Não, não foi a foto de uma vitória. Mas que a Holanda jogou bem em boa parte do empate contra os Estados Unidos, jogou. E pelo menos, se aguentou na hora da pressão (ANP) |
Pegar a seleção feminina dos Estados Unidos era um desafio traumático para a equipe da Holanda (Países Baixos), nos últimos anos. Mostrar a segurança vista no primeiro tempo do encontro entre ambas, pela segunda rodada da fase de grupos da Copa do Mundo, trouxe a esperança de apagar esses traumas, com o que seria a primeira vitória contra as norte-americanas desde 1996. Só que, no segundo tempo, veio a inferioridade, o empate, o medo de tudo se perder. Medo controlado, ficou uma impressão boa e até tranquila: o 1 a 1 teve momentos bons, momentos ruins, mas a Holanda mostrou valor e fez sua parte naquele que foi considerado um dos melhores jogos da Copa, até agora. No fim, valeu.
Parecia que não ia valer, pelo menos nos 15 primeiros minutos de jogo em Wellington. Jogando lentamente, sem espaço para pelo menos buscar a bola, a Holanda se viu com a temida pressão do ataque dos Estados Unidos. Alex Morgan poderia ter finalizado, aos 3', mas fracassou ao tentar dominar. Pelos lados, tanto Trinity Rodman quanto Sophia Smith superavam Esmee Brugts e Victoria Pelova. E Savannah DeMelo se destacava: forçando erros, dominando o jogo na esquerda, quase fazendo gol aos 9' (desvio na área, para fora). O desastre parecia próximo.
Até Lieke Martens, aos 17', escapar do bote de Andi Sullivan no meio-campo. Passar para Victoria Pelova. Da primeira, ela não conseguiu chutar; da segunda, passou a Jill Roord, que arrematou para fazer o 1 a 0 - após doze anos e duas Copas do Mundo, os Estados Unidos voltavam a estar em desvantagem no placar. Foi a senha para a Holanda crescer no jogo. Não só na frente, em que Martens começou a aparecer como havia tempos não aparecia, além de Roord aparecer bastante (até para compensar a atuação muito decepcionante de Katja Snoeijs, sem aproveitar a chance com a ausência da machucada Lineth Beerensteyn, sem participar). Mas também atrás, com Jackie Groenen seguindo incansável nos desarmes, além da atenção notável de Sherida Spitse e Stefanie van der Gragt no miolo de zaga, compensando os erros aqui e ali. A posse de bola era mantida sem desespero. A Holanda voltava a passar uma impressão segura. A façanha parecia próxima.
Só que Van der Gragt, golpeada involuntariamente pela cabeça de Julie Ertz num escanteio, precisou ser substituída - "quando um médico fala que a jogadora precisa ser substituída imediatamente, eu preciso respeitar", descreveu o técnico Andries Jonker após a partida. Sua substituição, por Aniek Nouwen, já abaixava bastante o nível da defesa holandesa ("Nouwen foi aceitável, mas é um mundo de diferença em relação a Van der Gragt", reconheceu Jonker). Paralelamente, nos Estados Unidos, Rose Lavelle veio a campo. E sua presença voltou a tornar o USWNT dominante no setor, segurando mais a posse de bola.
Daí decorreu o melhor começo norte-americano. Pela esquerda, Smith começou a ter mais espaço para avançar - e mais velocidade, nas trocas de passes com Lindsey Horan (também crescendo na partida). Algo desestruturada, a Holanda foi punida pelo gol de Horan, aos 62', na desatenção de um escanteio. Com Janssen e Nouwen sem se entenderem (e Spitse sobrecarregada), a desorganização só não deixou resultados piores porque Alex Morgan, de fato, estava impedida no gol anulado que fez, três minutos depois. Contudo, mesmo escapando, a Holanda precisava de mudanças.
Andries Jonker começou com elas, trazendo Damaris Egurrola, que até trouxe mais equilíbrio no meio-campo. Só que a equipe laranja voltou a trazer ecos de um período frágil: nos cerca de vinte minutos finais, não conseguia dominar um rebote, não conseguia um contra-ataque, sofria tentando se segurar - com a exceção quase honrosa de um avanço em que Roord cruzou e Brugts teve o chute interceptado por Ertz, aos 79'. As entradas de Casparij e Renate Jansen, nos minutos finais, tinham exatamente essa intenção: segurar mais a bola.
Enfim, a Holanda conseguiu. Se não venceu, manteve as chances de terminar com a primeira posição do grupo. A tranquilidade de todos quantos foram entrevistados - Roord, Van de Donk, Spitse, o próprio Andries Jonker - deixou claro que o empate foi visto como um resultado válido, tendo em vista que a partida contra o Vietnã tende a ser mais amena do que o jogo altamente competitivo desta quarta-feira (quinta, na madrugada dos Países Baixos). A Holanda pode não ter recuperado o respeito total de quem acompanhe a Copa, mas teve exatamente o que Roord descreveu em suas palavras: "Um bom sentimento para o resto da Copa".
Copa do Mundo Feminina da FIFA 2023 - fase de grupos - Grupo E
Estados Unidos 1x1 Holanda
Data: 26 de julho de 2023
Local: Estádio Regional (Wellington)
Juíza: Yoshimi Yamashita (Japão)
Gols: Jill Roord, aos 17', e Lindsey Horan, aos 62'
Holanda
Daphne van Domselaar; Sherida Spitse, Stefanie van der Gragt (Aniek Nouwen, aos 46') e Dominique Janssen; Jackie Groenen; Victoria Pelova (Kerstin Casparij, aos 87'), Jill Roord (Renate Jansen, aos 90' + 3), Daniëlle van de Donk e Esmee Brugts; Katja Snoeijs (Damaris Egurrola, aos 70') e Lieke Martens. Técnico: Andries Jonker
Data: 26 de julho de 2023
Local: Estádio Regional (Wellington)
Juíza: Yoshimi Yamashita (Japão)
Gols: Jill Roord, aos 17', e Lindsey Horan, aos 62'
Holanda
Daphne van Domselaar; Sherida Spitse, Stefanie van der Gragt (Aniek Nouwen, aos 46') e Dominique Janssen; Jackie Groenen; Victoria Pelova (Kerstin Casparij, aos 87'), Jill Roord (Renate Jansen, aos 90' + 3), Daniëlle van de Donk e Esmee Brugts; Katja Snoeijs (Damaris Egurrola, aos 70') e Lieke Martens. Técnico: Andries Jonker
Estados Unidos
Alyssa Naeher; Crystal Dunn, Julie Ertz, Naomi Girma e Emily Fox; Savannah DeMelo (Rose Lavelle, aos 46'), Lindsey Horan e Andi Sullivan; Trinity Rodman, Alex Morgan e Sophia Smith. Técnico: Vlatko Andonovski
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