domingo, 2 de julho de 2023

Um sinal promissor

Demorou pouco para a seleção feminina da Holanda (Países Baixos) dar a certeza: se despediria bem de seu país, goleando no último amistoso antes da Copa de mulheres (Pro Shots)

A opção por fazer a seleção feminina da Holanda (Países Baixos) jogar com três zagueiras, algo incomum nela até o ano passado. Algumas escolhas polêmicas na convocação para a Copa do Mundo de mulheres, anunciada nesta sexta-feira, como deixar de fora das escolhidas para o ataque nomes jovens de talento, como Fenna Kalma e Romée Leuchter. Por mais que fosse despretensioso, o amistoso de despedida das Leoas Laranjas rumo ao Mundial, em Kerkrade, contra a Bélgica, precisaria de um bom resultado para não aumentar a desconfiança que existe. O bom resultado veio, na forma de uma goleada por 5 a 0, fortalecendo o bom clima na preparação neerlandesa.

A rigor, qualquer temor se acabou logo aos dois minutos. Foi quando Lieke Martens fez 1 a 0, completando cruzamento de Daniëlle van de Donk - com certa colaboração da goleira belga, Nicky Evrard. Na sequência, a Holanda seguiu mostrando boa capacidade ofensiva. Apenas exagerava na quantidade de jogadas pela esquerda, onde jogaram Martens e Esmee Brugts - esta, como a ala desejada pelo técnico Andries Jonker. De todo modo, dava certo. Só que alguns problemas mantinham o sinal de alerta. Como o pênalti perdido, aos 14': após a zagueira Kees colocar a mão na bola, impedindo que ela chegasse antes a Van de Donk, a juíza alemã Angelina Söder marcou o pênalti após a revisão aconselhada pelo VAR. Hora de Stefanie van der Gragt bater, no que seria uma homenagem, no último jogo da zagueira pela seleção em casa (lembrando que Van der Gragt encerra a carreira nos campos nesta Copa). Só que ela bateu mal, e Evrard pegou. Isso, mais o chute de Blom aos 17', passando por cima do gol de Daphne van Domselaar, poderiam abrir a reação da Bélgica.

Não abriram. Porque a medida de Andries Jonker, pelo menos no amistoso, se revelou certeira. Com Sherida Spitse recuada, a zaga da Holanda ganhou em segurança, e até em toque de bola. Além do mais, a firmeza nas divididas e na busca da posse de bola foi maior. Com isso, a seleção da casa continuou a atacar mais, embora seguisse buscando excessivamente a esquerda. E não deveria. Porque foi pela direita, com Victoria Pelova ainda tímida nos 45 minutos iniciais, que surgiu mais um pênalti: após receber de Pelova, Beerensteyn foi derrubada por Féli Delacauw (conhecedora do futebol holandês, por jogar no Fortuna Sittard). Spitse, a cobradora oficial das bolas paradas da Holanda, bateu com competência, fazendo 2 a 0. E a Holanda se tranquilizou de vez, voltando a exibir entrosamento no terceiro gol: Martens cruzou, Beerensteyn bateu forte na grande área.

Victoria Pelova atacou pouco no primeiro tempo. No segundo, resolveu isso, cresceu e fez um belo gol (KNVB Media)

Até mesmo alguns temores, como os de que as alterações previsíveis no segundo tempo tirassem a velocidade da Holanda, foram desmentidos pelo jogo. A concentração continuou, e a superioridade laranja foi até maior - Van Domselaar mal trabalhou. Tudo isso, porque a esquerda do ataque holandês seguiu bem, com as boas atuações de Martens e Brugts. E principalmente, porque Victoria Pelova também cresceu muito nos 45 minutos finais. Tabelando mais com nomes como Jill Roord e Wieke Kaptein (esta entrou depois), a meio-campista transformada em ala chegou muitas vezes ao ataque. Numa delas, fez o gol mais bonito da partida, em jogada individual, enganando Davina Philtjens, sua marcadora na Bélgica, e chutando cruzado com precisão. Se este gol de Pelova foi bonito, o gol que completou a goleada - Katja Snoeijs, provando sua capacidade para colocar a bola na rede - também agradou pela jogada ensaiada: cobrança de falta, bola rolada, Kaptein cruzou, Aniek Nouwen cabeceou na trave, Snoeijs aproveitou o rebote.

É certo que a goleada não significa que a Holanda está pronta para fazer boa campanha em Nova Zelândia/Austrália. O próprio técnico, Andries Jonker, alertou em declarações pós-jogo: "Fomos bons, mas ainda não estamos lá. Foi o suficiente contra a Bélgica, mas precisamos de muito para superarmos países de ponta, como Portugal". Ainda assim, foi um sinal promissor de que a seleção feminina da Holanda, de fato, pode afastar o risco de vexame. Sinal resumido nas palavras do próprio treinador: "Estamos em boa forma, tivemos concentração por mais tempo, e o ritmo aumentou em campo. Isso agrada". Agrada mesmo.

Amistosos

Holanda 5x0 Bélgica
Data: 2 de julho de 2023
Local: Parkstad Limburg (Kerkrade)
Árbitra: Angelina Söder (Alemanha)
Gols: Lieke Martens, aos 2', Sherida Spitse, aos 25', Lineth Beerensteyn, aos 37', Victoria Pelova, aos 62', e Katja Snoeijs, aos 83'

HOLANDA
Daphne van Domselaar; Stefanie van der Gragt (Caitlin Dijkstra, aos 46'), Sherida Spitse e Dominique Janssen (Aniek Nouwen, aos 70'); Victoria Pelova, Jackie Groenen, Daniëlle van de Donk (Damaris, aos 70') e Esmee Brugts; Jill Roord (Wieke Kaptein, aos 70'); Lieke Martens (Renate Jansen, aos 86') e Lineth Beerensteyn (Katja Snoeijs, aos 46'). Técnico: Andries Jonker

BÉLGICA
Nicky Evrard; Janice Cayman (Laura Deloose, aos 76'), Amber Tysiak, Sari Kees e Davina Philtjens (Sarah Wijnants, aos 76'); Vanhaevermaet, Féli Delacauw (Chloe van de Velde, aos 82') e Kassandra Missipo; Elena Dhont (Welma Fon, aos 69'), Jassina Blom (Jill Janssens, aos 69') e Hannah Eurlings (Tine de Caigny, aos 69'). Técnico: Yves Serneels

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