sábado, 13 de outubro de 2018

E como deu!

A comemoração de Wijnaldum (à esquerda) e Memphis Depay é a comemoração de toda a torcida da Holanda: que grande vitória! (ANP)
Havia certa confiança no que a seleção da Holanda poderia fazer, contra a Alemanha, em sua segunda partida pela Liga das Nações da UEFA. Claro que o segundo tempo contra a França dera a esperança de que o caminho a seguir fora encontrado pelos jogadores da Laranja. No entanto, ainda havia certo ceticismo no ar. Por isso, o blog terminou o texto pré-jogo perguntando: será que agora dava para a Oranje conseguir uma vitória digna de nota? Os noventa minutos na Johan Cruyff Arena, neste sábado, responderam euforicamente: como dava! O primeiro triunfo holandês sobre a Mannschaft desde 20 de novembro de 2002 foi inquestionável.

Jogando de modo inesperadamente ofensivo com o 4-3-3 velho de guerra, a Holanda começou a mostrar que traria perigo no ataque já aos dois minutos: Steven Bergwijn (um dos estreantes) tocou, e Memphis Depay (circulando mais pela frente, como "falso 9") só não finalizou porque Manuel Neuer antecipou bem sua saída de gol. Só que a defesa ainda estava exposta - e nela, Matthijs de Ligt ainda estava lento demais nos minutos iniciais, cometendo erros (como aos 17 minutos, quando foi superado facilmente por Timo Werner, na direita). No meio-campo, Frenkie de Jong ainda ajudava, ao seguir Toni Kroos quando os holandeses não tinham a bola. Mas perto da área, a coisa ficava mais perigosa. 

Só não houve complicações para a Holanda nesse momento inicial porque Denzel Dumfries justificou a escalação como titular, logo em sua primeira convocação. Na falha de De Ligt, o próprio lateral evitou a finalização de Werner. E além de ser preciso nos carrinhos defensivos, o lateral do PSV também foi veloz nos avanços, oferecendo constante opção de ataque. Numa posição ainda sem nome certo nas escalações de Koeman (Kenny Tete? Timothy Fosu-Mensah? Hans Hateboer?), a atuação de Dumfries certamente o tornou um nome a ser mais observado. Pode conquistar a vaga, se continuar bem pelo seu clube como está. No entanto, não havia Dumfries que conseguisse afastar de vez os perigos da Alemanha, expressados principalmente no chute de Thomas Müller aos 18 minutos e no arremate de Mark Uth, no minuto seguinte, ambos defendidos por Jasper Cillessen.

Com a maior posse de bola alemã, a Holanda estava sem espaços, e precisava de uma chance de gol. Ela veio num escanteio, e Van Dijk aproveitou (Tom Bode/VI Images)
O jogo ainda estava lento, não era uma pressão daquelas irrespiráveis, mas a Holanda precisava reagir. Frenkie de Jong e Georginio Wijnaldum tentavam criar jogadas, Memphis Depay circulava e queria jogo, Bergwijn ajudava, Ryan Babel se mostrava dedicado na esquerda (voltando para ajudar na marcação e chegando na frente)... mas faltava a grande chance. A Alemanha não dava espaços. Restava apostar nas bolas paradas. E aos 30 minutos, num escanteio, com má saída de gol de Neuer, enfim veio a chance para o primeiro gol. E Virgil van Dijk - que atuação! - a aproveitou. O gol aumentou a confiança da equipe, que quase fez 2 a 0 aos 34 minutos, num cruzamento de Dumfries que passou por Babel e foi afastado por Matthias Ginter. A vantagem holandesa era momentânea, mas animadora. 

Todavia, tal vantagem passaria por um duro teste no segundo tempo. A Alemanha precisava fortalecer seu ataque, porque Mark Uth tivera poucas chances, e faltara rapidez a Thomas Müller. Mas a princípio, não faltavam opções para os visitantes pressionarem mais na Johan Cruyff Arena. Isso já começou aos 47', quando Timo Werner cruzou, e só a antecipação de Daley Blind impediu a finalização de Uth, antes da defesa de Cillessen. O técnico Joachim Löw usou essas opções, com as entradas de Julian Draxler e, principalmente, de Leroy Sané, aos 57'. Com segundos em campo, ambos participaram de uma chance - Sané na triangulação, Draxler chutando para fora. Aos 65', Sané teve a grande oportunidade para empatar: seu toque na saída de Cillessen passou rente à trave.

Era uma aposta da Holanda: esperar a Alemanha e apostar nos espaços para os contra-ataques. Até por isso, as entradas de Quincy Promes e Arnaut Danjuma Groeneveld, mais descansados. Só que o perigo de empate alemão ficou grande, na metade da etapa final. E a Laranja perdia as chances que tinha para fechar o jogo - como aos 76', quando Memphis finalizou para boa defesa de Neuer, e aos 80', em arremate de Wijnaldum para fora. Até que, aos 87', enfim o camisa 10 fez o gol, completando contra-ataque para coroar uma atuação que mostra o que Memphis Depay pode representar para esta seleção holandesa, se estiver sempre veloz. Se o terceiro gol não veio no forte chute de Depay,  já nos acréscimos, veio na jogada individual de Wijnaldum, aos 90' + 2 - outro prêmio para outra ótima atuação. De quebra, era simplesmente a maior margem pela qual a Holanda vencia a Alemanha, nos 41 jogos entre a s seleções até hoje - nunca houvera vitória holandesa por três ou mais gols.

Enquanto Joachim Löw se preocupa mais e mais na Alemanha, Ronald Koeman sabe: a Holanda sacudiu a poeira e está pronta para continuar (Maurice van Steen/VI Images)
Enfim, a Holanda podia comemorar: conseguira uma vitória para se impor, para comprovar a reação que vive, para massagear um ego tão machucado. Ronald Koeman reconheceu, na entrevista à NOS, emissora pública holandesa: "A vitória era muito necessária. Não só para os jogadores nem só para o técnico, mas para toda a Holanda. Estávamos no começo, e agora já demos um passo adiante. Podemos nos orgulhar". E ainda se valeu das boas atuações de estreantes como Dumfries e Bergwijn para ousar: "Imaginando o que pode vir daqui a quatro anos, vejo um futuro muito positivo para a seleção holandesa".

É cedo para dizer que a Holanda plenamente forte está de volta. Nada impede que haja derrotas para a França. Nem mesmo que haja derrota no amistoso da próxima terça, contra a Bélgica, quando mais experiências serão feitas. Mas os traumas dos últimos anos estão definitivamente superados. Agora, a Holanda pode seguir em frente. Sabe que tem futebol para superar seleções do seu tamanho.

Liga das Nações da UEFA - Liga A - Grupo 1
Holanda 3x0 Alemanha
Data: 13 de outubro de 2018
Local: Johan Cruyff Arena (Amsterdã)
Árbitro: Cüneyt Çakir (Turquia)
Gols: Virgil van Dijk, aos 30'; Memphis Depay, aos 87', e Georginio Wijnaldum, aos 90' + 2

Holanda
Jasper Cillessen; Denzel Dumfries, Matthijs de Ligt, Virgil van Dijk e Daley Blind; Georginio Wijnaldum, Marten de Roon e Frenkie de Jong (Nathan Aké); Steven Bergwijn (Quincy Promes), Memphis Depay e Ryan Babel (Arnaut Danjuma Groeneveld). Técnico: Ronald Koeman

Alemanha
Manuel Neuer; Matthias Ginter, Jérome Boateng, Mats Hummels e Jonas Hector; Joshua Kimmich; Thomas Müller (Julian Draxler), Emre Can (Leroy Sané), Toni Kroos e Timo Werner; Mark Uth (Julian Brandt). Técnico: Joachim Löw

4 comentários:

  1. Bom dia Felipe! Acredito que a Holanda reencontrou o seu espaço no cenário do Futebol Internacional no qual havia perdido há 4 anos. R.Koeman pelo grandíssimo jogador que foi está dando uma nova cara para a Oranje. A defesa está bem formada com Cilessen no gol, Van Dick liderando a zaga ao lado da revelação do Ajax M. De Light e desde os tempos da ótima dupla F.de Boer e J.Stam, que a Holanda não tem uma defesa de confiança e parece que a agora vai. O garoto do PSV Denzel Dumfries foi muito bem na sua estréia contra a Alemanha e Blind parece que reencontrou o seu bom futebol, pois vem jogando bem pelo Ajax. Frenkie de Jong é um grande jogador, muito jovem ainda, mas tem muita inteligência pra jogar, um jogador versátil e com muita qualidade técnica tanto que o Barcelona já está de olho nele. De Room foi a grande surpresa contra os alemães ajudando a defesa e firme nas roubadas de bolas como no lance do terceiro gol. Wijnaldum um bom jogador e que há tempos vem sendo convocado, tem um bom passe e chega bem ao ataque. M.Depay vem se firmando como o grande jogador de ataque da Holanda e agora confirma a promessa que era nos tempos de PSV. S.Bergwijn e R.Babel fizeram também uma boa partida contra a Alemanha.Outros também que iriam entrar para somar neste time seriam: D. van de Beek bom jogador do Ajax e que tem facilidade de chegar ao ataque para a conclusão das jogadas. J. Kluivert da Roma há muito tempo clama por seu espaço. Steven Berghuis do Feyenoord é um outro jogador que poderia contribuir para a Oranje, um jogador canhoto de muita qualidade técnica e desde os tempos de V.der Vaart a Holanda não tem um jogador nesse estilo.
    Obs: Uma coisa que me preocupa na Seleção Holandesa, no momento é a Holanda não tem mais aquele homem gol como nos tempos de Van Basten, Bergkamp, Kluivert, Van Nistelrooy, R.Makaay e recentemente Van Persie.
    Luuk de Jong do PSV pode ser esse homem gol e o Robben tem alguma possibilidade de voltar para liderar este jovem elenco da Holanda?
    Obs: E vale a pena destacarmos o ressurgimento do Ajax no cenário internacional e a força atual do PSV. Ajax: Vice-Campeão da Europa League 2016-2017 e vem jogando muito, atropelou o AEK Atenas na primeira rodada da Champions 2018-2019 e na segunda rodada poderia ter saído de Munique com os três pontos, pois durante os 90 minutos foi superior ao Bayern. Detalhe: neste jogo F. De Jong não estava em campo. Já o PSV de Mark. Van Bohmel lidera indiscutivelmente a Eredivisie com uma campanha arrasadora 8 vitórias em 8 jogos. Poderia ter tido sorte melhor na Champions, mas fora goleado pelo Barcelona na primeira rodada e teve a infelicidade de perder em casa pra Inter com falha da defesa e do goleiro Zoet. Pena que o Feyenoord deu uma caída após a brilhante conquista da Eredivisie 2016-2017.

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    1. Caro Walber, respondo às suas perguntas:

      - Por enquanto, não, Luuk de Jong não pode ser esse "homem-gol". Primeiramente, porque Ronald Koeman tem preferido um ataque mais rápido (até por isso, Memphis Depay jogando no meio da área). Em segundo lugar, porque falta esse "homem-gol" à Holanda, de fato. Luuk está bem no PSV, mas a Eredivisie não tem um nível técnico alto; Vincent Janssen tem decepcionado desde que saiu do AZ; Bas Dost não quer mais ser convocado; enfim, a crise na posição é tamanha que há até quem sugira a convocação de Van Persie e Huntelaar. Vai que...

      - Não. Não há a menor chance de Robben voltar.

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  2. Walber Henrique foi brilhante em sua analise....eu quero ver um futebol holandês forte e com um grande futebol.

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  3. Felipe primeiramente parabéns pelo seu trabalho. Sou seu fã. A vitória de ontem foi marcante. A oranje quebrou um tabu gigantesco e deixou todos nós que gostamos da camisa laranja muito felizes.

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