terça-feira, 16 de outubro de 2018

No caminho certo

Danjuma, o gol no segundo jogo; Memphis Depay (de frente), mostrando o protagonista que pode ser; a Holanda segue ascendente (Koen van Weel/ANP)
Antes mesmo da vitória animadora contra a Alemanha, o técnico Ronald Koeman já sinalizava: o amistoso desta terça, contra a Bélgica, em Bruxelas, seria destinado mais a experiências do que à busca do resultado. Ou seja, não se deveria esperar uma Laranja voluptuosa como se viu no sábado passado. Talvez, nem uma derrota fosse tão surpreendente assim - afinal, não bastasse a histórica rivalidade regional, os Diabos Vermelhos é que chegaram ao terceiro lugar na Copa passada, não a Holanda. Ainda assim, o empate em 1 a 1 deu razões para que o otimismo com a seleção continuasse, por parte de imprensa e torcida.

É bem verdade que, quando a partida começou no estádio Rei Balduíno, o temor foi grande de ver que a Oranje ainda continuava passos atrás. A própria jogada do gol de Dries Mertens, aos cinco minutos, mostrou como o lado esquerdo holandês estava frágil: Eden Hazard passou facilmente por Kevin Strootman, Arnaut Danjuma Groeneveld não conseguiu voltar a tempo, e Nathan Aké ficou indefeso. Hazard cruzou, Matthijs de Ligt ainda rebateu, mas Mertens fez 1 a 0 com um fortíssimo chute. 

De resto, a Bélgica tinha mais posse de bola, impunha seu domínio, quase marcava mais gols (como no cabeceio de Romelu Lukaku, aos 14'), não deixava a Holanda respirar. Só restava à equipe visitante se defender, com cinco nomes - graças aos recuos constantes de Daley Blind, do meio para o miolo de zaga, ajudando De Ligt e o hoje titular Stefan de Vrij. De fato, Blind esteve correto em suas palavras à emissora NOS: "Pelos primeiros 25 minutos, temos muito a melhorar".

Daley Blind se livrou com dificuldades de Mertens. E a Holanda se recuperou da Bélgica após dificuldades (Pim Ras)
Passado o começo ruim, enfim, a Holanda conseguiu o espaço para atacar. Começou a avançar, se valendo de outra boa atuação de Memphis Depay, novamente como "falso 9", sendo parceiro constante para Quincy Promes e Danjuma Groeneveld, escalados no ataque. Foi assim que veio a primeira chance - aos 22', quando Memphis passou e Promes concluiu para a defesa de Simon Mignolet. Foi assim que veio o gol, aos 27': num erro de passe de Timothy Castagne (estreante na Bélgica), Donny van de Beek passou a Memphis, que conduziu até o passe em profundidade que deixou Danjuma Groeneveld livre para seu primeiro gol pela seleção, após duas partidas - . Foi assim que, aos 33', Promes quase virou o jogo, num chute cruzado que mandou a bola na trave.

No segundo tempo, com várias alterações de parte a parte, era de esperar uma queda de ritmo. No começo, a Holanda sofreu mais: ainda se acostumando às entradas de Hans Hateboer na lateral direita e à mudança de esquema com a estreia de Pablo Rosario (Blind vindo de vez para a zaga, Rosario no meio, equipe indo de vez para o 4-3-3), a Bélgica teve chances de gol, com Michy Batshuayi e Youri Tielemans. Aos 53', em cabeceio de Batshuayi, Jasper Cillessen fez boa defesa.

Já mais acostumada às mudanças, a Holanda voltou a atacar, na fase final do jogo. Quase virou o placar, com Memphis Depay (aos 75', chute tirado na pequena área) e em sequência (chute de Steven Bergwijn desviado para escanteio aos 78', cabeceio de Nathan Aké defendido por Mignolet aos 79'). Não deu para tirar o 1 a 1 do placar. Mas se o objetivo era usar o amistoso para testar, deu certo - todos os jogadores de linha convocados tiveram minutos em campo, nessas duas datas FIFA.

E o empate agradou. A Holanda seguiu mais ativa em campo, e seguiu esforçada - saiu atrás, mas novamente buscou o resultado (só perdeu um jogo em que levou 1 a 0, dos últimos cinco). Já serviu para que Ronald Koeman mostrasse mais otimismo, na entrevista coletiva após o jogo: "Agora, há uma base. No mês que vem, pela Liga das Nações, teremos a França em casa, e a Alemanha, fora. Muita gente pensou que só conseguiríamos um ponto nesse grupo, mas já conseguimos três, e vamos em busca de mais. O mais importante: se ganharmos três ou mais pontos, seremos cabeças-de-chave nas eliminatórias da Euro".

Mas foi Memphis Depay, talvez o grande símbolo destas animadoras partidas da seleção holandesa, quem resumiu a sensação: "Não podemos mais andar para trás. Achamos o caminho, e só pode melhorar". Preciso: a Holanda mostrou que está no caminho certo.

Amistoso
Bélgica 1x1 Holanda
Data: 16 de outubro de 2018
Local: Rei Balduíno (Bruxelas)
Árbitro: Artur Soares Dias (Portugal)
Gols: Dries Mertens, aos 5'; Arnaut Danjuma Groeneveld, aos 27'

Holanda
Jasper Cillessen; Denzel Dumfries (Hans Hateboer), Matthijs de Ligt (Pablo Rosario), Stefan de Vrij e Nathan Aké; Kevin Strootman (Luuk de Jong), Daley Blind e Donny van de Beek (Tonny Vilhena); Quincy Promes (Steven Bergwijn), Memphis Depay e Arnaut Danjuma Groeneveld (Patrick van Aanholt). Técnico: Ronald Koeman

Bélgica
Simon Mignolet; Toby Alderweireld, Dedryck Boyata e Jason Denayer; Nacer Chadli, Youri Tielemans (Yannick Ferreira-Carrasco), Axel Witsel e Timothy Castagne (Thomas Meunier); Dries Mertens (Dennis Praet), Romelu Lukaku (Michy Batshuayi) e Eden Hazard (Thorgan Hazard). Técnico: Roberto Martínez

2 comentários:

  1. Importantíssimo esse trabalho de renovação que R.Koeman vem fazendo com a Holanda e tenho confiança que brevemente a Holanda voltará a exercer o seu protagonismo no futebol. O que falta no momento na Holanda é um atacante de área goleador e no momento uma possível volta de Van Persie poderá preencher essa lacuna. Do mais o time com R.Koeman está bem organizado e diante da rival Belgica mesmo com várias mudanças a Holanda poderia sim ter sido a vencedora em campo.Este uniforme que a Holanda jogou hoje (16/10/2018) contra a Bélgica me lembra em muito o uniforme reserva que a Oranje jogou na Euro 2008 e que por sinal as cores são belíssimas. Mas, se fosse pra escolher entre este e o da Euro 2008 eu ficaria com o da Euro 2008 (pessoal). Aquela Euro 2008 foi especial pra mim, mesmo a Holanda tendo ficado pelo caminho mais uma vez, este foi o meu último encanto por uma seleção que vi jogar e da qual tenho enorme admiração e torço desde 1998. A Holanda treinada pela lenda Marco Van Basten e que ressurgira após a derrota na Copa de 2006 na Batalha de Nuremberg praticou um belíssimo futebol na Euro 2008.Era um time muito ofensivo e que ficou marcado por massacrar os seus adversários e parecia que estávamos vendo a volta do Carrossel Holandês.Van Basten. Detalhe: Até o narrador Éder luis da TV Record ficou alucinado da maneira em que a Holanda jogava. Lembro que a Holanda caíra no chamado "grupo da morte" (Itália, França, Holanda e Romênia).Primeiro veio a Itália, recém campeã do Mundo em 2006 e tomou um baile de 3x0 com grande atuação da Holanda. Depois veio a França, vice-campeã do Mundo em 2006 e tomara também um baile de 4x1 e mais uma grande atuação dos holandeses. Destaques para o terceiro gol da Holanda do Robben,um golaço que nem ele acreditou que a bola entrou ( vale a pena ver a comemoração) e o outro uma obra prima de Sneidjer -depois de uma linda trama de jogada do ataque holandês, Sneidjer girou pra cima do seu marcador e colocou no ângulo de Coupet fazendo um lindo gol.Depois veio a Romênia de A.Mutu e deu Holanda mais uma vez 2 x0 e classificação assegurada para as quartas de finais com 100% de aproveitamento na primeira fase. Mas veio a Rússia de Guus Hiddink, competente treinador e notável conhecedor do futebol holandês. Hiddink treinara a Holanda na Copa de 1998 e que por sinal a verdadeira final daquela Copa era pra ser entre França x Holanda. A Rússia de G.Hiddink tinha um bom time, mas valeu de mais da sorte de ter um endiabrado Arshavin em seu elenco e que sepultou de vez o sonho da Holanda conquistar o Bi da Euro em 2008. Placar final: Holanda 1 x 3 Rússia (prorrogação).Muitos da imprensa já davam aquela Holanda como favorita de conquistar a Euro de 2008 e a sua queda foi muito lamentada e uma das razões para aquela traumática derrota que neste ano de 2018 fizera 10 anos são: A ausência do experiente craque Seedorf, "a armadilha" G.Hiddink, a defesa Holandesa com Mathijsen e Heitinga que não passava total confiança,o drama pessoal vivido por Boulahrouz , a ausência do bom volante Van Bohmel e o fato de no jogo mais decisivo diante dos russos o craque Robben não entrar em campo, o que ninguém entendeu, pois Van Basten preferiu optar pelo êfemero Affelay.A Holanda na UEFA Euro 2008: Van der Sar, Mathijsen , Heitinga,Boulahrouz, Gio, De Jong, Engelaar Van der Vaart, Sneidjer, Kuyt, Robben, Van Persie, Van Nistelrooy, Maarten Stekelenburg, De Cler, Bouma, Ooijer,Melchiot, Afellay, Babel, Demy de Zeeuw, Huntelaar, Jan Vennegoor of Hesselink e Timmer)

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