domingo, 25 de setembro de 2022

Suficiente e bom

Num jogo sem muitas emoções, a Holanda aproveitou uma chance, para fazer o suficiente, ir às semifinais da Liga das Nações, e manter o clima otimista rumo à Copa (UEFA/Getty Images)


Era previsível que a seleção da Bélgica, tecnicamente melhor que a da Polônia, causasse mais problemas à equipe masculina da Holanda (Países Baixos). Até porque precisava muito mais da vitória na última rodada do grupo da Liga das Nações - e ainda assim, os Diabos Vermelhos só iriam às semifinais se vencessem por três gols de diferença, acima de 4 a 1, placar da goleada holandesa da estreia. Pois bem: a Laranja jogou mal, mas os belgas também atacaram pouco demais para um time mais necessitado do triunfo. Bastou o time da casa ser mais eficiente, e um pouco mais ousado, na Johan Cruyff Arena para conseguir a vitória, a manutenção da invencibilidade sob Louis van Gaal e a garantia da vaga na semifinal da Nations League - da qual será país-sede.

Para chegar à 10ª vitória em 15 jogos, porém, os holandeses tiveram algumas dificuldades. No começo, bem que a Bélgica tentou ser mais rápida, aproveitar os erros que a Holanda cometesse na defesa. Por isso teve mais chances: aos 4', quando Amadou Onana (bem na ala esquerda belga) cruzou para Eden Hazard finalizar mal, e aos 11', quando um erro de passe de Steven Berghuis deixou a bola nos pés de Kevin de Bruyne - que deu um lançamento preciso, como habitual, para Michy Batshuayi finalizar e Remko Pasveer (titular de novo no gol holandês) defender. Parecia o começo de uma ofensiva visitante no 129º encontro entre as duas seleções rivais e vizinhas.

Mas foi só, da parte da Bélgica. Logo as duas seleções entraram num ritmo que tornou a partida previsível. Até chata, dependendo do ponto de vista. Era um time avançar com a bola, tentando aumentar a velocidade do jogo, para o outro se fechar na defesa, tirar o espaço para passes, roubar a bola e recuá-la entre os zagueiros e os goleiros. Com isso, chances da Holanda, no duro, só foram duas: um chute de Vincent Janssen aos 17', de fora e para fora, e uma finalização de Denzel Dumfries aos 32', saindo à direita do gol de Thibaut Courtois. Por mais que nomes como Nathan Aké (outra boa atuação) e Davy Klaassen se esforçassem, se movimentassem, pouca coisa acontecia. A Bélgica até rondou mais o gol, mas só mesmo em chutes - Timothy Castagne, para fora, aos 34' - ou até num lançamento não dominado - aos 32', De Bruyne passou por cima, Axel Witsel falhou ao tentar ajeitar, e Pasveer pegou.

A entrada de Taylor ajudou a Laranja a melhorar, depois do intervalo (Pro Shots/IconSport/Getty Images)

Era preciso algo mudar. Na Holanda, mudou levemente já no primeiro tempo, quando Cody Gakpo entrou no lugar de Steven Berghuis, que voltou a sentir as dores nas costas já sentidas contra a Polônia. No segundo tempo, ainda mais: Kenneth Taylor veio para o lugar de Janssen, e aumentou o toque de bola no meio enquanto Gakpo e Bergwijn iam para o ataque, ao passo que Tyrell Malacia foi experimentado no miolo de zaga, tentando fazer a Holanda melhorar no passe e no toque de bola. Melhorou, de fato: já aos 49', Dumfries teve espaço para avançar e quase marcar, em chute cruzado, enquanto Taylor tentou num voleio aos 52', bloqueado por Castagne - no escanteio da sequência, Timber (cada vez mais elogiado na zaga). 

Aí, sim, o jogo ganhou alguma atratividade. De um lado, a Bélgica reagiu, principalmente num chute cruzado de Onana aos 66', bem defendido por Pasveer. Do outro, a velocidade da Holanda aumentou nos contragolpes, e a bola começou a aparecer para Steven Bergwijn, que tentou aos 72', impedido por Courtois. De todo modo, pouco depois, Gakpo cobrou escanteio e Virgil van Dijk cabeceou para fazer 1 a 0. Definitivamente tranquila em termos de classificação às semifinais, a Laranja teve muitas chances para o segundo gol: Bergwijn aos 77', Klaassen aos 87', Bergwijn de novo aos 90'... além do mais, com o trio de zaga totalmente entrosado (e ajudado por Marten de Roon), a Bélgica só assustou aos 78', num arremate diagonal de Castagne. E, principalmente, no que seria um tremendo golaço de Dodi Lukebakio, no último lance do jogo - bicicleta que mandou a bola na trave.

E a Holanda ganhou seu último compromisso antes da estreia na Copa, contra Senegal, em 21 de novembro. Num jogo que valeu pouco, mas valeu. Sendo suficiente para garantir a vaga nos "Quatro Finalistas", ano que vem, como país-sede. Suficiente para manter a invencibilidade desta seleção sob Van Gaal - 15 jogos, 11 vitórias, quatro empates. Suficiente para manter a impressão cada vez mais consistente e promissora que os Países Baixos passam. E por tudo isso, não só suficiente, mas também bom.

Liga das Nações da UEFA - Liga A - Grupo 4

Holanda 1x0 Bélgica

Data: 25 de setembro de 2022
Local: Johan Cruyff Arena (Amsterdã)
Árbitro: Anthony Taylor (Inglaterra)
Gol: Virgil van Dijk, aos 74'

HOLANDA
Remko Pasveer; Jurriën Timber (Stefan de Vrij, aos 65'), Virgil van Dijk e Nathan Aké (Tyrell Malacia, aos 46'); Denzel Dumfries, Steven Berghuis (Cody Gakpo, aos 31'), Marten de Roon e Daley Blind; Davy Klaassen (Ryan Gravenberch, aos 90' + 2); Steven Bergwijn e Vincent Janssen (Kenneth Taylor, aos 46'). Técnico: Louis van Gaal

BÉLGICA
Thibaut Courtois; Zeno Debast, Toby Alderweireld e Jan Vertonghen; Thomas Meunier (Yannick Ferreira-Carrasco, aos 46'), Amadou Onana (Youri Tielemans, aos 75'), Axel Witsel e Timothy Castagne (Dodi Lukebakio, aos 82'); Eden Hazard (Leandro Trossard, aos 64'), Michy Batshuayi (Charles de Ketelaere, aos 46') e Kevin de Bruyne. Técnico: Thierry Henry (auxiliar - Roberto Martínez estava suspenso)

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