quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

O PSV faz o que pode

O Atlético teve mais chances de vencer. Mas o PSV se esforçou para segurá-lo. É o que resta (Maurice van Steen/VI Images)
O fato simbólico de como o PSV está encarando os jogos contra o Atlético de Madrid, pelas oitavas de final da Liga dos Campeões, veio aos 20 minutos do segundo tempo da partida desta quarta, em Eindhoven. Naquela altura da partida, o Atleti já começava a exibir a maior força ofensiva. Todavia, não era nada que exigisse do time da casa permanência na defesa. Ainda assim, Phillip Cocu fez a primeira alteração, colocando Nicolas Isimat-Mirin na zaga, no lugar de Luciano Narsingh. Desde então, o 4-3-3 comum dos Boeren transmutou-se num 5-3-2.

Parecia exagero. Que as circunstâncias converteram numa escolha previdente. Afinal, três minutos depois de Isimat-Mirin entrar em campo, Gastón Pereiro levou o segundo cartão amarelo e foi expulso (expulsão justa: na dividida aérea com o compatriota Diego Godín, o atacante uruguaio exagerou no uso do braço). A partir daí, só restou aos PSV'ers concentrarem-se na contenção das tentativas colchoneras de chegar ao gol. E se Jan Oblak, goleiro do time espanhol, já não tinha trabalhado muito na etapa final, só voltaria a se assustar aos 42 minutos, quando Maxime Lestienne, recém-entrado na vaga de Jürgen Locadia, chutou por cima, na área.

Por aí, nota-se como o PSV assumiu sem pudor a sua inferioridade técnica perante o Atlético de Madrid. E é justo que o tenha feito: liderar a Eredivisie é uma coisa, jogar pela Liga dos Campeões é outra. A diferença de nível técnico é notável, e isso se comprovou no primeiro tempo. Já naturalmente enfraquecida pela ausência do suspenso Luuk de Jong, a escalação ainda mostrou um erro de Cocu: achar que Pereiro serviria como uma referência razoável no meio da área. 

Para tal papel, conviria mais experimentar Locadia, que até começou entre o time de cima como finalizador. Tanto que o único arremate dos Eindhovenaren contra o gol de Oblak em toda a partida, aos 31 minutos do primeiro tempo, veio justamente quando Pereiro saiu do  meio da área e iniciou jogada pelo setor em que rende melhor: na direita, driblando dois e deixando a bola para que Davy Pröpper exigisse a defesa do goleiro adversário, em chute forte.

Além do mais, a equipe de Madri já comprovara sua superioridade técnica, criando mais quando tinha a bola nos pés. Jogando compactada, com a unidade elogiada por Cocu na entrevista coletiva da terça ("Raramente o time deixa algo solto em campo. O que um jogador faz, o time inteiro faz"), a defesa impedia o PSV de pensar em seus contragolpes vigorosos: só mesmo avanços infrutíferos de Santiago Arias e Locadia, pela esquerda, e Narsingh, pela direita, mostravam algum projeto ofensivo.

E o meio-campo dos Colchoneros nem precisava de uma jogada elaborada: só com lançamentos, Saúl Ñiguez e Gabi deixavam os atacantes em boas condições. Assim foi aos três minutos da etapa inicial, quando Luciano Vietto teve ótima chance para abrir o placar, ou aos 29, quando foi a vez de Antoine Griezmann quase fazer 1 a 0. Aí, o PSV pôde se valer de uma de suas qualidades: o crescimento dos jogadores de defesa. Na chance de Vietto, a bola foi tirada em cima da linha por Jeffrey Bruma (cada vez melhor no tempo de bola: raramente se atrasa nos desarmes); e Griezmann teve o gol impedido por ótima saída de Jeroen Zoet, que fechou bem o ângulo, com a bola batendo nele. De quebra, no segundo tempo, Zoet ainda defendeu bem arremate de Fernando Torres.

E o empate sem gols foi um resultado dúbio. Se tivesse sido obtido no Vicente Calderón, seria um resultado admirável para o PSV. Como foi no Philips Stadion, em casa, o 0 a 0 foi apenas razoável e elogiável - sem contar que a inatividade ofensiva mostrada foi preocupante. Mas Phillip Cocu elogiou nas declarações pós-jogo: "Eu já tinha dito que se empatássemos sem gols em casa, teríamos um bom resultado. Temos algo a buscar em Madri, algo pelo que jogar". De fato, se a esperança de estar nas quartas de final é minúscula, não se pode negar que o PSV faz o que consegue na competição continental. Esforço não tem faltado.

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