quarta-feira, 23 de outubro de 2019

O Ajax estava avisado

Cansado e num mau dia no ataque, o Ajax de Ziyech se curvou à força física e à rapidez do Chelsea na reta final (Erwin Spek/Soccrates/Getty Images)
Mesmo com a vitória sobre o RKC Waalwijk, no sábado passado, pela 10ª rodada do Campeonato Holandês, o Ajax saiu de campo com críticas justas: passar sufoco contra o último colocado da Eredivisie, que segurara o 0 a 0 no primeiro tempo e até empatara na etapa final, era um sinal de alerta para o jogo desta quarta, contra o Chelsea, na terceira rodada da fase de grupos da Liga dos Campeões. As respostas dos Ajacieden foram insuficientes. E os Blues colocaram um fim à invencibilidade de 16 jogos do Ajax na temporada.

Pensava-se num jogo equilibrado em Amsterdã. Mas o Chelsea foi, paulatinamente, mostrando que não merecia a desconfiança - exagerada - sobre si. Na defesa, os três jogadores controlaram as forças do Ajax sem muito problema: quando recebiam a bola, quase sempre Hakim Ziyech e Dusan Tadic tinham dois jogadores a lhes marcarem. E mesmo com a bola nos pés, sem marcação, apenas Ziyech trouxe algum perigo - como no chute desviado aos 35', no qual Quincy Promes acabou marcando o gol (corretamente) anulado. De resto, cada um dos zagueiros (Cesar Azpilicueta, Kurt Zouma e Fikayo Tomori) tiveram uma boa atuação. Com destaque para Azpilicueta: o espanhol não só teve uma chance de finalização, aos 42', como evitou que Promes marcasse, aos 53'.

No Ajax, a atuação de Promes merecia consideração: o camisa 11 se movimentava bastante, dando trabalho à marcação do Chelsea - até por isso, estava a postos para colocar a bola nas redes (só estava um pouco à frente). Donny van de Beek também aparecia, mas menos do que poderia. Sem Ziyech nem Tadic fortes, restava a Lisandro Martínez avançar e ajudar nos lançamentos, em outra boa atuação do argentino. Já mais atrás, Edson Álvarez também se impunha no jogo aéreo, além de marcar bem Jorginho. Mas... era o único. De resto, a inconstância da defesa dos Amsterdammers chamava a atenção. Joël Veltman e Daley Blind até controlavam o miolo de zaga contra Tammy Abraham, mas as laterais sofriam - principalmente a direita, na qual Sergiño Dest avançou tanto que demorava para voltar. Callum Hudson-Odoi poderia ter aproveitado isso, mas perdeu várias chances no primeiro tempo: aos 25', aos 27', aos 33'...

Contendo a bola contra Jorginho (esquerda) e Hudson-Odoi, Martínez ainda tentou ajudar o ataque. Mas um jogador defensivo foi insuficiente contra o Chelsea para o Ajax (Erwin Spek/Soccrates/Getty Images)

Não que o time da casa abdicasse de atacar na Johan Cruyff Arena. Tentava coisas vez por outra, mantinha o equilíbrio do jogo. No primeiro tempo, houve o chute de Veltman, aos 8'. Já na etapa complementar, aos 59', quase Álvarez teve premiada a boa atuação, ao cabecear no contrapé do goleiro Kepa - e na sequência, Blind tentou um chute, pego pelo arqueiro espanhol do Chelsea. Aí, vieram as mudanças de Frank Lampard que expuseram as fragilidades do Ajax. Se nem Mason Mount nem Willian conseguiam criar tantas jogadas que perturbassem a defesa, Christian Pulisic veio a campo. E se Abraham sucumbia à marcação, hora de por Michy Batshuayi no ataque.

Bastou. Por incrível que pareça, o Ajax seguiu sem muita força ofensiva - na única oportunidade em que havia espaço para chegar ao gol de Kepa, num contra-ataque com dois contra dois, Tadic perdeu a chance, aos 84'. Nem mesmo a entrada de David Neres ajudava muito. E a defesa da equipe dos Países Baixos passou a ter ainda mais dificuldades. Avançavam Marcos Alonso, Jorginho, Mount, Pulisic... todos com força física e rapidez suficientes para manterem a ameaça à meta de André Onana. E Batshuayi na área, à espera de uma chance. Na primeira, o belga incrivelmente perdeu, aos 73'. Na segunda, Pulisic cruzou, Alonso enganou a defesa Ajacied com um corta-luz, e Michy fez o gol do alívio para o Chelsea.

Depois, "porta arrombada", Klaas-Jan Huntelaar e Siem de Jong vieram a campo. Era tarde. E ficou claro que o Ajax está num momento de cansaço. Nada exagerado: o time segue com seis pontos no grupo H da Liga dos Campeões, tem plenas condições de se classificar às oitavas de final. Mas há fragilidades, talvez até por um previsível desgaste físico - alguns nomes já estão em campo desde julho. E no próximo domingo, vem aí o Feyenoord, no clássico pela 11ª rodada do Campeonato Holandês. O Ajax é favorito. Mas já tem algumas razões para se preocupar.

Liga dos Campeões - fase de grupos

Ajax 0x1 Chelsea

Local: Johan Cruyff Arena (Amsterdã)
Data: 23 de outubro de 2019
Árbitro: Ovidiu Hategan (Romênia)
Gol: Michy Batshuayi, aos 86' 

Ajax
André Onana; Sergiño Dest, Joël Veltman (Klaas-Jan Huntelaar), Daley Blind e Nicolás Tagliafico; Edson Álvarez (Siem de Jong) e Lisandro Martínez; Hakim Ziyech, Donny van de Beek e Quincy Promes (David Neres); Dusan Tadic. Técnico: Erik ten Hag

Chelsea
Kepa Arrizabalaga; César Azpilicueta, Fikayo Tomori e Kurt Zouma; Marcos Alonso, Mateo Kovacic, Jorginho e Mason Mount; Willian (Christian Pulisic), Tammy Abraham (Michy Batshuayi) e Callum Hudson-Odoi (Reece James). Técnico: Frank Lampard

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