A Holanda ganhou algum otimismo. Tentará justificá-lo, no amistoso contra a Bélgica e principalmente na segunda partida pela Liga das Nações da UEFA, contra a Alemanha (ANP) |
Por mais que ainda esteja em pleno caminho de recuperação, a seleção da Holanda terminou as datas FIFA passadas com uma impressão otimista. Houve a vitória contra o Peru, no amistoso da despedida de Sneijder. E mesmo com a derrota na estreia pela Liga das Nações da UEFA, contra a França, a atuação razoável no segundo tempo deu a impressão de que a Laranja tem uma equipe mais capaz de crescer em campo. É exatamente para consolidar essa impressão que a Oranje tentará bons resultados contra a Alemanha, neste sábado, em Amsterdã, na segunda partida pela Nations League, e contra a Bélgica, em amistoso na próxima terça.
E mesmo se ainda há problemas a corrigir, a convocação de 25 jogadores feita por Ronald Koeman (caíram para 24 com a lesão que forçou o corte de Davy Pröpper) mostra, enfim, algumas mudanças pedidas pela torcida. Para princípio de conversa, claro, a inclusão de Steven Bergwijn, que segue muito bem no PSV, e já fora a ausência mais lamentada na convocação passada. Foi ainda melhor recebida por torcida e imprensa a lembrança de Pablo Rosario, muito firme no meio-campo do time de Eindhoven, um dos destaques do excepcional início de temporada dos Boeren no Campeonato Holandês. Por sinal, Koeman comentou sobre Rosario, na primeira entrevista coletiva: "Ele cumpre um importante papel como volante no PSV, e quer continuar assim. Precisamos de jovens que desejem jogar".
Danjuma Groeneveld conseguiu a primeira chance na seleção adulta holandesa - e não quer largá-la (ANP) |
Outra mudança bastante comentada veio no ataque, com a primeira convocação da carreira de Arnaut Danjuma Groeneveld, que começou bem a temporada pelo Club Brugge, na Bélgica. Otimista, o holandês nascido na Nigéria (ainda pode escolher a seleção africana) chegou amparado pelo belo gol marcado na Liga dos Campeões: "Sempre sou alguém que procura por novos desafios, e este é um belo exemplo. Espero não ter vindo só uma vez, não quero ser jogador de um dia só". Por mais que seja difícil imaginar Danjuma Groeneveld sendo titular, Ronald Koeman também sinalizou que dará chances ao atacante que despontou no NEC, da segunda divisão holandesa: "Pode ser que ele jogue alguns minutos, mas vai depender dos próximos dias".
Será bom. Porque se em alguns setores da seleção Koeman já está seguro de quem pode escalar (Jasper Cillessen no gol, Matthijs de Ligt e Virgil van Dijk na zaga, Georginio Wijnaldum no meio-campo), o ataque ainda deixa demais a desejar. Bergwijn e Danjuma Groeneveld são as novidades; Memphis Depay, Quincy Promes e Ryan Babel são os habituais; Luuk de Jong é o reserva a postos; e nenhum deles atrai a confiança plena da torcida quando o assunto é colocar a esférica no filó adversário. Por sinal, Memphis Depay reconheceu que não tem rendido bem escalado no meio do ataque, como começou contra Peru e França: "Não me sinto um atacante daqueles de ficar na área. Eu me sinto melhor quando tenho espaço e velocidade para correr". Caminho aberto para Babel ficar na área, com Memphis circulando mais - como o time jogou no segundo tempo contra a França.
Frenkie de Jong tentou colocar um freio a tanta badalação. Mas a imprensa insiste... (SCS/Michel Utrecht/VI Images) |
No meio-campo, também há certas indefinições. Se Wijnaldum é absoluto (e Donny van de Beek está bem no Ajax), há ansiedade sobre a possibilidade de jogo para Frenkie de Jong, voltando de lesão. Koeman deixou claro: se puder, De Jong jogará. "Parece que, se você fica no banco de reservas, está apto a jogar. Não me importa que ele não tenha entrado [contra o Bayern de Munique, na Liga dos Campeões]". O meio-campista se mostrou recuperado da lesão, de fato. Mas minimizou a gigantesca badalação sob a qual está, nos últimos meses: "Não me vejo como 'o salvador do futebol holandês'. É tudo muito exagerado, eu sequer sou titular da seleção". No entanto, é inegável: Frenkie de Jong subiu, enquanto outros nomes tradicionais desceram, como Kevin Strootman: "Entendo que tenho jogado menos pela seleção. Mas estou bem no meu clube. Não sei bem responder por que isso acontece, mas sei bem que preciso melhorar".
Na defesa, a badalação é grande sobre De Ligt (ainda mais após a atuação esplendorosa no empate entre Ajax e Bayern, pela Champions League) e Van Dijk. Este, já capitão da seleção, sintetizou o otimismo crescente, ao lembrar de sua estreia num momento bem menos otimista - 2015, contra o Cazaquistão, na penúltima rodada das malogradas eliminatórias da Euro: "Em três anos, muita coisa mudou. Eram tempos horríveis, muito difíceis para a Laranja. Agora, o sentimento é de que voltamos ao bom caminho".
Van Dijk (à direita) é um dos pilares da seleção holandesa, mas Ronald Koeman lhe fez algumas advertências (VI Images) |
Em todo caso, Ronald Koeman deu um conselho/bronca ao zagueiro do Liverpool, lembrando o gol da vitória francesa na primeira rodada da Liga das Nações e o pênalti cometido por Virgil contra o Manchester City, na rodada passada do Campeonato Inglês: "Eu [Koeman] já disse a ele meio minuto depois do jogo acabar. São momentos em que você, como zagueiro, não pode dar um metro de liberdade ao atacante. Ainda mais ele, que é tão bom. Na segunda passada, ele chegou e já viu na minha cara o que achei daquele pênalti. Mas também reconheceu que deu o carrinho errado".
Pequenos cuidados de Koeman, para que a Holanda possa comprovar - principalmente contra a Alemanha - que merece o otimismo crescente que a cerca. O técnico foi claro, nas entrevistas coletivas: "Temos jogado bem em alguns momentos, mas não por uma partida inteira. No geral, vamos mal no primeiro tempo e bem no segundo, mas acho que isso está melhorando a cada jogo. Contra a França, mostramos que podemos brigar com a campeã do mundo. Isso é muito positivo, mas tudo depende é do resultado. Se atingirmos o mesmo nível mostrado contra a França por mais tempo, ganharemos dos alemães. Se eu apostasse, marcaria uma 'coluna 1'".
É a intenção holandesa, para que a festa não fique apenas na cerimônia de homenagem a Dirk Kuyt e Rafael van der Vaart, pelos anos de serviços prestados por ambos à seleção, no intervalo da partida deste sábado. Contra a França, quase deu para a Holanda surpreender. Será que agora dá?
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