quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Continue a mudar

A Holanda (Países Baixos) tem cada vez mais novatas em sua seleção feminina. E tentará seguir com a boa impressão, nos amistosos contra China e Estados Unidos (KNVB/Divulgação)

Por necessidade ou por tentativa, o fato é que a seleção feminina da Holanda (Países Baixos) passa por mudanças. Não só nas titulares, mas nas convocações, de um modo geral. Isso já foi visto, de certa forma, nas datas FIFA de outubro, na goleada "de exibição" contra a Indonésia e, principalmente, na vitória contra a Dinamarca, fora de casa. Para dar mais confiança na preparação rumo à Eurocopa de mulheres, em 2025, na Suíça, as Leoas Laranjas tentarão seguir unindo essas mudanças a bons resultados, tendo mais desafios nos amistosos contra China (nesta sexta, às 16h45 de Brasília, em Roterdã) e Estados Unidos (na próxima terça, 3 de dezembro, em Haia, também às 16h45).

Algumas dessas caras novas já estavam na convocação anterior do técnico Andries Jonker, como a zagueira Veerle Buurman (PSV), destacada no Mundial Sub-20 - e causando boa impressão pelo que se viu contra a Dinamarca. Outras são velhas conhecidas, que estiveram numa e noutra partida pela seleção principal de mulheres, e agora voltam: como a zagueira Lisa Doorn, de volta às listas após algum tempo, e a meio-campista Kayleigh van Dooren, começando a recuperar seu espaço após voltar a despontar no Twente (mais no Campeonato Holandês feminino do que na Liga dos Campeões de mulheres, é verdade). E uma delas é a estreante da vez na seleção holandesa: a atacante Ella Peddemors, mais uma representante do Twente. A própria se surpreendeu, na apresentação: "Quem me contou foi Joram [Pot, técnico do Twente]. Eu não esperava, mas fiquei muito feliz". Peddemors já foi elogiada por Andries Jonker: "Ela é muito talentosa, tem boa visão de jogo, um bom passe, chuta bem".

Entretanto, a estreante mais badalada não vestirá o uniforme laranja. Se vestir algum uniforme, será o dos Estados Unidos, justamente contra a Holanda. É Lily Yohannes, meio-campista do Ajax, das mais badaladas revelações atuais do futebol feminino no mundo. Há cerca de duas semanas, Yohannes (norte-americana de nascimento, descendente de eritreus, há seis anos vivendo nos Países Baixos) anunciou sua escolha definitiva por defender as estadunidenses, campeãs olímpicas: "É o meu país natal, lá vivem muitos familiares, tenho forte ligação com os Estados Unidos", justificou ao canal oficial do Ajax no YouTube. Era previsível: a jovem de 17 anos até teve neste ano um jogo - e um gol - pelo USWNT, na She Believes Cup, não oficial, e já até fora parabenizada pela agora colega de seleção Naomi Girma, ao ser premiada pela ESPN holandesa como revelação da Eredivisie feminina, alguns meses atrás. 

Como se previa, a novata Lily Yohannes preferiu defender a seleção dos Estados Unidos, pela qual poderá jogar justamente contra... a Holanda, que também a queria (Brad Smith/ISI Photos/USSF/Getty Images)

Ainda assim, a federação holandesa mantinha esperanças de acelerar o processo de naturalização de Yohannes. Esperanças frustradas, restou a Andries Jonker uma alfinetada algo desnecessária na jovem, durante entrevista coletiva na segunda-feira passada: "Eu li que ela disse que sonhou em jogar pelos EUA por toda a vida. Podia ter dito imediatamente, porque teria poupado trabalho de Nigel [de Jong, diretor de seleções da federação holandesa, muito envolvido com tentativas de naturalizar Yohannes]". Mais elegante foi outra naturalizada que também poderia escolher entre Estados Unidos e Holanda - e defende as Leoas Laranjas: Damaris Egurrola, opinando à ESPN holandesa. "Eu não conheço Yohannes, mas se trata de uma ótima jogadora. Por um lado, é chato que ela não venha jogar junto com a gente, mas todo mundo é livre para fazer o que quiser".

Por falar nela, Damaris tem alguns problemas no joelho, e sua escalação é incerta contra a China ("Veremos dia a dia com os médicos. Na segunda, fiz trabalhos internos, hoje [terça] também. (...) Já tive problemas no local há uns anos. É mais para cuidados, não queremos correr riscos"). Por essas e outras ausências, sejam por precaução (Katja Snoeijs) ou machucados (Caitlin Dijkstra, Vivianne Miedema e Victoria Pelova - esta até se juntou às colegas de seleção para treinos, na quarta), Andries Jonker segue abrindo espaço nas convocações, para que as Leoas Laranjas continuem a mudar. E nada será melhor para comprovar a mudança do que vencer chinesas e, principalmente, norte-americanas, algozes habituais.

As 26 convocadas da Holanda (Países Baixos) para as datas FIFA

Goleiras: Daphne van Domselaar (Arsenal-ING), Lize Kop (Leicester City-ING) e Femke Liefting (AZ)

Defensoras: Kerstin Casparij (Manchester City-ING), Lynn Wilms (Wolfsburg-ALE), Sherida Spitse (Ajax), Dominique Janssen (Manchester United-ING), Lisa Doorn (Hoffenheim-ALE), Veerle Buurman (PSV) e Ilse van der Zanden (Utrecht)

Meio-campistas: Daniëlle van de Donk (Lyon-FRA), Jackie Groenen (Paris Saint Germain-FRA), Damaris Egurrola Wienke (Lyon-FRA), Nina Nijstad (PSV), Wieke Kaptein (Chelsea-ING), Kayleigh van Dooren (Twente), Jill Roord (Manchester City-ING) e Danique Noordman (Ajax) 

Atacantes: Lineth Beerensteyn (Wolfsburg-ALE), Romée Leuchter (Paris Saint Germain-FRA), Esmee Brugts (Barcelona-ESP), Renate Jansen (PSV), Chasity Grant (Aston Villa-ING), Chimera Ripa (PSV), Lotte Keukelaar (Ajax) e Ella Peddemors (Twente)

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