domingo, 6 de março de 2016

810 minuten: como foi a 26ª rodada da Eredivisie

Willems sai para comemorar o gol: mais uma vitória categórica do PSV (ANP/Pro Shots)
ADO Den Haag 2x1 Twente (sexta-feira, 4 de março)

A sequência de cinco vitórias afastara o perigo de rebaixamento para o Twente. Mas só dentro de campo: durante a semana, diante do rombo revelado no relatório da investigação independente sobre a crise financeira do clube de Enschede, Bert van Oostveen, diretor de futebol profissional da KNVB, informou: dificilmente os Tukkers estarão numa divisão do futebol profissional na próxima temporada. Terão de recomeçar na Topklasse (a terceira divisão, para clubes amadores), já que as dívidas impediriam a permanência na Eredivisie ou mesmo na Eerste Divisie. E foi sob esse impacto que o time vermelho entrou em campo para abrir a 26ª rodada, contra o ADO Den Haag. Pelo visto, o impacto foi maior do que o esperado, por mais que o treinador René Hake negasse influência das más novas sobre os jogadores.

Porque o Den Haag foi soberano em campo, contra um adversário desatento. Mal demorou dois minutos para abrir o placar (Thomas Kristensen, de cabeça, após cruzamento de Aaron Meijers). E ainda na etapa inicial, foram duas bolas na trave (Ludcinio Marengo, aos 6', e Kristensen, aos 36' em chutes), mais outra no travessão (Tom Beugelsdijk, aos 33'). Somente na etapa final, aos sete minutos, a clara superioridade dos Hagenaren foi traduzida em placar ampliado: em mão na bola de Bruno Uvini, o pênalti foi marcado, e Timothy Derijck fez 2 a 0. O Twente até reagiu, na parte final do jogo, e Hakim Ziyech deu o ar da graça: aos 35, em chute forte, diminuiu marcando belo gol. Mas era tarde para impedir a vitória justa do ADO Den Haag, mais tranquilo na 11ª posição. Aos Enschedese, restou lamentar a derrota. E o que vem por aí pode ser pior ainda.

Zwolle 2x1 De Graafschap (sábado, 5 de março)

Obviamente, o Zwolle tinha claro seu favoritismo contra o lanterna do Campeonato Holandês. Mas nem se esperava que as coisas fossem tão fáceis assim para os Zwollenaren, principalmente por mérito de uma dupla (Lars Veldwijk e Stef Nijland). E, pelo menos no primeiro gol no estádio Ijsseldelta, também por involuntária ajuda dos visitantes de Doetinchem: aos 23 minutos, Bryan Smeets tentou recuar para o goleiro Hidde Jurjus. A bola saiu curta, à feição para Veldwijk dominar, driblar Jurjus e ainda recuar para Nijland, livre, abrir o placar. Ainda na etapa inicial, aos 32 minutos, de novo a dupla participou de um gol: cruzamento para a área, Veldwijk escorando, Nijland arrematando, rede.

Somente quando Nathan Kabasele diminuiu o placar, aos 22 minutos do segundo tempo, em chute que desviou no goleiro dos "Dedos Azuis", Mickey van der Hart, é que o De Graafschap se animou em busca de um empate. Assim, pouco depois, o técnico Jan Vreman colocou em campo os atacantes Piotr Parzyszek e Dean Koolhof para fortalecer a pressão sobre os mandantes. Mas ela surtiu pouco efeito. Sorte da equipe de Ron Jans, que conseguiu a 100ª vitória em casa da história do clube na Eredivisie, se refez do revés inesperado para o Cambuur na rodada passada, e manteve-se firme na disputa por vaga nos play-offs pela Liga Europa.

Groningen 0x3 PSV (sábado, 5 de março)

Como nas rodadas anteriores, o PSV entrou no gramado do Euroborg sabendo o que tinha de fazer: vencer, para conter a aproximação do vice-líder Ajax na disputa do título. Quando Jetro Willems contou até com a sorte para fazer 1 a 0, logo aos sete minutos do primeiro tempo (o chute do lateral esquerdo desviou em Hans Hateboer, tirando as chances do goleiro Sergio Padt), ficou parecendo que os Boeren encaminhariam rapidamente seu triunfo. Só que isso não aconteceu: o Groningen até pressionou mais durante os primeiros 45 minutos, principalmente com Oussama Idrissi. O auge da pressão foi aos 24 minutos: Hedwiges Maduro entrou com a bola na área, e caiu após disputa com Jeroen Zoet. A torcida dos Groningers pediu penal do goleiro dos Eindhovenaren, mas o juiz não se rendeu às queixas. Enfim, parecia até que a decisão polêmica do técnico Erwin van de Looi (deixar Michael de Leeuw e Danny Hoesen no banco) daria resultado, mais cedo ou mais tarde.

Só parecia, porque o PSV se impôs definitivamente no segundo tempo, para evitar surpresas desagradáveis. E se impôs em grande estilo: aos cinco minutos, Marco van Ginkel passou a Jürgen Locadia, e este cruzou para Davy Pröpper fazer 2 a 0, de voleio, marcando o gol mais bonito da rodada. Rendido em campo, o Groningen perdeu o vigor ofensivo depois do tento sofrido. E os visitantes ficaram tranquilos para levarem o jogo ao seu bel-prazer, até marcando mais um gol (Jürgen Locadia, aos 43 minutos, chutando de fora da área). Assim como contra o ADO Den Haag, o PSV sofreu um pouco para vencer. Mas quando garantiu seu triunfo, foi de maneira tão categórica que causou elogios do próprio técnico Phillip Cocu: "Gostei muito do meu time, esteve numa outra classe". De quebra, além de manter firme a primeira colocação, já são 460 minutos sem sofrer gols no Campeonato Holandês. 

Momento decisivo na goleada do Utrecht: a expulsão de Van den Berg (Broer van den Boom Fotografie/VI Images)
Heerenveen 0x4 Utrecht (sábado, 5 de março)

Ter permitido a volta do Feyenoord às vitórias, na rodada passada, poderia ser um duro golpe na reação que o Utrecht experimentava na temporada. Longe disso. Desde o primeiro minuto de jogo contra o Heerenveen, os Utregs foram "senhores e mestres" (heer en meester, expressão idiomática holandesa) na partida. Já aos seis minutos, abriram o placar: Sébastien Haller lançou Andreas Ludwig, e o meio-campista alemão tocou na saída do goleiro Erwin Mulder, fazendo 1 a 0 para os visitantes. E como se não bastasse a superioridade técnica natural, o Utrecht ainda foi beneficiado aos 31 minutos: em dividida, o volante Joey van den Berg entrou com o pé por cima da bola, atingiu Haller e recebeu imediata (e justamente) o cartão vermelho do árbitro Serdar Gözübüyük. Diga-se de passagem: não seria injustiça nenhuma se o Fean ficasse com nove atletas. Ainda no primeiro tempo, Mitchell te Vrede disputou bola aérea com Timo Letschert e deu com o cotovelo na cara do zagueiro, que sangrou. 

Curiosamente, com um homem a menos o Heerenveen até trouxe mais perigo ao gol adversário. Ainda na etapa inicial, o time da Frísia até conseguiu uma bola na trave (Sam Larsson, aos 40 minutos, em chute de longe). Todavia, aos poucos as coisas se acalmaram em campo, e o Utrecht voltou a mandar no jogo. Mas só na parte final do segundo tempo é que a vitória converteu-se em goleada. Goleador que vai voltando ao seu melhor ritmo, Ruud Boymans provou-se como destaque ao marcar duas vezes, quase imediatamente (30 e 33 minutos). Depois, após cruzamento de Nacer Barazite, Christian Kum cabeceou para as redes, fechando a merecida vitória dos visitantes, que seguem em franca ascensão, fixos na quinta posição da Eredivisie desta temporada.

NEC 1x0 Heracles Almelo (domingo, 6 de março)

O jogo em Nijmegen reuniu duas equipes que decaíram bruscamente no returno. O NEC já não vencia há cinco partidas; o Heracles, há quatro (e os Heraclieden ainda vinham de um humilhante 5 a 0 sofrido em casa, para o Roda JC). No jogo entre ambas, os Nijmegenaren se impuseram tecnicamente, criando mais chances em boa parte do jogo. Mas a maior delas veio já no segundo tempo: aos 15 minutos, o zagueiro Dario Dumic cabeceou a bola no travessão defendido por Bram Castro. Isso acordou os Heraclieden, que responderam aos 19 minutos: Iliass Bel Hassani arrematou para boa defesa de Brad Jones. 

Pouco depois, o goleiro australiano ainda rebateu cruzamento de Brahim Darri, e o lateral esquerdo Lucas Woudenberg afastou da área antes que Wout Weghorst chegasse para finalizar. E os anfitriões, enfim, garantiram a vitória aos 43 minutos, com um gol de seu principal destaque: após mau rebote do zagueiro Mike te Wierik, o venezuelano Christian Santos aproveitou e mandou a bola para as redes, de meia-bicicleta. Um belo gol no fim do jogo, que assegurou a manutenção do NEC na zona dos play-offs por Liga Europa. Ao Heracles, resta a queda: o time que chegou até a liderar o campeonato agora está em 9º lugar.

Momento para a posteridade: Yuning faz o primeiro gol de um chinês na Eredivisie e dá a vitória ao Vitesse (ANP/Pro Shots)
Roda JC 1x2 Vitesse (domingo, 6 de março)

Além de NEC e Heracles, o Vitesse foi outro time que perdeu fôlego em 2016. E chegava pressionado para o jogo em Kerkrade: não só não vencera ainda fora de casa no ano, mas também via o técnico Rob Maas cada vez mais questionado pela torcida, devido à falta de segurança defensiva. Pelo menos, o primeiro tempo mostrou que o elogiado ataque do time de Arnhem esteve mais fortalecido. E a principal mostra veio aos 34 minutos: após chute longo do zagueiro Maikel van der Werff, a defesa do Roda JC se atrapalhou, deixando Isaiah Brown livre para dominar e chutar forte, fazendo 1 a 0. "Izzy", então, consolidou-se como o destaque do Vitesse: pouco depois do gol, um passe seu quase deu o gol a Lewis Baker. Já no segundo tempo, Brown perdeu outra grande chance, chutando a bola em cima do guarda-metas Benjamin van Leer.

Aí, o Roda JC reagiu. Graças a Rydell Poepon e Mike van Duinen, os destaques da goleada contra o Heracles Almelo, os Koempels começaram a pressionar. E nem precisaram do gol de Maecky Ngombo para conseguirem o empate: um minuto após a entrada do "talismã" belga em campo, Poepon cruzou e Van Duinen fez 1 a 1, aos 14. Depois, o zagueiro Jordy Buijs ainda mandou a bola na trave. Então foi a vez dos visitantes partirem com tudo para o ataque. Aos 35, Brown quase marcou pela segunda vez, chutando para Van Leer espalmar - a bola ainda bateu na trave. Mas seria um personagem insuspeito que daria a primeira vitória do Vitesse fora de Arnhem em 2016, nos acréscimos: aos 46 minutos, Guram Kashia cruzou, e Zhang Yuning (que saíra do banco) cabeceou para fazer o primeiro gol de um chinês na história do Campeonato Holandês. Vitória com um fato até histórico. Nada mal.

O Ajax tinha dificuldades contra o Willem II. Até Milik abrir o placar: aí, a goleada veio (Jeroen Putmans/VI Images)
Willem II 0x4 Ajax (domingo, 6 de março)

O jogo no estádio Koning Willem II, em Tilburg, começou para o Ajax da mesma maneira que Groningen x PSV transcorrera para os rivais de Eindhoven. Aliás, até pior, de certa forma: não só os Ajacieden não abriram o placar rapidamente (o que ocorreu com o PSV), mas também viram os Tilburgers trazerem algum perigo ao gol de Jasper Cillessen. Já nos primeiros minutos, Terell Ondaan e Erik Falkenburg arremataram e forçaram o goleiro dos Amsterdammers a fazer boas defesas. Pela esquerda, Ondaan também deu trabalho a Joël Veltman na marcação. Todavia, a qualidade técnica do Ajax é obviamente muito maior do que a do 15º colocado deste campeonato. Alguma hora ela teria de se sobressair. 

E essa hora foi bastante apropriada: já tentando causar algum perigo com suas jogadas individuais, pela canhota, Amin Younes decidiu cruzar a bola após dois dribles, aos 43 minutos da etapa inicial. E o alemão de ascendência libanesa mandou a pelota na cabeça de Arkadiusz Milik. Resultado? O mesmo das últimas duas partidas: rede. Foi o 14º gol de "Arek" na temporada - desde 2009/10, com Luis Suárez e Marko Pantelic, nenhum jogador do Ajax passava dos 13 gols no Campeonato Holandês. Mais calmo com a vantagem, no segundo tempo o Ajax também repetiu a história de seu adversário na disputa do título nacional: dominou completamente as ações, com um jogo acelerado e ofensivo. 

Nem demorou para ampliar a vantagem: aos cinco minutos, Riechedly Bazoer arriscou de fora da área e mandou no ângulo esquerdo do goleiro Kostas Lamprou, fazendo 2 a 0 com um belo gol ("Dissemos a eles que Lamprou tinha dificuldade em chutes de fora da área", comentou Frank de Boer à FOX Sports holandesa). Aos 15, após cruzamento de Klaassen, Rochdi Achenteh tentou recuar de cabeça para o goleiro, mas a bola foi em seu peito; caminho livre para Lasse Schöne, substituto do suspenso Anwar El Ghazi, fazer 3 a 0. E aos 20, Davy Klaassen fechou a goleada, em rebote após bola chutada por Younes na trave. Se não foi possível tomar a liderança do PSV, ao menos o Ajax ficou com saldo de gols maior (48, contra 43). A melhora progressiva nos últimos jogos faz crer que, sim, os Amsterdammers estão prontos para aproveitarem, ao menor erro que o líder da Eredivisie cometa. A briga de gato e rato está boa.

AZ 2x0 Excelsior (domingo, 6 de março)

Os resultados da semana abateram a reação que o AZ vivia na atual temporada. No domingo passado, a sequência de sete vitórias seguidas foi duramente interrompida pelos 4 a 1 impostos pelo Ajax, pela Eredivisie; e na quinta, veio a queda nas semifinais da Copa da Holanda, para o Feyenoord (3 a 1). Ainda assim, os Alkmaarders se recompuseram suficientemente para mostrarem superioridade contra o Excelsior, desde o primeiro minuto de jogo no AFAS Stadion. Todavia, pelo menos na etapa inicial, a equipe da casa cometeu o erro de mais reclamar de lances polêmicos do que buscar a vitória. Vincent Janssen, por exemplo, reclamou de dois pênaltis que teria sofrido (o primeiro, sendo derrubado pelo goleiro Tom Muyters; no segundo, um carrinho do defensor Henrico Drost). O juiz Bas Nijhuis sequer lhe deu atenção.

Na etapa final, mais concentrado, o AZ garantiu a vantagem contra os Kralingers. Aos 12 minutos, após cobrança de escanteio, Janssen desviou de cabeça e o defensor Derrick Luckassen, também de cabeça, abriu a contagem. Após um susto (Tom van Weert empatou para o Excelsior aos 18, mas o gol foi anulado por impedimento), finalmente, aos 32 minutos, enfim o atacante teve o pênalti que pediu tanto: o zagueiro Sander Fischer derrubou-o, e levou o cartão vermelho. E Janssen cobrou para fazer 2 a 0, marcando seu 17º gol no Campeonato Holandês (está apenas um atrás do goleador Luuk de Jong). Vitória justa do time de Alkmaar, que criou mais chances, teve mais posse de bola... e quando se acalmou, foi mais eficiente. 

Toornstra (à esquerda) e Kramer: eles se cumprimentam, e o Feyenoord agradece a eles (Kay Int Veen/ANP)
Feyenoord 3x1 Cambuur (domingo, 6 de março)

Dentro de campo, o Feyenoord vinha com uma crise minorada. Interrompera a má sequência na liga, ao vencer o Utrecht na rodada passada, e se classificara para a final da Copa da Holanda no meio de semana, em difícil jogo contra o AZ. Mas fora de campo, a torcida segue queixosa: durante o primeiro tempo, integrantes das "harde kernen" (torcidas organizadas) do Stadionclub foram deixando as arquibancadas de De Kuip, em protesto contra a diretoria - principalmente contra o diretor técnico, Martin van Geel, e o diretor geral, Eric Gudde. E mesmo quem ficou, brandiu papéis com a inscrição "wanbeleid" ("má direção"), além da faixa vista: "Feyenoord is van ons" ("O Feyenoord é nosso", em holandês).

Ainda assim, ficou claro que o alvo do protesto eram os diretores. Os jogadores não mostraram abatimento nenhum com os protestos pacíficos. O que mostravam era certa lentidão nos ataques contra um Cambuur com total falta de qualidade técnica para trazer perigo ao gol defendido por Kenneth Vermeer. Assim, mesmo sem muito brilho, o Feyenoord contou com seus dois destaques no jogo para abrir o placar, aos 44 minutos do primeiro tempo: Rick Karsdorp cruzou da direita, e Michiel Kramer (subindo de produção nos últimos jogos) ajeitou, de cabeça, para Jens Toornstra. E o meio-campista recebeu e tocou na saída do arqueiro Leonard Nienhuis, fazendo 1 a 0.

No segundo tempo, Toornstra se manteve bem na condução de bola para o ataque, eclipsando Tonny Trindade de Vilhena e Karim El Ahmadi. Isso trouxe mais chances aos mandantes, que quase ampliaram com Eljero Elia, além do supracitado meia. Porém, nada de gols. E os Rotterdammers foram se ancorando perigosamente na defesa, fazendo o Cambuur reviver no jogo. Tomaram o castigo aos 25 minutos: em escanteio da esquerda, Kevin van Veen se antecipou e desviou de cabeça na primeira trave. Vermeer rebateu, mas Martijn Barto aproveitou a sobra e empatou o jogo.

Assim como já ocorrera contra o Roda JC, a confiança exagerada na própria defesa trazia o risco de mais um tropeço em casa. Novamente o Feyenoord fracassaria? Dirk Kuyt (quem mais?) disse não: aos 35 minutos, aproveitando rebote de boa defesa de Nienhuis em chute de Toornstra, o veterano atacante pulou e cabeceou prontamente para fazer 2 a 1. Mais aliviados, os mandantes ainda ampliaram aos 40: Bilal Basaçikoglu cruzou, e Elia completou meio acidentalmente para as redes. Era a confirmação de uma vitória que manteve a ligeira reação do Feyenoord, acalmando a torcida. Dentro de campo, bem entendido.  

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