domingo, 27 de dezembro de 2015

Entrevista: Rodrigo Bueno (última parte)

Após a revelação de que Johan Cruyff está com câncer no pulmão, você colaborou de novo com a Folha, fazendo um texto sobre a relação de Cruyff com o cigarro. Comente um pouco sua visão sobre a importância do "Nummer 14" para o futebol mundial nos últimos 41 anos.

Cruyff foi, é e será sempre um dos principais jogadores de todos os tempos. Pelo que fez em campo e pelo legado que deixou. Ele é o símbolo maior do futebol total, do jogador moderno, múltiplo. Sempre foi um cara muito inteligente e inovador, como jogador inclusive.Ele foi fundamental para o Barcelona virar o que virou, uma escola e um símbolo de bom futebol. Sua carreira como jogador (não como atleta... - risos) foi brilhante. Nem a derrota na Copa, nem mesmo o fato de ele ter disputado só um Mundial o tiram da lista dos maiores do esporte. Alguma de suas ideias e frases sobre futebol são maravilhosas. Esse sim foi um jogador diferenciado.

Em 1999, no meio de todas aquelas eleições de "melhores do século XX", o jornal De Telegraaf fez Cruyff (colunista do jornal até hoje) eleger a "Oranje van de eeuw", a "Laranja do século". A escalação foi essa: Van der Sar; Gullit, Rijkaard e Krol; Neeskens, Cruyff e Van Hanegem; Van Basten, Faas Wilkes, Abe Lenstra e Piet Keizer. Alteraria alguma coisa? E dos jogadores que você viu na Oranje, qual seria a sua seleção?

Bom, vou montar a seleção com jogadores de 1974 para cá. Van der Sar; Koeman, Frank de Boer e Krol; Rijkaard, Bergkamp, Gullit e Neeskens; Robben, Van Basten e Cruyff. Poderia colocar o Davids no meio e puxar o Rijkaard para a defesa no lugar do Koeman. Sneijder e Van Persie ficam no banco.

Para encerrar, uma pergunta bem humorada: já conseguiu perdoar Robben, após ele perder AQUELA chance, naquele segundo tempo em Joanesburgo, na final da Copa de 2010?

Nunca vou perdoá-lo por isso. Ele esteve muito perto de realizar um raro sonho que tenho na vida que ainda não realizei. Não sei quantas oportunidades terei mais para ver a Holanda ser campeã mundial. Eu não consigo perdoar até hoje o Van Nistelrooy porque ele errou um gol de letra contra o Brasil em Salvador, num jogo que terminou 2 a 2 e que deveria ter sido 3 a 2 de virada para a Holanda, com um gol antológico do Van Nistelrooy [referência ao amistoso contra a Seleção Brasileira, em 5 de junho de 1999]. Imagina se vou perdoar Robben então... Nunca!

(Abaixo, o amistoso supracitado, com a chance de Van Nistelrooy mencionada por Rodrigo, a partir de 3min10)

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