sábado, 21 de junho de 2025

O guia da Holanda na Euro feminina 2025: Atacantes

(KNVB Media/Divulgação)

Lineth Beerensteyn (Wolfsburg-ALE)

Ficha técnica
Nome: Lineth Enid Fabienne Beerensteyn
Data e local de nascimento: 11 de outubro de 1996, em Haia (Holanda)
Clubes na carreira: ADO Den Haag (2012 a 2016), Twente (2016 a 2017), Bayern de Munique-ALE (2017 a 2022), Juventus-ITA (2022 a 2024) e Wolfsburg-ALE (desde 2024)
Desempenho na seleção: 114 jogos e 39 gols, desde 2016
Torneios pela seleção: Euro 2017 (3 jogos, nenhum gol), Copa de 2019 (7 jogos, 1 gol), torneio olímpico de 2020+1 (4 jogos, 3 gols), Euro 2022 (4 jogos, nenhum gol) e Copa de 2023 (3 jogos, 1 gol)

(Para saber mais sobre Beerensteyn, clique aqui e leia texto sobre ela no guia da Holanda na Copa de 2023)

Por muito tempo, ela foi a ignorada, a desprezada, a ofendida. Numa seleção que contou com o talento de Lieke Martens, e ainda conta com o de Jill Roord (e Vivianne Miedema, quando as lesões a deixam), Lineth Beerensteyn sempre foi a "patinha feia" para muitos. Mesmo que seja tão parte da vitoriosa "geração Euro 2017", mesmo que tenha tomado paulatinamente a titularidade que era de Shanice van de Sanden na virada de década... Beerensteyn é vista apenas como uma atacante esforçada e nada mais. Lances infelizes, como um gol perdido na prorrogação contra a Espanha, nas quartas de final da Copa do Mundo passada, imediatamente antes de um gol de Salma Paralluelo definir aquela parada, fez muita gente olhar para ela como alguém em quem não se podia confiar. Pois Beerensteyn vive, nestes dois anos pré-Euro, a melhor fase de sua carreira. Esta fase começou até mesmo em meio às sérias dificuldades que o ataque das Leoas Laranjas viveu em 2024: nas eliminatórias da Eurocopa, dos quatro gols marcados numa campanha difícil, Beerensteyn fez três, fazendo o papel de referência, ainda que improvisada. Um dos gols, meio na sorte, no empate contra a Finlândia (1 a 1, quarta rodada), mostrou a melhor qualidade da atacante: seu esforço inesgotável, sempre insistindo nas jogadas. 

Vaga na Euro garantida, Beerensteyn mudou de time para a temporada 2024/25, deixando a experiência na Juventus para trás (no clube italiano, ela até foi bem em 2022/23, mas caiu de produção em 2023/24) e voltando à Alemanha, para jogar no Wolfsburg. E nas Lobas, Beerensteyn brilhou na temporada recém-encerrada: migrando da ponta esquerda para o meio do ataque, ela foi a artilheira do Campeonato Alemão, com 17 gols em 20 jogos. Pela Holanda, a boa fase continuou: foram três gols na fase de grupos da Liga das Nações, sendo a holandesa a mais marcar gols. No fim da temporada, uma lesão não detalhada ("Não quero que isso seja muito falado, o que importa é dentro de campo", explicou ela à emissora NOS) assustou: ela ficou de fora dos últimos jogos pela Nations League, ficou de fora dos treinos antes da convocação, ainda há dúvidas se poderá entrar nos primeiros jogos da Euro. De todo modo, Beerensteyn está lá. Se recebeu a confiança mesmo quando era questionada, seria até uma injusta ironia não poder estar na terceira Eurocopa de sua carreira, justamente quando ela está no ponto alto.

(KNVB Media/Divulgação)

Vivianne Miedema (Manchester City-ING)

Ficha técnica
Nome: Anna "Vivianne" Margaretha Marina Astrid Miedema
Data e local de nascimento: 15 de julho de 1996, em Hoogeveen (Holanda)
Clubes na carreira: Heerenveen (2011 a 2014), Bayern de Munique-ALE (2014 a 2017), Arsenal (2017 a 2024) e Manchester City-ING (desde 2024) 
Desempenho na seleção: 124 jogos e 97 gols, desde 2013
Torneios pela seleção: Copa de 2015 (4 jogos, nenhum gol), Euro 2017 (6 jogos, 4 gols), Copa de 2019 (7 jogos, 3 gols), torneio olímpico de 2020+1 (4 jogos, 10 gols) e Euro 2022 (2 jogos, nenhum gol)

(Para saber mais sobre Miedema, clique aqui e leia texto sobre ela no guia da Holanda na Copa de 2019)

É possível dizer: tecnicamente, Vivianne Miedema ainda é a jogadora de quem mais imprensa e torcida esperam na seleção da Holanda (Países Baixos). Assim como é até mais possível dizer: a carreira de "Viv" se divide entre antes e depois de 15 de dezembro de 2022. Até ali, a atacante era das melhores jogadoras do mundo, um símbolo da equipe feminina do Arsenal, já estava na história do futebol de mulheres (a maior goleadora da história dos torneios olímpicos femininos em uma só edição, com os 10 gols marcados em Tóquio-2020+1) cada vez mais uma referência técnica e pessoal das Leoas Laranjas - a ponto de ser capitã dela, vez por outra, e de já ser a maior goleadora da história da equipe naquela época. É verdade que tivera participação apagada na Eurocopa feminina de 2022, vitimada que foi pela COVID-19 no decorrer do torneio. Mas Miedema ainda era soberana, prometia ser uma das caras da Copa de 2023. Até o dia citado de 2022, em que rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo, defendendo o Arsenal contra o Lyon-FRA, pela fase de grupos da Liga dos Campeões feminina. Não haveria mais Miedema em campo naquela temporada. Nem na Copa de 2023. Desde então, Miedema sofre com as lesões. Mesmo após encerrar a recuperação do rompimento do ligamento cruzado, problemas musculares ainda atravancam o caminho da atacante. Que já manifestou, diversas vezes, pelos perfis nas mídias sociais e pela coluna mensal que escreve no jornal Algemeen Dagblad, o impacto que as idas e vindas lhe causam. No corpo e, principalmente, na mente, tão exigida a ter paciência.

Em sua passagem pelo Arsenal, ela ainda voltou (reestreou no minuto final da vitória por 2 a 1 sobre o Bristol City, na quarta rodada do Campeonato Inglês 2023/24). Ainda terminou a temporada indo e vindo do banco das Gunners, entre problemas musculares. Até tentou ajudar as Leoas Laranjas, jogando em duas partidas da Liga das Nações 2023/24. E por fim, deixou claro o valor que pode ter: foi dela, Miedema, o gol da vaga na Euro, empatando difícil partida contra a Noruega (1 a 1), na última rodada das eliminatórias, a dez minutos do fim. Só que mais um impacto veio: a decisão do Arsenal em dispensar Miedema, em julho de 2024, após sete anos de clube. E mesmo que o Manchester City tenha apostado em sua contratação, a atacante seguiu penando com lesões. Passou por mais uma cirurgia no joelho, em outubro de 2024, que a tirou dos campos na reta final do ano. Já em 2025, foram quatro jogos pela Holanda (Países Baixos), todos pela Liga das Nações. E o último deles simbolizou o que têm sido os três anos recentes de Miedema: ela entrou em campo aos 62' contra a Áustria, marcou belo gol aos 69', e uma lesão muscular a forçou a sair de campo aos 77'. Desde então, ela ficou fora dos campos. Foi convocada para as últimas rodadas na Liga das Nações, mas não entrou em campo: foi preservada para a preparação rumo à Euro. Fez exercícios fisioterapêuticos até nas miniférias que teve. Tanto esforço, afinal, deu certo. Miedema volta a disputar um torneio pela Holanda (Países Baixos), após três anos. Com as cicatrizes, físicas e psicológicas, de tantas lesões. Mas com sinais - como o gol contra a Áustria, ou mesmo o gol mais bonito do Campeonato Inglês passado - de que ela ainda pode ser a grande referência técnica. Quem sabe o centésimo gol pela seleção não venha na Euro. E quem sabe a Euro sirva para que ela lembre a todos que craque não esquece...

(KNVB Media/Divulgação)

Jill Roord (Twente)

Ficha técnica
Nome: Jill Jamie Roord
Data e local de nascimento: 22 de abril de 1997, em Oldenzaal (Holanda)
Clubes na carreira: Twente (2012 a 2017 e desde 2025 - já anunciado o retorno, após a Euro), Bayern de Munique-ALE (2017 a 2019), Arsenal-ING (2019 a 2021), Wolfsburg-ALE (2021 a 2023) e Manchester City-ING (2023 a 2025)
Desempenho na seleção: 105 jogos e 29 gols, desde 2015
Torneios pela seleção: Copa de 2015 (não jogou), Euro 2017 (3 jogos, nenhum gol), Copa de 2019 (7 jogos, 1 gol), torneio olímpico de 2020+1 (4 jogos, 1 gol), Euro 2022 (4 jogos, um gol), Copa de 2023 (5 jogos, 4 gols) e Liga das Nações (2023/24, 2025/26)

(Para saber mais sobre Roord, clique aqui e leia texto sobre ela no guia da Holanda na Copa de 2023)

Jill Roord já seria falada antes desta Eurocopa feminina, em condições normais da sua carreira. Em primeiro lugar, por suas condições técnicas: vinda de participação elogiável na Copa de 2023, é uma jogadora cada vez mais confiável no ataque, seja jogando como uma "ponta-de-lança", pouco mais avançada do que uma meio-campista, seja escalada como atacante mesmo (coisa que acontece vez por outra na seleção feminina da Holanda/Países Baixos, com a saída definitiva de Lieke Martens). Em segundo lugar, Roord mereceria atenção por ter superado um trauma físico pessoal, de 2023 para cá: em 24 de janeiro de 2024, ela foi outra holandesa a sofrer rompimento de ligamento cruzado anterior do joelho, defendendo o Manchester City no clássico contra o Manchester United, pela Copa da Liga Inglesa. Passou nove meses se recuperando, e quando voltou, rapidamente recuperou o nível técnico apresentado: foram 19 jogos, a maioria como titular, e cinco gols marcados no Campeonato Inglês feminino. Pela seleção holandesa feminina, voltou a ser titular já na reta final de 2024. E neste primeiro semestre de 2025, na fase de grupos da Liga das Nações, já parecia que nada ocorrera no ano passado: titular em cinco jogos, Roord marcou um gol e foi das mais constantes jogadoras.

Em tese, Roord não deixaria nada a dever a outros destaques do City, como Yui Hasegawa, Khadija Shaw ou a colega de clube e seleção Vivianne Miedema. Se quisesse ficar em Manchester, ficaria, e para ser titular. Mas... ela não quis, como deixou claro em entrevista ao diário The Guardian, há poucos dias: "Meu tempo no City foi ótimo. Mas já tenho jogado no exterior há oito anos, e fica difícil estar sozinha por tantos anos. Nos últimos tempos, perdi a diversão e a felicidade em jogar futebol, um pouco por estar fora, viajar muito e não poder estar com a família e os amigos". Por isso, ela decidiu por um retorno até surpreendente, que a faz ser ainda mais falada: ao final da temporada passada, anunciou a volta ao Twente em que começou a jogar, na Holanda (Países Baixos). Lá, terá um familiar até no próprio clube: o pai, René Roord, diretor do departamento feminino do atual bicampeão holandês. Lá, chega para tentar liderar o Twente a feitos maiores, até fora das fronteiras nacionais ("Nunca me senti com tantas responsabilidades num clube, então isso é bom para mim, é algo para eu trabalhar e melhorar", comentando ao Guardian). Mas antes disso, há a terceira Eurocopa da carreira para Roord. E nela, não só ela também tentará ostentar o valor que tem para o ataque desta seleção holandesa, como também poderá se credenciar como uma líder para os anos futuros. Condições técnicas e constância para tanto, Roord tem.

(KNVB Media/Divulgação)

Romée Leuchter (Paris Saint Germain-FRA)

Ficha técnica
Nome: Romée Elke Henk Leuchter
Data e local de nascimento: 12 de janeiro de 2001, em Heerlen (Holanda)
Clubes na carreira: PSV (2019 a 2021), Ajax (2021 a 2024) e Paris Saint-Germain-FRA (desde 2024)
Desempenho na seleção: 21 jogos e 4 gols, desde 2022
Torneios pela seleção: Euro 2022 (2 jogos, 2 gols)

Na Eurocopa passada, se Daphne van Domselaar foi a grande surpresa numa campanha discreta da Holanda (Países Baixos), Romée Leuchter não ficou muito atrás. Num momento difícil das Leoas Laranjas - o jogo contra a Suíça, último da fase de grupos, em que havia até risco de eliminação -, Leuchter saiu do banco aos 29 minutos do segundo tempo, fez dois gols e transformou um empate arriscado numa vitória mais elástica (4 a 1) do que o jogo mostrou. Mostrando técnica e alguma classe, jogando no meio da área, Leuchter se tornava ali, em meio à Euro 2022, uma candidata a símbolo de uma nova geração holandesa. Pelo menos em clubes, isso até se confirmou. No Ajax, onde já estava naquela Euro 2022, não só Leuchter foi uma das melhores jogadoras no título holandês de 2022/23, como mostrou ser a melhor atacante da escalação que fez campanha muito digna na Liga dos Campeões da temporada seguinte, 2023/24, indo às quartas de final, de modo surpreendente. Não à toa, logo que 2023/24 acabou, Leuchter tinha um contrato do Paris Saint-Germain pronto a lhe esperar - e assinou. Mas isso foi em clubes. Na seleção... o espaço que parecia se abrir para Leuchter demorou a ser conquistado. No final de 2022 e no começo de 2023, ela ainda participou de alguns amistosos, mas passou em branco neles, não chamou a atenção, e mesmo estando em boa fase no Ajax e na lista preliminar de convocadas para a Copa de 2023, ficou de fora da relação final holandesa para o torneio. Ainda em 2023, a atacante até "caiu" para a seleção sub-21. 

Ali se acendeu um sinal de alerta: menos para Leuchter, mais para o técnico Andries Jonker, que ouviu muitas questões sobre o porquê de não apostar na atacante. Esse alerta seguiu até dezembro de 2023: foi quando ela voltou a ser convocada para a seleção principal, saindo da reserva para colaborar num gol decisivo (cruzou a bola) nos 4 a 0 contra a Bélgica, placar que ajudou a Holanda a ir às semifinais da Liga das Nações. Já em 2024, pelas eliminatórias da Eurocopa, Leuchter recuperou mais espaço: jogou em quatro das seis partidas, e voltou a ser titular em uma delas (o 1 a 0 sobre a Noruega, na segunda rodada). Chegando ao Paris Saint-Germain, se a temporada do clube francês foi apagada - eliminação na fase preliminar da Liga dos Campeões, sem títulos em liga ou copa francesas -, Leuchter teve lá seu rendimento: foram 9 gols em 22 jogos pela D1 Arkema, a maioria das partidas (15) como titular. E a recuperação do espaço na seleção dos Países Baixos seguiu: titular em amistosos contra Dinamarca e Estados Unidos no fim de 2024, presença em três jogos na Liga das Nações no começo de 2025, dois deles como titular. Diante dos problemas físicos de Lineth Beerensteyn e da desconfiança sobre a propensão de Vivianne Miedema a sofrê-los, Leuchter pode começar a Eurocopa como titular. De certa forma, a expectativa positiva do surgimento dela na Euro 2022 se concretizou, mesmo por linhas tortas.

(KNVB Media/Divulgação)

Esmee Brugts (Barcelona-ESP)

Ficha técnica
Nome: Esmee Virginia Brugts
Data e local de nascimento: 28 de julho de 2003, em Heinenoord (Holanda)
Clubes na carreira: PSV (2020 a 2023) e Barcelona-ESP (desde 2023)
Desempenho na seleção: 43 jogos e 10 gols, desde 2022
Torneios pela seleção: Euro 2022 (3 jogos, nenhum gol) e Copa de 2023 (5 jogos, 2 gols)

(Para saber mais sobre Brugts, clique aqui e leia texto sobre ela no guia da Holanda na Copa de 2023)

Quando chegará o momento de Esmee Brugts brilhar? É a pergunta feita pela maioria dos que acompanham a carreira da atacante. Até porque este momento já ronda a carreira de "Esje" (apelido carinhoso das colegas de seleção a ela) faz alguns anos. Mais precisamente, também a partir da Eurocopa feminina de 2022, quando, a exemplo das colegas de geração Daphne van Domselaar e Romée Leuchter, Brugts saiu do banco para mostrar técnica na ponta esquerda - em geral, substituindo uma Lieke Martens atormentada por problemas físicos, que a fizeram até ser cortada no decorrer daquela Euro. Na temporada da sequência, 2022/23, Brugts foi um dos únicos pontos positivos num período de baixa do time feminino do PSV. Tanto que, contrato encerrado com o time de Eindhoven ao fim da temporada, ela já era candidata a ter chances em centros mais competitivos do futebol de mulheres. Para isso, bastaria fazer uma boa Copa do Mundo em 2023. Àquela altura, para ser titular, Brugts tirou vantagem de uma mudança tática feita por Andries Jonker: com a Holanda tendo três zagueiras, ela foi transformada numa ponta esquerda "disfarçada" de ala. Deu certo: com dois belíssimos gols de fora da área nos 7 a 0 sobre o Vietnã, na fase de grupos, Brugts mostrou o talento ofensivo que tinha. Titular em todas as partidas dos Países Baixos na Copa, bastou o torneio acabar para a chance esperada surgir: semanas depois, era anunciado seu contrato com o Barcelona.

De lá para cá, é inegável que Brugts tem seu espaço. No Barcelona, mais liberada para poder avançar ao ataque e jogar como a ponta esquerda que é, ela tem sua titularidade, principalmente no Campeonato Espanhol (tanto em 2023/24 quanto em 2024/25, foram 27 jogos, a maioria como titular em ambas as temporadas). Pela Liga dos Campeões, a atacante aparece até mais, mesmo sem tantos gols: se no título europeu barcelonista de 2023/24 foram 8 jogos (três saindo do banco, sem marcar gols), na campanha do vice em 2024/25 foram 11 jogos, seis começando em campo, e três gols. Ainda assim, Brugts fica abaixo de outras luminares do time catalão/espanhol - na final da Champions mais recente, por exemplo, saiu do banco só aos 33 minutos do segundo tempo. Coisa que já não acontece pela seleção da Holanda (Países Baixos) faz tempo: da Copa até agora, Brugts nunca mais deixou de ser titular das Leoas Laranjas. Na campanha de semifinalista da Liga das Nações 2023/24, foram dois gols; no ano passado, presença em todas as partidas, fossem pelas eliminatórias da Euro, fossem por amistosos - num dos quais, contra a China, em novembro, a "falsa ala" fez outro belo gol de fora da área. Em 2025, na fase de grupos da Liga das Nações, mesmo sem gols, dois passes para gol - sem contar a sequência da titularidade. Entretanto, segue a impressão de que ser uma "falsa lateral", tendo tarefas defensivas, acaba limitando um pouco o talento que a ponta esquerda de origem ainda pode demonstrar. Por isso, segue a pergunta que abriu este texto: quando chegará o momento de Esmee Brugts brilhar? Quem sabe seja nesta Euro.

(KNVB Media/Divulgação)

Renate Jansen (PSV)

Ficha técnica
Nome: Renate Jansen
Data e local de nascimento: 7 de dezembro de 1990, em Abbenes (Holanda)
Clubes na carreira: ADO Den Haag (2008 a 2015), Twente (2015 a 2024) e PSV (desde 2024)
Desempenho na seleção: 70 jogos e 8 gols, desde 2010
Torneios pela seleção: Euro 2017 (4 jogos, nenhum gol), Copa de 2019 (1 jogo, nenhum gol), torneio olímpico de 2020+1 (2 jogos, nenhum gol), Euro 2022 (não jogou), Copa de 2023 (1 jogo, nenhum gol) e Liga das Nações (2023/24, 2025)

(Para saber mais sobre Renate Jansen, clique aqui e leia texto sobre ela no guia da Holanda na Copa de 2023)

Durante a maior parte de sua carreira, Renate Jansen sempre foi uma coadjuvante absoluta, mesmo presente nos momentos importantes da seleção holandesa de mulheres ao longo dos anos recentes. Ainda assim, jamais se discutiu sobre a utilidade e a experiência da atacante versátil (pode jogar nas duas pontas e no meio do ataque). E da Copa de 2023 até agora, Renate enfim parece ter suas qualidades reconhecidas como merecem. Um marco disso, inclusive, foi visto na própria seleção feminina da Holanda (Países Baixos): na fase de grupos da Liga das Nações 2023/24, a atacante saiu do banco em quatro das seis partidas. Mas numa delas, aos 44 minutos do segundo tempo, fez o gol de uma vitória muito comemorada: os 2 a 1 sobre a Inglaterra, na segunda rodada. Se prosseguia apenas como opção na seleção, porém, no Twente Jansen era soberana. Era a capitã a guiar os caminhos das colegas mais novas (Jaimy Ravensbergen, Liz Rijsbergen, Charlotte Hulst). Era um dos símbolos do time campeão holandês em 2023/24. Que foi o capítulo final de sua passagem pelas Tukkers: pensando inicialmente numa experiência no exterior, Renate Jansen decidiu deixar o Twente, ao fim da temporada 2023/24. 

A própria explicou a mudança à ESPN holandesa: "Eu marcava poucos gols, meu rendimento estava caindo, foi melhor eu sair". O que não se imaginava é que, com a demora das ofertas de países fora da Holanda (Países Baixos), a atacante aceitasse a oferta de um... adversário do Twente na liga holandesa: o PSV. Daria errado? Nem um pouco: num time fortalecido, que disputou até o fim o título nacional na Vrouwen Eredivisie e alcançou ainda a final da Copa da Holanda, Renate também foi a capitã. Também foi uma referência para jogadoras mais novas. E fez por merecer esse papel, em termos técnicos: na liga, marcou 13 gols em 22 partidas, sendo colocada principalmente na ponta esquerda, mas podendo cair para o meio do ataque. Comando tão notável no time de Eindhoven valeu para Renate receber um grande prêmio (até como reconhecimento à carreira): foi ela a melhor jogadora do Campeonato Holandês feminino em 2024/25. E valeu também para manter sua posição inalterada nas convocações de Andries Jonker: ela figurou em três partidas das eliminatórias da Eurocopa, no ano passado, apareceu em mais três partidas da fase de grupos da Liga das Nações neste 2025... e se a Holanda precisar de uma opção experiente e confiável para o ataque ao longo da Euro, especialmente se for necessário "esfriar" o jogo, Renate Jansen estará pronta no banco. Mesmo como a coadjuvante que foi, a atacante veterana terminará relativamente reconhecida sua trajetória de quinze anos pelas Leoas Laranjas nesta Euro. E começará a encerrar sua trajetória nos campos em geral, como já antecipou em abril, ao site "Sportnieuws.nl": "Ainda tenho contrato por um ano, mas vou pensar sobre isso. Às vezes é hora de parar. Depois de 2026, de qualquer modo, penduro as chuteiras".

(KNVB Media/Divulgação)

Chasity Grant (Aston Villa-ING)

Ficha técnica
Nome: Chasity Shivonia Charissa Grant
Data e local de nascimento: 19 de abril de 2001, em Schiedam (Holanda)
Clubes na carreira: ADO Den Haag (2017 a 2020), Ajax (2020 a 2024) e Aston Villa-ING (desde 2024)
Desempenho na seleção: 14 jogos e 1 gol, desde 2022
Torneios pela seleção: nenhum

A ponta direita de 24 anos de idade pode ser considerada a grande "vencedora" das mudanças graduais que o técnico Andries Jonker tentou fazer, aqui e ali, em algumas posições da seleção feminina da Holanda (Países Baixos), desde a Copa de 2023. Afinal de contas, a atacante tivera uma única chance pelas Leoas Laranjas - estreia em 19 de fevereiro de 2022, nos 3 a 0 contra a Finlândia, no amistoso Torneio da França -, e nunca mais, depois dali. O que não quer dizer que tivesse caído de produção no Ajax, em que jogava. Longe disso: no time de Amsterdã, Grant viveu uma grande temporada em 2023/24. Mostrou muita velocidade, ajudou em algumas finalizações (foram três gols pela Liga dos Campeões, na qual o Ajax chegou às quartas de final, e seis pelo Campeonato Holandês feminino) e pelo menos um título (a Copa da Holanda). Tudo isso foi o suficiente para Grant dar o salto com que muitas jogadoras holandesas sonham: partir para um centro mais competitivo - no caso, a Inglaterra, com Grant se transferindo ao Aston Villa na metade do ano passado ("Estou pronta para o próximo passo", celebrou a atacante ao site do clube inglês). 

Foi suficiente até para mais: para Grant voltar a ser lembrada para a seleção feminina neerlandesa logo que 2024 começou. Ela ainda ficou no banco nas fases finais da Liga das Nações, mas a partir de abril, no início das eliminatórias da Eurocopa, ela começou a jogar. Esteve em todas as seis partidas, começando como titular em quatro delas. E em uma, participou de lance importante, justamente como rende melhor: foi de Grant o cruzamento para o gol salvador de Vivianne Miedema, na última rodada da qualificação, garantindo o 1 a 1 com a Noruega e a vaga na Euro. Na primeira temporada de Aston Villa, a sequência que a ponta direita conseguiu (foram 21 jogos e quatro gols, sendo titular das Villans) fez com que ela ganhasse de Andries Jonker a confiança que outras novatas testadas - as meias Nina Nijstad e Lotte Keukelaar, a ponta Chimera Ripa - não conseguiram. Ela ficou para jogar na fase de grupos da Liga das Nações, já neste 2025: esteve em todas as seis partidas, começou três como titular, fez seu primeiro gol pelas Leoas Laranjas (na vitória por 2 a 1 na Escócia, na segunda rodada). E tem tudo para começar a Euro como titular. Ou seja: Grant já sai na frente, na reformulação que deverá vir sob o comando de Arjan Veurink, futuro técnico dos Países Baixos.

(KNVB Media/Divulgação)

Katja Snoeijs (Everton-ING)

Ficha técnica
Nome: Katja Snoeijs
Posição: Atacante
Data e local de nascimento: 31 de agosto de 1996, em Amstelveen (Holanda)
Clubes na carreira: Telstar (2015 a 2017), VV Alkmaar (2017 a 2018), PSV (2018 a 2020), Bordeaux-FRA (2020 a 2022) e Everton-ING (desde 2022)
Desempenho na seleção: 38 jogos e 9 gols, desde 2019
Torneios pela seleção: Copa de 2023 (5 jogos, 1 gol) e Liga das Nações (2023/24, 2024/25)

(Para saber mais sobre Snoeijs, clique aqui e leia texto sobre ela no guia da Holanda na Copa de 2023)

Se Renate Jansen está para encerrar sua trajetória na seleção feminina da Holanda (Países Baixos), Katja Snoeijs parece a postos para ocupar rapidamente a lacuna. Afinal, Snoeijs é uma atacante que será predominantemente reserva nas Leoas Laranjas, mas sempre será uma opção utilizada. Já foi assim na Copa de 2023: com Vivianne Miedema fora do torneio pela lesão no joelho, Snoeijs saiu do banco para jogar em todas as cinco partidas holandesas no Mundial. Numa delas, inclusive, até marcou gol, nos 7 a 0 sobre o Vietnã (fase de grupos). Bastaria seguir com ritmo de jogo no Everton para manter seu espaço nas convocações.

E Snoeijs manteve. Mesmo jogando mais recuada nas Toffees, o que diminui sua participação nas finalizações (três gols em 2023/24, quatro em 2024/25), a atacante seguiu titular absoluta da equipe de Liverpool no Campeonato Inglês. E de fato, isso foi suficiente para que ela seguisse como uma das opções de ataque da Holanda (Países Baixos). Esteve em cinco jogos da Liga das Nações 2023/24, em todos os jogos das eliminatórias da Eurocopa, em quatro partidas da Liga das Nações mais recente. Porém, em nenhum deles, saindo como titular, somente vindo para os minutos finais. Deve ser assim na Eurocopa. Até com menos tempo de jogo para Snoeijs, vistas as presenças de nomes como Vivianne Miedema e Jill Roord, mais propensas a tempo de jogo. Contudo, ela segue na seleção. E deverá ser uma opção de relativa experiência para os anos que vêm.

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