terça-feira, 4 de setembro de 2018

A perigo

Um ponto bastaria para levar a Holanda à Copa feminina. Mas a falha veio no jogo final: restou o lamento a Martens e Van Lunteren, que esperam pela repescagem (ANP)
O título na Euro 2017 foi o mais importante passo dado para tentar popularizar o futebol feminino na Holanda. O bom trabalho da federação feminina e a boa qualidade da seleção recebiam, com ele, um impulso gigante. Que foi mantido com a sequência dos fatos: Lieke Martens eleita a melhor jogadora do mundo segundo a FIFA em 2017, Sarina Wiegman eleita a melhor treinadora na mesma ocasião, a boa campanha durante as Eliminatórias da Copa de 2019. Só faltava uma coisa para coroar tudo isso: vencer ou mesmo empatar com a Noruega, em Oslo, na última rodada, nesta terça, para terminar o grupo 3 da qualificação na primeira posição, assegurando a vaga no Mundial do ano que vem. Pois foi justamente nesta importante ocasião que as Leoas falharam. E perderam por 2 a 1, indo para a repescagem e deixando todo esse processo de popularização a perigo.

A derrota se deu, basicamente, por dois motivos. Um mais antigo: o empate com a Irlanda, sem gols, em casa, na terceira rodada, ainda no ano passado. Por mais que as Leoas fizessem campanha quase perfeita (não haviam tomado gols, antes da derrota final, com seis vitórias e um empate), deixava a necessidade de vencer na última rodada, fora de casa, as norueguesas - tradicionalíssimas no futebol feminino, campeãs mundiais em 1995. Pois elas aproveitaram o segundo motivo para a vitória que as levou a mais uma participação em Copas femininas: a ausência de Stefanie van der Gragt, lesionada. A zagueira fez falta, pelo porte físico imponente e pela garra que normalmente exibe em suas atuações.

Aí, a Noruega se preparou para jogar tudo nos primeiros minutos de jogo na Infinity Arena, em Oslo. Bastou: logo aos 6', Maren Mjelde driblou Lieke Martens e lançou a bola para Ingrid Engen abrir o placar. Mais um minuto, e já estava 2 a 0 para as anfitriãs: Isabell Herlovsen completou para as redes. Martens reconheceu: "Já esperávamos pela pressão tempestuosa, mas não soubemos manter o controle". Pior: a seleção holandesa parecia confusa, e houve chance até para o terceiro gol. O que se manteve de habitual na seleção feminina foi a luta. Por causa dela, ainda no primeiro tempo, veio o único gol laranja: aos 31 minutos, Anouk Dekker lançou Vivianne Miedema, que fez seu 51º gol pela seleção (são só oito abaixo de Manon Melis, goleadora máxima das Leoas Laranjas). Logo depois, quase veio o empate, em boa defesa da goleira norueguesa, Ingrid Hjelmseth.

No segundo tempo, a pressão continuou. As entradas de Jill Roord e Lineth Beerensteyn ampliaram a ofensividade, junto às titulares absolutas Shanice van de Sanden e Miedema (sem contar Martens). A experiente Sherida Spitse chegou até a mandar bola na trave. Mas não houve como empatar: a Noruega comemorou a vitória no grupo 3, na última rodada. E as holandesas amargaram um resultado desagradabilíssimo. A única a manter alguma esperança foi Sarina Wiegman: "Estamos todos muito tristes, mas sabemos que ainda temos chance. Amanhã é outro dia, e veremos o que fazer".

Será bem necessário saber o que fazer na repescagem, de fato. Porque as outras três seleções oferecem dificuldade no mata-mata. Há a Suíça, menos falada; a Bélgica, que ofereceu dificuldades às rivais holandesas na primeira fase da Euro; e acima de todas, a Dinamarca, derrotada na decisão continental, com sede de vingança - e agora tendo Pernille Harder, a melhor do futebol feminino na Europa em 2017/18. Além de todas essas adversárias, a pressão holandesa aumenta por saber que uma vaga na Copa não é só uma vaga na Copa. É também manter a constante evolução do futebol feminino no país.

Nenhum comentário:

Postar um comentário