Van de Beek retrata o alívio do Ajax: o time de Amsterdã mostrou que também vence bem "sabendo sofrer" (Twitter) |
O estereótipo - geralmente baseado em fatos repetidos com certa frequência - diz que o Ajax só sabe jogar ofensivamente. Que só sabe e gosta de vencer de uma maneira: impondo seu estilo sobre o do adversário, trocando passes, pressionando a marcação adversária desde o começo. Pois bem: nesta quarta-feira, o time de Amsterdã deu saudável prova de maturidade, neste sentido. Porque nem precisou dominar o Valencia, em pleno Mestalla. Sofreu até demais. E ainda assim, foi eficiente para chegar ao 3 a 0 que o deixa em boa situação para os jogos contra o Chelsea, em Amsterdã e Londres, que decidirão seu destino na Liga dos Campeões.
A rigor, até que demorou para o Ajax sofrer na cidade de Valência. Porque qualquer pressão que o time da casa pudesse exercer foi resfriada pelo tremendo gol de Hakim Ziyech, outra vez mostrando sua grande habilidade: só ela permitiu que o marroquino chutasse de longe, acertando o ângulo direito para fazer 1 a 0 já aos oito minutos de jogo - com falha de posicionamento do adiantado Jasper Cillessen, é verdade.
Todavia, após o impacto do gol, o Valencia se recompôs. E começou a melhorar. Principalmente pelas laterais: tanto Sergiño Dest quanto Nicolás Tagliafico deram muito espaço. Sem os recuos de Ziyech e Quincy Promes para ajudar, os Ches começaram a trazer perigo pelos lados, com Gonçalo Guedes, Ferrán Torres e Rodrigo Moreno. Volta e meia, o Valencia tinha mais gente nos contragolpes, passando com facilidade por Lisandro Martínez e Edson Álvarez. Forçados a trabalhar, os defensores do Ajax começavam a levar cartões amarelos - como Joël Veltman. E veio a chance que poderia virar o jogo, quando Álvarez cometeu pênalti sobre Jaume Costa, aos 23'.
Só que ela não virou o jogo, porque Dani Parejo cobrou pessimamente, mandando a bola muito acima do gol de André Onana. Ainda assim, o Valencia seguiu tentando. Quase fez com Maxi Gómez, aos 33'. Porém, Onana novamente apareceu com destaque. E na chance seguinte, o Ajax mostrou seu lado eficiente, pouco visto nos últimos tempos: praticamente na segunda vez que teve a bola no ataque, o time de Amsterdã fez 2 a 0 - de Dusan Tadic para Donny van de Beek, deste para Promes, de Promes para o gol. O espaço dado pelo miolo de zaga do Valencia era aproveitado da melhor maneira possível para os Ajacieden.
Ferrán Torres (à direita) foi quem mais trouxe perigo, vindo do Valencia - que até fez por merecer melhor sorte (AFP) |
Chances para o Ajax, nisso tudo? Só um chute de Ziyech (mais um!) na trave, aos 42'. Se quisesse manter sua vantagem inalterada, era bom que o time holandês tentasse manter a bola no ataque, segurasse mais a jogada. Foi o que aconteceu, com o decorrer do segundo tempo. Van de Beek, Promes, Ziyech e Tadic começaram a controlar o jogo. As jogadas começaram a sair. E veio, enfim, o terceiro gol tranquilizador, aos 67', em uma parceria já vista algumas vezes: Tadic deixou Van de Beek livre, o camisa 6 completou, gol.
Aí, sim, o Ajax pôde se dar ao luxo do preciosismo que às vezes mostra - foi assim logo após o 3 a 0, quando Van de Beek perdeu boa chance do quarto gol, aos 70'. Tudo bem: a vitória já estava praticamente garantida, deixando a equipe de Amsterdã na liderança do grupo H da Liga dos Campeões, com seis pontos. Se a vitória contra o Lille mostrara o Ajax ofensivo de sempre, nesta quarta a equipe deixou uma saudável impressão: aprendeu a também vencer só com eficiência, sem brilho. Numa só palavra: mostrou maturidade. Ela valerá contra o Chelsea.
Liga dos Campeões - fase de grupos
Valencia 0x3 Ajax
Local: Mestalla (Valência)
Data: 2 de outubro de 2019
Árbitro: Daniele Orsato (Itália)
Gols: Hakim Ziyech, aos 8', Quincy Promes, aos 34', e Donny van de Beek, aos 67'
Valencia
Jasper Cillessen; Daniel Wass, Ezequiel Garay, Gabriel Paulista e Jaume Costa; Francis Coquelin (Thierry Correia), Dani Parejo, Ferrán Torres (Denis Cheryshev) e Gonçalo Guedes; Rodrigo Moreno e Maxi Gómez (Lee Kang-in). Técnico: Albert Celades
Ajax
André Onana; Sergiño Dest, Joël Veltman, Daley Blind e Nicolás Tagliafico; Edson Álvarez e Lisandro Martínez; Quincy Promes (David Neres), Donny van de Beek (Siem de Jong) e Hakim Ziyech (Klaas-Jan Huntelaar); Dusan Tadic. Técnico: Erik ten Hag
André Onana; Sergiño Dest, Joël Veltman, Daley Blind e Nicolás Tagliafico; Edson Álvarez e Lisandro Martínez; Quincy Promes (David Neres), Donny van de Beek (Siem de Jong) e Hakim Ziyech (Klaas-Jan Huntelaar); Dusan Tadic. Técnico: Erik ten Hag
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