Kerkhof e a atacante Evi Maatman podem qualificar mais um time de esforço inegável - até ganhou do vice-campeão Ajax, na temporada passada -, mas que ainda pena nas últimas posições.

Renate Jansen pensava em se transferir para o exterior, após nove anos no Twente. Mas o PSV tem nela o grande símbolo de suas grandes ambições para a temporada (PSV/Divulgação)

PSV

Cidade: Eindhoven  
Equipe feminina criada em: 2012
Estádio: Sportcomplex De Herdgang (capacidade para 2.500 torcedores) 
Apelidos: Boeren (em holandês, "fazendeiros" - referência ao grande número de fazendas e áreas verdes na região onde fica Eindhoven); Eindhovenaren (nativos de Eindhoven) 
Títulos: nenhum Campeonato Holandês (uma Copa da Holanda)
Patrocínio: Brainport Eindhoven (conglomerado formado por cinco empresas de Eindhoven)
Técnico: Roeland ten Berge
Destaque: Joëlle Smits (atacante)
Fique de olho: Robine Lacroix (meio-campista)
Temporada passada: 3º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: Título

Pode-se considerar unanimidade: raras vezes o PSV se mostrou com tanta força para tentar desafiar o "duopólio" que o Campeonato Holandês vive como nesta temporada que vai começar. Conseguir a terceira posição em 2023/24 já foi um indicativo promissor de que a equipe de Eindhoven recuperara alguma força no seu time de mulheres, após tantas temporadas decepcionantes, abaixo do seu potencial. Via-se uma mescla de jogadoras experientes, como a defensora Siri Worm e a atacante Joëlle Smits, a novatas promissoras, como a zagueira Gwyneth Hendriks e a meio-campista Nina Nijstad, as duas já frequentando regularmente as convocações de Andries Jonker para a seleção feminina da Holanda (Países Baixos).

E o PSV ficou ainda mais forte na preparação para esta temporada. Mais experiência? Pois bem: até inesperadamente, chegou a atacante Renate Jansen, de tantas histórias no atual campeão Twente, outra jogadora que sabe bem o que é estar na seleção. Além de Renate, também merece citação a meio-campista Sisca Folkertsma, também com sua vivência no exterior, também com passagens pela seleção. Mais promessas? Pois bem: já estavam no PSV dois destaques da Holanda no Mundial feminino Sub-20: a zagueira Veerle Buurman - já contratada pelo Chelsea - e a meia Robine Lacroix - sem contar a lateral esquerda Emma Frijns e a atacante Fleur Stoit, que também estiveram no torneio de jovens. Há ainda Nicky Evrard, a goleira da seleção da Bélgica, mais uma contratação. A promissora atacante Chimera Ripa. A volante Riola Xhemaili, titular da seleção da Suíça. Por tudo isso, o PSV tem tudo para falar grosso no futebol feminino. Título de liga talvez seja demais, mas será um rival respeitável.

Na última temporada do Telstar antes de se converter no Hera United, o time aposta em Isa Gomez e mais algumas contratações para tentar engrenar (Roy Lazet/Soccrates/Getty Images)

Telstar

Cidade: Velsen
Equipe feminina criada em: 2022
Estádio: BUKO Stadion (capacidade para 3.260 torcedores)
Apelidos: De Witte Leeuwinnen ("As Leoas Brancas", derivação de "Witte Leeuwen", "leões brancos", apelido do time masculino)
Títulos: nenhum
Patrocínio: Sportcity (rede de academias)
Técnico: Marelle Worm
Destaque: Samya Hassani (atacante)
Fique de olho: Chinatsu Kira (meio-campista)
Temporada passada: 11º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: não terminar em último

Esta é a última temporada do Telstar no futebol feminino. Não, a equipe não vai acabar. Mas a partir da temporada que vem, 2024/25, o departamento de mulheres das Witte Leeuwen ("Leoas Brancas", em holandês - apelido do clube, pelo uniforme todo branco) será assumido pelo Hera United, o primeiro clube profissional dedicado somente ao futebol feminino no Reino dos Países Baixos. Com investimento, com diretora experiente - a ex-jogadora Marieke Visser -, com conselheira técnica ainda mais experiente - Vera Pauw, ex-treinadora da seleção holandesa -, o Hera United era uma instituição fundada à procura de um time pronto. Encontrou no Telstar.

Aliás, o Hera United já ajudou a custear algumas contratações do Telstar para esta temporada: a atacante Samya Hassani (disputou a Copa do Mundo feminina passada, por Marrocos), a defensora japonesa Akari Takeshige, a meio-campista estadunidense Sydney Blomqvist. Todas elas, se unindo a uma base que já tem entrosamento do ano passado, embora frágil, como o penúltimo lugar do campeonato passado indica. Há alguns valores técnicos: a goleira Kelly Steen, a volante Chinatsu Kira - primeira japonesa a ter jogado pela Vrouwen Eredivisie -, as meio-campistas Anna Maria van der Vlist e Isa Gomez, as atacantes Isabelle Nottet e Nicci Berrevoets (esta, aposta da base do Telstar). Todas, comandadas há algum tempo por Marelle Worm. Enfim, no rumo para ter mudanças em sua história, o Telstar tentará fazer uma temporada "derradeira" mais honrosa antes de se converter no Hera United.

O Twente, atual campeão, perdeu muitas jogadoras? Pois contratou outras tantas. E caberá a gente como Nikée van Dijk (foto) tentar manter o time em condições de ser campeão outra vez (Twente/Divulgação) 

Twente

Cidade: Enschede
Equipe feminina criada em: 2007
Estádio: Het Diekman (capacidade para 2.500 torcedores) 
Apelidos: Tukkers (gíria para nativos do Twenthe, região da província de Overijssel onde fica a cidade de Enschede)
Títulos: 8 Campeonatos Holandeses (três Copas da Holanda, uma Supercopa da Holanda e duas BeNeLigas)
Patrocínio: Reggeborgh (fundo de investimentos)
Técnico: Joram Pot
Destaque: Kayleigh van Dooren (meio-campista)
Fique de olho: Nikée van Dijk (atacante)
Temporada passada: Campeão
Copas europeias: Liga dos Campeões (classificado para a fase de grupos)
Objetivo: Título

Caitlin Dijkstra? Saiu - a zagueira titular da seleção holandesa foi se aprimorar no ambiente mais exigente e experiente do Wolfsburg. Marisa Olislagers? Também: a lateral se transferiu para o Brighton-ING, assim como uma colega dos Tukkers, a zagueira Marit Auée. Wieke Kaptein? Já tinha data para sair, comprada por antecipação pelo Chelsea, e tomou o caminho das Blues logo que a temporada passada acabou. Renate Jansen? Esta surpreendeu: nem tanto por decidir respirar outros ares na carreira, após nove anos de clube, mas sim por se transferir para um adversário, o PSV, ainda mais após comentar que pretendia jogar fora das fronteiras da Holanda. Tantas saídas pareciam indicar o fim de um ciclo no Twente, após o título holandês ganho em 2023/24 - com mais sofrimento no fim da temporada, mas ganho. Pelo visto, só pareciam. 

Porque se nomes tão conhecidos deixaram as Tukkers, candidatas a destaque têm a chance para preencherem as lacunas: Lieske Carleer e Kim Everaerts na defesa, Ella Peddemors e Kayleigh van Dooren (voltando de lesão séria) no meio-campo, Liz Rijsbergen no ataque. Até mesmo a goleira galesa Olivia Clark surpreendeu, começando a temporada como titular em detrimento de Daniëlle de Jong, holandesa que até já jogou pela seleção. Além do mais, para os padrões do futebol feminino nos Países Baixos, os reforços foram dos mais promissores: três destaques da equipe do Fortuna Sittard passaram a vestir vermelho (a ala Alieke Tuin, a zagueira Anna Knol e a atacante Charlotte Hulst), além de Merel Bormans vir do Heerenveen para a defesa. Além do mais, há jovens nomes que têm a chance de despontarem na carreira, como as atacantes Eva Oude Elberink - esteve no Mundial feminino Sub-20 pela Holanda (Países Baixos) - e Nikée van Dijk. A goleada em cima do Ajax na Supercopa da Holanda, mais um título ganho, sinalizou que a força continuava no Twente. Estar na fase de grupos da Liga dos Campeões, então, é mais um impulso. E o atual campeão holandês começa a temporada com um otimismo maior do que se esperava para tentar mais uma taça.

Nikita Tromp é um nome que chega a um entrosado Utrecht, que tentará dar sequência maior ao bom começo visto em 2023/24 (Utrecht/Divulgação)

Utrecht

Cidade: Utrecht 
Equipe feminina criada em: 2023
Estádio: Sportcomplex Zoudenbach (1.000 lugares), em Utrecht
Apelidos: Utregs
Títulos: nenhum
Patrocínio: T-Mobile (empresa de telefonia e comunicações)
Técnica: Linda Heibling
Destaque: Nikita Tromp (atacante) 
Fique de olho: Samde Jong (atacante) e Ilse van der Zanden (zagueira)
Temporada passada: 7º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: ficar entre os seis primeiros

Para um time que estreava no Campeonato Holandês feminino em 2023/24, o começo do Utrecht foi o melhor possível: nas cinco primeiras rodadas, quatro vitórias e um empate. Depois, as Utregs decaíram, como era até natural que ocorresse. Mas o sétimo lugar não foi de todo mal, dando respaldo pleno para a técnica Linda Helbling continuar seu trabalho. E Helbling terá à sua disposição um grupo muito parecido com o que teve na Eredivisie passada. E o único reforço só torna o time melhor: a atacante Nikita Tromp, ainda jovem, tentará ter por lá o espaço que não teve no Ajax.

No mais, os nomes do Utrecht já são conhecidos. E mais experientes do que a média jovem do que se vê nos clubes da Vrouwen Eredivisie. A ala direita Liza van der Most, 29 anos? Está por lá. A meio-campista Marthe Munsterman, 31 anos? Idem. A zagueira Ilse van der Zanden, até convocada para a seleção holandesa de mulheres nas datas FIFA passadas? Também. Até mesmo as novatas nem são tão novatas assim: a goleira Febe Copier - que terá a concorrência da belga Femke Bastiaen -, as atacantes Lotte de Keijzer, Elisha Kruize e Sam de Jong. Com um time bem parecido ao da temporada passada, o Utrecht tentará ter um desempenho, se não parecido, melhor.

Zoë Zuidberg simboliza um Zwolle talentoso na base, que tentará evoluir ainda mais na temporada (Pim Waslander/Soccrates Images/Getty Images)

Zwolle

Cidade: Zwolle  
Equipe feminina criada em: 2010
Estádio: Mac³Park (capacidade para 13.250 torcedores) 
Apelidos: Zwollenaren, Dedos Azuis (em holandês, "Blauwvingers")
Títulos: nenhum 
Patrocínio: AKM Media (empresa de elementos multimídia)
Técnico: Jim Brinkhof
Destaque: Zoë Zuidberg (atacante)
Fique de olho: Ilse Kemper (meio-campo)
Temporada passada: 6º colocado
Copas europeias: nenhuma
Objetivo: ficar entre os quatro primeiros

O antigo treinador, Olivier Amelink, contratado para comandar a seleção feminina sub-21 da Holanda (Países Baixos), último estágio antes da seleção adulta. Vários nomes presentes e ativos na equipe sub-20 de mulheres que alcançou o quarto lugar no Mundial sediado na Colômbia: a zagueira Inske Weiman, as volantes Ilse Kemper e Nayomi Buikema, a atacante Zoë Zuidberg. Está claro: mesmo sendo um clube de meio de tabela, o Zwolle mostra evolução em sua formação de jogadoras, e tem um trabalho promissor no futebol feminino. O sexto lugar na temporada passada - melhor do que clubes cujos times de mulheres já têm mais tempo, como Telstar ou Excelsior - já foi indicativo disso. Caberá a Jim Brinkhof, o novo técnico a partir desta temporada, tentar dar sequência a essa evolução consistente. 

Para tanto, um desfalque já é garantido: a atacante Bo van Egmond, que tomou o caminho do Ajax. No mais, boa parte do grupo já estava lá em 2023/24: as goleiras Tess van der Flier (esta, se recuperando de grave contusão) e Inge Tijink, as defensoras Mayke Lindner e Jasmijn Dijsselhof, a meio-campista Sterre Kroezen, a atacante Jeva Walk, fora as supracitadas Weiman, Kemper, Buikema e Zuidberg. Nome que chega do Fortuna Sittard, a atacante Hanna Huizenga é bem talentosa nas seleções de base, e pode ajudar - assim como a meio-campista Senne van der Velde, de volta ao Zwolle após passagem pelo Utrecht. Jim Brinkhof já reconhece o bom momento: "Nas últimas duas temporadas, o clube terminou em sexto. Estamos bem". O objetivo é continuar assim.

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